Designium escrita por Caio Historinha


Capítulo 6
Aedan


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Edielson Enzo Torrielli



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Caminhou por ruas estreitas no meio da noite fria de São Paulo. O homem alto, de cabelos negros e olhos castanhos, localizou o ponto de encontro, por volta das oito horas da noite.

Um restaurante velho em um bairro da periferia. Adentrou no recinto e procurou uma mesa aos fundos do estabelecimento. Um local atarracado com mesas perfiladas deixando assim pouco espaço para os transeuntes andarem por ali. O lugar cheirava a gordura. Mas isso não importava, na verdade, para Aedan isso era uma vantagem. Lugares assim quase nunca chamavam a atenção... Quase nunca. Uma garçonete - aproximadamente do tamanho de Goorg - se aproximou para atendê-lo.

– O que vai querer senhor? - Perguntou a mulher vestida num avental amarelado e coberto de manchas de óleo, era gorda, alta e feia.

– Café. - Respondeu Aedan.

– Algo mais senhor? - Voltou a perguntar a garçonete. Aedan negou com a cabeça, e a mulher girou nos calcanhares deixando-o só.

Passou o olho em seu relógio, e viu que a hora avançava rápido. "Nada de Loued" pensou "como toda vida atrasado" Já estava na terceira caneca de café - que por sinal tinha um gosto horrível - mas um (Farejador) aprende a lidar com todo tipo de situação. Ou aprende ou então morre. Isso era o que Salize sempre lhe dizia. Aedan já estava com trinta. Era alto forte de cabelos negros, pele bronzeada do sol e olhos castanhos. (Um farejador) experiente, tivera o "estalo" aos dez, e mesmo que um farejador seja o mais comum dos SDs... Ainda assim, é um SDs, e isso significa: que é considerado ameaça tal como seus irmão de dons mais exóticos.

A porta do estabelecimento se abriu e Aedan viu a chegada de seu contato. Loued, era seu nome. Um camarada alto quase dois metros de altura. Magro feito uma vara de madeira, aparentava ter entre trinta e cinco a quarenta anos. Raspava a cabeça freqüentemente, e preservava um espesso cavanhaque castanho avermelhado. Loued era um gênio, das matérias. Entendido de quase todo tipo de assunto. E era o contato de Aedan no Brasil, e acima de tudo, um ser humano comum, livre de perseguições à sua cabeça.

O homem se sentou de frente para Aedan, e o cumprimentou.

– Como anda, Loued? - Perguntou Aedan. O homem deu de ombros.

– Bem. Relativamente bem. Onde esta o resto de sua equipe?

– Estão no quartel, aguardando minhas ordens. - Respondeu Aedan. - Você tem alguma coisa para mim, Loued?

Loued sorriu. Andava sempre com óculos escuros de armação redonda e lentes negras como a noite fechada.

– Esta se descuidando Aedan. Um farejador andando por subúrbios de periferias do terceiro mundo... Sem escolta, o que esta querendo arrumar, Aedan? É verdade que não temos muitos executores aqui no Brasil, no entanto, ainda temos alguns dos seus nobres primos espalhados por ai.

– Não me relacione com aquelas aberrações. - Retrucou Aedan irritado. - E então, Loued, tem alguma coisa ou não? - Na verdade, Loued estava certo. O Brasil era negligente com seus SDs e os ignorava por completo, mas a verdadeira ameaça residia em Londres, lá ficava a sede principal da resistência, tal como o partido de Angus Herrmann, um velho senhor, gente boa, mais há muito enfraquecido pela idade, e, os executores... A força tarefa denominada como: (EEM) Esquadrão de execução a mutantes. - Os farejadores da EEM podem ser SDs na essência porém hoje, tornaram-se Ciborgues, cobaias de laboratórios, patrocinados pelo senador Robert Belford. Isso você sabe bem, Loued.

A garçonete aproximou-se novamente da mesa, e colocou à frente de Loued uma caneca de chocolate fumegante e uma travessa contendo inúmeras rosquinhas de creme.
– Obrigado filha. - Agradeceu Loued. A mulher gorda se foi sem nada dizer -Você diz o gordo Belford, certo?

– Esse mesmo. - Confirmou Aedan.

Loued tomou um gole de seu chocolate e deu uma mordida em uma das rosquinhas, creme escorreu pelo canto da boca sujando seu cavanhaque, então calmamente pegou um guardanapo e limpou o creme.

– E Boobba? O que faz para deter o senhor Belford?

