Pov Ally

O Sr.Walter falou atenciosamente:

– Vá resolver suas contas com o Fernando.

Joguei o meu avental com força no chão, e me direcionei à sala do Fernando. Bati na porta, e ouvi a voz grave em resposta. Entrei e sentei em uma das cadeira, na frente do Fernando.

–Posso ajudar em quê, Ally?- deu um pequeno sorriso

–Eu acho que você vai servir mesas, por um tempo!- falei tentando ser educada,apesar de estar irritada.- Até o Sr.Walter encontrar outra pessoa.

Ele olhou pra mim, sem nenhuma expressão, como estivesse olhando pro nada. Pigarreou, e se ajeitou na cadeira.

–Ally você faz bem saindo daqui!

–Eu não queria sair... por mais que você esteja certo. É dificil encontrar trabalho, hoje em dia. Mas... não tem jeito.

–Vamos sentir a sua falta- deu um sorriso. Retribui.

¨¨¨¨¨¨¨¨

Sai do escritório. Samantha e Danilo estavam em pé atrás do balcão.

–Vou sentir a sua falta!- Danilo veio me abraçar com os olhos vermelhos. O abracei, retribuindo o aperto.

–Para de drama Danilo! Ela não vai embora de Miami, ela só vai embora do restaurante.- Samantha tirou ele de mim, e me deu um abraço.- Quando vier, não precisa me dar gorjeta!

Dei uma risada.

–Eu também vou sentir saudades!-falei

–Já resolveu tudo,Ally?- Sr.Walter perguntou. Dei um sim com a cabeça.

Terminei de me despedir. Sai , e dei de cara ,com a loira azeda.

–Não me olhe assim,Ally.Você saiu porque mereceu. Eu disse que você não deve... - antes que ela terminasse, sai,lhe dando as costas. Ouvi ela gritar o meu nome, me ordenando a ouvi-la. Mas continuei andando, à deixando para trás.

Eu estava tão pra baixo, e feliz ao mesmo tempo. Apesar do Good Food ,ter seus defeitos, adorei passar o tempo com o pessoal. Por incrível que pareça sentiria falta de trabalhar lá.

No momento em que cheguei na frente do prédio que moro, fui ficando mais pra baixo.

Havia um caminhão de mudanças na frente do prédio. Seis homens carregavam moveis molhados para dentro do caminhão. Cheguei mais perto, e pude perceber que havia água pra todo lado. Entrei no local. Cornélio- o sindico- estava tentando acalmar todos os moradores.

–Cornélio o que aconteceu?- perguntei tirando ele do tumulto.

–Teve uma inundação em um dos apartamentos - explicou- parece que um cano estourou.A moradora não estava em casa.Só percebemos depois.

–Qual foi o apartamento?

–Da Sra.Singer!

Corri pras escadas. A Sra.Singer morava em cima do meu apartamento. Tentei ser otimista. Não queria pensar em nada trágico.

Mas não adiantou, a realidade, acabou com o resto do otimismo que tinha. O meu apartamento estava todo alagado. O teto tinha buracos, minhas roupas estavam boiando,nada estava no logar,nada estava seco.

Depois de secar,guardar,e limpar resolvi tomar um banho quente. Mas o azar estava no máximo. Não tinha água quente,e nem, fria. Desci as escadas, fui até a portaria. Como sempre Floriano estava dormindo.

Bati no balcão. Ele deu um pulo desorientado. Floriano era um cara na casa dos quarenta. Tinha a barba mal feita, era baixo, tinha cabelos pretos que nunca ficava no lugar, tinha uma barriga que estufava a camisa fazendo os botões voar qualquer momento. Tinha olheiras, apesar de estar sempre dormindo.Os olhos pretos, que estavam vermelhos. Mas ele estava pior que o normal.

–O que posso ajudar?- ele enxugou os olhos e olhou pra baixo.

–Não tem água no meu apartamento!

– E vai ficar assim até consertar o cano da ... da Sra.Singer - ele começou a chorar. Dei a volta no balcão, e coloquei o braço em volta do seu ombro.

