Eu percebi o modo como ela baixou o olhar e suspirei, eu já imaginava, e minha confirmação estava ali, eu não tinha irmãos porque papai não precisava de outros filhos, não quando seu primeiro bebê havia nascido um menino saudável.
Eu me odiei por isso.
O jantar naquela noite foi silencioso, papai estava cansado e queria se retirar, e eu não tinha o que comentar.
Naquela noite mamãe me pôs na cama e me cobriu, beijou minha testa e murmurou. Palavras que eu nunca esqueceria.
- Você é só uma criança, deixe exército e outros assuntos de adulto para quando você for um adulto... – ela sorriu e eu tentei sorrir, mas não havia motivo, então ela me dedicou uma piscadela. – Quem sabe até lá seu pai mude de ideia.
Difícil, eu sabia, mas já havia uma hipótese para que eu pudesse sorrir.
- Eu amo você – eu murmurei.
Naquela noite eu me dei conta de que jamais pronunciara isso para meu pai.
E até então não havia me feito falta alguma...

Se no outro dia eu me odiava pelo modo que havia falado com Rosalie, na verdade eu deveria ser um estúpido, porque tudo acabou acontecendo de forma totalmente contrária – e eu jamais imaginaria isso.
Eu havia chego ao colégio como toda manhã, Edward e Jasper sentaram nas carteiras atrás de mim e ao meu lado, respectivamente, e conversávamos sobre qualquer besteira de crianças quando senti um soco – desculpe querida, mas não foi nem um pouco forte – acertando minhas costas. E então ali estava ela, o cabelo loiro agora solto deixando as longas madeixas caírem sobre seus ombros.
- Não me importa o que você pensa – ela disse em voz alta e Edward e Jasper arregalaram os olhos a vendo falar daquele jeito, eu só fiquei imóvel a ouvindo. – Não importa mesmo! Seu machista...
- De novo isso? – perguntei a encarando.
- Eu quero que você me ensine – ela respondeu subitamente e eu sorri negando com a cabeça.
- Qual parte de “garotas não atiram” você não entendeu?
- Não me importa.
Eu suspirei decidido, por enquanto pelo menos, a não ceder. Pelo menos assim teria um motivo para que eu pudesse me aproximar dela, eu já a considerava como uma futura amiga e deveria continuar assim.
- Não.
A aula começou e, emburrada, Rosalie se sentou nos fundos, só faltava o bico se formar em seus lábios e eu levantaria para ir chamá-la de garotinha mimada. Estava a um ponto disso.
Mas ela não o fez, assim como não me procurou no intervalo...