Back to Wonderland escrita por Clara Cavalcante


Capítulo 4
Pelo Buraco do Coelho




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Cobri meus olhos para impedir que a poeira entrasse em meus olhos e então um coelho branco vestindo um terno branco e com um chapéu coco preto na cabeça pulou de dentro do buraco. Ele tirou a poeira dos ombros, olhando em volta e endireitando seu paletó.

— Percy! - exclamei ao vê-lo.

— Annya! - ele disse com um sorriso no rosto ao me ver e veio até mim.

Me abaixei para abraçá-lo. Separamos e ele me olhou me analisando.

— Você não mudou nada nesses anos todos. - ele comentou.

— Bem, digamos que eu estava em um lugar onde não se pode crescer. - comentei.

— Ah, sim e para que precisa de mim?

— Preciso ir pro País das Maravilhas. Sinto que o Al corre perigo e eu preciso salvá-lo. Pode me levar até a Emily?

— Lamento, mas não posso levar você até ela. - ele disse meio sem jeito, o que me deixou meio desanimada. - Mas posso te levar até o Will.

— Ele está no País das Maravilhas? Ele havia jurado nunca mais voltar lá.

— Bem...aconteceram algumas coisas enquanto você esteve longe.

Comecei a desconfiar um pouco do que Percy me dizia, porém Will era a minha melhor chance para tentar encontrar Al e Emily, talvez ela também estivesse em perigo e eu precisava ajudá-la também. Me levantei e olhei o pessoal atrás de mim, respirei fundo e olhei para Percy.

— Me leve até Will Scarlet. - sorri e juntos, todos pulamos dentro do Buraco do Coelho.

#Flashback ON#

Eu andava ao lado do Chapeleiro desde que saímos de seu chalé, já estava anoitecendo e ele sugeriu que acampassemos em uma caverna no caminho. Fiz uma pequena fogueira e o observei enquanto ele conferia o estado de uma antiga cartola preta. Não entendia o motivo de ele ter me chamado de “amiga”, sendo que o único momento que eu o vi foi quando invadi seu chalé tentando me proteger dos soldados da Rainha de Copas.

— Por que está me ajudando? - perguntei o observando.

— Já te disse. Farei de tudo para ajudar uma amiga. - ele respondeu apenas, com sua atenção toda voltada para a cartola.

Fiz uma careta, o olhando sem entender e escutei um som estranho vindo de fora. Ele também e imediatamente apagamos a pequena fogueira com nossos pés. Olhei para a porta da caverna com minha adaga em mãos pronta pra caso houvesse uma batalha. O chapeleiro também estava a postos segurando uma tesoura bem afiada. Vi uma sombra negra e prendi a respiração imaginando ser o homem de capuz, mas então um som familiar, uma série conhecida de batidas de pedra contra a parede da caverna e relaxei. Bati com o cabo da adaga a série de código em resposta e pedi para o Chapeleiro baixar sua tesoura. Logo, Emm e Al entraram na caverna e corri para abraçá-los.

— Achávamos que a Rainha de Copas tinha te capturado. - disse Al.

— Consegui ser mais esperta que aqueles guardas e...tive uma pequena ajuda. - aponto pro Chapeleiro.

Emm o olhou e sorriu. Parecia que se conheciam, mas bem, ela conhece quase todos no País das Maravilhas.

— Jefferson, como vai? - ela disse sorrindo para ele.

— Vou bem, vocês a estão protegendo? - ele perguntou guardando sua tesoura em uma bolsa que ele tinha em seu cinto.

— Ela sabe se defender. Ensinei a ela tudo o que sabe.

— Por que eu iria precisar de alguém pra me proteger? - o olhei. - Eu ainda não sei nem porquê você me chama de amiga sendo que nem te conheço. - eu disse o olhando.

Ele me olhou chegando mais perto, parecia curioso, intrigado, o que me deixou um pouco assustada. Olhei para Emm e ela deu de ombros também sem entender o que ele fazia.

— Fascinante. Acho engraçado você não se lembrar de mim. Ou de seu nome, quando te perguntei lá no chalé. - ele disse.

— Eu perdi a memória, me lembro apenas de quando Percy me trouxe pra cá. - eu disse.

— É bem engraçado, na verdade. - ele disse depois de soltar uma gargalhada. - A única sobrevivente, é a que não se lembra de nada.

— Sobrevivente? Do que está falando?

— Do dia em que seus pais morreram, é claro.

#Flashback OFF#

Depois de poucos minutos, estávamos já no País das Maravilhas. Caí em pé ao lado do coelho branco, enquanto Emma, Regina e Gancho caíram sentados no chão de ladrilhos, segurei a risada e olhei para Percy.

— Primeira vez que descem pelo seu buraco. Me lembro como isso dói. - ri baixo.

Olhei para o caminho a nossa frente e vi o castelo da Rainha Vermelha bem à frente. Arregalei os olhos e olhei para Percy.

— Will está lá? Com a Rainha Vermelha? - perguntei.

— Achava que a Rainha era minha mãe. - disse Regina.

— Mas esse não era o castelo de Cora. - disse Gancho.

— Sua mãe, Regina, era a Rainha de Copas, ela quem treinou a Rainha Vermelha. Muita magia envolvida. - suspiro.

— Ah, Annya, já ia me esquecendo. - disse Percy, e ele tirou um medalhão com uma pequena pedra vermelha de seu bolso.

Eu o peguei e olhei, sorri de lado colocando em meu pescoço. Olhei ele e ele sorriu de canto.

— Talvez ajude na sua busca. Ele queria que ficasse com você. - ele disse antes de se virar e ir embora.

— Obrigada. - eu disse antes que ele pudesse sair de vista.

