Bring Me Back To Reality. escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 12
Capítulo 12: Cuidado Com o Que Você Vê.


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei um pouco, mas semana de provas, sou atrapalhada pra escrever, enfim. Esperoque gostem.



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Estacionei no gramado da casa. Olhei para Oliver.

– E então? Como fui? – perguntei.

– Tente não ir tão rápido da próxima vez. Isso aqui é velho e tenho medo que você fure o escapamento. Mas foi bem.

Sorri.

– Vamos entrar? – perguntei.

– Ok.

Saímos e pegamos nossas malas.

– Oliver! – pude ouvir a senhora Elizabeth exclamar com seu sotaque italiano.

A senhora chegou mais perto e abraçou o neto como se não o visse há anos. Depois ela me viu e abriu o maior sorriso que já vi e compartilhou o abraço apertado comigo. Ela cheirava à tempero.

– Senti tanta falta de vocês. – ela disse.

– La bênção nona. – Oliver pediu a bênção com o sotaque mais forte do que eu já o ouvira dizer, beijando as mãos da avó.

– Dio te abençoe, figlio.

– Onde está o nono?

– Está lá dentro.

Ela nos acompanhou até dentro da casa e Oliver fez questão de levar minha mala.

O senhor Peter estava sentado assistindo a um jogo do Chicago Bulls e não nos percebeu lá.

– Peter, seu neto e a mulher dele estão aqui.

Arqueei a sobrancelha.

– Mulher? – sussurrei para Oliver. – Nos casamos e não fiquei sabendo?

– Estamos morando juntos. Para eles é como se estivéssemos casados. – ele sussurrou em resposta.

O avô de Oliver nos olhou. Sorri e disse um oi. Ele abriu um sorriso largo e nos abraçou ao mesmo tempo.

– Estávamos com saudades de vocês! Como vocês estão?

– Estamos bem. – Oliver respondeu e pediu a bênção em italiano para o avô assim como tinha pedido à Elizabeth.

Maria apareceu na sala e abraçamos ela também.

– Venha. – Maria disse. – Vou levá-los até o quarto de vocês.

A seguimos pelas escadas a cima e ela nos levou até um quarto que eu não havia visto ainda. Era no fundo do corredor. O quarto era inteiramente branco e bem iluminado. A janela dava vista à floresta de trás da casa. Havia uma enorme cama de casal também e um banheiro.

– Fiquem à vontade. – Maria disse e saiu fechando a porta.

– Espera um minuto. – eu disse. – Isso é uma carta branca para fazermos o que quisermos aqui?

– Como eu disse, eles acham que estamos casados. Não duvido que haja camisinhas na escrivaninha.

– Oliver!

– O quê?! Não pedi que eles fizessem isso. Eles apenas fizeram.

– Não acha que vamos usá-las aqui, não é?

– Qual é o problema, amore mio? – ele chegou mais perto de mim e beijou meu ombro.

– Oliver seus avós moram aqui!

– Eles não precisam nos ouvir...

– Oliver, para!

Ele me soltou com um suspiro.

– Tudo bem. Lembra que eu te disse que seria bom você começar algum tipo de luta pra autodefesa? – perguntou.

– Sim.

– Quer que eu te ensine agora?

– Você vai me ensinar?

– Fiz muay thai desde os oito anos, amore mio. Sei como funciona.

– Você não vai me bater, vai?

– Sarah! Por que eu faria isso? Eu vou te ensinar a bater, não te machucar.

– Tá bom. Seja delicado.

Ele levantou a sobrancelha.

– Você está pedindo á um lutador para ser delicado?

– Você não é só um lutador. É um poeta, lembra?

– Não posso ser delicado enquanto luto, bella raggazza. Mas vou tentar.

– Ok.

– Ok. Devolva minha camisa e coloque uma roupa que você possa suar. E prenda seu cabelo.

– Ok, mestre... – eu disse começando a desabotoar a camisa lentamente. Oliver me olhou por um momento e suspirou impaciente.

– Vem aqui. – ele disse.

Ele simplesmente colocou os dedos entre os botões e abriu todos num movimento rápido, não me permitindo entender como ele fizera aquilo.

– Como você fez isso? – perguntei.

– Prática. E o fecho desse sutiã vai te machucar.

