Designium escrita por Caio Historinha


Capítulo 9
Sorte


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Claudio Nigro



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Ela estava apaixonada e isso era algo novo.Seus dias preenchiam-se com facilidade...não!Preencher era antes.Agora ela seguia num fluxo de transbordamento.O pensamento ainda não tinha alcançado a consciência mas estava quase lá: tudo mudava ao seu redor.

Arcady acordou muito cedo naquele dia. Tinha a impressão de que não precisava mais dormir, o fazia apenas para mergulhar nos espetáculos que sua mente organizava quando a cortina era abaixada.Ao castelo no alto de um penhasco onde água escorria por muralhas de aparência tão delicada quanto um bordado seguiram-se templos xintoístas, uma incrível torre flutuante de vidro onde conversava com hologramas fantásticos e o lindo sonho com as crianças numa cabana repleta de enfeites que a fizera acordar com os olhos marejados. Adorava crianças! Desde que conhecera Adrian vinha pensando cada vez mais nisso.

Com sua sorte em algum tempo aconteceria e essa era a única mancha no seu mundo perfeito.Talvez ele não quisesse.Homens podem ter filhos em qualquer idade mas sentia que estava passando do ponto com seus trinta e dois.Não foi a imagem de alguém envelhecendo que o espelho exibiu.

Sempre fora muito magra,os problemas alimentares que havia tido na adolescência deixaram como marca uma incapacidade de apreciar verdadeiramente comer,porém algumas curvas novas haviam surgido nessa semana e mesmo toda a sua critica não conseguia deixar de reconhecer que eram atraentes.Seus cabelos negros que alcançavam os ombros e sempre foram rebeldes brilhavam com um viço inusitado,assim como os olhos castanhos escuros tinham se tornado mais intensos.Esticou os braços para cima e arqueou as costas...seu rosto fora o que mais mudara nessa semana,a sombra escura que era a marca dos seus olhos ainda estava lá,só que agora deixara de dizer sombria e a fazia misteriosa e enigmática.

Adrian entrou apressado no quarto trajando o uniforme completo da polícia e claramente procurando alguma coisa.Pelo espelho percebia que sua busca era muito dificultada pelo fato de só contar com as mãos enquanto o rosto permanecia torcido na sua direção.Virou-se e o encarou.Nessas horas tinha medo que ele fizesse ou dissesse algo que estilhaçasse o momento...o contato visual foi estabelecido e ele nem piscou.A boca semi aberta,os cabelos loiros ainda molhados escorrendo,a cor da íris de um castanho muito claro quase verdes quando estava muito feliz como agora e a expressão...Se pegou pensando na sua viagem para a Disney quando tinha cinco anos.

Lembrava-se do quanto havia chorado ao descobrir que os verdadeiros Pato Donald e Pateta não existiam,eram só pessoas com roupas estúpidas! A expressão dele lhe dizia isso:todos estavam lá para recebê-la e nunca mais teria que ir embora,ficaria com eles no castelo encantado!Seus joelhos tremeram e ruborizou violentamente.Pensou em dizer algo “Eu também! Aceito!”, Mas se deu conta que ele não pronunciara uma palavra. Ainda queimando se cobriu com o roupão.

Desceu a escada a tempo de ver um grupo de entregadores da Le Billon saindo pela porta dos fundos.Atrás deles seguia um sorridente senhor com bigode de morsa e um grande,estufado e impecavelmente branco chapéu de confeiteiro.Veio até ela e,num francês incrivelmente rápido,disse muitas coisas,fez algumas mesuras e foi embora agilmente.Ainda estava aturdida na escada quando ouviu o som de um furgão saindo da frente da casa.Só então percebeu que sua cozinha parecia ter sido redecorada.
–Malditos franceses!-porém não pode deixar de rir.

Comeram juntos o melhor que os séculos da arte de fabricação de pães e bolos haviam feito.Não teria sido tão especial,mesmo com aqueles croissants divinos,nunca imaginara que algo pudesse ser tão macio e gostoso (os ingleses,por tradição,conhecem poucos sabores além de peixe e batata).Adrian de pé, como sempre,parecia incapaz de conter o excesso de energia e se aproveitava de tê-la encontrado rindo sozinha para fazer paródias:dela,do confeiteiro que não chegara a ver e do número de "coincidências" necessárias para que aquilo acontecesse.Nos armários conjuntos novos de uma louça evidentemente cara brilhavam polidos.

