Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus escrita por cardozo


Capítulo 44
Capítulo 16 - A Realidade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/52474/chapter/44

A Realidade...

 

Duas enormes águias pousaram no chão, uma branca e outra negra. Aguardavam a chegada dos garotos. Bal quase teve náuseas ao vê-las e  acabou piorando ao ouvir as palavras de Odrin.

-Finalmente uma luta de verdade.

O jovem se alegrava com a proximidade da batalha. Eles se dividiram em dois grupos. Yalo, Irian, Keyllor, Lethan, Lissa e Milena subiram às costas da águia negra. Enquanto o restante. Teles, Odrin, Tiror, Bal, Cassi, Kitrina e Arão foram na branca.  As ninfas voavam sobre as águias cada uma ao lado de seu respectivo companheiro.

-A não! Primeiro unicórnios, agora vou ter que voar em águias.  Exclamou Bal com medo.  - Só está faltando nos mandarem nadar nas costas de tubarões no mar.

-Calma Bal, se você montou em unicórnios.  Sorriu Kitrina divertida.  -Em águias vai ser moleza.

-O problema é que se eu caísse dos unicórnios encontraria o chão rapidinho, mas aqui...

Bal não terminou a frase, pois a águia dera uma pequena guinada. Quando todos os jovens  se acomodaram  as aves se ergueram e içaram vôo. Eles precisavam se segurar às penas para não cair, o vento batia-lhes no rosto com muita força. Tinham que falar alto para poderem ser ouvidos. Cassi que estava ao lado de Arão falou-lhe.

-Eu já estive nessa pequena ilha. É muito bela, a torre então, nem se fala uma obra fantástica, só perde em beleza para as maravilhas do mundo antigo.

-O que você foi fazer lá?  Perguntou Arão.

-Fui com os sábios  fazer penitência.

Odrin ouviu a conversa dos dois e se intrometeu no assunto.

-Escute bem celestino, não quero você nos atrapalhando. Da última vez Lethan e Keyllor "morreram" graças a sua falta de companheirismo abandonando-nos na hora da luta, nossa missão falhou por culpa sua.

Arão não respondeu à provocação.

-Acho melhor você não participar dessa.  Intrometeu-se Teles.

 -Tenho certeza que ele vai fugir da luta. Celestino covarde, um dia ainda vai nos abandonar a própria sorte durante a batalha.

-Cale a boca Odrin. Gritou Cassi.

-Vocês não conhecem como ele é durante as batalhas. Conheço esse tipo de pessoa,  vai retirar-se na primeira oportunidade ou pior vai  levar um de nós à desgraça.

-Ele não é assim.  Defendeu Bal.  -Ele nunca irá nos abandonar. Não é Arão?

Os pensamentos de Bal trouxeram lembranças ruins. A imagem de todos acusando Arão de ter deixado Lethan e Keyllor a própria sorte, nas provas para acender as chamas dos pilares e proteger a Cidade Superior. Mas Arão não respondeu... Os primeiros contatos visuais com a torre chegavam até eles. O garoto  estremeceu por dentro.

Bal notou um certo temor no olhar de Arão.

Será que os outros estão certos? Será que Arão esta com medo?”.

Mas logo abandonou seus pensamentos, pois as águias mudaram o curso de seus vôos e começaram a descer. As aves pousaram em um local um ermo. Os jovens desceram empunhando seus bastões de energia. 

Seguiam em direção ao centro do aglomerado, as edificações iam se agigantando a sua frente. Ninguém precisava ensinar à Arão para onde ir, para ele aquele caminho já  era familiar.

Mulheres com vestidos curtos de cores vivas, combinando com suas sandálias de couro abertas, cujos cadarços subiam trançados pelas pernas. E argolas de adorno nos braços passavam correndo por eles indo na direção oposta. Algumas levavam crianças consigo. Tiaras caíam dos cabelos sendo pisoteadas no meio da confusão. Elas fugiam para salvar suas vidas.

Os garotos continuavam firmes em sua marcha, sobre as casas, podiam ver a torre de proporções descomunais que se agigantava a sua frente, conforme se adiantavam.

 

 Saíram do domínio das moradias para chegar na praça central, onde se localizava a construção descomunal. Arão parou assombrado, apesar de vê-la várias vezes, agora ela parecia mais magnífica que nunca, merecendo uma admiração toda especial. Ela estava bem a sua frente e o pior era real. Bal vinha logo atrás e puxou-lhe pelas vestimentas.

-Vamos! Precisamos continuar.

