— Rukia —

— Maldito! Maldito! Mil vezes maldito! — praguejei jogando-me em minha espaçosa cama de casal.

Já fazia horas que havia expulsado aquele morango infernal de meu apartamento, mas aquelas malditas seis palavras não saiam de minha cabeça.

"...Rukia, eu estou apaixonado por você." Como ele podia me dizer tudo isso justo agora quando eu, enfim, havia superado tudo? Justo agora que eu estava seguindo em frente? Ele mais que ninguém deveria saber que eu não estava pronta para um relacionamento sério, afinal, ele viu toda minha dor e desespero quando fui deixada pelos meus antigos namorados.

Ele sabia que aquilo havia acabado comigo. Ser abandonada duas vezes sem saber o motivo. Sem ter nenhuma explicação…. Era uma coisa difícil de superar, mas agora eu havia superado. E era por isso que depois deles eu nunca quis mais nada que fosse além de uma noite. Promiscua? Pode até ser, mas ninguém tem o direito de me julgar. Somente eu sei de minha dor. Somente eu sei o quanto foi difícil fazer com que aquelas feridas enfim cicatrizassem. Somente eu sei de tudo isso.

É claro que Ichigo sempre esteve ao meu lado. Por isso vê-lo se declarar a mim foi um choque. Porque apesar de sempre tê-lo ao meu lado nunca imaginei que ele, justo ele, meu primeiro amor, se apaixonaria por mim, sua melhor amiga.
Pensando agora, ele sempre esteve comigo. Foi ele o primeiro que me abraçou quando seu primo, Kaien, pediu outra garota em namoro na minha frente, sem nem ao menos terminar comigo antes. Foi ele que me reconfortou e velou meu sono quando Ashido terminou comigo através de um amigo; esse que não foi nenhum pouco gentil com as palavras. Sempre foi ele quem me ajudo a levantar depois dessas grandes quedas. E pensando sobre isso várias perguntas me vêm à mente.

" Será que eu devia aceitar os sentimentos dele?"

" Será que eu estaria preparada para aceitar esse sentimento que só me traz insegurança?"

Eu realmente não sei. E não saber como lidar com algo me deixa frustrada. Frustrada por não conseguir controlar esse sentimento que começava a renascer em meu interior. Frustrada por não ter o controle de minhas emoções e também frustrada por me deixar sentir um pequeno lampejo de esperança, dizendo que dessa vez pode dar certo.

Não. Eu não quero ter essa esperança. Eu quero é recuperar o controle de minhas emoções e de minha vida.

Eu já havia me decidido. Eu não iria me render a Kurosaki Ichigo. E também não perderia sua amizade. Mesmo sabendo de seus sentimentos por mim eu não me renderia facilmente.

Pulo da cama apressada. Ainda eram nove da noite. Me arrumei o mais rápido possível e sai de meu apartamento, mas não sem antes deixar água e comida para meu fiel companheiro, Kon, meu lindo gatinho de pelagem alaranjada que havia ganho de Ichigo. Eu definitivamente não iria perder meu sabado pensando em coisas desnecessárias.

Caminhei decidida em direção ao elevador apertando com certa violência o botão para chamá-lo. Em menos de dois minutos ele chega abrindo suas portas, revelando seu interior, de onde sai um homem que exala um ar de perigo e mistério. Seus intensos olhos azuis me encaram com certa curiosidade, causando-me arrepios por todo o corpo.

Descido ignorá-lo, passando por ele a fim de entrar no elevador. Mas me surpreendo ao vê-lo segurando a porta do elevador encarando-me.
— Prazer me chamo Grimmjow e serei seu novo vizinho. — Diz sorrindo de canto com um olhar cheio de segundas intenções.

— Rukia. Prazer, Grimmjow-san. — respondo simplesmente sustentando seu olhar demonstrando não estar intimidada.

Ele, ainda com um sorriso sedutor, despede-se com um simples movimento de cabeça; soltando, enfim a porta do elevador que se fecha, lentamente, ocultando a imagem do lindo homem de exóticos cabelos azuis e sorriso provocante, fazendo com que eu suspire aliviada.

— Me parece que esse prédio esta enfim começando a ter moradores interessantes. — digo sorrindo sem nem notar o movimento lento do elevador me levando até o subsolo.