A comida fora enviada pensando em pelo menos vinte pessoas (oito na verdade,como já foi mencionado Arkady era inglesa e nada entendia dos costumes alimentares franceses) e exalava calor como se houvesse acabado de ser feita.Pensou que aquele seria um bom instante para ser pintado.Como se lesse seus pensamentos Adrian estacou.Estava agora circundando o balcão no qual comiam na maior distância que sua orbita permitia.Desenvolveu essa teoria ainda no dia que se conheceram.Sempre que estavam juntos ele resistia com todas as forças a se afastar.

No terceiro dia foram juntos comprar um vestido e ele insistiu com a vendedora que lhe permitisse esperar no box ao lado.A loja só trabalhava com roupas femininas e aquilo deve ter parecido muito suspeito,Arcady achou,porém como a vendedora sabia que Adrian era um policial apenas se afastou com um ar de desaprovação.Enquanto se trocava preparava o olhar mais hostil para o caso dele tentar alguma gracinha ali.Não tentou.Depois passou a acreditar que esse excesso de proximidade a irritaria.Orgulhava-se do complexo escudo de privacidade que desenvolvera e já imaginava que terminariam em breve.

–Você quer que eu te leve para a escola?Ou vai para a oficina hoje?Eu posso te levar,não é problema nenhum,a delegacia é na mesma rua...ah,quer dizer,eu sei que você sabe disso eu só...

Arcady notou que o suor cobria a testa dele,as mãos movendo-se febrilmente entrelaçaram-se com as suas,soltaram e as seguraram de novo.Gaguejando de uma forma medonha ele começou a dizer algo,se interrompeu e terminou produzindo uma série de sons engasgados dos quais ela só entendeu a palavra "porão".Rio um pouco com o som de uma corrida escada abaixo mas logo parou.Sua habilidade de entender os sentimentos alheios chegava perto de zero...Estava assustada com o que poderia vir a seguir (vira os filmes) contudo,e acima de todo o resto,se sentia muito,muito apaixonada.

Adrian caminhava de um lado ao outro do porão sacudindo uma pequena caixa quadrada na mão direita.Seus pensamentos não podem ser reproduzidos aqui pois eram atropelados por uma torrente de emoções.Demorou muitos minutos para se acalmar o suficiente para perceber que não tinha porque estar naquele porão escuro.Acendeu a luz aos pés da escada que tremeluziu e queimou com um som audível.Numa situação normal teria percebido que aquilo era impossível,nada dava errado com Arcady por perto desde que a conhecera.Pensava somente que as palavras que diria a seguir definiriam o resto da sua vida.Escorregou no terceiro degrau e bateu a testa com força desmaiando de imediato.

Reunira os pincéis no estojo sobre a cama,juntara algumas folhas com desenhos das crianças e seus e,devidamente vestida,esperava Adrian aproveitando o Sol ainda novo na varanda sobre o jardim nos fundos da casa.Decidira que aceitaria a carona dele e em troca exigira que,o quer que fosse que pretendia dizer,deixasse para fazê-lo no jantar.Queria estar linda no momento em que dissesse Sim!Entreviu algo pelo canto do olho que chamou a atenção.

A paisagem continuava a mesma de um momento antes:o Sol baixo,as casas pequenas rodeadas por jardins vastos,o rio sugerido num cintilar longínquo...contudo o quarteirão seguinte ao seu agora se encontrava envolto em sombras.Conferiu o Sol como que para ter certeza de que continuava ali ou se não estaria encoberto por uma nuvem.Não estava.O céu permanecia integralmente azul claro,os tons mais suaves próximos ao horizonte,anil mais intenso no alto...

