Eu acabei dormindo do lado de Black, adormecer não foi difícil, pois seus braços eram aconchegantes e protetores. Acabei foi tendo um sonho horrível. No sonho, eu estava fugindo para Sinnoh, estava correndo com Black até ao cais de embarque, mas o plano teria corrido mal e estávamos sendo seguidos por N…

– White, corra. Corra e aconteça o que acontecer não pare até entrar naquele barco! – Black pedia enquanto agarrava a minha mão e corria na minha frente.

– Porquê isso agora, Black? – Estranhei a conversa dele.

– Não importa, apenas corra e não olhe para trás! – Pediu dando-me um pequeno empurrão e largando-me a mão.

Eu estranhei o que ele pedira, mas assim o fiz, corri em frente sem nunca olhar para trás, corri o mais que podia, até que finalmente comecei a ver o cais, eu estava prestes a cantar de alegria, mas ouvi um gemido de dor por trás de mim. Paralisei. O que teria acontecido? Virei-me e as lágrimas subiram-me aos olhos… N segurava uma faca em punho, a sua cara tinha alguns resíduos de sangue e as suas roupas totalmente manchadas, a faca pingava aquele líquido vermelho, deparei-me com a sua vítima deitada no chão de barriga para cima, era Black! Dava para entender que N tinha esfaqueado o outro no abdómen, Black contorcia-se de dor enquanto derramava litros de sangue em seu redor. N tinha uma cara de psicopata imensa, de repente virou a cara para mim.

– Querida White, venha comigo. Vamos ficar juntos para sempre! – N veio na minha direção limpando a faca.

– N… Você… Matou-o… - Olhei-o chocada.

– Sim. Isto para podermos ficar juntos. Para sempre e sempre. – Ele aproximava-se cada vez mais.

– White… fuja… - Black pediu deitado no chão com dificuldade em respirar.

Sem pensar duas vezes desatei a correr o mais rápido que pude, ouvia os passos de N cada vez mais próximos, até que tropecei, N agarrou-me.

– Que foi, White? Não quer ficar comigo? – Fez uma cara de choro abraçando-me.

– N, você é um assassino! Para além disso eu amava o Black! Você matou o rapaz que eu amava… - Choraminguei.

– Você amava assim tanto Black? Ao ponto de não querer ficar comigo? – N perguntou virando-me para ele.

– Amava, N. Não é que eu não ame você… Mas eu te mo como irmão, não como marido. Entende? – Abracei-o.

– Entendo, White… Entendo… - Ele abraçou-me também.

Eu sorri no seu peito, talvez, finalmente, ele tivesse percebido… Mas não! Senti uma sensação fria em minhas costas, uma sensação cortante! N tinha-me esfaqueado!

– N, porque fez isso?! – Perguntei caindo no chão com dores, chocada com a ação dele.

– Se não me vai amar a mim, não vai amar ninguém mais! – Disse voltando a penetrar com a faca em meu corpo, agora no abdómen.

– N, pare… PARE! – Gritei.

Acordei em sobressalto, gritando por socorro e pedindo para ele parar, o que fez Black se assustar e acordar também.

– White, você está bem? O que aconteceu? – Black perguntou assustado com a minha reação.

– Tive um sonho horrível! Você estava lá e N também! Depois N matou-o na minha frente e depois tentou matar-me e… - Fui calada por um abraço de meu amado.

– Já passou. Foi só um sonho ruim. Eu estou aqui e N não lhe pode fazer mal. – Ele sossegou-me afagando os meus cabelos.

– Oh, Black… - Deixei escapar abraçando-me com mais força contra o seu peito. – Temos de fugir o mais rápido possível…

– Tudo ao seu tempo White… Mas me diz; ainda quer ir falar com N antes da fuga? – Black encarou-me.

Eu realmente estava em dúvida se ainda o queria ver, mas tinha de encarar os factos, aquilo tinha sido só um sonho… nada fora real… N não seria capaz de fazer aquilo, né?

– Quero, Back. Ele é meu irmão. Sempre me ajudou quando eu precisava. Depois de isto tudo, eu ainda o amo, sabe? – Eu expliquei.

– Custa-me ver que você ainda gosta desse tipo… - Black desabafou.

– Não seja assim, Black. Você não tem irmãos… Não sabe como é… - Tentei explicar.

– Mas ele fez tão mal com você. – Ele lembrou.

– Eu, sei. Mas quem ama consegue perdoar tudo. – Sorri.

– Falando assim parece que gosta mais dele do que de mim! – Black resmungou.

– Seu ciumento! Não é que eu goste mais dele do que você. É só que… São coisas diferentes. – Coloquei-me de joelhos no colchão, apoiei minhas mãos em seus ombros e beijei sua testa. – Eu te amo, ok?