O tempo tornara-se pior repentinamente, muitas nuvens negras tomaram os céus deixando-o com aspecto sinistro.  O vento forte não lhes davam trégua.

A praça central estava suspensa sobre uma lagoa, onde águas escorriam até encontrar as águas inferiores da lagoa.  O gigante de pernas e braços cravados na torre causava forte impressão, mesmo à distância. Eles seguiram correndo adiante. Teriam que passar por uma das três pontes que ligava a torre À praça.

Muitas das moradias haviam cedido, a chuva fina e fria continuava a castigar-lhes os corpos. À frente da torre várias criaturas com rostos e corpos deformados atacavam sem piedade as pessoas da cidade. Elas empunhavam espadas e machados com brilho negro.

"O Fogo Negro".  Pensou Arão.

As criaturas forçavam passagem para chegar ao portão da torre. Muitos homens deixavam a construção em blocos, possuíam armaduras brancas entalhadas em relevo no peito a cabeça de um tigre. Os elmos e ombreiras tinham a mesma coloração das armaduras, entretanto as ombreiras  esquerdas exibiam pequenos detalhes pretos que formavam o desenho da pata do felino. Armados com arcos e espadas, cruzavam as pontes em direção à massa de seres sinistros que massacravam o local.

Uma chuva de flechas engolia a multidão negra, muitos tombavam, mas seu número em vez de diminuir parecia aumentar constantemente. Avançavam desorganizados, como um bando de loucos enfurecidos, abutres em busca de carne fresca.

Os cavaleiros matavam muitos delas, os corpos jaziam pelo chão, mas por mais que caíssem, seus números pareciam não diminuir.  Com o correr da batalha as pestes foram alcançando êxito  abrindo caminho entre os blocos

A situação se invertia começava a matança de homens. Sem qualquer piedade,  mesmo  os corpos caídos sem vida,   não cansavam de  receber golpes. Não demorou para as criaturas dominarem as passarelas,  seu próximo alvo foi o portão da torre.  Foram contidas no portão pelos quatro guardiões que lutavam corajosamente, mesmo estando em maior número os seres negros, não conseguiam vencer as  figuras valentes que depositavam todo vigor de  suas energias nesse combate.

Uma trombeta soou estridente, misteriosamente o ataque cessou, as criaturas recuaram. Da cratera uma garra surgiu e fincou-se ao chão, tamanha foi à força que as pedras ao redor se estilhaçaram, outra garra lançou-se ao lado com a mesma intensidade da anterior.  Um par de asas se abriu, a névoa se tornou  mais densa , todavia um brilho pôde ser visto, ele era emitido por dois grandes olhos vermelhos. Uma besta negra gigante soltou um urro e partiu sobre o mar negro de seres em direção ao portão.

Arão corria feito louco a frente de todos. Seus pensamentos estavam voltados para a imagem de uma criança que brincava com uma bola.

-O que deu nele?  Perguntou Dafne.

-Medo da batalha? Zombou Bal para Odrin.

Via a sua frente um pilar tombando, tinha que se apressar.

 -O que foi Arão? Gritou Cassi.

Mas ele não podia dar-lhe ouvido. Tinha que ir mais rápido sabia o que estava por acontecer. Chegou tarde demais, o pilar já estava no chão, tentou levantar o objeto, mas era muito pesado.

-Olhem a entrada torre!  Eles conseguiram passar pelas nossas defesas. Temos que agir rápido! Gritou Teles.

Cassi parou ao lado de Arão, viu o pequeno braço sob o pilar, levou as mãos à boca, sentiu-se enjoada. Ela  pegou-o pelo braço.

-Vamos! Não temos tempo a perder!

Vendo que o garoto não se movia deu-lhe um chacoalhão.

-O que deu em você?

Arão observou o desenho da pequena lua no pulso direito de Cassi. Ele voltou seu olhar para a torre. A besta negra tinha passado com muita facilidade pelos guardiões, sua força avassaladora não encontrou resistência, mesmo com suas poderosas lanças em segundos os quatro guerreiros foram derrotados. O próximo alvo foi o portão principal, desferiu vários golpes, levando-o abaixo pouco tempo depois. A legião de criaturas acompanhou os passos da besta

"Não consegui salvar a criança".

Tudo estava se tornando muito real...  Ele sabia como iria acabar.

