- Hoje nós vamos ficar de nos ver onde? – ela me perguntou com um sorriso depois de terminar de arrumar o andar de cima.
Era dezembro e estava tudo pronto e ajeitado, a casa toda com cada um de seus minuciosos detalhes, inclusive alguns detalhes de natal que Rosalie dissera não poder passar despercebido.
- Eu apareço mais tarde na sua casa...
Era a noite de véspera do natal e do lado de fora uma tempestade de neve caía, ela deu de ombros indo se sentar na sala donde, pela grande janela de vidro, podíamos ver o quintal.
- Isso se a neve diminuir um pouco – ela disse apontando para fora.
Havia alguns, poucos, centímetros de neve cobrindo o chão, mas já era o suficiente para se preocupar.
- Pelo menos eles sabem onde nós estamos – eu disse me sentando ao seu lado.
Ela riu se encostando a mim, sua cabeça em meu pescoço enquanto eu passava uma mão para abraçá-la.
Apesar de que eu, sinceramente, não me importaria de passar o natal só acompanhado dela.
- E ainda tem luz – eu disse vendo-a assentir e meio minuto depois a luz piscou ameaçando faltar.
- Eu vou deixar as velas separadas! – eu ri.
Logo ela estava de volta ao sofá, ao meu lado, e a sua frente os fósforos e velas. Ela só queria se prevenir.
- E se a neve piorar? – ela perguntou e eu ri, como se não estivesse claro que só estava piorando.
- Nós ficamos aqui – eu disse a abraçando por inteiro. – Eu não teria nada do que reclamar – foi à vez dela de rir me acertando um tapinha. – E também não vai ser nossa culpa – dei de ombros e ela revirou os olhos.
Ela já havia dormido ali, uma ou outra vez, e eu também, mas não nos mesmos dias que ela. Normalmente se discutíamos em algo um dos dois ficava, só por implicância.
Da última vez nós havíamos discordado sobre algum detalhe, banal, da sala e ela ficara estressadinha – algo relacionado com uma maldita TPM –, só de provocação eu disse que ficaria para não levá-la de carro para casa. E eu havia mesmo ficado.
No dia seguinte ela que dissera não querer minha companhia para voltar para casa e havia ficado.
Mas no fim das contas nós acabávamos nos divertindo depois dessas discussões bobas, eu a abraçava e beijava, ela me fazia carinhos e estava tudo certo.
A neve continuava caindo, quando percebi que havia ficado mesmo complicado para voltarmos para casa, levantei e peguei na pequena geladeira uma garrafa com suco e um pote de cookies, que mamãe havia feito, no armário e levei pra sala.
- Uma ceia muito original – ela revirou os olhos rindo. Só faltavam os sanduíches.
- Se você diz – ela riu pegando um dos cookies para comer.
Agora restava a dúvida, ficar ali esperando a neve baixar ou deixar para lá.
Mas ela certamente não iria deixar para lá.