Tiffany Morgenstern

Desci as escadas depois de ajeitar os cachos feitos recentemente nos meus cabelos. Fiz apenas nas pontas, o suficiente para que mudasse um pouco. Como meu cabelo é extremamente liso, não dura muito tempo. Infelizmente, porque fica bonito.

Me deparo com caras mais velhos na minha sala. Caras da faculdade ou ainda mais velhos. Encontro Drake, o primogênito dos Morgenstern. Drake é o futuro da família. Lindo, alto, cabelos escuros como carvão e olhos verdes quase cinza.

Meu pai, Ronald, é sócio de Harold van der Windsor, pai de Adam. Os dois são donos do mais famoso shopping de Nova York. O M&W atraí pessoas de todos os condados para a nossa cidade. Meu pai sempre quis que Drake fosse o seu sucessor, mas meu irmão mais velho sempre quis ser médico. Hoje ele é o cirurgião-chefe do hospital do maior hospital particular do estado, o HH, Hartfold Hospital. Sim, o dono do hospital é Joseph Hartfold, pai de Madison. As vidas de todos nós eram bem mais entrelaçadas do que poderíamos imaginar.

Ainda tem Patrick, meu irmão do meio. Perito. Se mudou para uma área mais próxima do trabalho, vem apenas nos finais de semana para casa, e hoje em dia é muito requisitado e vive dando entrevista para a TV. Enfim. Eu adoraria administrar um shopping, mas o meu pai acha que eu não tenho capacidade para isso. Ele diz que eu não tenho cabeça para os negócios, mesmo eu sendo uma das melhores alunas da sala. Quem melhor que uma garota para cuidar de um paraíso daqueles?

Bom. Drake estava lá. Patrick também. Ele estava de férias e passava a maioria delas na casa da família.

– Por que eles estão aqui?

– Porque eles são meus amigos.

– Mas eles são velhos.

– Eles tem minha idade, Tiffany. Não é tão diferente - ele beija o topo da minha cabeça . - Curte um pouco a festa e para de reclamar.

Drake vai falar com seus amigos e me deixa com Patrick.

– Seus amigos estão aqui - ele me diz. - A loira com o namorado está espalhando aquele perfume dela por aí.

– Madison - suspiro. O perfume da Britney Spears dela fazia sucesso. - Obrigada, Patrick.

Ele segura o meu braço.

– Eu espero que você não esteja fazendo nada de errado.

– O que você está falando?

– Trair a melhor amiga não é a melhor opção, ainda mais quando essa amiga é Madison Hartfold. Todos sabem como ela pode ser vingativa.

– Como é que...? - arfo. Negar não adianta mais. - O que você escutou?

– Muitas coisas. Ainda não decidi em qual acreditar.

Procuro seus olhos verdes conhecidos. Todos temos os olhos da nossa mãe. Eu e Patrick somos ainda mais parecidos com ela por causa dos cabelos loiros. Eu sempre preferi ele do que Drake, afinal era sempre ele que estava comigo quando Drake brincava com seus amigos quando éramos pequenos. Patrick sempre estava lá por mim.

Talvez dessa vez não fosse diferente.

– Eu o amo, Patrick - murmuro. Apesar da música alta, eu sei que ele me escutou. - Eu não sei como isso foi acontecer, mas aconteceu. Não tem mais volta.

– Tiffany... ele não vai largar ela nunca.

– Eu não consigo pensar nisso agora - falo - porque quando estamos juntos ele me faz esquecer. Eu não quero pensar que algum dia ele vai ter que escolher entre uma de nós e que ele vai escolhe-la. Eu o amo e estar com ele 1/3 do dia já é suficiente para mim.

– Nada nunca é suficiente, irmã - mesmo assim, Patrick a puxa para um abraço. - Eu sinto muito por você.

– Não mais do que eu.

Porque eu sabia que estava cavando a minha própria cova.

§§§

Frank estava tão lindo. Tive pena só de pensar no que eu estava fazendo com ele. Apesar de toda a soberba da elite, de todo o nojo e repulsa se infiltrando rapidamente na sociedade, de todos os namoros falsos e marketeiros que existem, o nosso não poderia ter começado mais incrível. Eu gostava dele, apesar de Sebastian estar no meu coração bem antes disso.

Não sei como eu pude me deixar levar.

Chains do Nick Jonas pegou o lugar de uma música eletrônica. Os casais foram para o meio da pista. Vejo Sebastian e Madison aos beijos no centro de todos. Sinto um aperto no coração.

Frank me chama para dançar. Eu aceito.

Me sinto de repente tão culpada por tudo que eu o estou fazendo passar. Frank sempre foi muito bom comigo e me ama de verdade, eu sei disso. Lembro-me do dia em que ele confessou que estava apaixonado por mim. Por algumas horas, eu esqueci que gostava de Sebastian e me entreguei de corpo e alma ao meu namoro.

