Anne.

Desde que Marceline chegou, meu coração anda descontrolado. Ele bate mais rápido a cada olhar, sorriso, gesto e palavra dirigida a mim. Eu não sei o que a comigo. Será que...Não! Isso não pode tá acontecendo. Eu não posso tá apai...

– Anne!? - Eu levantei o rosto, um pouco assustada, e meu pai me olhava como se esperasse alguma coisa de mim. Acabei me perdendo nos meus pensamentos enquanto tomava café da manhã. Nem ouvi o que ele me disse, se é que ele disse alguma coisa. - Você ouviu a minha pergunta!?

– Aah! E-eu...Não. - Falei sem graça olhando o croissants no meu prato. Tinha até perdido o apetite. - O que você perguntou!? -O olhei meio sem graça.

Ele sorriu e refez a pergunta.

– Como é que tá seu pulso!?

– Uh...Tá bem...Não se preocupe... - Meu pulso estava ótimo, mas minha alma não. - Eu...Vou pro meu quarto, com licença!

Me levantei e fui.

Preciso colocar minha cabeça no lugar. Reorganizar esses sentimentos. Sentimentos esses que eu não posso ter. Sentimentos que estão crescendo cada vez mais. Marcy é minha IRMÃ! Esses sentimentos não podem se firmar dentro de mim. De todas as pessoas, porque tinha que ser ela!? "De todas as pessoas"?! Que pessoas Anne!? Você nunca sai de casa e não conhece ninguém. Mas ai Marceline aparece e...Tudo muda.

Eu não sou mais aquela garotinha que vivia trancada em casa com "medo" das pessoas. Eu ainda posso não gostar muito que me toquem, mas isso tá mudando aos poucos desde que ela chegou. E meu coração também está mudando. É tão horrível e tão bom ao mesmo tempo!

Eu não ligo se me apaixonei por uma garota. Mas tinha que ser logo ela!? Ah! Aqueles olhos verdes me hipnotizaram desde que os vi pela primeira vez. Aquele abraço forte que ela me dera. O beijo em minha testa. Os toques discretos nas nossas tardes por Paris. O seu doce sorriso. Aah!

NÃO! Anne! Você não pode se apaixonar por ela!

Comecei a rolar na cama com os olhos querendo transbordar. Já não aguento mais esse sofrimento. O amor é uma DROGA!...Maravilhosa...Que não tem cura...E por mais pequena que seja a dose, você vícia antes mesmo de entrar em contato com ela.

Eu nunca me apaixonei de verdade. Mas eu sei, mais ou menos, como é. E se não fosse por um pequeno detalhe(Irmãs), eu estaria nas nuvens nesse momento! O que eu fiz pra merecer isso!? Porque ela tinha que ser minha irmã!? Mas se ela não fosse...Eu nunca a teria conhecido.

O destino ás vezes é...Uma merda. Hehe.

Lágrimas começaram a cair lentamente, e só pude perceber quando Cake veio até mim e começou a lamber meu rosto. Parece que ela sabe quando estou mal, então começa a me lamber com a intenção das lágrimas sumirem. Acho que é assim que é na cabeça dela. E ás vezes funciona.

– Acho que dessa vez você não vai conseguir me fazer parar de chorar Cake - Me sentei na cama e a peguei no colo e abracei bem forte. Então mais lágrimas começaram a cair.

Eu fiquei ali por um tempo, até ouvi alguém batendo na porta e a abrindo em seguida. Tratei logo de enxugar as lágrimas, já sabia quem era e não queria que me visse chorar.

– Anne!? - A voz de Marceline ecoou pelo quarto. Ela entrou e fechou a porta - O que aconteceu!? Você tá bem!? - Ela veio correndo até mim quando viu meus olhos vermelhos.

– Eu to bem...Foi só um cisco. - Sorri de lado.

– Um cisco enorme né!?! - Nós duas começamos a rir. Então a vontade de chorar voltou. Mas eu tenho que me segurar, não posso fazer isso na frente dela.

– Então Anne...O que aconteceu!? - Mesmo convivendo tão pouco juntas, ela já sabe quando eu to bem ou não. Parece até que lê minha mente. O que seria terrível se isso realmente acontecesse. Ah! Ela tá me olhando e esperando uma resposta e, eu não sei o que dizer.

