Contagem Regressiva escrita por Beatrice


Capítulo 27
Capítulo 26: Duas lanças


Notas iniciais do capítulo

Fala, galera linda! Peço perdão pela demora, mesmo ;-; Com toda essa correria de vestibular, mais provas da escola e a delícia (-n) de eu ter ficado doente, não consegui escrever até agora. Peço desculpas a todos!

E muito obrigada a quem comentou no capítulo passado, isso é importantíssimo para mim! O capítulo está mais curto do que os anteriores, mas eu não queria me demorar mais para postá-lo.

Mais uma coisa: eu alterei uma parte no capítulo passado e agora, sim, é verídico que Rebeca e Hermes estiveram juntos no passado.

Espero que gostem e tenham uma boa leitura!



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— Então, está me dizendo que Hermes é nosso aliado — disse Jason, tentando assimilar os fatos do que Rebeca acabava de lhe contar de seu encontro.

— Acho que sim — ela confirmou.

— E ele era o chefe das corridas de que você participava.

— Isso.

Ele olhou para ela de sobrancelhas franzidas.

— Vocês eram amigos?

Rebeca enrubesceu. Mordeu o lábio inferior e começou a torcer os dedos das mãos, o que significava que estava nervosa.

— Bom... A gente era um pouco mais do que “amigos”. Se é que você me entende.

O queixo de Jason caiu.

— O quê?! V-você já ficou com um deus?

— Foi apenas um caso e há sete anos! — Rebeca argumentou. — Não tem por que se preocupar, não foi nada de mais.

— Não estou preocupado, é só que... — Ele se levantou para buscar uma garrafa d’água no frigobar. — Caramba, essa história só fica mais complicada a cada dia que passa. Você não tinha uns dezessete anos, na época?

— Vai vir com lições de moral agora? — Rebeca sorriu. — Se ficar com um cara mais velho é pior do que participar de corridas de carro, então você precisa rever algumas prioridades.

Jason balançou a cabeça, rindo. Ainda estava tenso. Não por Rebeca ter tido um caso com alguém há sete anos, mas por tudo em que estavam se envolvendo. Havia uma parte naquela conversa que o preocupava mais que tudo.

— E quanto ao fato de termos um deus egípcio como inimigo? — perguntou. — Hermes não disse nada sobre qual pode ser?

— Não...

— É por isso que precisam ficar muito mais atentos a partir de agora — disse outra voz. — Derrotar um deus não é fácil.

Jason quase deixou a garrafa cair ao perceber que Gabriel estava atrás dele, daquele jeito silencioso e assustador de aparecer.

— Santa Mãe de Deus!

Gabriel o olhou, sem entender.

— Não, eu sou filho dEle.

— Não foi isso que eu... — Jason começou, mas suspirou. — Deixa pra lá.

— Você já sabia que o Hermes me encontraria? — Rebeca perguntou a Gabriel, levantando-se.

— Não, não Hermes — ele respondeu. — Eu sabia que o seu deus viria uma hora ou outra. E, se ele apareceu agora, quer dizer que o egípcio não vai demorar.

— E os outros receptáculos? — Jason quis saber. — Eles já encontraram os próprios deuses?

— Só as duas irmãs. Ártemis, deusa da caça, é responsável por elas. Os outros ainda não receberam a visita. Hermes disse mais alguma coisa importante a você?

— Não, ele nunca diz nada importante — Rebeca brincou.

— Ah, falando mal de mim, é isso, Beca?

Um homem jovem surgiu no quarto, escorado à parede em uma pose displicente. Tinha cabelos castanhos encaracolados e um estilo de corredor. Jason não teve dúvidas sobre quem ele era.

— Qual é, vocês não sabem bater?! — Rebeca exclamou, saindo de perto dele.

Hermes se desencostou da parede.

— Nós somos mais próximos do que precisar bater, por favor. — Ele olhou Jason como se reparasse nele pela primeira vez e abriu um largo sorriso. — Jay-Jay, que bom te conhecer! Já faz um tempo que eu quero saber quem foi que roubou o coração do meu passarinho.

