Elo escrita por C0nfused queen


Capítulo 5
Capítulo 5.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e espero que gostem, não deixem de comentar, capítulo para minhas princesas que nunca deixam de acompanhar e a meus leitores fantasminhas camaradas.



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O vento frio batia em minha face, a chuva, agora, caía fina, umedecendo aos poucos meus cabelos, estes que grudavam em minha pele branca, a terra sujava meus pés descalços, provocando pequenos arranhões no mesmo, a barra de meu improvisado vestido, engatava nos galhos soltos e sujava de terra a medida que eu apressava meu passo, as árvores passavam por mim como borrões, minha respiração estava desregulada e meus ouvidos pareciam zunir, minhas bochechas, vermelhas devido a tanto esforço, senti as lágrimas brotarem de meus olhos, meu coração parecia saltar de meu peito, eu tinha medo, tanto medo, de ser pega, de voltar a ser uma escrava de minha coroa, sujeita as leis da monarquia.

Eu me deslocava pela floresta, evitando olhar para trás, sabia que seria questões de minutos até que dessem por nossa falta, logo Dmitrei ordenaria que seus guardas viessem atrás de nós e encontrariam o pobre cocheiro inconsciente, agarrei com mais forca o punhal do mesmo, o mais próximo que eu tinha de uma arma, eu me defenderia com aquilo. Ouvi ao longe um ruído familiar, semelhante ao relinchar de um cavalo, fechei meus olhos, temerosa, ele havia me encontrado. Apressei meu passo e cheguei a uma clareira, um pequeno rio corria ao lado, alguns pequenos animais, roedores, se assustaram com a minha chegada e correram para a floresta, parei bruscamente e tentei pensar.

Eu não sabia o que fazer, não conseguiria ser mais rápida que um animal como aquele, também não me defenderia com um pequeno punhal, as espadas me deteriam rapidamente, a chuva começou a cair mais e mais forte, meus olhos lacrimejavam, eu tentava pensar, mesmo parecendo impossível, segurei a capa de coro que cobria a lamina, o desembainhando, segurei-o com tanta forca que os nós de meus dedos ganharam uma coloração esbranquiçada, em um gesto mal calculado segui com um punhal em direção a meu peito.

Tudo pareceu ocorrer em segundos, como um flash, um borrão, senti minha mão sendo parada, braços fortes me envolviam, impedindo-me de continuar com minhas atitudes mal planejadas, alguém tomou meu punhal, desarmando-me, meus olhos permaneciam fechados, temia abri-los e encontrar, sob seu corcel negro, Dmitrei, sorrindo presunçoso, vitorioso, me debati, mas senti todo o meu corpo ser contido por alguém.

–Me solte, me solte agora. – eu gritava para o desconhecido, ele não parecia se esforçar muito para me manter quieta.

–Eu não vou machucar você. – ele falou uma voz masculina, doce, preocupada, desconhecida.

Abri meus olhos e pude ver seus braços ao redor de meu corpo, sem consegui fitá-lo já que este estava de costas para mim.

–Posso soltá-la? – ele perguntou calmamente.

–Já deveria tê-lo feito. – falei séria e sentir ele me soltar bruscamente.

–Não a de que. – falou irônico.

–Eu não pedi ajuda. – o cortei.

–Mas precisava... – ele disse somente, enquanto falava pude vê-lo melhor, ele era alto, possuía um corpo escultural, sua pele era tão clara quanto a minha, suas bochechas avermelhadas, seus lábios rosados, seus cabelos loiros, como o sol, mas o que, mas prendia minha atenção eram seus lindos olhos azuis, como o rio que corria ao nosso lado, ele era lindo.

Eu desviei meu olhar e tentei cobrir meu corpo, tentando esconder minha quase nudez, ele percebeu meu ato e tirou sua capa vermelha, a passando pelos meus ombros, me surpreendendo.

–Por quê? – ele perguntou com minha faca em mãos.

–parecia ser a melhor opção, você não entenderia. – falei secando minhas lágrimas.

–Acredite senhorita, essa opção já passou por minha cabeça, várias e várias vezes, mas acabei encontrando novas alternativas. – ele falou caminhando.

Eu não respondi, fitei-o apenas, pensava no que ele poderia ter feito para pensar em tirar sua própria vida, ele parecia fazer o mesmo.

–Está machucada... – ele falou se aproximando, eu recuei um pouco e ele levantou as mãos sorrindo. – Fique calma, se eu fosse machucá-la não teria impedido seu suicídio. – pensei no que ele havia dito e permiti que ele se aproximasse, ele rasgou um pedaço de sua camisa branca de tecido e amarrou sob meu braço, com forca, estancando um filete de sangue que brotava do mesmo, eu não havia percebido pó mesmo, não com toda a adrenalina.

Seu toque era cuidadoso, eu sentia que ele não queria me ferir, confiava nele.

–Então? – ele deixou sua frase no ar. – Qual seu nome?

Ele sentou-se em uma pedra e me fitou.

–Eu me chamo Katherine. – falei somente, aninhando-me em sua capa, inalando seu cheiro, doce, alucinante.

–Katherine? – ele pareceu pensar um pouco, mas balançou a cabeça, como se não quisesse acreditar em algo. – Bem Katherine, eu me chamo...

Ele não pode continuar, logo ouvimos cavalos se aproximando e um grupo de soldados apareceu por entre as árvores, eles tinham espadas em mãos e expressões não muito amistosas, o rapaz desconhecido se postou a minha frente e sacou sua espada, ele queria me proteger, como se eu precisasse.

