Bring Me Back To Reality. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 13
Capítulo 13: Sonâmbula.


Notas iniciais do capítulo

Hey! Fui escrevendo essa capítulo com tanta concentração que nem prestei atenção que ele estava ficando grande e eu ainda não sabia o que iria acontecer. Bem, sorte que tive essa ideia agora que estava revisando e escrevi.
Preparem-se para uma nova música da Sarah, pesadelos e merda acontecendo.



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– Sarah. – Oliver disse cautelosamente e arfando. – Sarah, o que foi isso?

– Eu... – respirei fundo. - Eu vi alguém entrando no elevador. Pensei que fosse o Derek. Parecia com ele.

– Você não ouviu o porteiro me dizer que o elevador estava quebrado?

Olhei de novo para o fosso. Oliver ainda me segurava firmemente pela cintura. Não o respondi, apenas continuei olhando para o fosso até que a imagem foi ficando embaçada.

– Amore mio, você está me ouvindo? – perguntou.

Olhei para os olhos dele. Era a única parte daquela cena que não estava embaçada.

– Não prestei atenção no que o porteiro disse. Desculpa.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e me beijou.

– Está tudo bem. Só se acalme.

– Ela está bem? – ouvi alguém por trás de Oliver. Agora eu podia ver que toda a escolta que Aaron havia deixado para nos proteger e que nos seguia pra todo lugar estava ali, observando a cena de camarote.

Eu me sentia como uma aberração do show de horrores.

– Ela vai ficar bem. Vou levá-la pra dentro, tudo bem? – Oliver respondeu-os e ajudou-me a levantar. Manteve um braço envolto em minha cintura (creio que estava com medo que eu saísse correndo de novo) e me guiou até dentro de casa.

– Vou pegar um copo de água e um calmante pra você, ok?

– Tá bom.

Oliver foi até a cozinha e eu sentei no sofá, ligando a TV. Fiquei mudando de canal sem nem ao menos prestar atenção na programação. Só queria deixar a mente ocupada. Meu namorado voltou com o remédio e eu tomei. Ele foi até o quarto e voltou com Harry Potter e A Pedra Filosofal. Sorri meio forçado.

– Você acaba de trazer minha infância de volta. – eu disse.

Ele sorriu e colocou o filme. O calmante começava a fazer efeito. Deitei a cabeça em seu peito e dentro de alguns minutos senti meus olhos pesarem.

Bons sonhos, Sarah Jackman. – ouvi alguém dizer.

Não tive tempo de me assustar ou qualquer outra coisa, apenas mergulhei num sono profundo.

...

Acordei na cama e coberta por três cobertores. Oliver entrou no quarto alguns minutos depois.

– Já acordou?

Fiz que sim.

– Vamos, bella raggazza. Daqui a pouco você tem médico.

Levantei-me vagarosamente, me escorando na cabeceira da cama. Oliver foi até mim e me ajudou a levantar, me levando até o banheiro.

– Consegue tomar banho sozinha? – perguntou com um olhar preocupado.

– Consigo amor. Consigo sim.

Entrei no banheiro e tranquei a porta.

Escorei-me na porta e suspirei fechando os olhos. Abri-os novamente e olhei-me no espelho, apoiando-me na pia. Meus lábios estavam brancos e secos, eu estava pálida e minhas sardas estavam aparentes demais. Meus cabelos estavam bagunçados e havia olheiras sob meus olhos azuis safira.

– Eu parecia mais saudável na clínica. –debochei de mim mesma.

Despi-me e liguei o chuveiro, deixando a água quente cair sobre mim. Tentei cantar para me distrair.

“What about we start a war?

Put some kids in the crossed fire

And some poison in his jar

Is a good way to end the battle

But what can I do with the bodies over there?

Should I burn them out?

Should I leave them to fade away?

Anyway, the blood is in my hands

And the screams will never end

Ever, ever, ever.”

Sequei-me com a toalha e sequei o cabelo. Então lembrei.

Saí correndo do banheiro.

– Oliver! Oliver! Oliver! – eu disse pulando em cima dele.

