Oregon, 2010

Eles haviam chegado na porta de Castiel, ou Emmanuel, como ele era chamado agora, haviam alguns minutos, mas nenhum deles se atreveu a sair dos carros, Elizabeth suspirou tentando juntar coragem, mas o que finalmente a levou a se mover foi Dean, que disse:

–Pronta garota? Não vai ser uma viagem fácil – Estendendo o braço para apertar o ombro de Elizabeth o Winchester mais velho deu um leve sorriso de encorajamento, por mais que ele fosse contra a coisa toda.

Elizabeth respirou fundo e colocou um sorriso hesitante no rosto, tentando soar o mais firme possível, ela não tinha certeza de que queria fazer isso, mas precisava de respostas se queria achar o Doutor, e não acha-lo estava fora de cogitação.

– Nah, vai ser tranquilo... – respondeu finalmente soando mais firme do que realmente se sentia, tentando ao máximo adicionar um tom displicente na voz ela tocou a mão do amigo em seu ombro – Eu tenho três caçadores e uma ruiva maluca comigo... – Ela fez uma pausa, fingindo refletir, e deu um sorriso maroto ao dizer - Pensando bem, vai ser insano.

Ela abriu a porta num rompante, antes que a coragem que o riso de Dean a havia dado se esvaísse e ela desistisse.

Ela piscou pra Dean, que havia saído do carro também e a agora a encarava. Esperaram os outros se juntarem a eles na frente do Impala antes de seguirem juntos para a porta da casa estilo colonial relembrando os acontecimentos d algumas horas mais cedo;

***

Algumas horas mais cedo

– Ok.... – Dean falou com um olhar confuso antes de virar a chave e desligar o carro – Acho que falo por todo mundo aqui quando digo: que porra...?

Elizabeth olhou ao redor meio aérea ao que os outros deveriam ter pensado e viu os rostos extremamente confusos, ela finalmente entendeu, e riu... Ela riu muito alto, percebendo o qual ruim sua fala havia soado, e como aqueles três a deveriam ter interpretado. Passou uns bons minutos nesse estado, tendo um ataque de risos, enquanto os seus amigos rapidamente mudavam as expressões de confusas para raivosas. A Guardiã percebeu, após alguns segundos tentando se controlar, pela face de Claire que se ela não explicasse a situação logo provavelmente não precisaria esperar chegar a Oregon para morrer de tanto que a Bass iria espanca-la.

Então ela se centrou novamente, ainda sorrindo e secando uma lágrima no olho antes de falar:

– Desculpem, me expressei mau...

– Você acha? – Claire disse ainda a encarando com um olhar homicida, fazendo Elizabeth estender as mãos no ar em sinal de rendição antes de completar:

– O que eu quis dizer foi simples – ela se ajeitou no banco, sob o olhar descrente de Claire, não era algo que ela estava ansiosa para fazer ou conversar sobre, mas estava ciente que precisaria falar sobre isso na íntegra mais cedo ou mais tarde, então continuou – Vocês já ouviram falar de Experiência de Quase morte?

Os três a encararam com um olhar que dispensava respostas, aqueles três havia enfrentado situações como essa algumas vezes cada um, então Elizabeth prosseguiu num suspiro:

– Ok, pergunta idiota, mas enfim... Amy já sabe disso, mas um amigo meu foi raptado e todos vocês já sabem que tem alguém ameaçando as dimensões que eu tenho contato eu acredito que esses eventos não estão isolados.

– Lockdown – A ruiva no banco de trás de Sam e Claire soltou num sussurro audível com raiva, e Elizabeth assentiu e continuou:

– Eu preciso de informações, informações essas que só podem ser dadas por um ser celestial. – ela suspirou esperando a explosão dos caçadores, que não demorou a vir do Winchester a seu lado:

– Ah não Eliza, nada de anjos – Dean disse já revoltado, e um tanto receoso – Eu já estou por aqui de anjos e o Cas tava meio bruta da última vez que o vimos e não temos nem certeza de que...

– Se você me deixar terminar Winchester. – Elizabeth o interrompeu séria o discurso de Dean, precisava que ficasse claro para eles (principalmente os caçadores) o que ela ia fazer, seria imprescindível. Deu um pigarro e continuou – Meu povo tem um conceito diferente de “celestial” – ela estava pensando em um modo de explicar, sem deixar os humanos extremamente confusos, prosseguiu– Para nós seres Celestiais são aqueles que já viveram mais que uma vida de Guardião, nós cultuamos o conhecimento. – Ela respirou fundo antes de continuar - Estou ciente do estado mental de Castiel Dean, mas eu fiz uma pequena coleta de dados e creio que ele pode nos ajudar.