–O que houve Floriano?- perguntei atenciosa

–A Sra.Singer vai se mudar!- ele chorou,ainda mais.Eu sabia que ele tinha um sentimento especial pela Sra.Singer, e me senti mal por ele.

–Sinto muito.-falei sincera

–A culpa é do Cornélio!- ele falou irritado

–Como assim?

–É por causa dele que Sra.Singer está indo embora!- fiquei espantanda

–Ainda não estou entendo! O que o Cornélio tem a ver com a mudança dela?

–Tudo! Dela e dos outros moradores.- me afastei um pouco e fiquei de frente a ele

–Como assim?! Explique melhor!- exigi

–Você não soube de nada?- balancei a cabeça com um não- Eles vão reconstruir esse prédio.Todos que moram aqui vão embora.Exceto eu e o Cornélio.

Realmente aquele não era o meu dia. Eles não poderiam ter me avisado antes?. Subi as escadas ,indo no ultimo andar. Bati com violência na porta,do ultimo apartamento do corredor.

Cornélio abriu e me acalmei.

–Cornélio,Floriano me contou que você vai reconstruir o prédio!

–Não é incrivel?!- ele falou animado.

O olhei incrédula.

–Não, não é incrivel!

–Ally, não era você que reclamava que o prédio precisava de uma melhorada?

–É mas...

–Então? Vai melhorar! Você tem quarenta e oito horas pra encontrar um lugar pra morar.

–O que?! Mas é impossivel.

–Deveria ter procurado antes!

–Mas eu só soube agora!

–Isso é uma pena.-ele me empurrou pra fora do apartamento- Você não tem muito tempo! Obrigado por tudo.

O desgraçado bateu a porta na minha cara. Desci para o meu apartamento. Definitivamente não era o meu dia. Fui demitida,o meu apartamento foi alagado,fiquei sem água, e tenho que encontrar um lugar pra morar. E só tenho quarenta e oito horas.

Sentei na cama, e fiquei olhando fixamente pra frente. Não tinha mais emprego, e em poucas horas ia ficar sem lugar pra morar. Talvez a Livian tivesse certa.Talvez eu seja uma coitada.- Deus! Como é horrivel dá certeza à Livian. Fui despertada pelo barulho do meu celular.

Ligação On

–Alô?- falei desanimada

–Ally princesa!

–Ah, Oi Math!

–Você está bem princesa? A sua voz está fraca.

Suspirei

–Não. Tô péssima!

–O que houve?

–Mudanças. Como de costume.- Senti uma vontade de chorar. Respirei fundo.

–Princesa- ele falou carinhosamente- fique pronta que em meia hora passo ai,pra te buscar,pra a gente sair!

–Math, é melhor...

–Não tente recusar- ele me cortou- Fique linda como sempre, que chego em pouco tempo. Beijão.

Ligação Off

Dei um sorriso de canto. Atravessei o corredor e bati na porta do apartamento de frente. Uma senhora da terceira idade abriu. Amélia era uma senhora simpática, e graciosa. Ela é viúva, perdeu o marido à quatro anos.Infelizmente não pude conhece-lo. Ela odiava quem a chamasse por outro nome, tinha que ser pelo nome- ou mãe.

–Amélia posso tomar banho aqui? Meu chuveiro tá sem água.

–É claro querida.- ela deu um sorriso fazendo encolher os olhos.

Que doçura!

Fui pro banheiro e tomei um banho rápido.Vesti um vestido soltinho verde-claro com alças finas, o vestido ia até a metade da colcha, um blazer preto, um sapato preto com o salto fino,14 cm. Fiz ondas no cabelo e deixei solto, fiz uma maquiagem que marcasse os olhos -já que era noite- e minha gargantilha.

–Obrigado Amélia- sai do banheiro indo abraça-la.

–Tudo bem. Sempre é um prazer lhe ajudar.

–Não quero ser intrometida, mas.. pra onde você vai?

–Eu vou pra casa da minha filha do meio. Ela vem amanhã me buscar.- respondeu

–Então é uma despedida!-a abracei novamente- Vou sentir saudade- falei sincera. Ela cuidou de mim desde quando vim morar no prédio. A única que realmente me importo naquele lugar.