— Então, é pra lá que nós vamos? - perguntou Emma.

— Yep. Vamos ver como estão as defesas da Rainha Vermelha.

Seguimos o caminho de ladrilho e, tanto eu, quanto os outros ficamos em estado de alerta. Eu não sabia o que iríamos enfrentar, se Will estava ali, ou ele estava encrencado, ou ele novamente virou peão de outra Rainha. Há muito tempo ele havia me contado sua história e, acredite, eu não iria querer chegar nem perto daquele castelo se fosse ele.

Entramos pelo jardim do castelo nos escondendo atrás de arbustos. Ouvi uma risada familiar e estremeci ao me lembrar das coisas horríveis que ela já fizera a mim. Porém, a risada da Rainha parecia...diferente. Cheguei mais perto e dei uma faca para cada um.

— Pro caso de precisarmos. - eu comentei e olhei por cima dos arbustos com cuidado, apenas para dar de cara com uma cena que eu não esperava.

A Rainha estava rindo, mas ao lado dela, também rindo e se divertindo, estava ele, Will Scarlet.

#Flashback ON#

— O que você quer dizer com isso? - perguntei.

Ele suspirou, quase como se quisesse esquecer qualquer coisa que tivesse acontecido. Eu estava angustiada, o que ele quis dizer com “o dia em que meus pais morreram”? As lágrimas queriam percorrer meu rosto, mas eu não ia deixar. Fui até ele, mas antes mesmo que eu pudesse fazer alguma pergunta, eu escutei uma estranha melodia. Olhei para a saída da caverna e comecei a andar em sua direção, todos me olharam sem entender. Al tentou me impedir de sair, mas o som...eu conhecia aquela canção, eu a ouvia em meus sonhos, me desviei de Al e continuei andando pra fora da caverna.

— Alguém precisa, parar ela! É uma armadilha! - escutei Jefferson dizer, mas por algum motivo, não o escutei.

Não sei muito bem o que aconteceu depois, só sei que movimentei minhas mãos e escutei um som de rochas caindo. Sem olhar pra trás, continuei seguindo a música, até que o cara de capuz apareceu a alguns metros de mim. Ele estava me atraindo com a música. Eu não conseguia me mover, até que senti alguém me derrubar no chão e então, eu apaguei.

Acordei um tempo depois em uma espécie de abrigo, quase como uma carruagem antiga usada como casa. Havia algo gelado em minha cabeça e ela doía, quase como se eu tivesse sido atropelada por uma carruagem. Me sentei devagar e olhei para o lado. Um rapaz organizava algumas coisas na frente da carruagem e o reconheci como o Valete de Copas. Tirei o gelo de minha cabeça e me levantei, mas logo me sentei novamente, sentindo a tontura me dominar. Ele pareceu ter escutado minha agitação e entrou na carruagem.

— Você está bem? - ele perguntou.

— Por que pergunta? Você vai me entregar pra Rainha de Copas, mesmo. - eu disse e ele riu.

— Se eu quisesse te entregar pra ela, não acha que estaria amarrada? Isso é a melhor forma de me agradecer por ter salvo sua vida?

— Mas...você é o Valete de Copas.

— Era, até Alice roubar meu coração do cofre da Rainha. Agora estou livre e, na verdade, eu estava fugindo da Rainha Vermelha.

— Wow, problema com as duas Rainhas? Algo que temos em comum. - digo irônica.

— Não use essa ironia, princesa, você estava indefesa e se não fosse por mim…

— Eu não teria batido a cabeça. - o interrompi.

— E teria sido levada por aquele cara de capuz. - ele continuou. - Deixe de ser teimosa e se deite. Você sofreu uma concussão.

Bufei e me deitei novamente colocando a folha da árvore gelada na cabeça.

#Flashback OFF#

Com essa minha pequena distração, os guardas nos encontraram. Olhei para eles e todos soltaram as armas que eu acabara de entregar a eles. Os guardas nos levaram na direção da Rainha e de Will. Ele me olhou no momento em que eu me aproximei dele e fiquei me perguntando se ela o havia enfeitiçado ou algo do tipo, mas a forma como ele agiu em seguida me surpreendeu.

— Anna, mande soltarem eles. Eles são amigos. - ele disse e a Rainha mandou os guardas nos soltarem.

— Anna? - perguntei a ele. - Você...e ela...que aconteceu com: “nunca mais quero vê-la”?

Ela veio até mim, se colocando ao lado dele. Ela parecia calma e diferente. Não a reconheci, parecia uma pessoa totalmente diferente. Ela deu um sorriso de canto e disse:

— Sei que tudo isso parece estranho, mas quero aproveitar e me desculpar por tudo que causei a você e a seus amigos naqueles anos que estava...bem, te caçando.

Olhei para Will sem entender se aquilo era realmente um pedido de desculpas, ou se ela estava apenas brincando com a minha mente e distorcendo a verdade, como costumava fazer.

— Acredite nela, Annya, ela é a mesma Anna por quem me apaixonei na Floresta Encantada. - ele disse abraçando ela.

— Tudo bem, mas só...não vou perdoar você tão rápido assim. Você capturou meus amigos pouco antes de eu sair daqui. - eu disse olhando ela.

— Bem, me desculpe, por isso e...lamento pela sua amiga, mas aquilo não foi minha culpa. - ela disse, e a olhei sem compreender.

— Acho que por hora, é muita informação, junte-se a nós num chá, você e...seus amigos de Storybrooke, como vai Rainha Má? Sherife? Gancho do Mal? E ai você nos diz por que voltou pro País das Maravilhas.

Respirei fundo, mas fiquei aliviada ao ver que era realmente o Will que eu conhecia quando ele mostrou seu “senso de humor”, olhei para todos e assim entramos no castelo.


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