– Ok, White, eu também te amo. – Sorriu segurando meu queixo e dirigindo meus lábios até aos dele, dando-me um leve selinho.

– Melhor dormirmos de novo, não? – Perguntei separando-me dele.

– Tem razão. Boa-noite, senhora apegada ao irmão. – Brincou.

– Cai fora! – Ri deitando-me.

Black ficou-me observado atentamente, até que adormeci, senti o seu olhar protetor correndo todos os centímetros do meu corpo com um carinho incomparável, senti também seus lábios leves tocar minha face antes de se deitar do meu lado, fazendo com que eu esboçasse um sorriso.

……

Acordei bem cedo, era capaz de ser umas sete e meia da manhã, Black não estava mais de meu lado, apenas um bilhete que dizia:

Querida White, fui tratar dos preparativos para a nossa fuga, Leaf e Yellow devem ir ai ajudá-la hoje, se precisar de alguma coisa é só pedir para minha mãe. Um beijão de seu Black!

Sorri e guardei o papel, descendo então as escadas. Assim deparei-me com a minha “sogra” a fazer qualquer coisa na cozinha.

– Oi, White! Já a pé? Black saiu há pouco, pela conversa deve voltar tarde. – A senhora sorriu para mim.

– Eu sei. Você sabe que Yellow e Leaf vêm cá, certo? – Perguntei.

– Claro, garota. Black disse ao sair. – Ouviu-se a campainha tocar. – Devem ser elas, vá abrir.

Sai da cozinha e fui direta à porta, espreitei pelo visor e vi que eram elas, abri a porta e ambas me saltaram para cima.

– Oi, oi, oi! Parabéns, White! Black contou-nos tudo! – Yellow felicitava-me.

– Sim, Black contou-nos tudo sobre a fug… - Yellow tapou-lhe a boca antes que ela terminasse.

– Está doida ou quê?! Black pediu-nos segredo! E se alguém ouve? – Yellow começou a gritar com a amiga.

– Desculpe, é que… Entusiasmei-me… - Leaf desculpou-se.

– Vamos, White, vamos no “seu quarto”. Temos coisas para conversar… - Yellow puxou o meu braço esboçando um sorriso malicioso… O que é que ela tinha na cabeça?!

Chegamos ao quarto, Yellow empurrou-me lá para dentro e Leaf entrou em seguida, Yellow foi a última a entrar no quarto, trancando a porta atrás de si.

– Bem, White… chegou-nos uma informação ao ouvido bastante interessante… - Yellow começou, ela e Leaf gostam muito de mexericos.

– Sério? O que foi? – Nessa altura eu nem sonhava o que elas tinham descoberto… Temia que Black se tivesse desbocado com o facto de eu já não ser pura…

– Você sabe… Black nos contou que vocês deram um passo muito grande na vossa relação. – Ok, agora eu tinha certeza, ele desbocou-se.

– O-o que é que ele disse? – Comecei a soar frio.

– Você sabe! Aquele grande passo que se dá numa relação… - Paralisei neste momento. – Ir viver juntos para longe!

– Ah, esse grande passo! – Suspirei de alívio, ela estava falando da fuga…

– Claro, porquê? Há alguma coisa que nós não saibamos? – Leaf olhou-me com um ar de estranheza.

– N-não! Claro que não… - É melhor que elas não saibam por agora…

– Black pediu para te ajudarmos com a fuga, então nós vamos estar com você na noite do jantar! – Yellow anunciou.

– Na noite do jantar? Mas N vai estar lá… - Eu lembrei.

– Black também nos contou que você queria falar com N uma última vez, então nesse jantar você pode fazê-lo, depois a galera vai ajudá-la a fugir. – Leaf disse a coisa mais inteligente da sua vida.

– Sério, gente? Vão ajudar-nos a fugir? – Perguntei emocionada.

– Claro! Vocês são nossos amigos, né? Até Rosa concordou em ajudar! – Leaf sorriu.

– Rosa? – Achei estranho, ela não é muito de se dar connosco, acho que é por ser muito tímida, ela é da turma de Black, mas raramente se juntava com os outros.

– Sim, ela insistiu muito em ajudar, não sabemos porquê, mas ela parecia decidida em ajudar. – Yellow constatou.

– Bem, se é assim… Acho que não faz mal ela ajudar. – Constatei os factos, afinal, lá por ela ser tímida não quer dizer que não fossemos amigas.

Passámos a tarde a falar dos planos que elas e Black tiveram para a fuga, parece que quase todos os nossos amigos mais próximos estavam dentro do caso e prontos a atuar nesse dia, estava tudo pronto para a grande fuga, só falta eu conformar-me com o facto de nunca mais ver da mesma maneira Cheren, Bianca e N… Mas é o melhor para mim…