– Como você pode saber?

– É na frente. Quando você for fazer abdominal ou se abaixar na corrida ele vai machucar seu tórax.

– Então o que você sugere que eu vista?

– Por mim? Nada. Mas como você é uma moça de família use um top.

– Tudo bem.

Troquei de roupa e ele também, colocando uma calça de moletom cinza e uma regata branca.

Descemos as escadas e avisamos os avós de Oliver que estaríamos na garagem. Oliver pegou um pouco de água e fomos até a academia improvisada.

Ele acendeu as luzes, que iluminaram o saco de areia, os pneus, as cordas e a barra fixa em que Oliver fazia flexões.

– Pegue uma corda e pule vinte vezes seguidas. – Oliver disse. – Você sabe pular corda, não é?

– Ei! Eu tive uma infância, ok?! – eu disse escolhendo uma corda.

– Tudo bem, amore mio. Escolha uma corda que tenha duas vezes o seu tamanho.

– Ok treinador. – murmurei pegando uma corda e começando a saltar. Oliver me observava.

– Não vai treinar também? – perguntei.

– Depois. Quando você estiver cansada.

– Não quer que eu te atrapalhe, não é?

– Não é isso. É que vou te ajudar depois e vou ter que interromper. E se concentre. Você está perdendo a conta.

– Não estou não.

– É a vigésima quinta vez que você pula. Te pedi pra pular vinte.

Parei a corda e descansei. Eu já começava a suar e já estava arfando.

– Posso beber água? – pedi apoiando as mãos nos joelhos.

– Ainda não. Quando você acabar as cinco séries você bebe.

– Cinco séries?!

– Sim. Cinco. É pra aquecer.

– Você é ótimo como namorado, marido, sei lá, mas como treinador você é péssimo, sabia?!

– É porque você não conhecia o meu mestre. E pare de reclamar. Vai, de novo, vinte seguidas.

– Ollie!

– Vai! – ele bateu palmas para que eu me apressasse.

Suspirei e comecei a pular de novo.

– Para. – ele disse.

– O que foi?! – perguntei já impaciente.

– Você está respirando errado.

– Caramba! Uma das únicas certezas que eu tinha é que eu sabia respirar e agora você vem me falando isso?!

Ele deu uma risada fraca e chegou mais perto de mim.

– É que você precisa inspirar profundamente e expirar pela boca, se não você acaba ficando cansada mais rápido. Faça assim: quando você pular você inspira e quando você voltar ao chão você expira. E encha o diafragma mexendo a barriga, não o peito. Entendeu? – ele olhava para mim esperando que eu entendesse. Tentei repassar o que ele me disse: pulo e inspiro; volto ao chão e expiro. Encha o diafragma mexendo a barriga, não o peito.

– Ok. – eu disse.

– Tudo bem. Vai, pule.

Pulei as vinte seguidas. E pulei por mais três vezes. Quando terminei a última série larguei a corda no chão e me escorei na parede.

– Agora entendo como você come tanto e continua magro. – eu disse.

Oliver apareceu por trás de mim e me estendeu a garrafa com água. Bebi metade de uma vez, molhando junto meu colo e um pouco do chão.

– Ei, guarde um pouco. Você ainda tem mais um longo treino pela frente.

– Ok. Mas você não vai me pendurar naquela barra igual você faz, não é?

– Não! Você não tem força o suficiente pra sustentar seu próprio peso. Isso você só irá conseguir fazer daqui um ano talvez.

– Ok. Agora, o que mais quer que eu faça?

– Espere aí.

Ele saiu e aproveitei para me sentar no chão (ou na lona). Observei melhor o lugar e pensei em quanto tempo Oliver já havia ficado trancado numa academia como essa pra não ter que voltar pra casa.

Oliver voltou com um par de luvas de boxe pretas. Olhei-o por um momento.

– Você disse que não iria me bater. – eu disse.

– Na verdade, é você que vai me bater.

– O quê?

– Levante-se.

O obedeci.

– As luvas não estão suadas, ok? – ele disse colocando as luvas em minhas mãos e prendendo-as firmemente nos meus pulsos.

– O que você quer que eu faça? – perguntei.

Ele colocou uma luva estranha tomou distância e esticou o braço para mim.

– Soque a luva. – disse.