– O que foi?! – perguntou desesperado.

– É seu aniversário, amor! – disse beijando-o.

Ele suspirou aliviado.

– Sim amore mio, é meu aniversário.

– Parabéns! Como eu pude esquecer? – abracei-o.

– Você está com coisas demais na cabeça ultimamente. Não precisa se desculpar.

Sorri.

– O que quer fazer depois que eu voltar da consulta?

Ele me olhou desentendido.

– Como assim?

– Oliver, você foi junto comigo até uma balada no meu aniversário de 18 e me deu uma safira da sua avó! Preciso fazer alguma coisa pro seu aniversário.

Ele sorriu malicioso e sussurrou no meu ouvido:

– Você sabe o que pode fazer.

Olhei-o nos olhos.

– Você só pensa nisso?!

Ele deu de ombros enquanto acariciava minhas costas, fazendo arrepios me subirem pela espinha.

– Ninguém mandou se jogar só de toalha no meu colo.

Balancei a cabeça e saí de cima dele, me virando para trocar de roupa.

– Sério amor, o que você quer? – perguntei.

– É sério, não vou conseguir pensar em nada enquanto você não estiver vestida.

Terminei de me vestir e sentei na cama para calçar o sapato.

– Pronto. Agora me dê uma resposta descente.

– Eu não gosto de sair, amore mio. Vamos ficar por aqui mesmo.

– Tudo bem. Anda. Vamos logo.

Levantei-me e esperei ele colocar uma jaqueta e pegar as chaves do carro.

Já na picape ele me disse:

– Já sei o que você pode fazer.

– O quê? – perguntei.

– Cante um pouco. Estou com saudades de te ouvir cantar.

Sorri e beijei a bochecha dele.

– Algum pedido?

Ele pensou por um momento.

– Champagne Supernova.

Pigarreei e tomei fôlego.

How many special people change? – comecei. – How many lives are living strange? Where were you while we were getting high?

Oliver parecia mais calmo do que antes e também sorria.

Terminei a música e beijei sua bochecha.

– Sua voz me acalma. – ele disse.

– Você é um fofo.

– É claro que sou. – ele disse com um sorriso torto.

– E um convencido.

– Faz parte do charme. Se eu não fosse assim você não me amaria.

Levantei as sobrancelhas.

– E quem disse que eu te amo?!

– Está na sua cara, amore mio. E no jeito que você fala e sorri. Está em basicamente tudo.

– Como na música Something’s Got A Hold On Me?

Ele riu.

– É uma boa comparativa.

Ele estacionou no consultório da psiquiatra. Suspirei. Mais medicamentos pra tomar... Mais dinheiro pra gastar... Bem, vamos lá.

Fomos até a recepção e falei que tinha horário marcado. A recepcionista ruiva que parecia detestar o que estava fazendo me mandou esperar.

Sentamos no sofá e ficamos prestando atenção na TV. O que estava passando não era nem um pouco interessante, mas era melhor do que não fazer nada.

A recepcionista que não parecia ter mais de 24 anos levantou-se e foi até a sala da psiquiatra. Voltou alguns minutos depois.

– A senhorita pode entrar. – anunciou.

Levantei-me e entrei no consultório.

Vasculhei bem o lugar com os olhos. Era bem iluminado e arrumado. O fogo crepitava na grande lareira à lenha aonde havia alguns porta-retratos. Havia papel de parede nos quatro cantos da sala, todas com o mesmo fundo branco e arabescos dourados. Um lustre de cristal médio estava pendurado no teto. As cortinas brancas e pesadas estavam abertas. A poltrona também branca e de estofado bege ficava em frente a uma mesa branca. Todos os móveis eram talhados à mão.

A doutora sorriu pra mim. Um colar de pérolas caía perfeitamente em seu colo. Senti falta da minha safira encaixando-se perfeitamente entre as minhas clavículas.

– Sente-se, Sarah. – ela disse com um sotaque inglês forte e em seguida serviu-se com chá. – Servida?

– Não obrigada.

Ela deu de ombros e bebericou um pouco da bebida, depois apoiou a xícara no pires, soltou os longos cabelos loiros do coque, ajeitou os óculos no nariz e começou.