A sombra alcançou seu jardim.Ainda não sentia medo, pelo menos não até que as plantas murcharam na velocidade de um filme acelerado.Virou-se e correu em direção a escada.Atirar-se nos braços de Adrian e chorar pelas suas adoradas tulipas era tudo que lhe ocorria.Duas portas no corredor separavam seu quarto das escadas.O vislumbre que teve do banheiro foi o de uma paisagem do Inferno.Lodo negro transbordava da privada e dos ralos,os espelhos fulguravam num vermelho carregado...a porta do seu ateliê improvisado foi escancarada e uma massa de tentáculos surgiu tentando agarrá-la,deu o impulso para se jogar escada abaixo mas tropeçou e foi ao chão.Um envolveu sua cintura,puxando e virando seu corpo de forma que pudesse ver o que a esperava...então só houve escuridão.

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–Há mais alguém na casa?

–Não, meu senhor.

–Você tem certeza disso Aureli?

O homenzinho pequeno engoliu nervosamente,sob a pele e músculos transparentes o coração batia acelerado.Concentrou-se.
–Sim,meu senhor.Não há mais nenhuma consciência aqui.

Eles vieram em grupos grandes preparados para tudo que a Sorte dela podia mandar.Foi horrível porque o fluxo não estava preparado para algo assim. Ele enviava ambulâncias (pois ela estava ferida),crianças,balões,padres,acrobatas e dançarinos.Muitos foram atropelados pelos carros velozes. Por Sorte os carros logo pararam de funcionar.Todos desceram e se reuniram como se aquilo estivesse ensaiado.Haviam alcançado a saída da cidade.Muitos correram/voaram/deslizaram a frente,outros formaram uma retaguarda e um grupo grande solidamente agrupado se pôs em marcha.

Os tiros soaram adiante bem rápido.Tinha certeza de que o socorro viria mas a cavalaria toda foi surpreendente.Infelizmente os tiros diminuíram numa velocidade alarmante,logo se reduzindo a rajadas isoladas e por fim o silêncio voltou.

Correram num ritmo frenético.Dois Brutamontes apoiavam as mãos em seus ombros e, como eram imensamente maiores,vinham a carregando desde o começo.Nenhum dos dois parecia estar ciente disso.Era Sorte porque nunca poderia correr naquela velocidade por tanto tempo.Passaram por uma zona de guerra com os sinais esperados de explosões e incêndios assim como outros que não eram tão fáceis de entender:teias, rastros de muco e objetos estranhamente desprovidos de cor.Os corpos de todos os policiais amigos de Adrian jaziam quebrados,corroídos ou parcialmente devorados.

Não queria fechar os olhos,conhecera cada uma daquelas pessoas nestes sete dias,também eram seus amigos porém não suportou.Abriu-os depois de instantes pois o medo que sentia piorava muito e encarou com horror a mesma imagem que tivera antes de fechá-los:uma carcaça cuja parte de cima fora devorada enquanto a de baixo mostrava sinais de ter sido atingida por ácido.

Logo ficou claro que a Sorte dera um jeito para que uma companhia do exercito,os policiais e demais pessoas bem intencionadas da região estivessem ali reunidos.

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II - Quis a Sorte que o general decidisse combater os meliantes que estavam a raptar a donzela indefesa e haviam matado 99 dos seus bons soldados na ponte sobre o rio

O general Musset orgulhava-se de dizer que vinha de uma família mais antiga que a própria França.Importunava seus oficiais com freqüência fazendo discursos sobre heráldica e os bons tempos quando os homens decidiam sua sorte lutando honradamente com uma espada em mãos.Ele mesmo portava um sabre na cintura,embora não fizessem mais parte do equipamento a pelo menos cem anos.

Afirmava cultivar as três melhores características dos franceses.(os soldados entre si afirmavam que ser baixo e rubicundo deviam ser duas e a terceira com grande chance envolveria o bigode farto).Sejam quais fossem essas características ele devolveu o binóculo ao oficial e com uma voz retumbante,ainda mais surpreendente dado o seu diminuto tamanho,se dirigiu as tropas reunidas:

–Os demônios do Inferno se ergueram e estão a seqüestrar uma donzela indefesa.Noventa e nove dos nossos companheiros tombaram diante desses infames.Salvaremos a bela donzela!Impediremos que cruzem essa ponte!Vive le France!

