As Histórias de Bella Swan - ShortFic escrita por Paola_B_B


Capítulo 3
Bella a cobaia


Notas iniciais do capítulo

Novo cap na área :D Desculpem a demora, minhas férias acabaram e meu tempo encurtou para escrever ^^ O cap está focado mais no drama do que no humor, espero que gostem!



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Bella a cobaia

Em frente ao espelho eu observava o meu reflexo, passei meus dedos lentamente pelo contorno dos meus olhos descendo para o meu pescoço. Então olhei diretamente para as minhas mãos.

Era tolice me preocupar com isso, mas eu não podia evitar perguntar o porquê.

Lembrando-me dos acontecimentos de ontem, durante o baile dos ex-alunos de Hogwarts, eu me sentia estranha. Não que eu ligasse para o que os outros pensassem ou falassem, eram apenas invejosos que desejavam ter a minha sorte. Mas... Será mesmo que era uma sorte? Poderia ser alguma maldição, alguma doença.

Procurei em diversos livros medicinais qualquer indicio que explicasse a minha anomalia.

Você deve ser a filha da Bella Swan! Uau! Você é igualzinha a ela quando tinha esta idade! – imitei em um resmungo a voz irritante de Morgana Alberic.

Foi deveras interessante quando lhe disse que era eu mesma ali em sua frente e não uma suposta filha. Ela não conseguiu esconder a inveja.

Alguma poção da juventude queridinha?

Apenas boa genética. – respondi sorrindo como se não tivesse percebido o seu veneno.

O choque ficou em seu rosto por mais alguns minutos antes dela sair fofocando para todos os lados. Irritada com tanta falação dei as costas e fui para a minha casa.

Passei a noite em claro preocupada, pela primeira vez, com minha pele perfeita. Tudo bem tê-la com 20 anos de idade, mas com 40... Era um tanto estranho.

Pesquisei por mais alguns dias, mas não encontrei absolutamente nenhuma poção da juventude que durasse tanto tempo, geralmente elas tinham que ser ingeridas periodicamente e eram extremamente perigosas. Os bruxos que as usavam, por causa da óbvia síndrome do Peter Pan, tendiam a enlouquecer ou virar pó instantaneamente quando não conseguiam ingredientes para a poção que deveria ser tomada rigorosamente no mesmo horário. Sem falar nas peculiaridades dos ingredientes que muitas vezes envolviam alguma criatura viva.

Mudei minhas fontes de livros antigos, para diários de família, entretanto não obtive nenhum sucesso já que pouquíssimas coisas de minha família sobreviveram ao ataque da estranha seita.

Cansada da minha própria pesquisa e muito incomodada com a minha situação resolvi buscar ajuda. Afinal se não havia nada mágico que me deixasse com essa aparência jovem então o problema deveria ser genético. E infelizmente eu não entendia muito de medicina bruxa.

Inocentemente marquei uma consulta com um médico que atendia em um pequeno consultório não muito distante de minha residência. Se soubesse tudo o que iria me acontecer eu nunca teria deliberadamente ido ao local.

Tudo parecia normal quando cheguei ao consultório. Havia uma jovem simpática fazendo anotações em seu pergaminho, ela ergueu os olhos para mim, sorriu e pediu que eu aguardasse por um momento. Ela caminhou saltitante para dentro da sala do médico e então me chamou para entrar.

– Como vai senhorita Swan? Eu sou o Dr. Munir. Sente-se.

Sentei-me em frente a sua escrivaninha e logo ele estava sentado em sua cadeira me olhando curiosamente.

Observei rapidamente e com completa indiferença a saleta com a maca, balança e uma estante repleta de livros.

– Então, a senhorita não quis adiantar o assunto para minha secretária. Que tipo de problema uma jovem como você poderia ter? – o sorriso galante foi assustador.

Retribui com um sorriso irônico.

– Eu tenho 40 anos e quero saber o porquê de eu não envelhecer.

Seus olhos arregalaram-se incrédulos, então um estranho sentimento passou-se por eles. Uma vontade de sair daquela sala e esquecer-me completamente do assunto que me incomodou nos últimos dias me atingiu em cheio. Entretanto mantive-me firme. Já que eu me desloquei até o médico eu precisava sair dali pelo menos com uma resposta.

– O que disse?

– Que não envelheço há mais de 20 anos. Quero saber por quê.

– Nunca tomou nenhuma poção?

– Não.