– ...Ah! Não é nada demais! Eu já to até melhor! - Dei um enorme sorriso pra mostrar que estou bem. Então me levantei e fui a té a janela. - Aonde vamos hoje!? Eu preciso mesmo ocupar minha mente!!

Ela foi até mim e me abraçou e, dessa vez, eu correspondi.

– Quando você quiser conversar, eu estou bem aqui ok!? Não precisa ter pressa, afinal, eu nunca vou sair do seu lado!

Nesse momento eu a abracei mais forte, não queria mais solta-lá. Queria que ela fosse minha, mas não posso fazer isso. E o que ela vai pensar pra mim se eu disser que gosto dela!? E se ela não tiver uma "mente aberta"?! É capaz dela nunca mais querer falar comigo. Não! Eu não posso correr esse risco. Eu prefiro ficar ao seu lado, a amando em segredo, e nunca ser correspondida. Do que revelar meu amor e nunca mais ver seu rosto novamente.

É! Acho que posso conviver assim. Até ir parar no hospício.

Marceline.

– Você vai querer que sabor Marcy!?

– Dee...Chocolate!! - Anne entrou na sorveteria enquanto eu esperava do lado de fora.

Agora todos os dias a gente tem saído, o que é muito bom! Só que ultimamente ela tem estado meio estranha. Ela não quer me contar o que é, mas eu respeito isso e vou esperar o tempo que for pra ela confiar totalmente em mim.

– Marcy!!?? É você!?! - Uma voz familiar me chama, então me viro e tenho uma surpresa ao encontrar ele.

– Matt!? - Era Matthew, um amigo de infância. Ele se aproximou e me deu um abraço apertado, que eu correspondi. Estava tão feliz em reencontrar ele, faz tanto tempo que não o vejo. - Mas...O que você faz aqui!? - Me separei dele e o encarei.

– Você não estava na Austrália!?

– É...Mas não deu muito certo sabe!?! Então vim tentar a vida aqui e, já até conseguir abrir meu próprio negócio!! E vou inaugurar daqui uns dias! Mas e você!? O que faz em Paris!?

– Eu to morando aqui! Minha mãe se casou de novo então vim morar com ela, tenho até uma irmã! - Anne! Eu tenho que apresentar ela pra ele! Mas ela ainda está na sorveteria e parece que vai demorar.

– Uau! Hehe! A gente tem sentar e colocar a conversa em dia! Mas agora eu não posso porque tenho que resolver umas paradas! Mas me passa seu telefone que eu te ligo e a gente marca, que tal!?

– Com certeza!

Eu passei meu número e peguei o dele. Ele teve que ir porque estava com pressa. Nossa! Ele mudou muito desde da última vez que o vi. Agora ele tá da minha altura, e de branco foi pra moreno claro, culpa da Austrália, seus olhos são castanhos, antes combinavam com seus cabelos que agora estão vermelhos e repicados. Até sua personalidade parece ter mudado.

– Aqui seu sorvete! - Anne apareceu do nada me fazendo dá um pequeno salto, que a fez rir.

– Obrigada!

– Quem era aquele garoto com quem conversava? - Ela está com ciúmes!?! Não! Ela não pode tá com ciúmes. É coisa da minha cabeça!

– Era o Matthew, um antigo amigo de infância. Ele tinha ido pra Austrália mas agora tá aqui! Eu ia te apresentar, mas ele estava com pressa e teve que ir embora!

– Hum! Quem sabe na próxima! Mas...Aonde nós vamos agora!?

– Que tal no cinema!!?

Como todos os outros dias, nós passamos a tarde toda juntas. E foi maravilhoso!! Ah! Como eu queria confessar meu amor pra ela! Mas eu tenho medo da sua reação. E se ela não quiser mais falar comigo!? Eu não vou poder mais viver sabendo que nunca mais verei seu sorriso novamente.

Por mais que doa, eu não posso me confessar pra ela. Prefiro ficar ao seu lado, a amando em segredo, e nunca ser correspondida. Do que revelar meu amor e nunca mais ver seu rosto novamente.