Lágrimas de sangue escrita por Gothica
Lá estava eu, um Demônio das Sombras conhecido como Ghirf. “O demônio mais poderoso que já existiu”, todos diziam. Em uma cozinha pequena e aconchegante, com as paredes cor de rosa bem claro que dava um certo bem estar, estava eu com os lábios encostados aos de Toly, minha primeira filha que deu a luz a minha segunda. Posso dizer que minha história de vida tornou-se tão confusa que nem eu mais conseguia entender. Mas, para piorar a confusão de informações em meu cérebro, as surpresas estavam apenas começando.
Toly deu um passo para trás e se afastou de mim. Vi seu sorriso mais uma vez, mas agora, sem aquele olhar de maldade. Estava tranqüila e parecia feliz. Sem sorriso com dentes pontiagudos não negavam isso. Seu olhar era como o de uma criança que acabara de ganhar um doce muito delicioso. Parecia novamente minha menina de 13 anos que fazia tudo o que eu quisesse em troca de meros elogios.
Naquele momento, mais lembranças vieram à minha mente. Lembranças de que eu fui um estúpido em toda minha vida, até que o sentimento de ódio e desprezo fosse retirado de mim. Lembrei-me que agora tudo aquilo estava com a mulher à minha frente, e ao vê-la com um sorriso sincero e as bochechas avermelhadas, fiquei imaginando como seria possível. Cheguei à conclusão de que eu, Ghirf, não era ninguém perto de Toly. Sua capacidade de controlar sentimentos poderosíssimos era incrível. Ela era superior a mim.
– O que foi isso? – Foram as únicas palavras que eu consegui dizer naquele momento.
Toly soltou uma risada bem baixinha e pude perceber em suas bochechas covinhas iguais as de Dhuly.
Tal mãe, tal filha.
– Dhuly, querida, vá para a sala um pouquinho.
Assim que Toly disse o nome de Dhuly, me dei conta de que ela ainda estava ali, nos olhando. Quando olhei para ela, vi seu lindo sorriso, antes de sair correndo para a sala. Eu estava ao lado de duas mulheres maravilhoras, lindas e quase idênticas.
– Ainda sou apaixonada por você.
Ao ouvir isso, senti uma dor em meu peito. Meu coração começou a pulsar mais forte e meu corpo foi ficando mais quente. Eu nunca havia sentido aquilo, mas eu sabia exatamente o que era.
Amor.
– Eu também.
– O quê?!
Ela parecia muito surpresa com o que eu disse e parando para pensar, eu também me surpreendi. Eu nunca senti amor por ninguém. Nunca descobri como era estar apaixonado. Toly fez aquilo comigo. Eu devia tantas coisas a ela... Estava feliz por amá-la.
– Sim... – fui caminhando até ela lentamente. – SIM! – peguei em suas mãos levemente. – Eu amo você Toly! – a puxei até que pudesse sentir sua respiração.
Sem pensar duas vezes, devolvi o beijo que ela me deu momentos antes.
Aquele foi, com toda certeza, um dos melhores momentos da minha vida.
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