Designium escrita por Caio Historinha


Capítulo 13
Salize


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por Edielson Enzo Torrieli



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A galeria fedia, isso não era novidade, ali em baixo tudo fedia, mas algumas vezes, o líder se questionava se não seria melhor tirar seus filhos daquele "buraco de rato" por vezes seus conselheiros tentaram convencê-lo. No entanto, Salize, sempre os negava. Os labirintos de túneis com musgo impregnado em suas paredes e águas turvas e fedorentas, assim como a iluminação oscilante, ajudava a mantê-los ocultos da EEM.
Salize já não era capaz de distinguir o dia da noite, há muito que deixara de dormir. Isso ocorreu quando tivera o "Estalo" Num momento traumático como para todos os outros.

– Respire, Amanda. - Disse com sua voz rouca, enquanto sondava a mente da garota. - Precisa se acalmar e se concentrar.

A mente da jovem criança, estava confusa e ao mesmo tempo agitada. Salize percebera isso já no primeiro contato. O dom de Amanda era muito poderoso e ainda instável. E Loued o prevenira das dificuldades. Por duas vezes a menina ativou suas torrentes de gelo, e - se não fosse pelo seu dom de regeneração, e por Alys - Salize ágora estaria morto. Mas não era Amanda que o preocupava. Não naquele momento. Suas preocupações estavam voltadas para outro membro, um que amava como um filho. "Aedan"

–Ah? - Disse Amanda despertando do transe. Alys rapidamente se pôs em posição.
– Esta tudo bem Alys. - Disse Salize. - Amanda está bem. Muito em breve, você estará totalmente familiarizada com seu dom, criança.

– Ainda tenho medo, senhor. - Disse a menina com uma voz acanhada.
Salize estava cansado, mais tinha que continuar.

– Por hoje é tudo pequena. - Disse para a garota. - Pode se retirar para descansar. - Amanda fez um aceno e se levantou. Antes que a menina saísse, Salize fez um pedido:

– Amanda, poderia chamar Aedan, para mim?

– Sim, senhor Salize. - Respondeu Amanda, saindo da sala.

– Não está acontecendo, nada Alys. - Disse o líder da resistência, já antevendo a pergunta de Alys.

A garota morena franziu o cenho. Salize suspirou.

– Está bem - disse - ,tantos anos lendo às mentes de outras pessoas e não sou capaz de mentir para você. - Alys sorriu - bem, Alys. Aedan me preocupa.

– Aedan? O que tem ele?

–Alys. Aed está deprimido...

– Você sondou a mente dele?

– Não é precioso sondá-la, para saber isso. Você mesma viu, como ele transferiu todas as suas esperanças para a menina. E o que dizer da reação dele, quando expliquei sobre o bloqueio de noventa por cento das habilidades da garota? Sim, Amanda tem um dom especial. Mas ainda é só uma criança. Não podemos jogar em cima dela toda essa responsabilidade. As informações de Boobba são perturbadoras, Príncipe Willian no poder, fazendo causa justa contra os SD.

– Mas se Boobba se tornar primeiro ministro nós teremos maiores chances.

– Não se engane, Alys. - Disse o líder levando as mãos a sua enorme cabeça. - Se Boobba obter essa vitória sem dúvida estaremos, numa melhor condição, mas nem de longe isso estará acabado. Nem de longe.

Aedan surgiu na porta momentos depois. Tinha um semblante abatido, com um olhar sombrio. Deixara a barba por fazer, e os cabelos estavam desgrenhados.

– Alys - disse Aedan. Se aproximou de Salize. - Pensei que havíamos encerrado por hoje, Sali.

– Sente-se, Aed. - Disse Salize em um tom que significava uma ordem, Aedan obedeceu. Porém não de maneira subserviente. Isso era algo que Salize admirava em seus homens. - sei, que você esta sofrendo com a perca da Micha. Mas não irei aliviar nas palavras. As coisas estão acontecendo rapidamente Aed. E preciso de você lá fora, não aqui nos esgotos como um rato.

