I Wouldn't mind escrita por Tobi4s


Capítulo 1
Carefully we're placed for our destiny




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/519940/chapter/1

Acordo com o meu pai gritando do outro lado da porta.

—Não se lamente depois de perder as panquecas! —Ele berra.

Não sei o que é pior: Ter que disputar panquecas com as minhas irmãs ou lembrar que hoje é o primeiro dia de aula. Adicionando mais um tópico na lista, medo por saber o que me aguarda. Não que eu esteja prevendo uma calamidade, mas eu odeio ter que pensar em qualquer coisa que possa acontecer hoje.

Inerte em pensamentos abro os olhos com meu pai gritando do andar de baixo.

—Tobias! —E essa é a minha nova vida.

Minha família mudou-se há uma semana para Saint Louis, Missouri, quer dizer voltar. Depois do sétimo ano, meu pai recebeu uma proposta de trabalho na Europa e toda minha família mudou-se para lá. No primeiro momento, eu odiei ter que deixar aquela vida, mas agora, eu preferia estar na Europa, com os meus amigos ao invés de voltar pra esse buraco do esquecimento. Eu não queria lembrar os motivos que me fizeram querer ficar aqui e também não queria lembrar do motivo para o qual eu não queria sair da Europa. Era um simples e curto nome. Miranda.

Quando eu soube que teria que ir embora, eu apelei aos Deuses gregos para que minha família ficasse. Eu não queria perder Miranda, minha melhor amiga desde o quinto ano e a garota que me zoava mais do que alguém já me zoou na vida. Mas no final eu me mudei e ela nunca respondeu meus Email ou entrou em contato. Não sei o motivo, mas lembro que isso foi uma das piores coisas que me aconteceram na época.

◄►

Depois de tomar banho e descer para tomar café da manhã, volto para meu quarto. Ainda tenho tempo para me arrumar antes que meu pai grite avisando que já estamos indo.

Visto uma camiseta preta com a seguinte frase: Forever is a long time e uma calça jeans preta.

Admito: Estou com medo e raiva por estar de volta. O garoto que mal tinha amigos e era tão estúpido a ponto de pedir aos pais da melhor amiga para deixa lá ir para a Europa. Sim, eu fiz isso e depois sai correndo chorando, enquanto os pais de Miranda se acabavam de rir e ela segurava o riso. Foi a última vez que a vi. A três anos atrás. Ela teria a chance de me ver no dia que eu viajasse, mas resolvi ir no primeiro voo do dia seguinte com o meu pai, enquanto minha mãe resolvia problemas de mudança.

Será que ela ainda se lembrava de mim? Por que ela não respondeu meus Emails ou aceitou minha solicitação de amizade no facebook?

—Tobias, Vamos! —Minha irmã caçula, Brendan, berrou do andar de baixo.

E o primeiro dia no inferno começa...

◄►

Quando chego na Metro Academic, o pior colégio da face da terra, sigo para a secretaria para entregar alguns documentos de transferência e pegar os horários das aulas. Minha primeira aula é física. Sigo para a classe esperando ver Miranda a qualquer momento. Mas não a vejo.

Será que ela ainda estudava ali?

A primeira aula passa rapidamente, a segunda passa tão devagar que eu acho que o tempo foi congelado. Primeiro dia de aula sempre é assim. Professores se apresentando e falando coisas que eu não queria saber. E a manhã passa num flash de lenteza. Não reconheço ninguém a não ser Nic, o garoto que me batia quase todos os dias quando eu saia da escola. Ele estava muito diferente... Com mais espinhas na cara e com certeza mais idiota do que a três anos atrás.

Na hora do almoço, procuro reconhecer Miranda, mas não tenho sucesso. Nada de Miranda.

◄►

É quase 16:00 quando o ônibus me deixa na porta de casa. Era pra mim ter chegado mais tarde, mas o professor de educação física havia faltado.

Vejo o carro de meu pai na garagem e subo com esperança de vê-lo fazendo as malas e dizendo “Vamos voltar para a Europa” (Eu e os meus pensamentos idiotas), mas não vejo ninguém quando entro em casa.

Subo para meu quarto, troco de roupa e volto para o andar de baixo quando escuto um grito e um som de algo sendo quebrado.

O som vinha do escritório de minha mãe. A porta estava fechada, mas consigo escutar as vozes.

—Você não pode! —Berrou uma mulher. Frações de segundos depois reconheço a voz. Era minha mãe. —Ele nunca poderá saber!

—Eu não acredito que isso está acontecendo. —Disse uma voz masculina. Era meu pai. —Você acha que um dia ele não irá descobrir? De um jeito ou de outro?!

—Isso não muda nada!

—Você está certa. Não muda pra mim. Não vai mudar pra você.

—Não conte pra ele. —Minha mãe disse.

—Eu não vou. Você vai.

Ouço passos e me escondo na parede que separa a sala de jantas e o corredor do escritório. A porta range e meu pai sai do recinto.

De que diabos eles estavam falando?

◄►

Depois da discussão, meu pai sai em alta velocidade no carro. Saí antes que minha mãe percebesse que eu havia chegado. Não sei para onde eu iria, mas ficar ali não era opção.

Minha cabeça girava a cada momento que eu dizia em pensamentos “Não conte pra ele”. Contar o quê? Seria algo me envolvendo?

Ando o quarteirão inteiro pensando no que fazer em seguida, quando vejo o que realmente não esperava.

Lá estava ela com seus cabelos ruivos balançando ao vento enquanto ela andava de skate. Foi nesse instante que uma lembrança veio em minha mente.

FLASHBACK ON

Era um sábado ensolarado e Miranda andava de skate enquanto eu a olhava.

—Vem! —Ela me dizia.

—Não, eu não consigo! —Respondi.

—Que tipo de garoto não sabe andar de skate?

—O tipo de garotos que não... Sabem?

Ela sorri e eu sorrio também.

FLASHBACK OFF

Ela não havia mudado praticamente nada. Continuava pequena. Inerte a discussão de meus pais, relembro cada momento que passei com ela, de como ela era única que me zoava e eu não ligava, de como ela era simplesmente... Ela.

Por mais que eu ainda quisesse saber o motivo pelo qual perdemos contato, é como se eu tivesse a visto ontem. Por um instante, sorrio enquanto a vejo andar de skate e esqueço por um segundo de tudo.

Que tipo de garoto não sabe andar de skate?”. Eu. Não sabia. Não sei. A única coisa que sei nesse momento é que eu nunca a esqueci, eu ainda a amava. Por mais que ficássemos longe, eu nunca a esqueceria.

Caminho em direção a ela com um certo medo da reação da mesma. Estou me aproximando quando vejo um garoto perto dela andando de skate e o sorriso implantado em meu rosto acaba nesse exato momento.

Nic.

Agora eu sei o porquê de não saber o que aconteceria comigo hoje. Eu não me importaria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Wouldn't mind" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.