– Tem certeza?

– Eu tenho cara de demente?!

Ele abriu e fechou sua boca visivelmente surpreso com a minha pergunta irritada.

– Er, bem... Algum sinal de que esteja rejuvenescendo?

– Isso é possível?

– É possível que não envelheça há 20 anos?

– Não, não notei nenhum sinal de rejuvenescimento.

– Na época em que tinha esta idade que aparenta, você foi atingida por algum feitiço?

– Já pensei nisso, já pesquisei sobre isso e não, nenhum feitiço.

– Foi atingida por algum feitiço desviado por um espelho?

– Não.

– Algum de seus pais também possui essa condição?

Fechei meus olhos em busca de lembranças. Meus pais eram jovem quando faleceram, mas eu não podia dizer que eles não eram jovens, mas jovens como eu...

– Lembro-me de algumas rugas neles. – dei de ombros. – Mas eles faleceram quando eu ainda era adolescente.

– Sinto muito.

– Eu também. Mas então doutor, o que eu tenho?

– Honestamente senhorita, não faço ideia. Seu caso é único. Eu nunca ouvi falar sobre algo assim. Teremos que fazer alguns exames para descobrir.

– Não obrigada.

Levantei-me seguindo para a porta.

– Espere senhorita! E se for contagioso?

Virei-me sorrindo.

– Dr. Munir, eu estou paralisada nesta idade há mais de 20 anos. Se fosse contagioso o senhor com toda a certeza saberia.

Voltei-me novamente para a porta. Foi o meu último erro, eu definitivamente não esperava pelo ataque pelas costas.

– Eu não posso deixá-la ir! Incarcerous!

Cordas enrolaram-se ao meu redor e com o impacto do feitiço fui jogada contra porta. Minha cabeça bateu com força na madeira e acabei apagando.

Quando acordei percebi que estava deitada. Sentia-me estranhamente fraca. Minha visão estava borrada e tudo o que eu enxergava era uma forte luz branca.

– Filho da p...

– Bom dia! – reconheci a voz do futuro defunto mais conhecido com Dr. Munir.

Senti algo pinicar meu braço.

– O que você está fazendo? – minha voz estava grogue e minha visão ainda não melhorara.

– Quero saber até que ponto vai a sua imortalidade.

– Imortalidade?

– É bem óbvio, não acha? – minha visão clareou e eu conseguia vê-lo dando leves batidinhas em um tubo de ensaio cheio com, pelo o que eu imaginava, meu sangue. – Você não envelhece e pelo que disse dificilmente vai envelhecer. De velheci você não morre. Agora quero saber se alguém é capaz de matá-la.

– E para isso vai me matar. – concluí ironicamente.

– Oh não minha querida. – sorriu se movimentando a minha volta.

Pelo o que eu pude perceber eu estava deitada em uma maca, mas não era o seu consultório. O lugar era claro, claro demais e cheirava a desinfetante. Minhas forças começavam a voltar, mas não eram de muita ajuda, pois meus braços e pernas estavam amarrados.

Alohomora! – para o meu desespero não funcionou.

Ele sorriu visivelmente divertido com a minha falha tentativa. Algo frio tocou minha barriga. Ergui minha cabeça até onde conseguia e percebi que um bisturi estava apoiado em minha pele completamente nua!

– SEU PERVERTIDO DE MERDA! – gritei me debatendo. – Flipendo!

O feitiço o empurrou para longe de mim. Minha irritação era tanta que o chão começou a tremer. Escutei tubos de ensaio estourando e ferro sendo retorcido.

Incarcerous! – cordas cobriram todo o meu corpo inclusive minha boca.

Idiota! Se pensa que fechar minha boca vai impedir que o enfeitice ele está muito enganado! Ele não tinha ideia de com quem havia se metido!

Ele me olhava com seus olhos ainda mais arregalados enquanto tentava se equilibrar no meio do terremoto. As amarras em meus pulso e tornozelos começavam a soltar assim como as cordas ao redor do meu corpo.

Entretanto antes que eu pudesse me soltar completamente o médico levantou-se e meteu uma seringa em meu pescoço. Apaguei novamente.

[...]

Depois do ocorrido o médico não dava mais nenhuma chance para eu lutar, me deixava tão drogada que eu mal entendia o que estava acontecendo, eu apenas sentia a dor atingir-me em cada canto do meu corpo. Às vezes eu conseguia ver o bisturi pingando sangue, às vezes eu conseguia ver o Dr. Munir sorrir de maneira doentia para mim, às vezes ele sorria de maneira frustrada. Talvez eu estivesse apenas delirando.