– Ela se foi Sali. - Disse Aedan. - Tínhamos planos feitos. Planos para viver nossas vidas depois que tudo isso acabasse. Agora no entanto, ela se foi. Diga o que quer de mim e eu o farei.

Salize arqueou uma sobrancelha. “Você o ama, mas não deve aliviar".

– Primeiramente - Disse Salize - , eu quero que você pare de agir como um filho da puta, e se concentre na causa.

Aedan recuou.

– Em segundo - prosseguiu o líder - , quero que se afaste de Amanda por um tempo.

– Mas a garota é jovem - protestou Aedan. - Mal consegue formar uma frase no nosso idioma.

– Não se preocupe quanto a isso. Aqui temos outros jovens que podem ajudá-la a se ambientar melhor: Rock é quase da idade dela, e muito inteligente. Sem falar nos novatos, Patrick e Lindsay. Eles estão sobre a tutela de Tyra, é com quem Amanda vai ficar. Quero que você remonte sua equipe.

– Goorg segue comigo. - Respondeu Aedan. - Assim como Loued.

Salize assentiu.

– Você levará o recém treinado também.

– O Ted? - Perguntou Aedan.

– Sim. Ele é meio cabeça dura, mas aprende rápido. Já esta treinando há alguns dias com a Tyra e os outros rapazes.

– Tudo bem - disse Aedan, se virando para Alys.

– O quê foi? - Respondeu Alys com seus sorrisos atraentes.

"Ela é realmente muito bonita" pensou Salize.

– Bom - disse Aedan voltando suas atenções novamente para Salize. - Para onde eu vou desta vez? Por acaso não seria para o norte da França, seria?

Não era à toa que o filho da mãe carregava o título de melhor farejador.

– Exatamente. - Salize respondeu - sondei o lugar, depois de sentir pulsações vindas daquela região. Aed. As coisas estão feias por lá, SDs com problemas congênitos, estão atacando cidadãos comuns. - Salize levou novamente às mão a cabeça. Isso era sempre um tormento, inúmeras vozes ecoando em sua mente, súplicas e sussurros vindos de todas as partes do planeta, uma agonia sem fim. - Isso certamente ira ajudar ao senador Belford, e alavancará a imagem negativa de nossa espécie.

– E o que você pretende fazer? Não me diga que...

– Não. - Respondeu o líder, já sabendo o final da pergunta de Aedan. - Não quero que interfira, Aedan. Às autoridades locais estão cuidando do assunto.

– Mas Sali - disse Alys. - São apenas humanos, lutando contra SDs, eles serão massacrados.

– Assim como temos os nossos SDs aqui, Alys... Eles certamente também têm os deles lá.

– E o que devo fazer, exatamente? - Perguntou Aedan.

– Fará o seu trabalho - disse Salize- ,como sempre fez. Não quero que interfiram. Inspecione a área, se achar SDs disposto a aderir nossa causa, traga-os pra cá. Mas não interfira, entendidos?

– Estamos. - Falou o farejador - porém quero maia dois membros.

Salize revirou os olhos.

– Seu filho da puta. - respondeu.

– O que houve? - Perguntou Alys, confusa, o jogo mental.

– Alys tem um trabalho para concluir ainda hoje. Mas depois estará livre. - Alys pareceu ficar ainda mais confusa. No entanto haveria tempo para explicações depois. - Vamos nos encontrar com o prestador de serviços ainda hoje.

– O tal de Thatcher?

– Jack Hatcher. - Respondeu Salize. - Ele esteve com o senador Belford, preciso saber o que descobriu.

– Tudo bem. - Disse Aedan. - E Rachell?

– Salize bufou.