– Então, como têm sido esses últimos tempos? Sofreu mais algum ataque daquele homem... Como ele se chama mesmo?

– Derek Acker. – respondi sentindo a raiva crescer em mim. Odiava a menção daquele nome.

– Exato. Derek. Ele tem te atormentado mais ultimamente?

– Bem, sim. – ela começou a anotar freneticamente na minha ficha que fora transferida da outra clínica. – Sofri mais alguns ataques. Não só eu como minha prima, que é a ex dele. Ele inclusive me roubou uma joia dada pelo meu namorado. Tem sido um inferno.

– Mal posso imaginar pelo o que você está passando. E além dele, há algo mais te atormentando? – ela me olhou com os olhos azuis enigmáticos. Eu sei o que ela queria dizer. Se alguma alucinação havia voltado.

– Bem, sim. As alucinações estão muito mais fortes. Algumas vezes não consigo distinguir o que é alucinação e o que é realidade.

– Uh, isso não é muito bom. Pode descrever um dos ataques?

– Eu estava andando na rua de noite. Fui comprar um café. Achei ter visto Derek dentro da cafeteria e acabei desmaiando. Quando acordei era apenas um senhor. Saí correndo da cafeteria e achei que um carro estava me seguindo. Vi Derek de novo e ele disse meu nome, então tive certeza que era ele e saí correndo. Ele me alcançou e começou a dizer para eu me acalmar, então percebi que era o meu namorado. Essa foi a primeira vez.

– E a outra? – perguntou. Ela ainda anotava de modo frenético.

– Bem, essa foi hoje. Eu pensei ter visto Derek no meu prédio e ele ia pegar o elevador então saí correndo atrás dele. Meu namorado me parou, pois não havia ninguém e o elevador não estava funcionando, então eu quase caí no fosso.

– Sarah, isso está se tornando muito sério! – ela disse assustada. – Eu não queria, mas vou ter que te passar para um remédio tarja preta. E lamento em te dizer querida, mas se você não melhorar com esse terei de pedir a sua internação novamente. Tenho que medo que você se torne perigosa para si mesma. Mas com sorte você não precisará disso.

Concordei com a cabeça.

– Não irei doutora.

Ela me olhou por meio segundo e abriu uma gaveta na mesa. Entregou-me uma caixa com um remédio.

– Tome dois comprimidos antes de dormir. Quero te ver daqui 15 dias para saber como está indo, mas se precisar vir antes pode vir, tudo bem?

– Tudo bem. Obrigada.

Levantei-me e apertei sua mão. Coloquei o remédio na bolsa e saí. Marquei a consulta com a secretária entediada e saí com Oliver.

– E então? – ele perguntou.

– Ela me passou o remédio mais forte e disse que se eu não melhorar com esse ela vai ter que me internar.

Ele me abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

– Isso não vai ser preciso, amore mio. Eu tenho certeza.

– É, eu vou conseguir. – eu disse sem convicção.

– Vai. Eu acredito em você.

Dei um meio sorriso que mais deve ter parecido com uma careta e fui até a picape. Oliver abriu a porta para que eu entrasse e eu me larguei no banco, ligando o rádio. Estava tocando Uptown Funk.

Fechei os olhos e acabei cochilando.

...

Ouvi Oliver sussurrando no meu ouvido enquanto fazia carinho no meu couro cabeludo.

– Amore mio, acorde.

Abri os olhos. Já havia escurecido e Oliver havia desligado o rádio.

– Vamos subir? – perguntou beijando o topo da minha cabeça.

Concordei com a cabeça e peguei minha bolsa. Subimos as escadas e logo após Oliver abrir a porta eu me atirei no sofá. Eu estava morrendo de sono, provavelmente ainda meio grogue por conta do calmante e também estava preocupada de ter que voltar pra clínica.

– Sarah, vem. Vou te dar o remédio e te botar na cama.

