Maga, Bruxa ou Semideusa? - 2 escrita por Marina Leal


Capítulo 8
Capítulo 8 - O caminho me escolhe


Notas iniciais do capítulo

aqui está minha gente, espero que gostem, eu amei escrever esse cap, até as notas finais, beijos



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Pov: Nat

Mamãe me olhava de um jeito estranho enquanto eu andava pelo quarto reunindo meus pertences próximos a cama que eu iria usar por um tempo, fiquei tentada a perguntar qual era o problema, mas me contive.

– Você não vai dizer nada? – Ela perguntou mordendo o lábio em sinal de ansiedade.

Um estranho pensamento me ocorreu com essa visão, mesmo sendo maga e tendo passado por tanta coisa, minha mãe ainda tinha o espírito de uma criança, pois parecia uma menina que fora pega fazendo algo que não devia e agora esperava uma bronca.

– O que eu poderia dizer? – Perguntei depois de algum tempo refletindo.

– Não está curiosa pela reação que as palavras de Amós desencadearam?

Fiquei em silêncio.

– Estou, mas acho que é a senhora quem tem que decidir se vai ou não me contar sobre isso. – Murmurei e me sentei ao lado dela. – E, bem, acho que posso supor muitas coisas através da reação que os outros tiveram.

Mamãe sorriu e assentiu levemente.

– Você é muito esperta meu bem, e acho que acertou em uma das suposições que deve ter feito. – Ela falou, sua expressão estava séria. – Antes de conhecer seu pai eu já possuía certa fama entre os magos da casa, minhas habilidades com a magia sempre foram excelentes e muitos desconfiaram que eu estava praticando magia do caminho dos deuses, algo que era estritamente proibido na época.

– E a senhora estava? – Sussurrei e ela revirou os olhos em diversão.

– Não, a magia para a nossa família sempre veio fácil, e após uma investigação ficou concluído que eu estava limpa de qualquer vestígio de magia divina, terminei várias missões e mantive muitos deuses cativos em suas celas. – Ela pareceu bastante desconfortável ao mencionar isso. – Na verdade, muito antes de Carter e Sadie entrarem na casa, a habilidade e a força de um mago eram medidos pela quantidade de deuses e criaturas do caos que conseguiam manter aprisionados.

– E você era uma das melhores. – Concluí ao perceber que só aquilo faria sentido para a reação dos iniciados do nomo.

Mamãe concordou com um leve aceno.

– Durante muitos anos fui uma serva leal ao Sacerdote Leitor-Chefe, Iskandar, e me mantive longe da magia vinda do poder dos deuses, mas sempre fui curiosa acerca de tal magia proibida e certa noite me esgueirei pelos corredores do nomo onde eu vivia e na biblioteca encontrei um pergaminho falando sobre Ísis e as palavras divinas.

– Foi aí que a senhora começou a estudar o caminho dela. – Deduzi.

– Sim, aprendi alguns truques interessantes, mas pouco tempo depois conheci seu pai, e o resto da história você já sabe meu amor. – Ela concluiu rapidamente.

Fiquei em silêncio, juntando as peças do quebra-cabeça e vendo um desenho meio bizarro, mas ainda assim com algum sentido, se formando. Era meio estranho imaginar minha mãe como carcereira de deuses e outros tipos de criaturas, era confuso pensar que os egípcios já tiveram problemas com os deuses que cultuavam e quiseram mantê-los presos. Por um momento me perguntei se alguém do acampamento já teve alguma ideia parecida.

Depois de alguns segundos dei de ombros, agora não importava mais o passado, o que era importante era o fato de minha mãe estar dividindo e passando por tudo aquilo comigo.

– Isso tudo é... – Procurei a palavra certa, mas não encontrei.

Mamãe sorriu como se entendesse.

– Mas agora está tudo bem, não se preocupe.

Concordei e soltei um bocejo.

– Acho que preciso dormir. – Falei de repente e senti meus olhos pesarem.

– Boa noite Natália, vou tentar voltar a vê-la em breve. – Mamãe falou e eu suspirei enquanto me ajeitava na cama, tinha quase esquecido que ela não estaria comigo no dia seguinte. Ela me deu um beijo na testa. – Você vai ficar bem.

– Espero que sim. Eu amo a senhora. – É o que me lembro de ter dito antes de cair no sono.

