Pov Malu

–Você o que?! – Exclamei rindo. Estávamos na cozinha. Ouvir aquilo me deu uma alegria, e surrealismo.

–Fala baixo! Eu não quero anunciar a Miami. – Bobo tentava ficar calmo pra explicar o que tinha acontecido. Ele estava vermelho e suando muito! – Eu fui dá um beijo de boa noite na bochecha dela, então...

–Então você achou melhor dá um beijo na boca dela?!

–Não! Ela que virou o rosto e eu acabei dando um selinho. – Quando terminou de justificar, explodi na gargalhada. –Isso não é piada! O negocio é sério.

–Não tem como não rir! – Falei me acalmando. – Uma hora vocês querem se matar, na outra vocês estão se beijando! – Respirei fundo e sentei em um banquinho do balcão da cozinha. – Isso é muito estranho. E depois?

– Como assim, depois?

–O que aconteceu depois?

–Nada. Eu só, fui embora.

–Nossa. Deve ter ficado um clima estranho. Como foi a cara dela, depois de você tê-la beijado.

–Ela ficou espantada, como eu! – Ele sentou ao meu lado, passando as suas mãos pelos cabelos, suspirou.

–Ela ficou espantada por você ter beijado ela, ou por você ter beijado mal? – Ele me olhou sério, e eu passei a rir novamente.

–Olha, não tem nenhum pingo de graça no que ta acontecendo aqui. E eu não beijo mal!

–Também, não tem como dá um selinho ruim. Olha, só foi um selinho, selinho não é nada demais... mas pensando bem, um selinho até pode valer algo, vindo de vocês!

–Você não tá ajudando!!

Passos veio da escada, e imediatamente Bobo se levantou. Andou em uma velocidade suficiente pra não deixar rastros até as escadas. Segundos depois, Ally apareceu com óculos na cara. Sorri e me aproximei dela na mesa.

–Então... como você está?

–Com dor de cabeça. E você?

–Curiosa. – Ela estreitou a testa, e fez um sinal para eu continuar. – Como você dormiu? Tem algo pra me contar? – Ela continuou a me olhar estranha. – Há, Bobo já me contou o que aconteceu com vocês ontem a noite.

–Então não foi um sonho?! – Voltei a sorrir – Eu não acredito que realmente aconteceu! Por que isso aconteceu?

–Eu fiz a mesma cara que você fez agora! Bem, se quer saber mais, vai ter que conversar com o Bobo, eu tenho que ir, preciso ir pro ensaio.

–Você vai me deixar sozinha com ele?!

–E qual é o problema? – Ela me olhou como se quisesse pedir socorro. – Vai ficar tudo bem, ele ta muito nervoso, envergonhado e tímido pra fazer qualquer coisa. - Sorri. - Volto em algumas horas!

Na porta da sala do professor Guilherme, Melissa estava em pé roendo as unhas. Sua postura estava curvada, enquanto batia os seus pés. A cada minuto Melissa olhava pela porta do professor, e voltava a sua atenção para as unhas. Tentei passar por ela, sem ela me notar, mas o plano foi fracassado.

–Malu eu preciso que faça um favor pra mim! – Se aproximou me lançando um sorriso. – Quero que, na verdade preciso, que você troque de par comigo.

–Não! – Respondi de imediato. – O seu par, é desagradável... E eu sei que você sabe disso! – A interrompi. – Miguel é meu par, e isso não vai mudar! – Sai dando as costas.

Cheguei na sala de ensaio, joguei minhas coisas no banco, e em poucos segundos Guilherme chegou acompanhado de Melissa, que cotia um sorriso na cara. Ela andou em minha direção, e parou ao meu lado. Me deu um sorriso, e virou pra frente.

–O que você fez? – perguntei rangendo os dentes. Ela suspirou dando mais um sorriso de lado.

–Bem, queria dizer que eu estou muito feliz pelo desempenho de vocês nesses últimos dias. – Começou Gui. – Mas mudando um pouco de assunto... Vamos ter mudanças. Miguel e Ivan, vocês irão trocar de parceiras. Ivan sua nova parceira será Malu, e claro, Guilherme a sua será Melissa.

Eu queria voar no pescoço da Melissa, que tipo de amiga é essa? Olhei para Guilherme, e com o olhar pedi pra ele não cometer esse erro. Mas ele apenas pediu desculpas. Malu virou pra mim.

–Malu, eu sei que você quer me matar. Mas entenda, eu não suporto ele! Ele é muito metido!

Eu poderia dizer “E você achou melhor jogar ele pra mim?! Sua maluca! Você sabe o quanto eu não suporto ele! Eu passei duas horas no telefone com você só dizendo o quanto ele é chato, e você vem, ainda na cara de pau, me dizer que não iria suportar ficar mais um dia com ele?! Já era a nossa amizade!”

Mas eu achei melhor dizer:

–Eu entendo. – Me virei e andei até o garoto de olhos claros.

Não posso mentir, ele dançava muito bem. Ele sabia para onde olhar, e como olhar. Na verdade eu diria que dançar com ele é mais divertido, do que dançar com Miguel. O único erro era que, ele era MUITO esnobe.

Mas quando eu achava que gostar de dançar com Ivan era estranho, uma coisa simples como entrar em casa, mudou tudo.

–Eu entrei na casa errada?