"Run far away
So I can breath
Even though you're far
From suffocating me"

No meio do beijo escorreguei minhas mãos até seu cabelo, enquanto ele deixou uma mão na minha cintura e outra no meu pescoço, o toque dele enviava eletricidade por todo o meu corpo. Ele me beijava docemente, como se estivesse tímido, o que era fofo.

–Você tem que parar de fazer isso...- resmunguei quando nos separamos.

O beijo foi melhor do que o primeiro...o melhor que eu já dei, se me arrisco a dizer.

–Agora você pode dizer que e beijo mal.

–Você beija mal- era mentira, obviamente.

–Vou ter que tentar de novo então- disse já colocando as mãos de volta na minha cintura.

–Você não ousaria a..- ele me interrompeu colocando os lábios nos meus mais uma vez.

–E agora? –estávamos os dois ofegantes.

–Ok, pode não ser o pior da minha vida...

–Ainda bem, porque eu estava começando a pensar que iria ter que te beijar mais umas dez vezes pra você perceber isso.

–Você estaria morto bem antes do segundo.

–Por que você tem gosto de morango? –ele me perguntou de repente

–Eu tomei sorvete de morango agora a pouco.

–Hm...então...nós vamos estudar ou...

Aquilo me despertou: ele não havia sentido nada.

–Oh, tudo bem, vamos lá... –disse um pouco decepcionada.

Nos sentamos novamente na cama e eu tentei começar a explicar o conteúdo, mas sempre acabava perdendo minha linha de raciocínio. Ele parecia estar se esforçando ao máximo pra entender, dava pra perceber que não estava entendendo quase nada, mas pelo menos estava tentando.

–Isso não entra na minha cabeça! –ele se queixava pela 176º vez

–Você precisa ler, ler, ler e ler mais uma vez e depois você grifa as partes mais importantes!

–Tudo isso- ele me mostrou toda a página, que era gigantesca e toda grifada com marcador amarelo -É importante?

–Sim, você tem que enfiar tudo isso na sua cabeça oca.

–Isso é pecado!

–Pecado é já estar no terceiro ano e não saber o que é um ‘exoesqueleto’!

–Ok, você ganhou- ele suspirou derrotado.

–Eu só posso te ensinar aqui em casa nos finais de semana. Então se você não se esforçar pra caramba na escola, não vai passar, entendeu?

–Entendi...mas você não pode me dar uma daquelas suas aulas particulares na biblioteca?

–Eu tenho que ver se consigo te ‘encaixar’ -peguei a cadernetinha que eu usava pra escrever meus horários. Eu deveria ter um dia livre...- Pode ser na quarta-feira?

–Eu tenho treino.

–Que horas acaba o treino?

–Seis e meia. Que tal?

–Hum...acho que sim...você pode ir depois da Suzanna.

–Quem é Suzanna?

–Eu a ajudo em história...ela é gente boa-coloquei na listinha o nome do Thomas e o seu horário, se não anotasse poderia esquecer- Podemos continuar?

–Eu não ‘tô afim não...

–Eu só perguntei pra ser educada mesmo, você não tem escolha. Eu mando aqui...- respondi autoritária.

–Você é muito mandona!

–É um dos meus charmes.

–Além de ‘gênia’ e conselheira amorosa?

–Você esqueceu o “Ótima Professora”

–Na verdade eu não esqueci, você é uma péssima professora.

–Ah é?

–É.

–Então vai estudar com a Jenny, vai.

–Tudo bem, eu vou mesmo- ele fechou o livro e se levantou da cama, ele estava se preparando para sair pela porta quando de repente pareceu se lembrar de algo e se virou pra mim abruptamente- Te vejo na biblioteca, ás 6:45...não se atrase! –me deu um...selinho e caminhou até o seu quarto.

Fiquei parada na soleira da porta, atônita, ele estava maluco ou coisa parecida? Quem ele acha que é pra fazer uma coisa dessas? Deus?

Estava pronta pra bater em sua porta e tirar satisfações quando percebi que era isso mesmo que ele queria. Bagunçar com a minha cabeça. Mas se ele acha que vai conseguir está muito enganado!

–Ridículo...- sussurrei pra mim mesma. Entrei no quarto e voltei (ou tentei) a estudar. O que não estava dando muito certo, já que eu não conseguia tirar um certo moreno de olhos verdes da minha cabeça. Então decidi ligar pra Madison e perguntar se ela gostaria de fazer alguma coisa. Ela atendeu depois de alguns toques.

–Alô?

–Maddie? É a Charlie.

–Oi! Como você ‘tá?

–Tudo certo, e você? -menti

–Normal...

–Ei, estava pensando se você não queria sair hoje, nós duas.

–Que horas são?

–Seis e quinze, porque?

–Meu irmão fica com o carro até as sete, então você podia vir aqui em casa e depois nós saímos.

–Você não pode vir me buscar, não?

–Você não pode pedir pro Thomas, não?

–É que nós meio que...- tentei achar uma boa resposta.

–Vocês brigaram de novo, não foi?

–Isso! Nós brigamos feio, e ele não quer falar comigo, você vai ter que vir me buscar, desculpa.

–Tudo bem, eu peço o carro emprestado pro meu irmão, não se preocupe, se ele não quiser dar eu o obrigo.

–Tudo bem- disse rindo- Eu vou me trocar, você vem daqui a uns vinte minutos?

–Por aí...

–Ok então, até logo.

–Até, beijo!

–Outro, tchau!

Desligamos e eu fui tomar um banho. Ainda estava de pijama, como sempre fico nos finais de semana.

Decidi colocar apenas um short jeans, uma camiseta e um cardigã por cima, já que havia esfriado um pouco.

–Vai sair? –Thomas estava parado na porta com os braços cruzados.

–Você me assustou! –disse com as mãos no coração.

–Desculpe.

–Ah, e sim, eu vou sair, com a Madison.

–Legal...- deu as costas e foi embora. Que garoto tosco!

–Ok...

Terminei de me arrumar no mesmo instante que ouvi a buzina do carro.

–PAI! –recebi outro grito em resposta- VOU SAIR!

–OK! –ele respondeu no mesmo tom que eu.

Saí e vi que Maddie estava no banco do carona e Erik quem estava dirigindo.

–Parece que sua estratégia de “obrigar” ele a te emprestar o carro não deu muito certo...

–Ah, cala a boca! –ela respondeu, nervosa, revirando os olhos.

Entrei no banco de trás.

–Oi Erik.

–Oi Charlie.

–Então, Charlie, porque você e o Thomas brigaram dessa vez? –ela perguntou curiosa.

–Ele...ele...disse que...NÃO! ...Ele...comeu o brigadeiro que eu tinha guardado pra depois na geladeira! É, foi isso!

–Que bobagem! E porque ele ficou tão bravo com você?

–Verdade- Erik se intrometeu- Ele te adora!

–O que? –eu só podia ter entendido errado.

–Ele não para de falar de você por um minuto, mesmo que seja pra reclamar...

–Duvido.

–Tudo bem, você não precisa acreditar. Mas depois que vocês já estiverem casados e com dois filhos, não venha dizer que eu não te avisei!