Não sei quanto tempo fiquei sobre intensa tortura, podem ter durado horas, dias, meses e até mesmo anos. Mas então finalmente acabou, pelo menos foi o que imaginei.

Sentindo-me exausta e fraca senti meu corpo ser içado com cuidado.

– Você está bem? – uma voz masculina soou perto do meu ouvido.

Abri meus olhos.

– Quem é você? – sussurrei, minha boca estava seca.

– Alguém que lhe tratará com mais respeito. – naquele momento percebi que meu pesadelo ainda não havia acabado.

– Por favor, me deixe ir... – choraminguei sem nenhum orgulho restante em meu corpo.

– Deixaremos você ir, assim que descobrirmos o porquê não envelhece.

– Não importa, apenas deixe-me ir. – chorei como uma criança, mas de nada adiantou.

Senti que meu corpo novamente foi amarrado, desta vez eu estava vestida e completamente enfraquecida. Não tive forças para observar o local apenas me deixei cair na inconsciência.

Quando acordei notei o quarto de hospital em que estava. Parecia menos pior do que o laboratório do Dr. Munir. Mas a agonia era maior, pois agora eu podia ver tudo com clareza, mas meu corpo não se movia e minha magia não funcionava.

Senti as lágrimas de frustração escorrerem pelo meu rosto e eu nem podia limpá-las quando três médicos adentraram o quarto. Uma mulher e dois homens. Eram todos jovens, mas o brilho ambicioso em seus olhos era notável.

– Boa tarde senhorita! Espero que esteja bem acomodada.

O caralho que eu estava bem acomodada! Eu vou torturar e matar um por um! Juro que vou! Assim que eu conseguisse sair desse lugar, é claro.

– O Dr. Munir não foi muito ortodoxo com seus experimentos em você, mas tente perdoá-lo ele estava apenas curioso.

Eu queria que ele se fodesse junto com a sua curiosidade.

– Tão curioso que lhe escondeu de nós. Mas veja bem, você pode ser a nova evolução dos bruxos! Sequer precisou de uma varinha para enfeitiçar todo o laboratório! – a mulher parecia particularmente empolgada com a novidade.

– Dr. Munir nos contou suas descobertas. – o homem que parecia o mais velho olhou sua prancheta. – Segundo ele suas feridas recuperam-se com maior rapidez independente da profundidade da ferida. Porém os órgãos vitais tiveram mais dificuldade para regenerar. Ele acredita que um golpe fatal em seu coração ou cérebro realmente acabaria com a sua vida. O estudo em seu DNA não foram muito satisfatórios, ele não conseguiu identificar o gene exato da sua mutação. Trabalharemos duro nisso a partir de agora.

Ótimo! Eu era uma aberração.

– Queremos fazer alguns testes, mas queremos que esteja em perfeitas condições de nos responder o que sente.

Claro! Eu colaboraria com todo entusiasmos! Só que não!

Os três trocaram olhares. Os homens pareciam preocupados, mas a mulher estava extasiada.

– Vocês viram isso? Posso jurar que vi o fogo queimar em seus olhos!

– Acho que ela não pretende colaborar. – ponderou o mais jovem.

Ele não poderia estar mais certo! O mais velho sorriu perversamente.

– Não se preocupe, daremos um jeito.

E realmente deram. Me injetaram uma droga que me deixava fraca suficiente para não fugir ou matá-los, mas forte o suficiente para pelo menos ir ao banheiro sozinha.

Recusei-me a falar qualquer coisa que não fossem xingamentos e ameaças. Eles não pareciam ligar muito.

Os testes bonzinhos duraram apenas três dias. Por um momento pensei que conseguiria ficar forte o suficiente para quebrar o prédio e soterrar aqueles médicos vindos diretamente do inferno. Mas como felicidade de pobre dura pouco eles começaram a me enfeitiçar de verdade.

Começaram a testar as maldições imperdoáveis em cima de mim. Primeiramente a Maldição Cruciatus. Eles ficaram realmente impressionados com a minha resistência. Demorei dias para pedir clemência.

Fiquei tão desnorteada que eles não acharam necessário me drogar. Foi o primeiro erro que eles cometeram.