(Apenas a Sorte pode explicar como o general Musset conciliava as duas idéias.Mas foi Sorte porque os dois tanques se prepararam para disparar).

Arcady duelava dentro de si contra dois desejos:o que mais queria no mundo era que Adrian estivesse ali.Então se deva conta do que isso significaria e desejava que ele nunca a alcançasse.Tentou se acalmar e pensar...(talvez você pudesse usar a Sorte para fazer com que o coração de algum deles parasse ou algo desse errado no cérebro.

–Não. Não consigo.Nem sei como isso funciona.

A mesma voz que havia sugerido esse uso,a mesma parte essencial que a guiara por toda a sua vida menos os últimos sete dias prosseguiu

– Ontem mesmo você reclamou que seus pratos eram feios,depois disse que teriam que sair para comprar o café. Como você sempre acha qualquer coisa que procure?(Talvez possa e não saiba).

–Deixem-na perto de mim.

Foi jogada violentamente no chão. Por Sorte a terra ao lado do rio era fofa e não se machucou. O tiro acertou no meio da testa do Brutamontes.O outro nem o olhou cair,saltou e se colocou atrás do campo de força que envolvia o Encapuzado.O velho com cara de fuinha se aproximou rindo muito e apontando para o outro lado do rio,onde uns mil soldados assim como dois tanques e meia dúzia de veículos se espalhavam:

–Eu falei! Hahahá! Ela é poderosa!

–Pode ser que eles estivessem aqui -disse o Encapuzado com uma voz tranquila e gentil.

–Há!Para impedir os ingleses de invadirem?Ah!,Francamente isso...

–Descobriremos isso no momento oportuno. -a voz agora era autoritária e poderosa.

–Eu acho que são poucos. -esse era um rapaz muito jovem com manto e cabelos brancos.Seus olhos eram de um azul elétrico e raios azuis cruzavam-se no peito,percorrendo a bainha e se concentrando em espirais no braço direito.

– Vocês ficariam surpresos com o que as pessoas daqui pensam dos ingleses. - essa era Arcady. - Uma vez uma criança me disse que nós comemos carvão e...-sentiu algo se movendo nas suas costas e as palavras morreram quando um zumbido alto preencheu seus ouvidos e uma sombra alta assomou atrás de si. Estalos,assobios intercalados de sons ocos e um crepitar constante soaram ainda mais próximos numa linguagem cheia de raiva.

O garoto de manto branco e o velho cara de fuinha riram muito.O primeiro se aproximou e disse para as suas costas:

–Ah Espiral!Nós artistas somos mesmo incompreendidos!Gostaria de ver você fazer essas duas coisas ao mesmo tempo.Ela se borraria toda...

–Chega! -agora a voz do Encapuzado era um rugido. -Arcano,faça seu trabalho.-o garoto se afastou fazendo sinais para que várias daquelas aberrações o acompanhassem.

– Espiral,encontre Pesadelo e faça com que ele use tudo.O trem está próximo. -sons de extática misturados com algo similar ao retinir de metais soaram na nuca de Arcady. -Não.Ela não falara novamente.-a extática se afastou.-Minha querida -agora a voz era paternal e bondosa -isso foi corajoso.Acha que nos atrasando sua Sorte a salvará? - Arcady se pegou desejando confiar naquele homem.Ele não era mau ou assustador como os outros...-porque ele cobre o rosto? -A voz prosseguiu desafiadora -o que ele esconde que seja pior que o resto?().

Uma criatura com a pele coberta de taturanas passou correndo junto com gêmeos siameses terrivelmente deformados. Um grupo grande correu em direção a ponte enquanto ela,os que estavam vestindo mantos e alguns outros permaneceram na margem do rio que naquele ponto tinha pelo menos cinqüenta metros de largura.Acompanhou com expectativa o avanço.Esperava que todos os soldados abrissem fogo porém nenhum deles o fez.Os tanques mantinham suas armas apontadas para a margem.Então,quando parecia certo que chegariam ao outro lado,a ponte explodiu e pedra,carne e sangue choveram sobre o rio.

Quando o retumbar cessou e Arcady reabriu os olhos captou algumas risadas ao seu redor e acima de todas as gargalhadas histéricas do rapaz que fora chamado de Arcano.Ele estava quase dentro do rio,rindo para o céu.Seu manto tinha respingos vermelhos trazidos pelo vento e usava-o para enxugar os olhos lacrimejantes.Riu-se mais um pouco apontou o braço direito,segurando-o com o esquerdo,para a outra margem abriu a mão em palma e uns dos tanques explodiu.

O general Musset ergueu seu sabre e bradou a ordem.Todos os soldados sobre as colinas abriram fogo.Num crescente apaixonado fez um discurso,que infelizmente ninguém ouviu,exaltando a coragem dos soldados,a França, primeira dentre todas as nações e disse muitas coisas mais,terminando por invocar os deuses antigos para que intercedessem pela justiça.O que o nosso velho Musset não sabia é que sempre possuíra os genes SD em estado latente.Quis a Sorte que eles despertassem agora.

Arcady viu a água se iluminar como se o Sol surgisse abaixo de sua superfície.Assim que o primeiro tiro fora disparado uma escuridão noturna os envolvera.Agora a escuridão e a luz duelavam e a sombra foi contida de atravessar o rio.Aqueles que haviam tentado voar por sobre ele subitamente caíram sumindo na correnteza.Todos os que usavam mantos se agruparam,seus escudos fundindo-se numa parede cristalina.Em volta tiros e as explosões constantes causadas pelo tanque derrubavam muitos dos monstros.Nenhum deles sorria mais.

–Arcano,desfaça isso.

Ela observou a forma como o garoto gesticulou em direção a água enquanto seus lábios se moviam.

–Não posso -disse com uma expressão azeda -seja quem for é mais forte que eu.
Uma mulher imensamente gorda ostentando o rosto de uma boneca de porcelana se aproximou.

–É aquele baixinho com o sabre.E ela está ajudando.

Dessa vez o Encapuzado não perdeu tempo falando.Agarrou-a pela nuca e ergueu seu rosto até que ficasse diante do dele.Retirou o capuz e ela viu que por baixo não havia um rosto.Uma pele,de um branco doentio,cobria toda a sua cabeça e onde deveria haver a boca a pele era mais fina com um talho a dividindo.Aquele vazio a prendeu como uma armadilha.Não conseguia desviar os olhos,mesmo seus pensamentos sumindo e deixando um pânico terrível.

Adrian acordou desorientado e foi com muito custo que se pôs de pé. Subiu a procura de Arcady mas ela não estava em lugar nenhum.Foi quando o vizinho entrou pela porta dos fundos e falou esbaforido sobre carros,demônios e Arcady.Subitamente mudou de idéia e já ia se retirando.Adrian precisou de vários minutos de interrogatório e,quando estava certo de que meteria uma bala no infeliz,ele informou solicitamente que Arcady havia sido sequestrada e até foi do lado de fora da casa para apontar a direção que tinham tomado.

Ligou o carro e pisou fundo no acelerador.Antes que um minuto se passasse o carro morreu. Xingou, socou e o motor voltou a funcionar.Acelerou ainda mais.No quarteirão seguinte perdeu o controle e bateu com força num poste.Esquecera de colocar o cinto mas saiu do carro e se descobriu incólume.Correu o mais rápido que pode planejando roubar o primeiro veículo que encontrasse. Talvez fosse um efeito da concussão,talvez só estivesse desesperado demais para notar:toda a cidade estava vazia.

Alcançou a saída da cidade resfolegando.Milhares de pessoas seguiam pela estrada na direção do rio.Correu por entre elas que ora bloqueavam seu caminho ora davam-lhe gritos de incentivo.Tentou correr pela grama contudo em todos os poucos passos seus pés se prendiam em raízes ou escorregavam num buraco.Escutou explosões e sentiu o cheiro de fumaça mas os ignorou e concentrou-se em correr mais.Quando finalmente alcançou o rio percebeu que era tarde demais pois em ambas as margens só restavam corpos.Julgou ter o vislumbre de uma sombra sumindo muito ao longe na direção da costa.Ajoelhou-se exausto e por muito tempo apenas chorou.


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