Eu não tinha o direito de fazer isso com um cara tão legal. Eu sabia. Ele me odiaria quando descobrisse.

§§§

Madison Hartfold

Dançava animadamente com meu namorado, quando uma batida começou a soar devagar e baixa, então uma voz masculina conhecida tomou conta do local. Nick Jonas, é claro que eu reconheceria. Sempre assistia Jonas Brothers. Ele sempre foi meu preferido.

Enlacei meus braços ao redor do pescoço de Sebastian e o beijei enquanto balançava o corpo no ritmo da música. Depois do refrão, a batida se tornou contínua e mais animada, mas eu não parei de beijá-lo. Suas mãos apertaram minha cintura com força e eu sabia que ele me queria. Desci minha mão até a barra da sua camisa e subi com ela novamente, dessa vez tocando o seu abdome bem definido e gélido.

You got me in chains

You got me in chains for your love

Tirei todos os motivos pelo qual eu havia ido naquela festa da minha cabeça. Eu precisava fazer isso. Sebastian nunca esteve tão entregue, tão fácil.

– Bash... - sussurro.

Desde que comecei a assistir Reign e vi que o Sebastian era chamado de Bash, lhe dei esse apelido. Ninguém costumava o chamar assim. Era um apelido carinhoso, apenas meu. Mas então meus amigos ouviram e copiaram. É claro. Eles sempre me copiam.

Toco seu rosto com a outra mão livre, passando os dedos trêmulos pelas suas bochechas. Nunca me senti tão nervosa, nem quando me entreguei a ele. Não sabia o que seria diferente aquela noite, mas sabia que algo poderia acontecer. Festas me animavam.

– Nós podemos ir para outro lugar.

Retiro minhas mão debaixo da sua camisa e a pouso no seu ombro, me apoiando neles para poder beijá-lo mais uma vez. Depois suas mãos descem pelas minhas costas, correndo por toda a extensão do meu corpo até parar nas minhas coxas. Ele passeia com seus dedos cuidados como se fosse perigoso, como se eu fosse uma zona proibida. Eu estava adorando aquilo.

Tried to break the chains

But the chains only break me

– Sim, nós podemos - murmuro.

Então sinto meu celular tremer no bolso da minha calça. Suspiro de desgosto e o retiro de lá. Bash está tão insatisfeito quanto eu. Ao ver quem é, recuso a ligação, mas fico tensa.

– Eu preciso ir ao banheiro - dou um beijo na sua nuca.

Ele quer conversar.

§§§

Scarlett Wilkins

Procuro por Adam. Passo no bar, seu lugar preferido para arranjar alguma garota, mas não o vejo. Passeio por alguns quartos também, mas nada. Ou ele desapareceu ou foi embora. Eu o vi assim que cheguei, mas não tive tempo de falar com ele.

Uma música praticamente sem letra, só batida, começa a tocar. Então eu o acho no meio da pista de dança. Espero a música acabar e ele sair do centro da sala. Bom, os Morgenstern haviam improvisado muito bem uma pista. Luzes coloridas brilhavam toda vez que alguém pisava no chão, refletores cintilantes circulavam pela sala e o barzinho da sala havia ganhado uma bela de uma extensão. Sem contar que o barman é gato.

Assim que Adam se torna acessível, eu vou até ele. Bêbado, sinto o hálito, mas não me importo.

– Hum, Lett... não tenho tempo agora.

– Por que você insiste em me ignorar?

– Eu não estou te ignorando.

Seguro seu braço quando ele tenta se afastar.

– Adam, desde Cancun você está estranho. Por favor, fala alguma coisa.

– Eu não quero discutir isso aqui.

– Então quando? Você me evita há tempos.

– Aquilo não devia ter acontecido - ele fala com o maxilar travado. - Eu estava bêbado, como eu estou agora. Por favor, não vamos mais falar disso.

– Adam...

– Eu não quero conversar, porra! – ele explode. Então respira fundo. - Foi mal, foi mal. Olha, Scarlett, não agora, ok? Não agora.

– O que você pode estar fazendo de tão importante que não pode conversar comigo?

Então uma loira, baixinha, com os cabelos ondulados e bagunçados aparece com dois copos de plástico vermelho de cerveja. Seus dentes da frente são separados, seu batom está levemente borrado e a palavra sexo está estampado na sua testa, não literalmente, é claro, mas ainda assim...

– Ele está comigo - ela diz, entregando um copo de cerveja para Adam. Ele sorri e encosta aqueles lábios carnudos na boca dela.

Isso me enche de raiva. Ela vai me pagar.

– Wendy.