Mantive-me quieta pelos próximos dias fingindo que eu estava cansada de brigar ou lutar contra tudo o que me acontecia. Novamente eles deixaram de me drogar. O erro persistia.

Eu sentia novamente meu poder fluir pelas minhas veias. Não sorri, não testei, não me movi. Eu sabia que estava sendo monitorada com câmeras pelo quarto e até mesmo no banheiro. Eu não reagiria, não me entregaria.

Então simplesmente voltei para a minha cama e deitei-me. Silenciosamente mandei uma mensagem para o Ministério da Magia. Não podia arriscar, por pura arrogância, não conseguir fugir. Mesmo assim mantive meu plano em mente. Esperaria o momento certo e não somente fugiria como me vingaria.

Não imaginei que o momento certo chegaria com tamanha rapidez.

A luminosidade do quarto estava baixa, quase desligada quando o médico mais velho adentrou. Gelei quando o lençol que me cobria foi lentamente retirado, os dedos frios alisavam a minha pele expostas. Ele não faria o que eu estava pensando... Faria?

Prendi a respiração quando o toque tornou-se pesado sobre a minha perna. Ow! Ele faria! E este foi o segundo erro.

– Não ouse. – minha voz transmitia um perigo que surpreendeu até mesmo a mim.

Ele parou por um segundo antes de rir em minha orelha.

– Não se preocupe. O Dr. Munir descobriu que o único órgão que parece ter seguido seu curso natural foi seu útero. Infelizmente não poderei lhe dar um filho.

A bili subiu pela minha garganta e num pulo levantei-me. Olhei-o perigosamente. Foi então que ele usou a Maldição Imperius em mim. Meu corpo tremia querendo render-se a maldição.

– Eu acho que não! – gritei fazendo-o voar de encontro a parede às suas costas. – Vocês mexeram com a bruxa errada!

Mentalmente retribuí a Maldição Cruciatus fazendo-o contorcer-se ao chão. Sorri. Eu estava gostando mais daquilo do que imaginei. Não demorou para que os outros dois entrassem com suas varinhas querendo defender o companheiro.

Eles tiveram o mesmo destino e foram ao chão. Iniciei uma fogueira a volta dos três que gritavam em desespero. Era música para os meus ouvidos.

– Bella... Pare, os levaremos para Azkaban. – era meu amigo Javier o auror que provavelmente recebeu minha mensagem.

Voltei-me para ele com meus olhos queimando em lágrimas.

– Você não sabe o que eles fizeram comigo!

Javier me olhou com compaixão.

– Tenha certeza que sua vingança será muito mais prazerosa sabendo que eles serão sugados dia após dias, hora após hora por dementadores.

Olhei novamente para os três e despejei um pouco mais de dor fazendo-os perder a consciência.

Cansada abracei-me ao auror.

– Tem mais um médico que me torturou.

– Dr. Munir está morto Bella. – apenas assenti contra o seu peito. – Você está a salvo agora.

Passei meus braços ao redor do pescoço de Javier o abraçando com força. Eu estava cansada e ferida, precisava de carinho.

Ele sorriu e puxou-me pela cintura. Ele era bem mais alto do que eu então teve que me puxar para que pudesse alcançar meus lábios.

– Obrigada.

– Se tivesse me dito a data de retorno da sua viagem eu teria vindo atrás de você antes. – reclamou.

Apenas suspirei descansando meu rosto em seu pescoço.

– Não se apaixone Javi.

– Tarde demais Bella.

Torci meus lábios. Eu gostava de Javier, ele era uma bela diversão. Porém eu não tinha tantos sentimentos por ele. Não me peça para sentir-me culpada por isso, eu estava cansada, carente e havia sido torturada por tempo demais para preocupar-me com sentimentos que não fossem meus.

Ele riu com humor. Ele sabia que eu não retribuía seu amor.

– Acho que recusará novamente minha proposta de se juntar aos aurores.

– Acho que posso pensar melhor nesta proposta.

Minha sede de vingança era grande demais para aplacar com apenas a captura dos médicos loucos.

– Sério?!

– Sim.

Javier segurou meu rosto entre suas mãos e beijou-me novamente.

– Eu amo você Bella Swan. – sussurrou contra a minha boca.

– Obrigada. – respondi fazendo-o gargalhar.

– Você realmente é boa em dilacerar o coração de um homem.

– Apenas quando ele é bonito o suficiente. Agora me leve para casa, preciso urgentemente de uma cama.


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram?