Naquele ano parecia ter dado um surto de bebês na cidade... Tudo bem, eu já havia dito isso a Rosalie, e ela apenas respondera que eu estava exagerando, a verdade é que passando o dia todo entre casa e o trabalho eu não havia parado para perceber, mas assim que Rosalie foi para sua consulta de rotina e decidi acompanhá-la foi quando percebi quantas mulheres grávidas, ou com bebês recém nascidos havia naquela cidade tão pequena.
Talvez eu estivesse mesmo exagerando.
As primeiras semanas foram as mais difíceis, Rosalie sorria sempre acarinhando o ventre, mas, mesmo que no fundo, ainda havia o medo de perdermos outro bebê. Então, todas as noites em que ela acordava assustada eu a abraçava, beijava seu rosto, sua barriga e acariciava seu cabelo mostrando estar ao seu lado, então voltava a acariciar a barriga pequena que cada dia ganhava mais volume, para lhe mostrar que nosso bebê também estava ali.
Quando sua barriga começou mesmo a fazer algum volume debaixo do vestido foi que Rose ficou mais inquieta, porque havia sido nessa época que havíamos perdido o primeiro bebê... Os dias passavam e ela se cuidava como nunca, seguia a risca as orientações do médico e havíamos até diminuído as relações, o médico havia dito que não havia problema, mas Rose ficava inquieta quando eu a penetrava, e como eu era capaz de qualquer coisa por ela, eu poderia esperar um pouco.
Passado a época do ventre pequeno e o medo da perda, Rosalie havia se tornado, novamente, a mulher mais sorridente de Rochester e exibia, com orgulho, o ventre saliente, e isso me encantava.
Diversas vezes ela havia aparecido no banco, onde eu já havia subido de cargo e ganhava muito melhor, estando no posto atrás de seu pai, e nós sabíamos que ele pretendia se aposentar, então, em breve eu seria promovido. Diversas vezes ela aparecia por lá e íamos almoçar, ou, no final do expediente para que fossemos ver algumas roupinhas, ou móveis, ou brinquedos para nosso bebê.
Eu estava adorando essa fase...
Quando eu saia para o trabalho, algumas vezes, eu a deixava na casa de sua mãe, outras ela ficava em casa, e, antes mesmo de entrar no sexto mês nosso bebê já tinha um quartinho montado e pilhas de roupas esperando por aquele que iria usá-las.
Certamente não sabíamos o sexo, e, na verdade, mesmo sendo curiosa, pouco importava a Rosalie não saber se teríamos um menininho ou uma menina, só de saber que tudo corria bem e que não havia risco de aborto Rose já ficava feliz... E eu também.
Bom, claro que nem tudo estava perfeitamente bem, depois de um tempo em paz, talvez em algum momento ele tenha tido um coração e se comovido com o que nós havíamos passado, meu pai havia voltado com a estúpida ideia de me por em um campo de treinamento. Era óbvio que eu não ia aceitar, não com Rosalie grávida e precisando de mim... Nem depois que o bebê nascesse e precisasse de um pai.
- Não há o que discutir – ele me disse. – O país está começando a se revoltar, há ameaças, alguns ameaçam começar uma nova guerra civil...
E o que eu tinha a ver com isso?
- É seu dever, como cidadão estadunidense lutar pelo seu estado...
- Sem chance – eu disse antes que a ladainha começasse. – Você não percebe que depois de meses, finalmente eu estou numa boa com Rose? Nós temos um filho a caminho!
- Um bebê precisa mesmo é de uma mãe...
E depois eu me perguntava o que havia de errado para que ele me tratasse assim, mas estava claro que era um distúrbio de pensamentos dele... E eu agradecia por não ter puxado o seu “padrão”.
- Eu não vou deixar a minha mulher sozinha!
Fim de papo.