Soquei.

– Esse se chama “jab”. Agora soque impulsionando um pouco seu corpo para frente.

O fiz.

– Esse se chama direto. – ele virou a luva para baixo. – Agora soque de baixo para cima mantendo o cotovelo perto do quadril.

Fiz isso e o soco saiu mais forte.

– Esse é o gancho. – ele virou a mão de novo. – Soque.

Soquei tendo de cruzar o braço.

– Esse se chama cruzado. Conseguiu entender? – perguntou.

Assenti com a cabeça.

– Ok. Agora vou dizer o nome dos golpes e você vai bater o jab, o direto e o gancho com a mão direita e o cruzado com a mão esquerda.

– Tudo bem.

– Ok. Vai. Jab, direto, direto, gancho, cruzado. – soquei. Aquilo cansava. – Mais rápido Sarah. Vai!

Não sei quantas vezes fizemos aquilo, só sei que no final eu estava cansada e me joguei na lona.

– Tem o braço esquerdo ainda, amore mio.

Suspirei. Eu estava completamente suada e sentia meu rosto quente. Podia sentir meu coração batendo no peito.

– Quando o treino termina? – perguntei.

– É só mais essa série e depois alguns abdominais, tudo bem?

– Tá bom.

...

Quando terminamos eu sentia que teria de ser arrastada até o quarto por um guindaste. Oliver não perdoava nada e se eu parava no meio do exercício ele me fazia começar tudo de novo. Bebi o resto da água e não deixei uma gota para Oliver. Fiquei sentada na lona relaxando os músculos das pernas.

Foi quando Oliver tirou a camisa e foi até a barra fixa.

Observei os músculos de seus braços e de seu abdômen se retesarem e do nada ele mover a barra para o suporte de cima. Fez isso de novo. E de novo. E de novo. Então se atirou lá de cima e caiu de pé no chão.

Foi até mim e me beijou.

– Ollie, faz um favor?

– Qualquer coisa.

– Quando for me treinar, não tire a camisa.

Franziu o cenho.

– Por quê?

– Você distrai demais. – respondi acariciando seu abdômen e o olhando maliciosa. Ele sorriu torto.

– Então só vou te treinar sem camisa a partir de agora.

Deitou por cima de mim e mordeu meu lábio inferior, me provocando. Soltou meu cabelo do rabo de cavalo e tirou minha camiseta, deixando-me com o top. A garagem/academia estava fechada, então o vento não nos alcançaria. E ninguém iria nos atrapalhar.

Mordeu minha bochecha e foi descendo pelo meu queixo, meu pescoço, minhas clavículas, o colo dos meus seios e os meus quadris.

Passamos um bom tempo extra na academia.

...

Entramos na casa quando já tinha escurecido. Maria estava na cozinha, mas os avós de Oliver não estavam em lugar nenhum.

– Maria, onde estão meus avós? – Oliver perguntou.

– Eles já foram dormir. Já são 21h00min.

– Já?!

– Vocês gastaram bastante tempo naquela academia. Vão tomar banho logo pra jantarem, vão.

Subimos para o quarto. A luz do luar iluminava a cama com alguns feixes que escapavam por entre as árvores e adentravam pela janela aberta. Estava ventando bastante e as cortinas brancas chegavam ao teto com a ventania. Meus braços se arrepiaram e Oliver estremeceu, pois estava sem camisa. Observei-o ir até a janela e baixar o vidro. Ele olhou para a floresta por um momento e depois se virou.

– Pode ir tomar banho primeiro se quiser.

– Tudo bem... – eu disse pegando minha toalha na mala e indo até o banheiro.

Enquanto estava no banheiro ouvi o toque do meu celular no quarto. O barulho parou e ouvi Oliver atendendo.

– Alô? Ah, olá sra. Jackman.

Merda! Por que diabos minha mãe está me ligando a essa hora?! – pensei.

– Bem, estamos na casa de campo dos meus avós. Perdão, ela não pode atender no momento, ela está no banho. Quer deixar um recado? Tudo bem, tchau.

Saí do banheiro enrolada na toalha e olhei para o meu namorado.

– O que a minha mãe queria? – perguntei secando o cabelo.

– Ela disse que passou lá em casa e nós não estávamos lá então ela ligou pra perguntar onde estamos.

