Elo escrita por C0nfused queen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Minha história é um pouco diferente da versao original de valente, mas eu não sabia em que categoria deveria postar, espero que gostem e não deixem de comentar.



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Inglaterra – 1422.

A chuva caía fina ao lado de fora, o vento soprava por entre as árvores dos bosques, onde os animais praticamente não emitiam nenhum ruído, juntamente com os primeiros raios da manhã que invadiam meu aposento, os empregados começavam a realizar suas tarefas, pegando suas ferramentas e encarando as pesadas atividades que deveriam realizar. Abri lentamente os olhos e logo senti a luz atingi-los, o que provocou certo desconforto, afaguei meus cabelos e encarei novamente minhas possibilidades. Eu possuía 18 anos, era uma jovem órfã, havia perdido meus pais para a guerra, pelo menos meu pai, já minha mãe morrerá durante o parto, ambos deixaram-me sozinha, eu havia ficado sobre os cuidados de um homem, seu nome Dmitrei Cheschislav II, Dmitrei possuía minha guarda, porém nunca agira como meu pai, eu havia sido criada pelos vários serventes que compunham os empregados do castelo, sim, eu não era uma pessoa qualquer, eu era uma princesa.

Levantei-me cuidadosamente do emaranhado de lençóis e almofadas em que me encontrava, logo que meus pés atingiram o chão de pedra, senti o frio percorrer todo meu corpo, o que me levou a abraçar o mesmo, a fim de aquecê-lo. Segui para a janela de meu quarto, como fazia todas as manhãs e encarei, um pouco ao longe, um conjunto de propriedades que logo ganhavam vida, assim que seus moradores começavam a trabalhar, tratava-se de Bretanha, um pequeno, porém prospero reino ao norte da Inglaterra, logo os camponeses começavam a gritar nas feiras, assim como as várias igrejas passavam a receber maior numero de fieis, pessoas corriam de um lado para o outro e tudo aquilo me atraia de maneira impressionante. Eu nunca tive minha liberdade, nunca pude correr pelos campos quando criança, nunca pude andar descabelada, sem que uma de minhas criadas viesse logo a meu encalço para ajudar-me, eu nunca fui livre.

Logo pude ouvir algumas batidas em minha porta e sabia do que se tratava, uma das servas viria avisar que um novo dia estava começando, assim como que minha presença estava sendo requisitada em algum lugar, mesmo que a contragosto permiti que entrassem, e em questão de segundos eu já não estava mais sozinha, recebi ajuda com o banho, pois não seria certo uma princesa se lavar sozinha, mesmo que para mim isso não fosse necessário, assim como recebi ajuda com o pesado e desconfortável espartilho e várias e várias camadas de tecido que compunham um suntuoso vestido.

–Está linda alteza. – disse uma de minhas empregadas, entregando-me um pequeno espelho para que eu pudesse avaliar seu trabalho.

–Tenho que admitir que sim. – falei tentando ser educada.

Ela sorriu educadamente para mim e com certo esforço levantei-me da cadeira em que me encontrava onde esta arrumava meus longos cabelos castanhos e segui para o salão principal. Enquanto passava pelos corredores notava, como de costume, os severos olhares das pinturas de meus antepassados, assim como a suntuosa tapeçaria que o decorava. Parei por um instante e olhei através da janela, as pessoas movimentando-se na vila, felizes, sorridentes, completamente diferentes de mim.

–Algum problema senhora? – perguntou a empregada, mas ela não era uma empregada qualquer, e sim aquela que me criara, com todo o carinho que uma mulher poderia dar a alguém.

–Sabe Siobhan... – disse tentando conter toda minha tristeza. – Eu sempre quis ser assim.

Apontei para um grupo de meninas, crianças, na verdade, elas corriam livremente por entre os campos, recolhendo algumas flores, com os cabelos esvoaçantes, tudo que me fora negado.

–Assim como senhora? – ela perguntou-me confusa, mas eu sabia que ela compreendia bem o que eu falava.

–Livre...

–Senhora? – ela falou fitando-me com seus pequenos olhos em forma de contas.

–Eu sempre estive presa a tudo isto, nunca consegui ir além desses muros, eu nunca corri pelos campos... E por toda a vida tive que encarar esses furiosos olhares. – falei enquanto apontava para as pinturas, que como sempre, fitavam-me como se me desaprovassem.

–Minha senhora...

–Sei o que vai dizer Siobhan... Mas isso não mudará minha opinião. – falei enquanto pegava em sua mão, ela como fazia desde minha infância, sorriu para mim, não um sorriso qualquer, mas um sorriso gentil, doce, capaz de aquecer qualquer coração.