– Boobba se esforça o quanto pode. Mas é voto vencido naquele vespeiro.

– Porra nenhuma. - Disse Loued. - Boobba anda mais preocupado com seus namorados do que com a causa comum... Veja bem, Aedan. Não sou como vocês, no entanto faço parte disso. Se o Ministério, descobre que ando localizando SDs para fortalecer o exercito da resistência, o que acha que me ocorreria?

Aedan sabia bem a resposta, tão pouco, queria mencioná-la.

– Sei que faz isso por acreditar na causa, Loued. Sabe que condenar pessoas a morte por serem especiais é errado, e por isso contribui conosco.

– Sim. - Disse Loued ajeitando seus óculos. - Faço isso por que considero o que nossos amigos ingleses fazem, um genocídio doentio. Mas quero que Salize e Boobba tomem logo uma posição.

– Estão tomando. Salize, contatou um espião. Um tal de: Jack... Jack Thatcher, ou algo assim.

– Hetcher. - Loued o corrigiu. - Conheço o homem. Um mercenário, trabalha por dinheiro, e já esteve envolvido em escândalos de propinas. No entanto é pouco. Eu quero que Salize ataque. Eu quero que eles ataquem o coração da EEM.

– Esta maluco? - Aedan se exaltou - sabe quantos farejadores eles têm lá dentro? Isso sem falar no número de soldados, e dos seus próprios SDs, que são mantidos em sigilo mas que sabemos bem que existem. Filhos da putas, que ajudam a caçar seus próprios irmãos. - Aedan socou a mesa com violência. - Sei que é arriscado. No entanto, já soube do incidente num certo lixão de sucatas, Rock e um recém-estalado, contra toda uma guarnição? Quem diria que sairiam vivos? - Então você já soube?

– Minha função é saber das coisas... Se acalme, Aed. Vamos até a garota?

Fazia mais frio do lado de fora do velho restaurante, uma garoa fina e cortante despencava do céu negro e fechado. Aedan encolheu os braços para se abrigar do frio.

– Caralho! Quase me esqueci o quanto o clima de São Paulo, se parece com o de Londres.

– Anime-se - disse Loued - eu vim de carro.

Entraram em um Vectra preto de vidros lacrados. Seguiram pelas ruas da metrópole, com Loued no volante.

– Onde a encontrou? - Perguntou Aedan.

– Região Leste. Numa favela, sabe Aedan, a menina tem um dom especial mas ao mesmo tempo devastador, o 'estalo' dela causou a morte de setentas de pessoas da comunidade que vivia a coitadinha esta assustada. E quem pode condená-la? Congelar inúmeras pessoas involuntariamente é algo chocante.

– A colocou em um abrigo?

– Sim, um dos meus. Tive que a isolar estava muito nervosa e cuspia gelo sem parar quase acabou com Gunter, o coitado teve parte da perna amputada, depois que a menina à congelou.

– Entendo, qual a idade dela?

– Se chama Amanda Silveira. Tem quatorze anos, é uma coisinha magra e pequena.

– Você conversou com ela a respeito da resistência?
Loued sorriu.

– Esse trabalho é seu. Eu à alimentei e a tranquilizei. O restante é com você parceiro.

Quase meia hora depois chegaram ao abrigo. Um bairro humilde na região sul do estado. As casas se atarracavam uma por sobre a outra em ruas irregulares com postes e fios elétricos decorando o céu. Loued estacionou em frente a um sobrado, e saltou para fora. Aedan o acompanhou de imediato.

Do outro lado da calçada, amontoados em um muro totalmente pixado, alguns jovens conversavam e bebiam. Quando avistaram a dupla lançaram olhares inquisitivos mas nada disseram.

Loued sacou um molho de chave do casaco e destrancou um portão velho, que gritou quando foi aberto. Naquele momento, Aedan sentiu as pulsações que eram emitidas de dentro da residência. "Essa menina é poderosa" pensou.

– Vamos - disse Loued, subindo um lance de escadas. Aedan o seguiu nos calcanhares.

Ao final da escada havia outra porta. Loued a abriu habilmente e adentrou, acendeu uma luz e Aedan também entrou. O local era pequeno: uma sala simples com paredes sem reboco. Ali havia uma mesinha de centro e uma estante com um televisor, e um jogo de sofá - em um deles, Gunter se encontrava dormindo. A perna esquerda era um coto enrolado em faixas na altura do joelho.

– Ele vai ficar bem - disse Loued. - Umas duas semanas e a perna vai se regenerar.