Ele agarrou a mão de Jason para cumprimentá-lo, no que não foi correspondido.

— Não me chame de Jay-Jay.

— E eu não sou seu passarinho.

Hermes os ignorou e voltou sua atenção para Gabriel.

— Ah, Gabe! É ótimo te ver de novo, como vai? — Ele deu uns tapinhas no ombro do anjo, sem esperar uma resposta. — Não é que você não mudou nada nesses sete anos?

— Você também não — disse Gabriel, sério.

— Espera aí, vocês já se conheciam? — perguntou Rebeca, virando-se para Gabriel. — Você sempre soube que ele era Hermes?

— Não exatamente — o deus respondeu. — Mas não é de admirar que Gabriel nunca tenha ido assistir a uma corrida sua. Ele não podia chegar perto por causa da minha presença. As coisas ainda eram organizadas, naquele tempo, e duas entidades de mitologias diferentes não podiam ocupar o mesmo lugar — ele disse, como se aquilo tivesse acontecido há séculos.

— Vejo que isso mudou, infelizmente — disse Gabriel de forma acusatória.

Hermes deu de ombros. Roubou a garrafa que Jason tinha em mãos e tomou um gole da água antes que ele pudesse protestar. Imediatamente, Jason decidiu que não gostava dele.

— Mas olhe só para você — Hermes falou a Gabriel, tendo de olhar para cima para mirá-lo direito. — Todo alto, cheio de músculos e olhos azuis, além de estar vestido em couro. — Ele sorriu com ironia para Rebeca. — Por que é que você está com o Jason mesmo?

Sentindo o sangue subir, Jason abriu a boca para responder, mas ela foi mais rápida:

— Porque ele não é um babaca, querido.

Hermes fez uma careta.

— Não precisava ofender.

— Por que está aqui? — Gabriel perguntou. — Não veio só para se apresentar.

— Ah, é. — Ele tomou outro gole da água, adotando uma expressão mais concentrada. — Realmente, não vim, mas não gosto de dar notícias ruins. Parece que mais um dos meus irmãos já vai se encontrar com o seu respectivo receptáculo. E não para por aí.

Ele pareceu constrangido por um momento, como se se sentisse culpado por algo.

— Parece que a nossa presença aqui, a minha e a de Gabriel, em períodos tão curtos de tempo, acabou atraindo... hã, visitantes indesejados para as redondezas. E, com isso, eu quero dizer monstros.

Jason prendeu a respiração.

— O quê? Onde eles estão?

Hermes hesitou.

— Indo para a casa do seu amigo Carter Singleton, já que não podem encontrar vocês dois devido ao colar. Eu posso levá-los até lá em um piscar de olhos, se quiserem.

— Pensei que não pudesse interferir diretamente — Jason contestou, confuso.

Hermes esticou a mão como se estivesse se apresentando de novo.

— Prazer. Eu sou Hermes, o deus da trapaça — disse sarcasticamente.

— Só nos leve logo até a casa de Carter — Rebeca interrompeu. — Não podemos perder mais tempo.

— Certo. — Hermes esfregou as mãos para se preparar. — Peguem suas armas, vamos fazer uma viagem. Você não, companheiro — disse para Gabriel quando o anjo abriu as asas. — Só vai atrair mais coisas se for conosco. Eu vou ser rápido, fique tranquilo. Logo estou de volta, e tenho certeza de que o passarinho pode cuidar das coisas muito bem.

Jason e Rebeca foram pegar o revólver e a adaga que receberam de presente de Gabriel.

— Não gostei dele — Jason murmurou para que só ela ouvisse enquanto pegavam os objetos no armário.

— Ninguém gosta — ela disse, piscando. — É por isso que ele é o deus dos ladrões.