Continuamos nossa caminhada até o salão principal, onde os empregados já se encontravam em frente a uma suntuosa mesa de madeira, ornamentada com um grande desjejum. Sentei-me a cabeceira e comi tranquilamente, agradecendo por estar sozinha, porém isso não durou muito. Logo passando pela enorme porta de madeira do castelo, vinha Dmitrei, ele possuía seus 60 e poucos anos, além de uma pequena barbicha branca, e grande sobrancelhas da mesma cor, não tinha cabelos e sempre desfilava com importantes trajes que demonstravam sua soberania. Com a morte de meus pais, Dmitrei assumira o reino, até que eu possuísse a idade correta para tomar atitudes responsáveis para com o meu povo. Ele sentou-se na outra extremidade da mesa, mas não sem antes cumprimentar-me.

–Princesa... – ele falou sorridente, seu tradicional sorriso amarelo.

–Dmitrei... – retribui seu sorriso.

–Perdoe-me pelo meu atraso, afinal são tantas as tarefas que devo realizar.

O fitei por alguns instantes, sabia que ele não compartilharia comigo seus afazeres no reino, nunca fizera isso antes. Nosso café prosseguiu silenciosamente e assim que terminei pedi licença e abandonei o local. Mesmo o conhecendo desde pequena eu não confiava em Dmitrei, nem ao menos sentia qualquer carinho, não concordava com sua forma de governo, assim como também não aceitava a maneira como ele me tratava, como uma dama, uma dama indefesa, incapaz de agir com forca, com o poder. Segui sozinha pelos jardins do castelo, até notar correndo em minha direção Siobhan.

–Alteza? – ela falava tentando controlar sua respiração. – Podemos sair agora... Ninguém notará nossa ausência.

Assim que ela falou isso, senti uma enorme felicidade. Mas eu não iria além dos muros do castelo, na verdade, nem deixaria os limites do mesmo, apenas entraria no bosque, onde em uma clareira, atrás de uma velha e retorcida árvore, encontrava-se uma espada, ela pertencera a meu pai, e quando criança, um de seus cavaleiros, me ensinara, mesmo que em segredo, eu adorava maneja-la, mas sabia que isso seria altamente proibido para uma dama da época.

Seguimos silenciosamente sob a vista dos guardas, até entrarmos no bosque, onde me permiti correr livremente, os galhos rasgavam levemente meu vestido, mas eu nem ao menos notava, meus cabelos desfaziam-se enquanto batiam livremente em minhas costas, a barra de meu vestido sujava-se com a terra e meus sapatos praticamente afundavam na lama, eu apenas sorria, adorava essa sensação, a sensação de liberdade. Logo já podia olhar a árvore, onde me desfiz do vestido, o substituindo por algo que me auxiliasse a manejar a espada, roupas, que segundo Siobhan, deveriam ser usadas por homens, não por uma dama, ainda mais esta sendo uma princesa. A mesma apenas lançava a mim alguns olhares reprovadores, ao mesmo tempo em que pude notar um sorriso surgindo em seus lábios. Por toda a tarde permaneci assim, lutando, divertindo-me, sendo livre.

Em algum lugar do castelo...

Na sala do trono, rodeado por vários conselheiros, Dmitrei afagava sua barbicha e caminhava de um lado para o outro incessantemente, sua capa arrastava-se pelo chão, suntuosa, digna de um rei, mas afinal, era isso que ele era, o soberano, ele assumira o trono e para ele a simples ideia de alguém tomá-lo dele o assustava, sim Dmitrei temia perder o poder, e naquele momento, ele pensava em formas de impedir que isso acontecesse.

–Preciso de opções... – ele exigia, com a voz bastante elevada.

–Majestade... – disse um dos conselheiros tomando a frente aos demais. – precisa aceitar que a princesa Katherine assumira o trono, afinal foi o estabelecido. – ele falava, porém sua voz era tomada pelo medo, medo de contrariar seu soberano, seu rei.

–Mas não é possível. – ele gritou, praticamente urrando sua frustração. – Eu sou o rei. – disse seguindo em direção à coroa e a depositando sob sua cabeça.

Os demais conselheiros se afastaram, temendo o que ele poderia fazer.

– Quero opções. – disse mais uma vez.

–Não existem opções.

–Sempre há opções... – ele falou pensativo, e ao mesmo tempo mais controlado. – Eu não poderia matá-la...

–Senhor... – o conselheiro o repreendeu, porém foi ignorado pelo mesmo.

–Não, arriscado demais. – disse fechando suas mãos em punho tentando pensar. – Poderia me casar com ela? – perguntou para os conselheiros, que prontamente negaram.

–Seria mal visto pela sociedade. – ele continuou a pensar.

–Mas e se o senhor... – disse uma voz ao fundo, chamando sua atenção, um dos conselheiros, falava baixinho, temeroso.

–Se eu? – ele o estimulava a continuar.

–Se o senhor a casasse com outro... Alguém que estivesse em sua própria linha sucessória que não assumisse o reino e que ao mesmo tempo, impedisse a princesa de assumi-lo também?

Ele pensou por um minuto, o plano era perfeito, livrar-se-ia da princesa. Não passaria sua coroa.

–Sim... Procurem imediatamente, procurem um noivo para a princesa Katherine.


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Notas finais do capítulo

Então??Deixem seus comentários.