P.O.V. Nico

O jogo acabou e alguns campistas - inclusive eu - se prepararam para voltar para o chalé. Eu não me importava de termos perdido, aquele foi o jogo mais épico de todos! Quer dizer, foi meu primeiro jogo, mas ainda sim foi épico.

Estava tirando a armadura [n/Nico: grande alivio... Nunca pensei que uma armadura podia ser tão pesada] quando uma voz familiar se manifestou.

— O QUE VOCÊ, EM NOME DOS DEUSES, ESTAVA PENSANDO? - gritou a voz. Quando olhei na direção vi que era Thalia.

— Peguei a bandeira Thalia - Percy respondeu e só faltava ele esfregar a bandeira na cara dela. - Vi uma chance e aproveitei.

— EU ESTAVA NA BASE DELAS! Mas a bandeira já tinha sumido. Se você não tivesse se intrometido nós teríamos ganhado.

— Haviam muitas em cima de você.

— Ah, agora a culpa é minha?

— Eu não falei isso.

— Argh - Thalia gruniu.

Logo em seguida ela empurrou ele, que caiu na água. Algumas caçadoras abafaram a risada e eu olhei feio pra elas, o que fez elas rirem mais ainda.

— Desculpe - Thalia disse e não consegui decifrar se ela estava realmente arrependida ou se era ironia. - Eu não queria...

Ela foi interrompida quando uma enorme onda a encharcou da cabeça aos pés.

— É - Percy falou. - Eu não queria também.

Dessa vez só Zoe das caçadoras ria por causa da situação de Thalia.

Thalia respirou profundamente, gesto que Bianca também fazia nas poucas vezes que estava com raiva ou puro ódio.

Quando achei que ela ia fazer espetinho de Percy, Quíron interrompeu.

— Basta - ele falou.

Thalia o ignorou .

— Você quer um pouco, Cabeça de Alga? - ela falou segurando sua lança. Achei aquele apelido engraçado mas bem apropriado para Percy.

— Pode vir, cara de pinheiro.

Antes que Percy pudesse fazer qualquer coisa, Thalia gritou e muitos raios o atingiram. Em seguida um cheiro de queimado empesteou o ar.

— Thalia! Já basta! - protestou Quíron.

Thalia recebeu o protesto, mas Percy não. E de repente o rio todo se levantou.

— Percy! - Quíron pediu mais uma vez.

Percy estava prestes a arremessar até que, do nada, ele pareceu se acalmar e dirigiu o olhar para entre as árvores. O rio voltou ao normal.

Olhei na direção e vi algo se aproximando. Seja lá o que for, estava coberto por uma névoa verde e por onde passava caçadoras e campistas se sobressaltavam.

— Isso é impossível - gruniu Quíron. - Ela nunca deixou o sótão. Nunca.

Todos ficaram paralisados.

Uma voz sibilou na minha cabeça. A principio achei que somente eu ouvia, mas vi outros campistas tampando os ouvidos.

Eu sou o espírito de Delfos. Orador das profecias de Febo Apolo. Matador da poderosa Píton.

O oráculo olhou para Percy, mas logo se virou para Zoe Nightshade.

Aproxime-se, Buscadora, e pergunte.

Zoe, relutante, se aproximou do oráculo e perguntou:

— O que devo fazer para ajudar a minha deusa?

Assim que ela perguntou isso, névoa verde saiu da boca do espírito de Delfos, formando uma imagem. Era Ártemis acorrentada de pé no pico árido de uma montanha. Então o oráculo falou:

A oeste cinco buscarão a deusa acorrentada

Um se perderá na terra ressecada

A desgraça do Olimpo aponta a trilha

Campistas e caçadoras cada um brilha

A maldição do titã um deve sustentar

E pela mãe do pai um irá expirar.

A nevoa rodopiou para dentro da boca do oráculo e ela se sentou em uma pedra e ficou paralisada.