— As comadres já pararam de cochichar? — Hermes apareceu atrás deles, botando a cabeça no meio para espiar. — Pensei que estivessem sem tempo.

— Estamos prontos — Jason falou, guardando o revólver no cós da calça.

— Confiança, é disso que eu gosto!

Hermes colocou uma mão em cada ombro dos dois, sorrindo.

— Boa sorte — desejou Gabriel.

— Sim — Hermes concordou. — Boa sorte para o passarinho e... Jay-Jay.

No instante seguinte, o mundo girou trezentos e sessenta graus, e Jason desapareceu dali.


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Aleksei Voyna podia ver que Sloan estava impaciente. Ela caminhava de um lado para o outro de forma incessante, de vez em quando olhando para os lados para ver se alguém se aproximava.

— Pode dizer o que está esperando? — perguntou Aleksei, impaciente com aquela expectativa. Ygor também estava cansado de aguardar em silêncio, na cadeira de rodas a seu lado. — Ou quem?

Sloan parou de andar e olhou para ele com seus olhos rubros, cintilando sob a luz da lua.

— Ele já devia ter aparecido — resmungou, retomando a caminhada. — É por isso que odeio trabalhar com gregos.

— Sloan! — Aleksei gritou para chamar a atenção dela. Se ela odiava trabalhar com gregos, ele odiava trabalhar com ela. — O que estamos fazendo aqui?

Ela parou novamente, dessa vez com uma pontada de irritação no olhar.

— Estamos esperando o patrono do Ygor chegar, está satisfeito? — respondeu de má vontade. — Ele está atrasado.

— O que é um patrono? — Ygor perguntou.

— É o deus grego que compartilha características com você. — Sloan os olhou de cima a baixo. — Nesse caso, com vocês. Ele pode ajudar. Será um aliado. Tem de aparecer antes do deus antagonista, e dois dos gregos já apareceram.

— Está nos fazendo esperar por alguém que pode ou não aparecer? — Aleksei falou. — Já disse que estou cansado de esperar, Sloan. Você disse que o escaravelho já foi roubado, e ele é o último artefato. Por que ainda não agimos? Ygor tem que ser a Fênix!

— Ele será! — Sloan exclamou. — Só preciso achar uma brecha para atacar os outros receptáculos. Eles estão protegidos pelo colar e não sei como encontrá-los.

Aleksei franziu as sobrancelhas. Será que aquele anjo não pensava?

— Você está recrutando humanos para ajudar, então use-os. Às vezes, a tecnologia é útil.

Sloan o fitou com suspeita. Pareceu querer dizer mais alguma coisa, mas um carro esportivo preto parou cantando pneus perto deles, e ela sorriu. Então, abriu as asas vermelhas e as bateu uma vez antes de partir.

O homem que saiu do carro fez até mesmo o ex-soldado russo se intimidar. Ele era alguns centímetros mais baixo, mas compensava nos músculos. Trajava coturnos, calças cargo e uma regata verde que deixava a mostra, no bíceps direito, uma tatuagem de duas lanças sobre um escudo e, no esquerdo, um javali mostrando as presas. Carregava uma espingarda a tiracolo. Seus cabelos eram prateados e rebeldes; não como se ele fosse velho, pelo contrário, como a cor natural. O rosto era marcado por várias cicatrizes, e seus olhos eram tão negros como a noite.

Aleksei se pôs na frente de Ygor de forma protetora.

— Quem é você?

O homem sorriu um sorriso amargo, expondo um dente de ouro e vários lascados.

— Meu nome é Ares — ele disse. — Eu sou o deus da guerra.


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Notas finais do capítulo

Quem topa chamar o Kratos pra dar uma ajudinha ao Jason e à Rebeca? Haha.

Espero que tenham gostado, apesar do tamanho e do capítulo ter sido bem mais parado do que o normal. Comentem comigo o que estão achando, sobre o Ares e o Hermes (e quem mais quiserem, é claro!). Sou todo ouvidos a sugestões e críticas construtivas!



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