–Eles devem estar atrás de mim. – falamos em uníssono, nos entreolhamos curiosos, o que ele queria dizer com aquilo? – De você? – falamos juntos mais uma vez, porém não houve tempo para mais perguntas, ele segurou minha mão e me conduziu pela floresta, corríamos muito, desviando de alguns galhos soltos e de troncos caídos ao chão, ele tomava o máximo de cuidado para me manter segura, enquanto os soldados, montados em seus cavalos, tinham dificuldades em nos alcançar.

Corremos até um desfiladeiro, podia ouvir o rio correndo logo abaixo, nós não conseguiríamos passar para o outro lado, estava muito distante e acho que nem um de nós dois pensou na possibilidade de pular, ele parou por um instante tentando pensar, olhou ao redor, em busca de um lugar para se esconder, seguiu para mais perto do desfiladeiro, e se virou em minha direção.

–Você confia em mim? – ele perguntou me olhando.

–Confiar... Acabamos de nos conhecer, nem sequer sei o seu nome. – falei levando minhas mãos aos cabelos.

–Não temos tempo para isso. – ele me cortou. – Precisamos pular.

Todo o meu mundo pareceu congelar por um instante, eu não temia várias coisas, espadas, lutas, duelos, até mesmo os bandidos que habitavam a floresta, mas nunca gostara muito de lugares altos, desde os seis anos, quando eu quase caí de uma colina enquanto brincava com Siobhan, nas proximidades do castelo.

–Não... – minha voz morreu. – Você pode pular, eu não consigo fazer isso.

Ele me olhou, não pretendia me abandonar, isso era algo visível, pegou minha mão mais uma vez.

–Não vou deixar você aqui, vamos achar outro meio. – ele foi para a beirada do precipício e pegou minha mão. – Você precisa descer aos poucos, com cuidado, vamos ficar ali. – ele apontou para uma estreita faixa de terra, próxima a parede do desfiladeiro, ele foi para a borda e se agarrou a um tronco velho de uma árvore e a alguns cipós, ele estava pronto para escalar. – Vem. – ele ordenou e me estendeu uma de suas mãos, eu a aceitei e pulei em suas costas, me agarrando a ele, descemos com cuidado e logo já estávamos escondidos o suficiente, como não tínhamos muito espaço, ele me envolveu em seus braços, encostando minha cabeça em seu peitoral, podia ouvir seu coração batendo, um som agradável e reconfortante, inalei o cheiro de sua pele, ele permanecia atento a tudo, co sua espada em uma das mãos e a outra repousava sob minha cintura. Os passos sob nós eram pesados, os guardas pareciam impacientes, como se a ideia de se embrenhar em uma mata para procurar jovens como nós os incomodasse.

–Onde ele está? – perguntou um dos homens. – Eu os vi correndo nesta direção.

–Você não acha que eles... – outro homem falou e se aproximou mais do desfiladeiro e o rapaz me apertou contra seu peito, eu também o abraçava com forca e meu coração parecia zumbir. – Eles não seriam tão loucos, ou seriam? – ele perguntou. Podia ouvi-lo se aproximando, eles procuraram, mas não nos encontraram e partiram logo em seguida. O rapaz me auxiliou a subir, eu peguei o cipó com bastante forca, o apertando de tal maneira que meus dedos gritavam com a dor, ele segurou minha cintura e me impulsionou para cima, mas em um ato descuidado meus pés escorregaram e eu caí sob seus braços o derrubando também.

Ele segurava a pequena amurada, tentando com todo o esforço me fazer subir, eu estava em estado de choque, me agarrei em sua mão e senti as lágrimas rolarem pelas minhas bochechas.

–Katherine. – ele gritou. – Kate?

Eu o olhei por alguns segundos, temendo, chorando, implorando para que aquilo acabasse.

–Kate... Não consigo. – ele falou e então caímos, senti meus pés pendendo, ele ainda segurava minha mão, meus ouvidos zumbiam e logo senti meu corpo atingir a água, o frio tomou conta de meu corpo e meus cabelos ficaram molhados, meus olhos permaneciam fechados e eu estava em choque, senti mãos em minha cintura, me puxando para cima e logo minha cabeça repousava em seu peito e meus pulmões se encheram de ar. Ele me levantou e me colocou sob a relva, tocando meu rosto e retirando meus cabelos de minha face. Eu tossia descontroladamente e levantei bruscamente, colocando-me de pé.

–O que? – minha voz estava desregulada. – O que aconteceu... Eu caí.

Eu chorava muito, ele tentou se aproximar, mas eu dei um passo para trás, levando minhas mãos ao cabelo, que estava bastante úmido.

–Kate? – ele falou e eu o olhei. – Fique calma...

–Por que você... Como pode me deixar cair...? – eu perguntei chorando.

–Não sei se você percebeu, mas eu também caí. – ele falou irônico.

–Meu Deus... Eu não acredito, eu não... – minha voz falhou, senti minha cabeça pesar aos poucos e meu coração disparar e logo meu corpo corria rumo ao chão, mas o tal desconhecido me segurou antes que eu o atingisse, me pegando nos braços e encostando minha cabeça sob o seu peitoral.

–E a propósito... Eu me chamo Arthur. – pude o ouvir falar ao longe antes de cair na inconsciência.


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Notas finais do capítulo

Então??