Um clarão veio de emergiu de dentro da torre. A besta foi lançada longe junto com muitas  criaturas. Os corpos atingiram  bancos, postes e as moradias próximas. O brilho foi se tornando mais intenso, um homem surgiu com um escudo em uma das mãos e uma espada na outra, impunha respeito na entrada da construção. Seu elmo tinha o desenho de uma águia e sua capa vermelha estava presa por um par de ombreiras. A armadura  branca reluzia perante a escuridão. Traços  dourados percorriam toda a vestimenta.  Arão o reconheceu. "Nemamiah".

A enorme besta se recuperara rápido do golpe, partira novamente para o combate atirando-se sobre Nemamiah,  os dois rolaram portão adentro.

-Não podemos enfrentá-los em campo aberto, seremos derrotados rapidamente.  Falou Odrin.

-Vamos formar uma barreira rente ao portão principal. Como o espaço é menor isso anulará a vantagem numérica do inimigo. É a única chance que temos. Gritou novamente Teles.

Após se fixarem em frente a torre, empunharam seus bastões aguardando o avanço das criaturas. O choque veio logo em seguida, a batalha estava acirrada, os jovens  tentavam a todo custo impedir que nada rompesse suas defesas, a cada toque de suas armas o corpo das criaturas se esfarelava todo.

-Ninguém saia de sua posição. Temos que resistir. Se um ceder sobrecarregara os outros e com certeza estaremos perdidos. Urrou Teles aos demais.

-Isto serve para você. Falou Odrin a Arão com desprezo.

Cassi se aproximou de Arão, como ele previa. Puxando-o novamente.

-Temos que entrar. Disse ela.

Queria explicar-lhe que não deviam, não podiam, pois ele sabia o que os aguardava dentro da construção. Mas as palavras lhe soaram diferente do que ele pretendia.

-O quê? Você ficou maluca? Não ouviu que temos que continuar juntos ou todos sucumbirão?

Um golpe passou perto de seu braço, entretanto sua agilidade o permitiu esquivar-se.  Investiu contra o pescoço de seu oponente que tombou à sua frente.

-Se você quiser ficar, que fique! Eu vou entrar. O tempo esta contra nós. Ou nós entramos agora, ou  tudo estará  perdido. Gritou ela.

Ele estava desesperado por dentro, queria impedi-la, mas inexplicavelmente a sua ação foi acompanhá-la para dentro da torre.

-Eu sabia que não podíamos confiar neles. Urrou Odrin, todavia não teve muito tempo para continuar reclamando,  precisou defender-se de  um poderoso golpe de uma clava que ia atingir-lhe o peito. A pancada foi forte, o bastante para jogá-lo para trás estraçalhando seu bastão, mesmo assim ele voltou a lutar.

-Não acredito...

Exclamou Bal que lutava ao lado de Dafne. Ele olhou para Arão depois para Cassi com espanto e desânimo, os dois corriam deixando o grupo. Ele tinha sido abandonado por seus amigos.

 

Arão ainda deu uma última olhada para trás, antes de entrar na torre. Dentro dela as dimensões eram muito maiores que fora. Portas e salas se espalhavam por todos os lados, escadas subiam e desciam em espiral. Passavam por um salão central, onde estátuas repousavam ao lado de vitrais junto às paredes. Ele já conhecia o lugar passara por ali muitas vezes, o local era idêntico ao seu sonho.

"Algo está errado".  Pensou ele.

Tudo acontecia rápido demais. As palavras continuavam a brotar-lhes dos lábios.

 

 -Pare!

 Arão estava assustado, interrompeu o movimento de ambos.

-Por que tínhamos que entrar? E os outros como ficarão?

-Não sei te explicar, mas eu sinto que temos que ir... É como um sonho...  Disse a garota querendo se explicar.

-Já estou cheio de sonhos. Vamos voltar.  Ordenou Arão.

- Eu apenas sinto...  É por aqui.   A garota partiu deixando a cópia para trás

-Você sente?  Perguntou ele incrédulo correndo para alcançá-la.

-Como sabe que caminho  temos que fazer? Já passamos por tantos corredores, tantas escadarias... Estou me sentindo perdido.

-Não se esqueça que já estive aqui.  Respondeu a Cassi a Arão.

-Sim, eu sei que sim, mas isto são pressentimentos. Minha nossa! Você esta se orientando por uma percepção.

-Confie em mim.

 À medida que avançavam, seus temores aumentavam. A hora derradeira estava chegando, do jeito que as coisas estavam indo ele não poderia fazer nada.