– Aedan, você já está levando o rapaz, Ted, com quem peço que tome cuidado. A telecinese combinada com o magnetismo, o deixam uma pilha de adrenalina. Eu o espanquei duramente a fim de drenar essa reação mas não tem efeito. Ted parece um adolescente de dezesseis anos. E pra completar você quer levar a Rachell? Eu disse para ser discreto. Rachell e Ted, não é uma boa combinação.

– Compreendo - respondeu Aedan. - Mas... - hesitou. - Dane-se, Sali. Micha ia querer que eu seguisse em frente. No entanto preciso de um materializador, e Rachell é a melhor que conheço. Mais uma vez você me pede para levar um SDs inexperiente. Assim como Owen era. Somente Micha e Goorg, eram do auto escalão.
Aedan estava certo, Salize sabia, e cada palavra chegara em sua mente segundos antes dos ouvidos.

– Tudo bem. - Respondeu o líder. - Agora pode se retirar, Alys e eu vamos até o Hatcher.

Aedan se levantou e seguiu para porta.

– A propósito, levarei Black também. Afinal de contas você pediu para ser discreto e Black...

– Não é muito chegado a conversar. - Completou Salize.

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Fazia ainda mais frio depois que Jack, saíra do restaurante. "Ao menos, a agitação de manifestantes cessara" pensou Jack. Resolvera voltar para casa a pé, o percurso não era assim tão longo, e as caminhadas ajudavam-no a se manter em forma.
Na mão levava a maleta preta, contendo os dois milhões. O peso era gratificante- mas o trabalho - , esse era, indigesto. Um sabor amargo, do qual Jack, não fazia questão alguma de provar. Certamente que suas comidas, devidamente preparadas por ele mesmo, desceriam maia saborosas.

– Assassinar, Lionel Vegger. - Disse para si mesmo. - Aonde aquele balofo, esta com a cabeça?

Matar alguém por si só, já era problemático. Assassinar um senador popular então? Não, esse era o tipo de trabalho que exigia custos. E Jack bem sabia qual seria o preço. "Minha linda cabeça"

Jack Hatcher, era um típico sobrevivente inglês. Preferia pensar assim. Já havia se metido em problemas demais nesta sua vida, louca. Conseguira dinheiro, é verdade.
Comprara uma casinha de alvenaria e cerca branca par os pais em Liverpool, e adquirira seus bens.

"Assassinar Lionel Vegger" pensou "Quatro milhões de libras. Isso pouco seu javali obeso. Pensa que sou otário? Quatro milhões é pouco e quase nada”
Caminhou solitário por ruas vazias, contemplou o céu de Londres, negro, sem lua e estrelas. "Assim como minha vida", pensou Jack. "O que falta, em sua vida, Jack Hatcher"?

A resposta, era fácil: Um propósito.

Avançou mais um quarteirão. Os prédios se erguiam como enormes espigões de aço e concreto, fazendo Jack se sentir ainda mais insignificante, fazendo-o se sentir, ainda mais só em sua solidão.

– Ah, que se foda! - gritou para o silêncio.

– Que se foda o quê, senhor Hatcher? - Perguntou uma voz no vazio.

Jack se virou para o beco a sua esquerda, e lá estava ela: Com um macacão de couro negro aderido em suas curvas sinuosas. Os cabelos negros cacheados, presos em um rabo de cavalo, os olhos cor de mel e os lábios carnudos a sorrir.

– Você? - Disse ainda atônito.

– Sim, eu. - Respondeu a garota.

– Alys, não é? Seu nome é Alys.

A garota sorriu, com certa malícia.

– Vejo que guardou bem o meu nome, senhor.

– Não só o nome. - "Cantada cretina Jack" - Mas o que uma garota linda como você faz uma hora dessas, sozinha no meio na rua?

– Não devia se preocupar comigo, senhor.

De repente uma sombra se moveu em suas costa Jack abaixou antes que o gigante negro o agarra-se. Contra-golpeou rápido. Acertando um soco potente na linha de cintura do brutamontes, o homem no entanto, nem se mexera. Jack atacou novamente com um gancho no queixo e um cruzado na fonte.