Recebi uma mensagem do Math. Ele já estava me esperando. Me despedi, e desci.

Math estava em pé , encostado no carro. Ele estava vestido com uma calça jeans escura, uma blusa formal azul,um blazer preto, e um vans azul marinho. Ele sorriu ao me ver.

– E então como estou?- perguntei fazendo pose de modelo

–Digna de aplausos.- ele se curvou e depois aplaudiu.-E eu como estou?- ele deu uma volta e piscou pra mim.

–Digno de assobios- falei indo em sua direção- mas não sei assobiar.

Ele riu

–Então, pra onde a gente vai?- perguntei quando já estavamos no carro. O galego olhou pra mim malicioso. Entendi o recado.

¨¨¨¨¨¨¨¨

Ele parou o carro na frente de um restaurante que aparentava ser muito caro. O galego jogou a chave do carro pro manobrista, e me puxou pra mais perto dele,e entramos.

O restaurante era todo vidrado, as mesas redondas ficavam espalhadas. Em cima delas havia jarro de flores com uma iluminaria moderna. Tudo combinava com o local. Tinha um aspecto de velho,mas moderno.O bar ficava nos fundos, separado do salão por uma porta de vidro aprova de som.Os garçons eram todos novos e bem penteados.Era um silencio, que chegava a ser desconfortavel e relaxante ao mesmo tempo.- estranho ,eu sei .

Sentamos em uma mesa perto da vidraça.Víamos pessoas e carros passando.- que vista!

O garçom veio até nós.

–Bem vindos! Vão querer o cardápio?- falou simpatico

–Sim- Math respondeu- E por favor traga o melhor vinho tinto.

–Volto já senhor!

O garçom saiu. Math se virou pra mim.

–É uma falta de respeito ele me chamar de senhor. - pareceu indignado- Não sou velho!

Ri com o comentário.

–Então... Por favor me diga, que aquela voz fraca no telefone, era só o sinal que estava ruim!

–Não. O meu dia não foi o dos melhores- falei com a cabeça baixa.Math pediu pra prosseguir- Fui demitida, e tenho que encontrar um lugar pra morar!

–Por que foi demitida?

–Livian.

–Ai meu Deus! O que ,aquela loira falsa fez?

–Tentou me humilhar, e descontei!- falei sem tirar os olhos da toalha bege, da mesa.

–O que ela falou?- a voz do Math já estava calma.

–Acho que dá pra imaginar!- senti mais uma vez ,minha garganta dá nó. Olhei para cima ,tentando não chorar.

O galego colocou a sua cadeira pra mais perto da minha, e pegou a minha mão.

–Princesa, não fica assim!- ele me confortava- Olha, depois a gente toma aqueles sorvetes bem arranjado!- ele sorriu pra mim animado. Retribui.

O garçom que trazia os cardápios e o vinho, nos olhou confuso.

–Desculpe Senhor. Mas não pode tirar a cadeira do lugar.- a simpatia do garçom fez o galego revirar os olhos.

Depois que ele colocou a cadeira no lugar, fazendo ficar de frente pra mim. O garçom nos entregou o cardápio.

–Então Sta.Dawson, o que vai querer?- Math me dirigiu formalmente.

–Aceitarei o mesmo pedido que o Senhor. Sr.Hanks.

–Então dois hamburgers ,por favor- o galego entregou os cardápios- com batatas fritas, é claro!

–Não temos isso Senhor!

–Que tipo de restaurante não tem hamburger ?

–Aqui não é uma lanchonete, Senhor!- a delicadeza do homem, fez Math mais uma vez revirar os olhos.

Math suspirou.

–Então nos traga dois especiais, por favor!

O garçom foi embora, e o galego olhou feio pra ele.

–Está vendo aquele quadro?- o galego apontou pra parede, perto da porta de entrada. Fiz que sim. - Aquele quadro é o "Quadro de sugestões" .Se você acha que o restaurante precisa de algo à mais, é só ir lá e dá a sua sugestão. Eu venho aqui com os meus pais faz muito tempo, e sempre vou lá e coloco meu nome e meu pedido.E até hoje não vi ele ser atendido!