Chegaram a um corredor composto de pedras hexagonais brilhantes, uma corrente de ar vinha da parte superior,  não sabiam por onde ela poderia estar entrando.  A iluminação era feita por archotes de ambos os lados, pingos de água caíam do teto e  o cheiro de incenso que impregnava o local era muito agradável. No final do corredor uma porta finalizava o caminho.

 

 -O que faremos agora?

 

 Arão  estava impaciente.

 

 -Vamos esperar, minhas percepções só me guiam até este ponto. Mas tenho certeza que algo vai acontecer.

 

 Respondeu, embora Cassi mesmo duvidasse que tinha agido corretamente.

 

 -Fizemos a escolha errada. Abandonamos a todos, deveríamos estar lutando.

Como Arão queria que ela respondesse que tinha razão e voltassem. Gostaria que a porta a sua frente jamais se abrisse. Lutava contra seu próprio corpo, mas este repousou seu peso sobre a porta. Ela abriu cedendo ao peso dele. Com a falta de equilíbrio ele quase caiu para trás. Seus piores temores estavam se confirmando.

"Alguma coisa não está certa". Pensou novamente.

Mas ao entrarem, tudo prosseguia idêntico ao sonho, a sala era grande e escura, o ar sombrio dominava o recinto, havia um local iluminado por uma fresta no teto. Arão sabia que um pergaminho repousava sobre o pedestal. Se olhasse para ele já imaginava o que iria encontrar.

Um ser encapuzado se aproximava do papel enrolado. As sombras do capuz impediam a visão de seu rosto.

-Você acredita em mim agora? Cassi estava satisfeita consigo mesma.

Arão avançou em direção ao ser, entretanto seu movimento foi impedido por uma explosão. A parede ao lado não existia mais. Nemamiah que à pouco estivera lutando contra a besta negra na entrada do portão apareceu.

-Como você chegou até esta câmara garoto? Saía daqui agora

Como Arão esperava, a besta apareceu pelo buraco da parede, Nemamiah teve que se defender. O garoto voltou sua atenção para o pergaminho, quando foi seguir adiante o ser encapuzado levantou a mão. Arão foi arremessado contra a parede. O bastão escapou-lhe das mãos.

-Você é uma presa fácil garoto.  A voz era arrastada e fria, sem mostrar qualquer sinal de emoção. – Só lhe resta um caminho, morrer...

Cassi tentou impedir, mas ser mais uma vez movimentou os braços, apontando o dedo indicador  para garota, dele emitiu-se uma luz branca no formato de um raio. Ela posicionou o bastão a sua frente na esperança de deter o ataque. Este porém, fora muito intenso jogando-a para trás. Ela caiu agonizando de dor. O ser voltou sua atenção para a Arão.

-Onde tínhamos parado? A sim eu ia te matar...

Arão estava sem forças, não conseguia nem se levantar, ele estava condenado. Quando o ser lhe apontou o dedo, Nemamiah atirou sua espada, decepando-lhe a mão, entretanto na tentativa de salvar o garoto, descuidara-se por um momento da besta negra. Esta não vacilou, desferiu um golpe certeiro e mortal, o corpo de Nemamiah tombou sem vida.

O ser encapuzado pegou o pergaminho, estava tenso, ficou aborrecido demais depois de receber o golpe do mensageiro, voltou-se para as sombras do aposento e desapareceu... A besta negra que observava a cena sumiu na escuridão.

Arão tentava se levantar, mas ainda se sentia muito franco. Cassi  rastejava tentando  chegar ao seu encontro.  A mão decepada estava caída a sua frente, nela havia uma pequena pedra esverdeada presa por uma corrente. A garota não conseguiu chegar até onde queria , mas pegou  o objeto brilhante  apertando-lhe contra o peito com o que restava de suas forças até  fechar os olhos pela última vez.

Ele sabia o que ia acontecer e não pode fazer nada para evitar. Odrin tinha razão, ele levara um deles a morte. O garoto ajoelhou-se às lágrimas lhe escorressem pela face, os gritos de lamentos foram ouvidos fora da sala.

Ouviu uma voz chamando-lhe, o som vinha abafado, fazendo  tudo aquilo  ficar distante. A voz era conhecida, parecia Bal. A última visão que teve foi de Cassi caída a sua frente, antes de tombar ao chão sem sentidos.

 

 

 

Arão abriu os olhos vagarosamente, as imagens surgiam-lhe embaçadas. Não fazia idéia de quanto tempo estivera desacordado ou onde estava. Quando sua vista se acostumou com a claridade do lugar, ele viu uma mulher com um vestido branco a sua frente. Ela era muito grande e podia se dizer que estava acima do peso, mas seu sorriso era quente e amigável. De um lado de sua cintura apareceu a cabeça de Bal do outro Dafne.