Essa era a habilidade de Gunter, o lagarto. Do lado esquerdo da sala Aedan viu uma passagem que dava acesso a uma cozinha pequena. A direita, viu uma porta.

– Onde esta ela? - perguntou já sabendo onde a menina estava, afinal de contas não era o melhor farejador por acaso. Loued seguiu em direção a porta.
– Ela deve estar dormindo agora - disse Loued. - Precisamos ser calmos. Sabe Aed, o dom dessa pequenina é bastante sensível. Salize terá trabalho para treiná-la. - Loued bateu na porta do quarto e a chamou.

A menina respondeu:

– Pode entrar senhor Chamagute. - Loued olhou para Aedan.- Eu disse meu sobrenome para ela. - Entendo.- Querida - disse Loued com a voz calma - ,eu trouxe um amigo... Asseguro-lhe de que ele é boa gente. Será que ele poderia entrar também?

– Se estiver com o senhor, tudo bem. - Respondeu a menina com uma voz delicada.

Assim sendo Loued abriu a porta. O quarto encontravas-se as escuras, Loued acendeu a luz e Aedan o acompanhou para dentro. Quando a luz se acendeu Aedan pôde ver a pequena menina em uma cama, encontrava-se encolhida com os lençóis na altura do queixo.

– Nada tema criança - disse Loued - meu amigo Aedan vem em paz.

Aedan adentrou um pouco mais no quarto - que cheirava a mofo - aproximou-se da cama e se sentou. A menina manteve um olhar fixo nele.

– Olá pequena - disse Aedan - sei que ainda esta confusa com tudo o que lhe aconteceu... Mas estou aqui para ajudar. Como se sente?

– Me sinto um tanto... Estranha, senhor. - Disse a menina.
Aedan prosseguiu com cautela, e sentou-se na beirada da cama.

– Compreendo - disse. - Veja bem criança, você tem poderes especiais... Porém não é a única a possuir esses dons...

– Quer dizer que outros possuem às mesmas sensações que eu?
– Não exatamente - respondeu Aedan. Loued manteve-se em silêncio. - Cada um de nós, tem uma habilidade diferente... A sua no entanto, é uma habilidade rara. Gostaria que entendesse... Que a partir de agora, você já não pode mais levar uma vida comum.

– Por que senhor? - perguntou a menina. Aedan se sentiu desconfortável,mas precisava falar.

– Bom, assim como eu - fez questão de dizer - ,você agora é considerada uma ameaça. Entende o que isso significa não é? - A garota se encolheu um pouco mais demonstrando que realmente sabia o que Aedan dizia. - Porém, exatamente por isso estou aqui pequena... Diga-me,você tem nome?

A garota se encolheu um pouco mais, e no fim respondeu:

– Me chamo Amanda... Amanda Silveira.

– Bom, Amanda, eu não vou mentir para você. Estamos juntado força para derrotar um inimigo comum - disse Aedan - , um inimigo que persegue e executa, pessoas com dons especiais como o seu... Então, perguntarei uma única vez: Amanda, você esta com a gente ou não?

A menina se re mexeu.

– Tenho escolha? - perguntou.

Aedan respondeu:

– Não vou mentir. Não terá luxos, e nem garantias... No entanto, garanto-lhe que terá amigos e irmãos, de igual.

A garota pareceu processar às verdades que Aedan lhe falava, mas por fim se manifestou.

– Sim. Quero ir com vocês, seja para onde for. Já não tenho família, e nunca tive amigos, senhor. Neste caso não deixo nada para trás.

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Michaela era uma mulher magra de pele clara e cabelos vermelhos como fogo, os olhos eram duas pérolas azuis. Olhava pela veneziana da janela, estava impaciente. Aedan não era o tipo de homem que se atrasava. "No entanto esta atrasado" pensou enquanto olhava para fora.

– Tenha calma docinho - disse Goorg - Aedan logo chegará.

Ela se virou para o brutamontes.

– Não me chame assim! Ou juro que torro você até virar cinzas.
Michaela era uma "elétrica". Um tipo de SDs capaz de armazenar cargas de eletricidade no corpo.

– Tenha calma Micha - disse Owen. Um rapaz de dezessete, era magro e loiro, os olhos verdes cintilavam sempre que olhava para Michaela. Era um Telecinético. - Você sabe que Goorg é um idiota.

