Uma Nova Chance escrita por Elvish Song


Capítulo 3
Em Ellesméra




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/521567/chapter/3

Arya olhou com amor para os filhos: Brom era um menino adorável, entusiasmado e expansivo, travesso até a beira da imprudência. Com cabelos avermelhados e revoltos, parecia estar sempre à procura de oportunidades para pregar peças nos outros. Islanzadí, por sua vez, era dotada de uma alegria serena e tranquila; seus olhos verdes tinham um brilho sonhador, e seu espírito era dotado de inigualável curiosidade. Por outro lado, sabia sempre quando e o que falar, e também quando deixar de fazê-lo. Amava cantar e dançar, assim como lutar – lembrava à rainha quem ela própria fora, antes do exílio e do aprisionamento.

As duas crianças brincavam com seus jovens dragões em redor das árvores, portando duas espadas de aço com gumes anulados. “Lutavam” um contra o outro, esboçando em seus movimentos a habilidade letal que um dia dominariam completamente. Era impossível não sorrir diante de tal cena. Seus filhos; seus amores, os raios de luz de tornavam sua vida mais doce.

Fírnen surgiu de repente, pousando com estrondo ao lado de sua Cavaleira. Tocando-lhe o ombro com o focinho, disse:

Pequenina, Eragon e Saphira já chegaram à Alagaësia. Eu disse a ela que viesse direto a Du Weldenvarden, para nos encontrar.

– Obrigada, meu querido. – agradeceu a mulher, afagando seu dragão antes de chamar pelos filhos:

– Brom! Islanzadí! Eragon e Saphira chegarão em breve. Vão à casa de Ângela, avisem-na, e depois corram para se arrumar. Não é certo receber o Primeiro Shur’Tugal com os cabelos emaranhados e as roupas sujas.

As crianças correram até a mãe que, depois de abraçá-las e beijá-las, permitiu que rumassem à casa da feiticeira.

“Eles saberão não dizer nada ao Cavaleiro?” – perguntou Fírnen.

– Sim. Eu lhes expliquei a situação desde o dia em que tiveram idade para compreendê-la. E se puderam manter segredo de todas as outras pessoas, não irão agora dizer algo antes do momento oportuno.

A rainha começou a caminhar para sua atual morada, a que um dia pertencera a Oromis, já que nenhuma outra casa da cidade tinha um aposento com tamanho suficiente para abrigar Fírnen em seu interior. Excetuando-se, é claro, a grande casa dos Cavaleiros, mas a elfa evitava aquele lugar desde a partida de Eragon, uma vez que fora ali que ele morara, durante toda a permanência em Ellesméra. Quanto ao palácio, preferia usá-lo como ambiente de trabalho; não conseguia sentir-se à vontade o bastante para descansar, quando cercada de pessoas.

Ia levando a mão à porta quando esta se abriu, revelando a figura sorridente de Ângela. Aqueles doze anos não haviam mudado sequer um fio de cabelo da mulher, tão loura e jovem quanto sempre fora. Ao ver a rainha elfa, seu rosto se iluminou, e ela saudou:

– Bom dia, Arya!

– Ângela! - Exclamou a outra, surpresa com a velocidade que a outra tivera em atender seu pedido – Que bom você ter vindo tão depressa!

– E eu já falhei para com você, quando precisou de mim? – E assim dizendo, afastou-se para permitir a entrada da mulher mais jovem. – E então? Eragon está prestes a chegar. O que vai fazer, agora?

Sentando-se numa das confortáveis cadeiras de madeira polida, a Cavaleira suspirou:

– Contar a verdade. Não me resta outra opção.

– Ele ficará furioso, e não sem razão.

– O nascimento de Thander e Edain, os dragões de meus filhos, levou abaixo meus planos. Agora, terei de enfrentar a situação que eu mesma criei.

A herbolária se colocou ao lado da guerreira a quem vira crescer, e desmanchando-lhe a trança longa e negra, começou a pentear-lhe os cabelos com os dedos.

– Eu avisei, Arya. Isso nunca daria certo! Um segredo desses, menina!

– Eu não tinha escolha; precisava proteger meus filhos.

– E, como sempre, tomou a decisão sem consultar mais ninguém. Mas não terá que enfrentar as consequências sozinha, sabe disso: terá a mim, e a Fírnen, se precisar.

– Sou muito grata por isso, minha amiga. – Levantando-se, Arya fez algo que não lhe era usual: abraçou a herbolária – Você foi minha única confidente, durante todos esses longos doze anos. Eu lhe agradeço por tudo, mas não posso deixar que interfira. Quando souber do que fiz, Eragon irá me odiar, e não quero que seu ressentimento se estenda a você.

– Não creio. Ele ficará zangado por algum tempo, e precisará de paciência até assimilar os fatos; mas ele a ama demais para passar a odiá-la.

– É este o problema: traindo sua confiança, eu traí, também, seu amor.

– Você o poupou de sofrimento inútil e perigoso para alguém na posição de Eragon Argetlam.

– Espero que ele concorde com esse ponto de vista.

“Se não o fizer” – Pensou a feiticeira – “eu mesma providenciarei para que passe a concordar”.

Em silêncio, Arya apenas fitou a Fairth que fizera há alguns anos, a qual retratava o cavaleiro voando nas costas de Saphira, e que ocupava lugar de destaque sobre sua mesa de leitura. Como sentia falta dele!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem leu minha outra fic (Our Strange Duet - fic de O Fantasma da Ópera), já deu pra perceber que eu gosto de colocar gêmeos na história. Fazer o que, né? Acho fofo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma Nova Chance" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.