“Eu não acredito que você está me trazendo fazer compras com aquela gringuinha irritante.” Resmungou Manuela, enquanto ela e Davi caminhavam pelo shopping.

“Manu, eu vou precisar de roupas para os eventos que eu vou na Califórnia, e a Megan se dispôs a ajudar. E além do que, ela é expert nessa coisa de estilo americano.” Explicou o programador, avistando a loirinha sentada, os olhos fixos no celular. “E ela pediu que eu te chamasse, porque você é minha namorada e eu te amo.”

Estava se tornando irritante ter que dizer tanto ‘eu te amo’, mas condizia com a necessidade da engenheira em ouvir aquela declaração. Davi sabia que Megan havia ficado em seu pé por muito tempo, e que Manuela tinha motivos para ficar com o pé atrás com a loira, mas essa falta de confiança estava começando a ficar cansativa.

“Hi Davi, hi Manuela.” Megan levantou em um salto, sorrindo de orelha a orelha. “Prontos para as compras?”

“Só manera, tá Megan? Que o salário na Marra não é tão alto.” Davi brincou, enquanto os três entravam na loja Armani.

“Well, nesse caso, precisamos conversar com seu boss.” A jovem entrou na brincadeira. “Bom, você terá algumas reuniões com os acionistas, então precisará de roupas de acordo. Mas sem perder seu estilo.”

“Acho que Armani não faz muito o estilo dele.” A acidez no comentário de Manu não passou despercebida, porém Megan e Davi preferiram ignorá-la.

“Meu daddy sempre misturou o clássico e o moderno, e se você quiser, podemos seguir por esse lado.” A americana começou a observar as roupas. “Eu acho, like, muito cool, quando misturam camiseta com blazer e jeans, ou camisa com jaqueta de couro.”

“Eu gosto desse estilo.” O programador começou a analisar as peças no cabide. “O que você acha, linda?”

“A Megan entende melhor disso.” A pernambucana sentou em um dos estofados da loja, enquanto uma vendedora vinha atendê-los.

~M&D~

“Cinco blazers é mais do que eu já tive a vida inteira.” Riu Davi, enquanto saiam da loja. “E que camisetas eu compro?”

“Pode usar as suas mesmo, vai ficar cool. Um nerd chic.” Riu Megan, correndo os olhos ao redor. “Agora precisamos da sua roupa para o baile... Armani é bom, mas eu ainda prefiro Hugo Boss.”

“Achei que iríamos alugar um smoking.”

“Yeah, mas eu pensei melhor... Eu não estarei, like, classic, então você não precisa estar também.” Comentou Megan, enquanto os três entravam na loja. “Talvez algo monocromático, grafite... O que acha, Manuela?”

“Bom, bom...” Depois de uma pequena bronca de Davi, a moça tentou desemburrar. “Mas vocês tem que estar combinando?”

“No, no... Isso é soooo brega.” Riu a Marra. “Mas como meu estilo é um pouco alternativo, seria weird se ele usasse uma roupa toda clássica.”

“Ah, tá...”

Megan logo tagarelava com a vendedora, indicando as peças que queria que Davi provasse, enquanto o rapaz e a namorada observavam tudo em silêncio.

“Hã, Davi... Eu vou dar uma volta. Eu vi uma loja de coisinhas de bebê, acho que vou ver alguma coisa para o bebê da Jana e do Igor, uma oferta de paz.”

“Acho uma boa... Mas volta logo, porque quero sua opinião.” Ele deu um selinho na morena, suspirando aliviado tão logo ela saiu. Estava realmente difícil driblar o humor macabro dela.

“Cadê a Manuela?” Megan se aproximou, procurando a moça.

“Foi procurar um presente pro sobrinho.” Explicou ele, vendo a loira sorrir aliviada. “Desculpe por essa ceninha que ela está fazendo.”

“Relax, eu entendo.” A americana sorriu, mas estava realmente feliz e aliviada. “Well, eu selecionei algumas peças para você experimentar... Vamos?”

Megan sentou no estofado do provador, enquanto Davi entrava na cabine e era auxiliado pela vendedora. A Marra ficou com as atenções no celular, respondendo algumas mensagem de Emma Watson.

“Miss Megan?” Murphy apareceu arfante. “Sua mãe pediu que viesse te trazer isso, disse que ela importante.”

Os olhos da garota brilharam ao ver o pacote, que ela pegou da mão do assistente com um beijo em seu rosto. Ela correu até um dos provadores, enquanto o homem ficava sem entender nada.

“Meg... Hã, Murphy?” Davi saiu do provador, se assustando ao encontrar o funcionário de Jonas. “O que faz aqui?”

“Miss Pamela pediu que trouxesse um pacote miss Megan. Ela entrou naquela cabine ali.” O indiano indicou. “Agora, com licença. Preciso voltar para a Marra e para o boss. Namastê.”