Goorg gargalhou sonoramente e Michaela deu de ombros. No canto da sala, os dois jovens recém-estalados, encontravam-se quietos feito estátuas. Um era jovem, um garoto de treze anos encontrado num morro do Rio de Janeiro, chamava-se Arthur, tinha a habilidade de paralisar quem tocasse. O segundo era um homem de meia idade. Jonas era seu nome, tinha a capacidade de explodir tudo o que foca-se. Essa era a equipe de Aedan Hoger. O amado farejador de Michaela.

– Na certa Loued deu canseira nele, Micha. - Disse Goorg. Seu cabelo um moicano tingido de verde combinava com seu rosto quadrado e queixo protuberante, o homem era um "troglodita" esses eram os mais fortes SDs homens capazes de aumentar sua massa física em até cem vezes mais que um humano normal.

– Deve ter sido - disse Michaela, mas... Bom, deve ter sido. No entanto, estou com um mau pressentimento.

– Num esquenta, Micha. Nós estamos aqui para recrutar, tudo vai dar certo.
Michaela queria acreditar nas palavras de Goorg, porém alguma coisa dentro dela se recusava a aceitar.

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Amanda se sentou no banco de trás do automóvel. Antes de partir, fez questão de se desculpar uma vez mais com Gunter. "Nunca quis lhe fazer mal" pensou a garota. No seguinte momento o senhor Loued saltou para dentro do veículo juntamente com o homem chamado Aedan.

– Eu vou com vocês Aed. - Disse Loued.

– Será bom ter você por lá, Loued.

Os homens pareciam grandes amigos, será que existiria no mundo verdadeiras amizades como essa? Se existisse, Amanda bem gostaria de conhecer. Afinal já provara de todo o desprezo da sociedade, e estava farta de tudo aquilo. No entanto... No entanto. Agora tinha esse dom de congelar as coisas, e tudo fora tão rápido. Culpa do pai que chegara uma vez mais, bêbado e iniciara suas sessões de espancamento, o alvo como sempre era a pobre da mãe. "E então, tudo aconteceu" afastou a trágica lembrança junto com lágrimas indesejáveis que teimavam em cair dos olhos - olhos tão verdes, como rubis.

– Se sente bem pequena? - Perguntou Aedan. "Tão atencioso"

– Sim... Sinto... Sinto-me, senhor.

– Nada tema pequenina, Salize é um homem extraordinário - disse Loued - certamente lhe ensinará muito e ainda mais.

– Se apresse, Loued - retrucou Aedan. - Estou atrasado, e sabe como Micha fica irritada quando isso acontece.

Loued sorriu.

– Micha é um tanto paranóica mas não a culpo.

– Quem é que pode culpá-la?

Seguiram pelas ruas - que se encontravam vazias - , passava das vinte e três horas, o trânsito caótico de São Paulo, agora era tranquilo.

– Que tal musica para relaxarmos? - Loued ligou o som do radio, e uma musica clássica, daquelas que Amanda via nos concertos que raramente passavam na televisão, começou a tocar.

– Que diabos é isso Loued? - Perguntou Aedan.

– Pura arte, meu amigo. Pura arte.

Os homens caíram no riso, e Amanda simplesmente não entendeu o porquê.
Pouco tempo depois, chegaram em uma residência térrea. Uma casinha humilde cercada por um muro e com um portão verde na frente.

– Chegamos - disse Aedan. - Encoste ai Loued.

– Ok.

Aedan saiu e convidou Amanda a fazer o mesmo.

– Vamos lá criança. - Encorajou-a o senhor Loued.

E então ela foi. Adentraram na residência sem problemas. Ali, Amanda conheceu os outros membros da equipe de Aedan. Ele os apresentou um a um.

– Esse brutamontes aqui, se chama Goorg. Este rapaz pequeno e sorridente é o Owen - apontou para uma mulher bonita de cabelos ruivos e apresentou-a - esta é Michaela. Os dois ali no canto são: Jonas e Arthur. - Voltou-se para os membros da equipe - senhores essa é Amanda nossa nova companheira e recém-estalada.

– Seja bem vinda, Amanda. - Disse Michaela.

– Obrigado. - Amanda obrigou-se a responder.

– Bem, partiremos amanhã - disse Aedan. - Tenho de apresentá-los para Salize. Portanto aconselho que durmam um pouco.

– Certo - disse Loued. - Estão entregues. Aed, amanhã estarei aqui com os passaportes, me espere chegarei por volta da dez.

Aedan revirou os olhos.

– Isso quer dizer às onze não é? - Loued gargalhou e se foi.