– Pera aí, quando? – Amélia disse confusa, ela estava presente com a Guardiã por algum tempo, e não a havia visto abrir um livro sequer.

Porém Eliza dispensou a sua pergunta com um aceno e continuou sua explicação sem se abalar:

– Eles estão sumindo, parece que alguém me queria nessa dimensão, alguém realmente queria que aqui fosse o único lugar que eu pudesse recorrer se quisesse achar respostas...

– O filho de Eldor – Amelia disse, a Guardiã já a havia falado sobre sua descoberta na dimensão dos contos de fadas.

– Sim, ou Locdown, ou pior... Seja que for é más notícias, não é qualquer um que sobrepuja um ser Celestial assim - suspirou e encarou todos intensamente – Eu estou jogando um jogo perigoso com pessoas barra-pesada, eu entendo se vocês não quiserem se meter nisso, esses caras pegaram gente poderosa como se fosse brincadeira de criança, não quero que vocês entrem nessa sem saber no que estão se metendo.

E nesse momento ela sentiu uma pancada na nuca, provavelmente não foi tão forte quanto poderia ter sido, mas Dean entregou o recado, antes de segurar a mão da mulher a seu lado dizendo:

– Estamos com você pra tudo Eliza

– Você é família – Claire disse Eliza sorriu apesar de estar esfregando a nuca discretamente.

– Mas Eliza – Sam começou hesitante – Cas não estava exatamente em juízo perfeito quando o vimos pela última vez, e como Dean estava falando não sabemos nem se está vivo.

E Elizabeth bateu a palma de sua mão na própria testa em sinal de impaciência antes de olhar o relógio e disser: - Vocês não ouviram nada do que eu disse? – Ela deu um sorriso malicioso antes de continuar – Eu fiz uma pesquisa, Castiel está muito vivo, além do mais, não vim até aqui para falar com Cas, eu procuro uma pessoa bem mais velha

E na cabeça de Dean tudo fez sentido:

–Oh, droga.

Estavam na estrada pouco depois.

***

Logo, estavam os quatro sentados na sala de Emmanuel, que os encarava como se fossem loucos após uma longa explicação de fatos:

–Não entendo o que estão pedindo de mim. – Emmanuel finalmente disse.

–Ca.. Emanuel, e preciso que você use seus poderes em mim – Elizabeth disse docemente, tentando evitar a confusão com os nomes o máximo possível.

– Eu ainda não acho isso uma boa ideia – Claire disse pela milionésima vez em duas horas, estava extremamente preocupada – O Dean poderia fazer isso facilmente, ele já fez antes Eliza, você não precisa fazer... isso.

Antes que Dean pudesse abrir a boca para concordar, Eliza o interrompeu, ainda com um sorriso doce voltado para Emmanuel, para que ele também entendesse:

–Não, eu já disse, precisa ser eu, é muito delicado – ela suspirou e finalmente tirou seus olhos do anjo a sua frente para se voltar para Claire a seu lado tentando faze-la ver - Ele nunca responderia às perguntas a Dean.

Antes que uma discussão eclodisse em sua sala de estar – pela quarta vez desde que o estranho grupo apareceu em sua porta – Emanuel falou:

– Não sei se você entende o que está pedindo garota, eu... Nunca usei meus poderes dessa forma, eu tenho ajudado pessoas, nunca fiz algo assim, e... – Ele deixou a frase no ar negando levemente com a cabeça.

– Você fez sim – Elizabeth, falou mais uma vez em um tom doce e tocou a mão de seu amigo levemente por cima da mesa de centro – Você não se lembra Ca... Emmanuel, mas você já salvou minha vida, algumas vezes, e eu preciso que você faça de novo.

– Isso não parece nem um pouco como salvação Elizabeth – Emannuel falou, sem parecer perceber que nenhum deles já havia falado o nome completo da Guardiã

Os outros desviavam os olhos da cena, alguns por que não concordavam com o que estava acontecendo. Mas todos por não querem intervir, a discussão que estava acontecendo não era de interesse deles, era... Intimo demais, próximo demais, não era algo para os olhos deles, aquela era uma conversa entre seres que se conheciam desde sempre, mesmo que Castiel não se lembrasse de quanto eles eram próximos.