– E por que ela se importa?

– Ela é a sua mãe?

– Você tem um currículo mais extenso que o meu com pais que não se importam. Deveria saber que isso não é típico da minha mãe.

– Talvez ela queira fazer as pazes.

Ri sem graça.

– Oliver, é da minha mãe que estamos falando. Aquela que desistiu de mim quando eu tentei me matar de novo e não fala comigo direito desde então.

– Tudo bem, já entendi. Essa ligação não foi normal. Mas o que você acha que ela quer então?

Guardei o secador e me vesti.

– Não sei. Talvez ela só queira me encher o saco. Enfim, por que você não vai tomar um banho pra gente jantar?

– Ok. Não vou demorar. – me beijou empurrando meu corpo para trás e forçando a parte de trás dos meus joelhos contra a cama, fazendo-me cair nela. Ele esticou o braço e pegou a toalha, indo até o banheiro.

Sentei-me no colchão e suspirei. Levantei-me e fui até a janela para observar o céu. Inúmeras estrelas pontilhavam o céu escuro e a luz da lua cheia adentrava pelo vidro. Podia ver as sombras das árvores balançando ao vento e só conseguia pensar na cachoeira em meio àquelas árvores. E em como aquele matagal deveria estar parecendo perturbador agora.

Suspirei fechando os olhos e quando os abri novamente havia algo mais na escuridão. Uma sombra a mais.

Prendi a respiração e caminhei para trás, quase tropeçando nos meus próprios pés.

Bati na porta do banheiro desesperada.

– Oliver! Oliver!

Ouvi o registro sendo fechado rapidamente e passos rápidos. A porta foi aberta. Oliver estava todo molhado e segurando a toalha na cintura.

– O que aconteceu Sarah?! – perguntou desesperado.

– Tem alguém lá fora! – eu disse arfando. Sentia minhas mãos suarem e tremerem.

– O quê?! – ele passou por mim e foi até a janela, escancarando-a e colocando a cabeça pra fora para poder enxergar melhor.

– Sarah. – ele disse.

– Sim? – fui até ele colocando a mão em seu ombro.

– Não há nada lá fora.

Cerrei a mandíbula e tentei controlar a respiração.

– Se-será que e-ele se escondeu no meio das árvores? – gaguejei.

– Não sei. Vamos trancar a porta e torcer pra que nada aconteça, ok? – pôs as mãos grandes e quentes nos meus ombros e beijou minha testa.

– Ok. Vamos jantar logo.

– Acho que não posso ir todo molhado e de toalha, não é?

Olhei-o de cima a baixo e dei um sorriso torto.

– Infelizmente não. Vai, coloque algo logo. – eu disse beijando-o e desamarrando sua toalha, que caiu no chão.

Ele sorriu malicioso e mordeu meu lábio, depois vestiu uma cueca e um moletom que ele havia trago na mala.

Descemos até à cozinha e notamos que Maria já havia ido dormir também. Já era 22h00min.

Servimos-nos com a sopa fazendo o mínimo de barulho e comemos em silêncio. Lavamos nossos pratos e checamos se as portas estavam bem trancadas. Também ligamos o alarme e olhamos pela janela para ver se não havia ninguém por perto.

Quase não dormi naquela noite.

...

Fomos embora depois do almoço por causa do meu psiquiatra às 16h00min. Coloquei o Black Album do Metallica e fomos cantando.

Quando chegamos à portaria o porteiro disse algo a Oliver que eu não havia escutado, mas nem prestei atenção.

Entramos em casa e fui fechar a porta quando vi algo passando. Estranhei. Olhei de novo e um homem estava entrando no elevador.

Derek.

Saí correndo até o elevador. Ouvia alguns sussurros desconexos ao meu redor, mas eu não me importava. Derek iria fugir de novo.

Fui até o elevador e quando estava prestes a entrar senti Oliver me puxando pela cintura e me fazendo cair no chão.

Olhei para baixo e percebi que o elevador não estava no andar.

Eu quase havia caído no fosso do elevador e não havia ninguém por perto a não ser por Oliver.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Espero que sim! Comentem por favor pois sinto que estou escrevendo pra ninguém. Apareçam, fantasmas!
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Assistam ao trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Mccyksp-hug&feature=youtu.be