Michaela levou Amanda até um quarto. E arrumou cobertores para ela poder se enrolar. Amanda agradeceu, e Michaela a deixou, sozinha. Então se deitou esperançosa com o novo destino que a vida lhe preservava. Jogaria o jogo, até porque, agora fazia parte dele, e não era uma questão de escolha.

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Loued surpreendeu à todos chegando exatamente no horário combinado. Aedan não acreditava no que acabara de ver.

– Você deve ter caído da cama, camarada. - Goorg gargalhou sonoramente. - Sem dúvida que foi isso!

– Amo todos vocês - disse Loued. - Como está, Amanda?

A menina recuou os ombros como de costume.

– Estou... Melhor, senhor. - Ela não era muito de falar. “Isso é normal" pensou Aedan "Quando estiver com Sali, se sentirá melhor"

– Trouxe os passaportes Loued? - Perguntou Aedan. Loued ajeitou os óculos.

– Esta falando com um profissional. Ah, e como sei que você é o único da equipe de SDs que não tem porra nenhuma de super poderes, trouxe esse presente.
Loued removeu de uma espécie de maleta. Uma escopeta, toda trabalhada em madeira.
– Essa belezinha é trabalhada em madeira e acrílico. Ou seja, não dispara detectores de metal. Isso sem falar no seu formato, que no raios-X não conseguirão vê-la como arma.

– Isso atira? - Perguntou Owen. Aedan não era assim tão tolo, para desacreditar das invenções de Loued.

– Se atira? Rapaz, essa coisinha aqui, é capaz de derrubar um cavalo. Imagino que seria capaz de fazer um bom estrago no Goorg aqui. - Goorg passou a mão em seu moicano.

– Acho que faria mesmo. - Deixem de papo furado - disse Michaela. - temos de chegar ao aeroporto ainda hoje.

– Micha tem razão. Vamos.

Chegaram ao aeroporto internacional de Guarulhos, por volta do meio dia. Até procederem com toda a burocrática forma de embarque, já passava de uma da tarde. No entanto passaram pela alfândega sem problemas maiores.

Acomodaram-se respectivamente em suas poltronas, Micha sentou-se ao seu lado, se encostando nele. Ultimamente tinham pouco tempo para desfrutarem um do outro, que Aedan se sentiu grato pela simples proximidade.

– Vai dar certo não é? - Ela perguntou.

– Eu acredito que sim. - Aedan respondeu. - Você duvida?

Ela o olhou nos olhos.

– Não exatamente. Mas, é que... Os inimigos Aed. Eles tem poder, dinheiro e influencia.

Aedan a abraçou enquanto a aeronave ganhava velocidade.

– E nós temos vocês, querida. - Então a beijou.

– Aedan? - Loued chamou.

– Sim.

– Temos problemas. Olhe lá fora.

Aedan sentiu o sangue congelar, quando seus olhos avistaram o Jeep, e o que vinha em cima do mesmo. Um farejador da EEM. A criatura era horrível, com olhos metálicos brilhando em vermelho sangue. Da cabeça tubos se projetavam e se conectavam ao pescoço e voltando a aparecer nos braços. De repente a criatura ergueu uma das mãos e apontou para o avião, e então, do braço brotou um compartimento, e desse um míssil se projetou em direção a aeronave.

– Temos que sair daqui! Goorg destrua a porta do avião, agora! -Goorg arrebentou a porta da aeronave num único pontapé. - Owen! - Gritou Aedan - Tire a gente daqui rapaz, ande.

– Tá bom.

Owen arrancou o grupo do avião no momento em que o míssil o atingiu. Fogo e fumaça se espalharam junto com os destroços da aeronave que se espalharam pelos ares, vitimando centenas de pessoas. Owen mantinha a equipe no ar com a força de sua telecinese. No entanto Aedan viu a pista de vôo, totalmente dominada por soldados da EEM. Pôde ver de re lance três farejadores e um sem numero de soldados ganhado toda a área. Um novo míssil veio de encontro a equipe, e Goorg ordenou que Owen o lançasse em direção a ele.

Owen obedeceu e o arremessou. Goorg atingiu o projétil devolvendo-o para o dono, com um soco poderoso. O míssil retrocedeu nos ares e foi de encontro ao Jeep em que se encontrava um dos farejadores. Uma forte explosão se fez ouvir no momento do impacto. Goorg aterrissou. No meio de uma horda de soldados e abateu à todos como se fossem brinquedos.