Elizabeth mergulhou suas orbes pretas nas poças azuis de seu amigo esquecido, e falou, ignorando o nome atual de Castiel, não intencionalmente, ela nunca traria confusão a mente de seu amigo já perturbado de propósito

– Cas, eu preciso de você, é o único que pode fazer isso, eu confio que pode, mesmo sem lembrar de mim, eu me lembro de você – ela sorriu piscando por um segundo antes de mudar a língua em que falava – Você é Meu anjo da Guarda, meu Irmão.

Não foi surpresa para ninguém, a não ser talvez a Amy, que Eliza tinha capacidade de falar Enochiano, ela podia não parecer mais era muito velha, e com certeza tinha conhecimentos que os outros na sala não sonhavam em alcançar.

–Boa coisa que você confie em mim Elizabeth, por que eu não estou certo de que eu confio– Emmanuel parecia confuso, bem, mais confuso, mas respondeu da mesma maneira, e Elizabeth sorriu sabia que a batalha estava ganha – Me dê um minuto – ele disse novamente na língua comum.

Ele tentou levantar mas Eliza segurou seu braço e perguntou, novamente de forma que os outros fossem entender e séria:

– Você vai fazer?

Ele suspirou, parecia ter envelhecido dez anos em uma conversa, e Dean podia jurar que viu um relance de reconhecimento nos olhos do anjo quando ele falou:

– Sim Elizabeth, eu vou parar seu coração

***

– Você tem certeza disso? – Dean falou para uma Elizabeth deitada na única cama do cômodo no qual Emmanuel tinha dirigido Elizabeth, e que Dean tinha teimosamente entrado com ela – Devem ter pelo menos 1000 outras maneiras de você fazer isso.

Elizabeth suspirou, ele estava certo, existiam outras maneiras, mas mesmo desmemoriado Cas era o único no qual ela confiava para isso:

– Nós não temos tempo para perder Dean e eu já expliquei que...

– Sim, sim eu entendo que Cas é o único com mojo o suficiente para te trazer de volta se algo der errado – Dean impediu que a Guardiã continuasse a explicação que ela já havia dado pelo menos 10 vezes desde que haviam subido para o andar de cima da casa – Droga eu só não sou muito fã da ideia da minha irmãzinha tendo um encontro com a Morte, com M maiúsculo.

– Eu sou mais velha que você – Elizabeth riu e ressaltou para o caçador, sentado na beirada da cama.

–Isso não interessa – Dean respondeu prontamente com um meio sorriso no rosto

E realmente não interessava, ele era protetor, como muitos de seus amigos, como um irmão mais velho para ela, de fato, com isso ela não ia discutir, ela apenas sorrio em confirmação.

Ele a considerava como a irmã mais nova que nunca teve, e se sentia responsável por ela quase tanto quanto se sentia por Sammy e isso, quem conhecia os irmãos sabia, era muito.

Então Emmanuel entrou no quarto, dando a deixa para Dean levantar e se aproximar da porta, num movimento lento e bem calculado o anjo chegou ao lado da cama, ele parecia hesitante no inicio, mas ao trocar um olhar com Elizabeth e outro com o Winchester sua hesitação automaticamente deu lugar a uma determinação ardente, ele não iria falhar aqueles dois, que o faziam sentir-se em casa pela primeira vez desde que bem, desde que se lembrava:

– Ok Elizabeth, você terá 10 minutos, 10 minutos como o combinado, 10 minutos e eu te trago de volta – Emmanuel disse estendendo a mão, que já emitia um brilho branco, apenas para ser parado pela voz de Dean que veio de trás:

– Opa... 10 minutos? – Dean disse se virando numa rapidez em direção a Elizabeth – Eu fiquei apagado por 2 e quase não consegui voltar.

– Minha anatomia também não é a mesma que a sua – Elizabeth disse com um sorriso travesso e uma piscadela.

– Eliza, eu não acho que...

Mas Dean foi calado com um simples olhar da Guardiã, olhar esse que o mandava uma mensagem clara: Vai dar tudo certo, ele apenas suspirou:

– Faça.

Ele sentou numa poltrona mais distante da cama enquanto o anjo desmemoriado se aproximava de sua amiga novamente, e com um toque parava seu coração.

Dean acionou o cronômetro.

Ele só esperava que valesse a pena.