Eu já havia tido a experiência de ter meu pai invadindo meus sonhos, mas não estava pronta para ter outra seção de um-deus-invadiu-minha-cabeça. Infelizmente ficou bem claro que os deuses resolveram ignorar esse fato.

O mais estranho é que dessa vez o meu corpo ficava oscilando entre a forma normal e uma forma do que parecia um peru, ou uma galinha talvez, com penas brancas e a minha cabeça no topo de seu pescoço, como uma esfinge, só que com a forma de peru assassino.

– Será que dá para se decidir? – Queixei-me olhando para baixo e minha forma parou de tremeluzir, se fixando em meu corpo humano. – Ótimo, assim é bem melhor.

Voltei minha atenção para o lugar ao redor. Era evidentemente um palácio, com grandes colunas enfileiradas e vários braseiros de bronze ao longo das mesmas. Havia um grande corredor e no final dele um trono vazio, o teto parecia ser feito de pura luz.

– Você tem força de vontade. – Disse uma voz de homem e eu a reconheci no mesmo instante, era o mesmo homem que sussurrou na minha cabeça durante a luta contra a professora e a zeladora da minha antiga escola, a lembrança me deu um calafrio. – Isso eu tenho que admitir.

Olhei para onde o som da voz dele vinha e fiquei surpresa. Ele era alto, careca, usava o que parecia uma saia egípcia e seus olhos estavam delineados.

– Quem é você? – Perguntei com algum esforço.

– Ah, apresentações. – Ele parecia sinceramente frustrado com a ideia de se apresentar, mas continuou. – Eu sou Rá, o antigo rei dos deuses e o mais velho entre todos, também sou o deus do sol.

Fiquei muda, quase pude sentir meus olhos querendo sair das órbitas com o susto e meus joelhos se dobraram automaticamente.

– O que deseja meu senhor? – Perguntei e minha voz mal saiu, mas meus olhos não conseguiam se despregar dele.

Então notei que ele trazia algo em uma das mãos, arfei ao reconhecer minha mochila esfarrapada, ele parecia severo e talvez um pouco arrogante, como um professor que sabe que possui muito conhecimento, imaginei que ele tinha esse direito, afinal era o deus dos deuses egípcios.

– Seu pai não gostou quando descobriu o que eu tinha em mente para você criança. – O deus falou e enfiou a mão dentro da mochila. – Sei que você faz uma vaga ideia do que estou falando.

Concordei com um aceno de cabeça, senti meu queixo caindo ao lembrar do sonho sem som que tive com meu pai conversando com um homem, meu choque aumentou um pouco mais ao perceber que aquele homem era o deus que agora estava à minha frente.

Rá retirou algo de dentro da mochila e veio em minha direção.

– Meus escolhidos são poucos e temidos, porém há algo em cada um que me chama a atenção, em Zia já descobri o que é, em Richard creio estar prestes a descobrir, e sei que você também é um bom enigma Natália de Souza Vasconcelos. – Ele falou e me estendeu a mão que estava vazia, senti um arrepio que nada tinha a ver com medo quando ele pronunciou meu nome completo.

Foi só nesse momento que me dei conta de que ainda estava ajoelhada, peguei a mão dele e me levantei.

– Obrigada senhor. – Falei e incrivelmente minha voz saiu clara e forte. Pude sentir algo mudando dentro de mim.

O deus sorriu, algo em seus olhos cintilou ao olhar na minha direção.

– Vá filha de Apolo, deus do sol grego, volte para a Casa da Vida e mostre a todos que Rá, o deus do sol egípcio, a escolheu para seguir o seu caminho. – Ao dizer isso ele estendeu o que trazia na mão para mim.

Era o besouro dourado que eu havia encontrado no meu armário, ele ainda estava na corrente de ouro, mas agora estava vivo e seus olhos me fitavam com uma inteligência assustadora.

Fiquei com vontade de sentir medo, mas não consegui, o que eu sentia era uma alegria tão grande que não sabia explicar de onde vinha, tudo o que pude fazer foi estender a mão e pegar o besouro da mão do deus.

Assim que ele entrou em contato com meus dedos tudo ficou escuro e eu acordei, mas pouco antes de meus olhos se abrirem pude ouvir a voz dele sussurrando.

Espero que tenha mais sorte que sua irmã.


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Notas finais do capítulo

gostaram? odiaram? me digam ok?
e o caminho estava meio óbvio não é?



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