E então o grandalhão o agarrou pela face - com uma mão de ferro, que mais parecia com uma raquete de tênis- ergueu Jack no alto como se pegasse uma criança.
Ainda confuso, Hatcher se lembrou da arma. Sacou-a e disparou instintivamente quatro vezes contra o homem negro. No entanto as balas ricochetearam como se tivessem tingido em metal. O grandalhão gargalhou arrancando a arma das mãos de Jack.

– Esse é valentão, Alys. - E então arremessou Jack, contra a parede do beco. Em seguida esmagou a arma de Jack com uma das mãos.

– Tenha cuidado, Mamuth! - Protestou a garota Alys.

“Ela me ama" pensou Jack, aturdido no chão.

– ...Sali, o quer vivo.

– Não esquenta eu peguei leve.

Dai então tudo dentro do estômago de Hatcher se revirou, quando ele viu duas pessoas saírem de dentro de uma parede sólida, como se fossem dois fantasmas.
Um era um rapaz de roupas surradas e cabelos negros, o outro... Com Jack o viu, imediatamente vomitou.

O homem vestia um sobretudo preto. Era tão alto quanto o brutamontes negro e igualmente magro, seu rosto era pálido com olhos leitosos e uma cabeça grotesca e enorme.

– Nada tema, senhor Hatcher. - Suas voz soou como uma lixa, na parede, e então Jack se lembrou. Era ele o empresário lorde, no armazém abandonado. - Não lhe farei mal. Quero apenas informações. O que têm para nos dizer senhor Hatcher?

– Como você faz isso? - Jack perguntou.

– Senhor Hatcher- disse o homem esquisito. - Não tenho muito tempo. Me diga o que conversou com o senador Belford.

Jack relutou o quanto pode, mas então com um simples toque, o homem lhe arrancou tudo:

– O Belford, pretende assassinar o senador Leonel Vegger, ele...ele me contratou para assassiná-lo, para assassinar o Vegger, quero dizer.

Todos se entreolharam silêncio. E de repente, um sujeito apareceu na entrada do beco.

– Ai chefe! - Gritou o homem, estava vestido em um casaco, usava calças jeans e um par de botas. - Àqueles pau-no-cu, da EEM, estão a três quarteirões daqui!

– Certeza que são eles senhor Ted? - Perguntou o garoto.

– Qual é, menino do lixão? Já falei, que ágora, eu sou o Drenalina!

– Não me chame de menino do lixão! - Exclamou, o garoto.

– Basta! - Ladrou o líder. - Vá para casa senhor Hatcher, em breve nos veremos.

Todos seguiram ao menino , que uma vez mais adentrou na parede sólida.

– Falou ae, trouxa - disse o homem que se chamava Ted.
– Até mais senhor Hatcher- gracejou Alys, seguindo para dentro da parede.

Jack se recompôs. E foi só mais tarde que percebera que a maleta havia sido levada pelos...

– Filhos da putas! Eles eram SDs!

Continuou andando nas escuras. Acabou esbarrando em um rapaz no meio do caminho.

– Esta tudo bem amigo?

O menino o encarou nos olhos. Usava uma blusa com toca mas a iluminação das vias públicas ajudaram Jack, a notar suas feições: o rapaz era pálido, os olhos eram azuis aguados e os cabelos eram de um tom arruivado.

– Esta tudo bem, senhor. - Respondeu o garoto, com voz melancólica.

– O que faz pelas ruas? Não tem visto os noticiários?

– Eu já estou de partida. - Disse o menino. - Só vim buscar um presente para minha mãe, tenha uma boa noite, senhor. - O rapaz deu as costas e seguiu seu caminho. Jack se virou para seguir o seu. E então viu- ,ou melhor, ele não viu. A torre simplesmente desaparecerá.

– Puta que pariu ! - Disse Jack. - Roubaram a porra do Big Ben!


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