E não demorou dois dias para que Rosalie aparecesse em minha casa, ela tinha os olhos aguados e segurava uma bolsa com uma muda de roupas. Da sala pude ver minha mãe a abraçar com um sorriso fraternal no rosto e guiá-la para dentro de casa, depois foi minha vez de abraçá-la.
- Eu quero ficar aqui – ela disse escondendo o rosto em meu pescoço e eu sorri acariciando o seu cabelo.
- Por quê? – eu perguntei.
- O bebê vai nascer e mamãe fica gritando de dor – seu rosto se retorceu em uma careta assim que ela se afastou um pouco. – Eu não quero ficar lá!
- É claro que você pode ficar aqui – mamãe apareceu com uma bandeja em mãos carregada de suco e cookies.
- Eu durmo no sofá – disse lhe piscando e ambos rimos.
- Eu vou arrumar o outro quarto...
Ou eu não durmo no sofá.
- Não pode ser uma menina – ela disse minutos depois, enquanto, concentrados, comíamos os cookies que mamãe havia feito.
- Ah – eu dei de ombros. – Não pode ser tão ruim...
Afinal todos têm irmãos toda hora.
- Pode sim – ela respondeu erguendo o nariz arrebitado e uma sobrancelha se arqueou mostrando que não queria ser contrariada. – Imagine que você tem um irmão, que fica pegando as suas arminhas e jogando todas as bolinhas fora...
- Ótimo – eu respondi relaxado enquanto seus olhos se estreitavam, um sorriso que eu não podia identificar se formou em seus lábios.
- E se ele mexer com seus carros de corrida?
Pronto. Ela havia me atingido.
- Okay – ergui as mãos como quem se rende e sorri. – Pode ser ruim... Um pouco.
- Por isso você queria ter uma irmã – ela disse se fazendo de esperta enquanto deixava o copo vazio sobre a bandeja novamente.
Eu deslizei do sofá em que estávamos sentados para o chão, trouxe junto uma almofada em que eu pudesse apoiar minha cabeça, ficando de barriga para cima para poder encará-la.
- Não – eu respondi sincero. – Seria até bom ter um irmão...
Ela assentiu sabendo sobre o que eu queria dizer.
- Nada de guerras – murmurei de modo um tanto sonhador, mas realmente seria um alivio poder me livrar da pressão.