Oliver puxou-me gentilmente pelo pulso e passou o braço pelos meus ombros. Pegou meu remédio dentro da bolsa e me deu os comprimidos. Depois, mesmo com os meus protestos, pegou-me no colo e me deitou na cama, me cobrindo em seguida e deitando ao meu lado. Deitei a cabeça em seu peito e ele me abraçou.

Fechei os olhos e dormi num sono profundo.

No sonho eu havia voltado para a clínica.

Havia acordado numa maca, num dos depósitos que uma vez eu ajudara a limpar. Eu estava numa camisa de força e me debatendo para soltar. Um médico entrou no lugar e fechou a porta. A princípio não pude ver seu rosto, pois ele estava de máscara. Ele carregava uma enorme seringa. Foi quando reparei melhor em seus olhos. Eles possuíam o tom cinza dos meus pesadelos.

Derek retirou a máscara e acariciou minha bochecha.

– Agora querida, somos só você e eu...

Acordei suando frio.

Dei-me conta que Oliver não estava ao meu lado. Suspirei frustrada.

– Mas que merda! Ele não pode ficar deitado comigo quietinho?! – reclamei baixo.

Fui até a sala e encontrei Oliver tocando violoncelo. Parei à porta e fiquei observando-o. Ele estava tão concentrado que não me percebera. Dei um sorriso fraco. Ele tocava muito bem.

Ele terminou a música.

– Você fica lindo tocando. – eu disse. Ele se assustou.

– Oi. Desculpa te deixar sozinha, mas eu precisava tocar pra me distrair. Te acordei?

– Não, Ollie. Eu é que tive um pesadelo e acabei acordando.

Ele guardou o violoncelo e o arco na case e bateu ao seu lado do sofá para que eu me sentasse.

– O que você sonhou? – perguntou me abraçando.

Contei-lhe o sonho. Senti os músculos do seu braço se retesarem.

– Você está pensando demais nisso, bella raggazza.

– É claro que estou, Oliver! Um assassino que tentou nos matar está por aí e eu posso ser internada de novo! Você quer que eu fique como?! – eu disse e senti as lágrimas queimarem meus olhos. Fazia tempo que eu não chorava e estava quase explodindo.

Oliver virou-me para que eu olhasse para ele e me abraçou forte.

– Você não vai voltar pra lá, ok? Eu não vou deixar.

– Mas Oliver...

– Ei! – ele me interrompeu. – Eu não vou deixar.

Suspirei e o beijei.

– Eu te amo. – eu disse.

– Eu também te amo. E não vou te deixar sozinha. Nunca.

– Isso foi meio Every Breath You Take do The Police, sabia?

– Por favor, não me compare com essa música. Essa música é de psicopatas.

– Oliver! – dei um empurrão em seu ombro. – Eu gosto dessa música.

– Você gosta de caras doentiamente ciumentos também? Por que se você quiser eu posso me tornar um.

– Não, é claro que não.

– Ok. Vamos dormir? Temos aula amanhã.

Engoli em seco. A visão de Derek e a seringa ainda estava na minha mente.

– Prometo não te deixar sozinha. – Oliver disse como se lesse minha mente.

– Mesmo? Porque se eu acordar no meio da noite e você não estiver do meu lado eu vou te bater.

Ele deu um sorriso fraco.

– Pode me bater então. Mas não vai ser preciso. Venha.

Ele me puxou pelo pulso e fomos até o quarto.

Tentei dormir por horas, mas só conseguia ficar virando na cama.

Levantei-me para ir à sala não fazendo barulho para não acordar Oliver que dormia profundamente.

Havia alguém na cozinha.

– É real dessa vez, Sarah. – ouvi sua voz grave dizer.

– Não, não é! Você não vai me pegar dessa vez!

Peguei uma faca do faqueiro.

– Eu só estou sonhando, e assim que eu abrir um corte vou acordar... – eu disse passando a faca levemente pelo meu pulso.

O sangue escorreu para fora do corte e pingou no chão. Arquejei assustada e levantei os olhos.

Eu estava sozinha na cozinha e acho que o corte fora um pouco fundo demais.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem, espero que tenham gostado e por favor, se alguém está lendo, comenta aí!
Tchau, Beijão.