– Nos coloque no chão garoto! - Gritou Loued. - Precisamos ajudá-lo!

Owen os desceu, enquanto Michaela se esforçava para protegê-los com uma corrente elétrica, as balas ricocheteavam no escudo elétrico provocando fagulhas.
Aedan saltou para fora do escudo -assim que Michaela o enfraqueceu - correu no meio da confusão, agarrou um dos soldados caído, e arrancou-lhe a arma. Correu em dispara chamando a atenção dos farejadores, às balas riscavam o céu, enquanto ele corria.

"Venham seus filhos da puta" Aedan revidava atirando para todos os lados.
Loued lutava contra três soldados com um bastão assimétrico, derrubou os três e partiu para cima de outros dois. E então Aedan viu o que não queria ver, o rapaz Arthur, empalado pela lâmina de um materializador.

– NÃO! - Gritou em meio ao caos. E apontou a arma na direção do SDs traidor, atirou todas as balas que restavam. Inútil. O SDs projetou um escudo e se lançou em sua caçada. No entanto Goorg surgiu em sua linha de visão, acertando um poderoso punho fechado na cabeça do materializador. Esse atingindo, vôo metros de distância bateu no chão uma dúzia de vezes, antes de colidir com um veículo.

Viaturas de policia começavam a surgir, em meio ao alvoroço, assim como helicópteros que foram abatidos pelos farejadores. Esses agora cercavam Michaela e Owen. Micha se esforçava projetado chicotes de corrente elétrica e atacando os demônios. Três contra dois. Quando apenas uma daquelas coisas seria capaz de derrubar seis SDs. No entanto um se deslocou e foi a trás de uma Amanda atônita em meio a confusão.

Aedan correu para ajudá-la porém na corrida acabara sendo acertado na coxa esquerda. Gritou de dor quando s jorrou um jato de sangue quente de sua perna, cambaleou e foi de encontro ao chão. Arrastou-se enquanto via o pobre Jonas ser decapitado por outro dos farejadores. Assim como Owen fora executado por um magnetizador, Michaela fora arremessada a distancia, enquanto Loued era cercado por vários soldados, de Goorg nada vira. E então o farejador se aproximou de Amanda com olhos vermelhos e um sorriso maléfico.

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Tudo era uma verdadeira confusão. Amanda não sabia o que fazer em meio a destruição, seus supostos amigos estavam sendo executados um a um, queria ajudar. "Mas como?" E agora, aquele monstro a encarava, com olhos metálicos e um sorriso na face horrenda. No entanto não tinha medo. Mas quando a criatura a golpeou na face. Medo, fúria, e frustração a inundaram, automaticamente veio em sua mente às cenas de violências gratuitas que o pai era protagonista.

Rolou no chão com o rosto ardendo de dor, sangue escorreu pelo lábio inferior.
O monstro gargalhou. E então a chutou no estômago. Amanda inflou os pulmões se levantou e gritou o mais alto que pôde. E de repente os cristais brotaram numa torrente de gelo e frio, uma avalanche do tamanho de suas sensações. Instantaneamente, neutralizou seus companheiros - ainda que alguns estivessem mortos - O primeiro a ser totalmente congelado foi o monstro que se encontrava a sua frente e dai por diante todo o restante que se encontrava no perímetro tornaram-se estátuas de cristal. E assim como veio, a sensação a deixou. Amanda sentiu o corpo estremecer de frio, suas pálpebras pesaram e então o mundo se apagou.

Loued arrebentou com os corpos de cristais com seu bastão assimétrico, os corpos se espatifavam como cubos de gelo. Encontrou Aedan agarrado ao corpo inerte de Michaela, o homem chorava e soluçava compulsivamente. Era duro, mas era assim a vida, e ele sabia, mesmo assim não deixava de ser uma verdade dura.
– Ela se foi Loued! - Disse Aedan quando o viu. Tinha um ferimento na perna, e Loued arrancou uma tira do casaco para estancar o sangramento.

– Tem de ser forte Aedan. É a guerra.

– Ela se foi! Meu amor se foi.

– Sim é verdade. No entanto o que vê em sua volta, Aedan? O que esta vendo? Diga-me Aedan, o que vê?

– Destruição e morte, é isso o que vejo.

– Esta errado. - Disse Loued - você vê uma vitória de um exercito pequeno. Hoje uma única SDs devastou quase dois mil soldados. Hoje a resistência começou a fazer a história da revolução... Hoje teve inicio Aedan, anime-se pois a morte dela não Será em vão.


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