–E o que você pede?

–Hamburger com fritas!

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–Você ainda não me contou sobre a historia de se mudar!- o galego tomou um gole de vinho e ajeito a sua postura na cadeira.

–Pois bem, o prédio precisava ser reformado a muito tempo - disse limpando a minha boca- e eles finalmente vão reformar. E agora eu tenho quarenta e oito horas pra me mudar!

–Mas isso é impossivel!

–Pois é. Estou pensando em voltar pra NY- nesse momento o galego saiu da sua postura , e balançou sua cabeça negativamente rápido.

–Nem pensar! Não vou deixar você ir! Você vai ficar. E lá em casa!

–Não. Eu vou pra NY, minha tia mora lá.

–Mais um motivo pra você ficar aqui. Ally princesa, você nem gosta dela!

–Não é que eu não goste dela, é que ela é meio pirada. Só isso.

–Não importa, você vai ficar, e lá em casa!

–Math obrigado- ele sorriu- mas é melhor eu voltar pra NY - ele desmanchou o sorriso- Mas mesmo assim eu agradeço.

¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨

Depois de descobrir que o restaurante não servia sorvete arranjado. Math resolveu fazer mais um pedido. Pude perceber ,o tanto de pedido de hamburger feito por ele mesmo. Aproveitei e fiz os meus dois pedidos.

–Não pode tirar a cadeira do lugar,não servem hamburgers,fritas, e nem sorvetes arranjados... que palhaçada! - o galego reclamou enquanto entravamos no carro- Vou parar de vim aqui. Não tem nada que preste neste lugar!

O caminho todo, foi ao som de Demi Lovato:

Said we were done, then met someone
And rubbed it in my face
Cut to the part, she broke your heart
And then she ran away
I guess you shoulda known, I guess you shoulda known
That I would talk, I would talk

But even if the stars and moon collide
I never want you back into my life
You can take your words and all your lies
Oh oh oh I really don't care...

Gritamos feitos dois retardados . Não se sabia quem era o pior, se era eu ou ele!

Depois de engasgar e tossir feitos doidos e desesperados. Math estacionou na frente o prédio, e se virou pra mim.

–Você disse que seu dia foi ruim.- fiz que sim- e a noite?

–Foi maravilhosa. Sua companhia SEMPRE é maravilhosa!

–É uma das qualidades que eu tenho.- sorri revirando os olhos.- Mas sabe o que faria melhor?- ele pegou a minha mão, e fez cara de cachorro pidão,o fazendo mais fofo.- Você aceitar ficar lá em casa!

–Math!

–Ah, qual é princesa!- ele soltou a minha mão- O que tenho que fazer pra você ficar? Cortar os pulsos? Não seria a primeira vez!

O olhei indiferente por um tempo.

–Math para de drama! Eu só vou pra NY .A gente ainda vai se falar!

–Talvez não. - ele juntou os dois dedos indicadores, e virou a cara se fazendo de magoado - Corta aqui!

–Para com isso!- abaixei suas mãos.Sorri e ele voltou ao normal.

–Princesa, meus pais viajaram, e eu estou sozinho naquela casa grande! Você sabe que não gosto de ficar sozinho! E aliás você prefere ficar aqui, em Miami.- suplicava- Não me faça ir até o aeroporto lhe buscar!

Suspirei

–Está bem Math, eu fico.- ele me deu um beijo.

–Fique pronta cedo, que venho lhe pegar pra a gente ir.- Fiz sim com a cabeça. Me despedi e sai.

Ele me mandou um beijo de longe, e foi embora, ouvindo e cantando nas alturas Demi Lovato

But even if the stars and moon collide
I never want you back into my life
You can take your words and all your lies
Oh oh oh I really don't care

Even if the stars and moon collide
I never want you back into my life
You can take your words and all your lies
Oh oh oh I really don't care
Oh oh oh I really don't care