“Megan? Tá tudo bem aí?” Davi se aproximou da porta, que se abriu depressa. Megan saiu por ela, com uma roupa diferente da que usava minutos antes. “Uau.”

“You liked it? Mom me mandou, no bilhete diz que ela viu e pensou que eu poderia usar no baile.”

“Uau.” Foi só o que o rapaz conseguiu dizer.

O vestido era um vermelho queimado, com as alças e a barriga transparentes, justo e longo, delineando as curvas perfeitas de Megan. A garota foi até o espelho, sorrindo para sua imagem.

“Vocês serão o casal mais lindo da festa.” Garantiu a vendedora, enquanto Megan se virava para observar Davi. Ele usava um terno e calça cinza grafite, com risca de giz, assim como o colete. A camisa era chumbo e a gravata cinza clara.

“Você está amazing, Davi. Muito lindo.” O comentário saiu antes que a loira pudesse segurar, e o rapaz corou.

“Você também, Megan. Esse vestido ficou maravilhoso.” Ele sorriu sem graça, e Megan não pode deixar de reparar que ele não havia desmentido que não eram um casal. “Só acho que o braço do terno está um pouco desconfortável.”

“É que você está acostumado com aquelas jaquetas de moletom.” Riu a loira, indo até ele. “Look, está na altura certa e seu braço está certinho. Se pegar um número maior, vai ficar mal encaixado.”

“Tudo bem, então eu vou levar.” Davi virou para o provador, mas a vendedora o impediu.

“A gerente pediu se podemos tirar uma foto de vocês.” Ela explicou, enquanto uma mulher surgia com uma câmera. “Afinal, você é Megan Lily Parker-Marra.”

“Oh, é que...” A garota ia impedir, mas Davi segurou sua mão.

“Claro, claro.” Megan o olhou, confusa. “Megan, vamos ter um milhão de fotos juntos no baile. Mais uma não vai matar.”

A loira não conseguiu reprimir o sorriso, enquanto o braço de Davi enlaçava sua cintura. Ela colou o peito ao dele, deixando o detalhe das costas à mostra. Com a mão esquerda, ela segurou a lapela do terno dele, como se estivesse arrumando, e deu seu melhor sorriso. Davi parecia tímido, mas sorriu também.

Foram feitos alguns cliques, até que a gerente agradeceu e se retirou, deixando que os dois voltassem aos provadores. A vendedora que os atendia pegou as peças de Davi, saindo em direção ao caixa, quando cruzou com Manu, que vinha com algumas sacolas da loja de bebês.

“Posso ajudá-la? Oh, não, desculpe. Você está com o casal, correto?”

“Casal?”

“Sim, a garota Parker-Marra e o namorado.” Manuela fechou a cara. “Lindo casal, não acha? Ela provou o vestido que usará na festa e nós tiramos algumas fotos. A Vogue poderia chamá-los para um ensaio, tranquilamente, afinal o rapaz é maravilhoso. Ficou lindo no terno, e eles dois combinam tanto, que até se usassem sacos de lixo roubariam as atenções.”

A atendente falava sem parar, enquanto os olhos da pernambucana começavam a arder. Ela seguiu a moça até o caixa, onde a gerente e outras funcionárias falavam animadamente, passando as fotos recém-tiradas pela tela do computador.

Manuela teve que reconhecer e admirar a beleza de Megan e do vestido, e sentiu o peito apertar ao ver o quão bem o namorado ficava naquelas roupas. Não podia negar que formavam um belo par, especialmente na foto em questão, na qual os dois trocavam um olhar sorridente.

“Manu?” Virou-se, encontrando Davi e Megan. “Caramba, comprou o enxoval inteiro?”

“Não... Uns brinquedinhos e algumas roupinhas.” Ela tentou sorrir, enquanto observava o pacote na mão de Megan.

“Bom, nós vamos passar no cabelereiro. A Megan acha que eu preciso dar um jeito nesse meu cabelo ‘nerd-que-não-dorme’.” Ele riu da piada interna, mas a loira fingiu não prestar atenção, já tendo visto a cara da engenheira.

“Eu acho que vou pra casa. Igor tá sozinho com Jana, tu sabe que não confio deixar aqueles dois muito tempo.” A morena sorriu amarelo. “Deixe ele bem bonito, tá bom Megan?”

“Of course.” A americana concordou, enquanto Manuela saia. Davi suspirou, antes de virar e pegar o pacote que a vendedora estendia, lhe entregando o cartão de crédito. “Sorry.”

“Não se preocupe, depois eu converso com ela. Agora, preciso aparar esse... Como você chamou?”

“Ninho de rato.” Os dois saíram da loja aos risos, enquanto a foto deles era postada na internet.