-Quem é você?  A voz de Arão saía mole e arrastada.

-Sou madame Zoira, um anjo da categoria dos Virtudes, cuido dos enfermos por aqui.

-Onde eu estou?

-Numa espécie de enfermaria. Dafne respondeu rapidinho a pergunta, como se já soubesse que ela iria ser feita.

Zoira foi à mesa ao lado pegar alguns panos. Enquanto os dobrava, disse ao garoto.

-Teve muita sorte rapazinho. Muitos não teriam sobrevivido ao que você passou.

As lembranças de Cassi vieram-lhe a mente. Ele tentou se levantar, mas sentiu-se tonto e caiu na cama novamente.

-Onde está Cassi? O que aconteceu com ela?

Ele queria saber mesmo temendo a resposta que iria receber. Bal amuou o rosto, fez um sinal de  negação com a cabeça.

-Ela está na ala feminina. Não permitem vê-la. Também não nos falam se ela está bem ou não. Mas a movimentação dos Virtudes é muito grande naquela ala. Estou preocupado.

-Você é mesmo um perigo para seus amigos, sem contar que nos abandonou mais uma vez no meio da batalha.

A voz veio de trás da cama de Arão, Odrin colocava a blusa sobre as costelas enfaixadas.

 -Nunca ninguém irá seguí-lo, senão acabarão como sua amiga.  Xingou saindo da sala.

 -Não ligue para ele Arão. Deve estar de mau humor porque foi atingido por uma clava no combate.

 Bal gesticulava muito enquanto falava. -Dizem que o clã dos guerreiros nasceu para lutar, deve ser uma vergonha para ele ser carregado.

-Ele foi carregado?

-Sim foi. Em um determinado momento as criaturas se retiraram da luta. Nós entramos,  fui o primeiro a chegar até onde vocês estavam. Odrin chegou se arrastando. Quando viu você e Cassi caídos, saiu berrando feito louco que  você os abandonara, mas desmaiou de dor.

-Arão!  Bal sussurrou baixo perto dele.  -Você é meu amigo, não o culpo como todos estão fazendo pelo que aconteceu com Cassi, mas você nos abandonou na luta.

Arão sentia o ressentimento na voz do amigo.

-É melhor vocês irem saindo, ele precisa descansar. Zoira se interpôs entre a cama e Bal. Ele ameaçou falar algo, porém ela foi incisiva. -Não adianta reclamar, vão! Vão!

Bal e Dafne tiveram que sair sem se despedir.

 

 

 

 O conselho estava todo reunido. Medar tomou a palavra.

-Creio que vocês já sabem das notícias nada agradáveis que tenho para dar. Nosso grande irmão Amagus se foi.

Um murmúrio geral surgiu no conselho. Medar fez um gesto pedindo para que ficassem quietos.

-Infelizmente não conseguimos evitar que o pergaminho dos elementos caísse nas mãos de nossos inimigos. Também não podemos arriscar novamente nossos jovens candidatos, estaremos pondo em risco a vida do filho do grande Set.

-O que você sugere que façamos?  Brandiu uma voz no meio da multidão.

-Sugiro que amanhã devemos separar o filho de nosso grande senhor Set do meio dos candidatos. Também está na hora de escolhermos os quatro jovens que se tornarão guardiões. Isso tem que ser feito o mais rápido possível. Eles irão para a região das Cordilheiras Celestiais.

A decisão foi unânime  a sugestão de Medar.

-Concordo com você.  A voz era de Empoly. -Mas como os jovens irão localizar os elementos sem o pergaminho? Você sabe muito bem o que os aguarda naquela região. Os perigos que assolam as Cordilheiras... Sem contar Sekhmet...

Um silêncio tomou conta da sala. Todos olhavam assustados para ele.

-Meus irmãos! Teremos que contar com a sorte e a ajuda do Criador. Não vejo outra solução para o problema. Alguém tem alguma sugestão?

Ninguém respondeu, o silêncio reinou por alguns instantes.

-Está decidido então. Milenus, leve os jovens amanhã até os  jardins  do templo de Set.

-Meu senhor não querendo contrariá-lo, mas mandando os jovens para as Cordilheiras Celestiais  sem o pergaminho estamos condenando-os a morte.

-O conselho já tomou sua decisão Milenus.

-Será como o senhor quiser.

Milenus saiu contrariado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guardioes de Deus: a Batalha nos Ceus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.