Pov’s Violetta

–Mas você e o príncipe pareciam tão...tão íntimos. –Ludmila disse, ela estava fazendo especulações desde que saímos do salão principal. Eu não sabia se “íntimos” era a palavra correta, havíamos tido apenas duas conversas, mas nos afeiçoamos rapidamente, o que me surpreendeu para fala

–Ele só fez uma piada e eu ri. –Eu disse, não poderia revelar que havíamos nos conhecido antes. –Nada de importante.

–Na verdade é importante sim, você a tal de Gery foram às únicas que o príncipe pareceu se “divertir”.

–Bom, mas é o começo ainda, todas tem chance. –Eu disse e ela assentiu. Estávamos indo para um lugar nomeado de Salão das Mulheres, o nome já diz tudo, e pelo que eu entendi era lá que a rainha costuma ficar com suas damas de companhia.

Ao chegarmos nos sentamos em poltronas, sofás, ou cadeiras, o salão era bem grande, com lustres de cristal pendurados no teto e janelas que ocupavam toda a parede com vista para o jardim.

–É impressão minha ou está faltando umas dez meninas mais ou menos? –Perguntou Ludmila.

–12 para ser exata. –Gery se intrometeu. –Foram para casa.

–Como sabe? –Perguntei pasma, afinal o príncipe Leon só havia tido uma conversa que duraram segundos.

–É óbvio. –Agora quem se intrometeu foi Lara.

–Então quer dizer que as coisas aqui são assim? Digo ele elimina as pessoas com facilidade? –Ludmila perguntou um tanto assustada.

–Eliminar é uma palavra muito forte. –Disse Gery. –E não, ele não dispensa as selecionadas com facilidade, mas creio que algumas garotas não deixaram uma boa impressão.

–Como sabe tudo isso? –Eu perguntei tão pasma e assustada quanto Ludmila.

–Apenas sei. –Disse Gery com um sorriso misterioso. O barulho se cessou quando uma morena entrou no salão das mulheres, um olhar sério e rígido, se assustar qualquer um.

Pov’s Leon

–Você não pode fazer isso comigo, Marco. –Falei um pouco mais alto do que o normal. –Vai abandonar tudo. Como eu fico? E a Francesca?

Eu estava definitivamente bravo, estava discutindo com Marco e essa era a ultima coisa que eu queria fazer no momento, eu tinha muito o que pensar, minha mente estava uma completa bagunça com toda essa história de A Seleção.

–Leon, eu sinto muito, mas a escolha é minha. –Ele disse e suspirou pesadamente. -Irei me casar com a princesa da Inglaterra e juntos iremos reerguer as ruas de Londres, as pessoas irão gritar, Leon, soltaram gritos de alegrias por suas descendências londrinas estarem sendo mantidas.

–Não está velho demais para ter sonhos impossíveis, Marco? –Indaguei bravo, talvez estivesse me precipitando, mas sentia raiva e magoa, pois ele era a única pessoa que eu tinha amizade, o único que eu podia contar, e estava indo embora.

–Nunca se está velho demais para sonhar, Leon. –Ele disse. –E fala sério, eu tenho 21.

–Cresci sem escolhas, aprendi a desacreditar em sonhos, quer dizer, eu tenho um sonho que se mantém com muita dificuldade em meu coração, quero ser um rei, mas não um simples rei, O Rei, transformar meu país em algo bom, mas estão matando esse sonho, assim como fizeram com todos os outros.

–Que profundo. –Marco disse e soltou um riso. –Não desista de seus sonhos, primo. Eles podem mudar tudo.

–E a Francesca nessa história toda? –Perguntei desviando do assunto anterior.

–Eu ainda sou apaixonado por ela. – Marco disse e suspirou pesadamente novamente. –E gosto da princesa da Inglaterra, e é com ela que irei ficar, posso chegar a amá-la um dia.

–Não perguntei da princesa da Inglaterra. –Eu disse e ele abaixou a cabeça. –Quero saber da Francesca. Como ela reagiu?

–Como acha que ela reagiu? –Marco perguntou entre dentes. –Não foi fácil para mim e muito menos para ela, mas a escolha é minha, e eu acredito que a melhor escolha é partir.

–Tenho que concordar que não gostei da escolha. –Eu disse cruzando os braços na altura do peito.

–O rei gostou. –Marco disse e eu fechei a cara.

–Claro que ele gostou, meu pai é obcecado por poder, ter você governando a Inglaterra é uma forma de esfregar na cara das pessoas que ele te transformou em um líder, e o sangue dos Vargas se expandirá pelo mundo, dominando não só os Estados Unidos como também a Inglaterra.

–Ele ficará orgulhoso de você, Leon, ficará. –Marco disse e me deu um tapa no ombro.

–Não me importo com a opinião do meu pai, não me importo. –Eu disse cabisbaixo. –E..Eu preciso ir.

–Vai lá, tem umas garotas, bem gatas se me permite dizer, te esperando. –Ele disse e eu me retirei.

Pov’s Violetta

Os piores minutos da minha vida, afinal a morena era uma espécie de professora de etiqueta, seu nome era Esmeralda, com elas aprenderíamos a como ser princesa, e isso me parecia muito ridículo, mas com certeza ajudaria, até porque eu sou um pouco desastrada.

–Violetta? –Uma voz masculina indagou bem atrás de mim, dei um pulo, pensei que estivesse sozinha.

–Príncipe Leon. –Prendi o fôlego ao vê-lo ali, olhei para os lados e percebi que havia parado em um lugar completamente desconhecido, fui andando presa em meus pensamentos e acabei me perdendo dos poucos lugares que eu conhecia no castelo. –Só Leon, por favor.

–Só Leon. –Repeti e ele sorriu agradecido.

–O que faz aqui? –Ele perguntou.

–Pensando, só pensando. –Eu disse. –E você?

–Pensando, só pensando. –Ele repetiu minhas palavras. –Quer jantar comigo hoje? –Ele perguntou.

–Jantar? –Indaguei meio receosa, tipo um encontro? Não estava muito cedo para ter encontros.

–É...é. –Ele confirmou um pouco nervoso. –Eu fiz algo de errado?

–Por quê a pergunta?

–Porque você ficou séria quando eu te chamei para sair, e desculpe é que não faço isso sempre, nunca chamei uma garota para sair. –Ele disse a ultima parte baixinho. –Mas sabe, você é digamos que legal...

–Eu? –Sem querer o interrompi e ele assentiu. –Desculpe pela minha reação, só...só me pegou de surpresa, é que nos conhecemos muito.

–Mas é para isso que servem os encontros não é? –Ele perguntou e eu ri.

–Sim, só não quero apressar as coisas, me desculpe.

–Tudo bem. –Ele disse. –É eu não creio que tenho muito tempo, e ter encontros é a maneira de eu conhecer vocês. –Leon disse, e só aí eu me lembrei que estávamos em uma competição, Leon não poderia perder tempo . –Não que eu esteja te paquerando, não é isso, pelo menos não exatamente.

–Você tem alguma ideia do que está fazendo, Leon? –Perguntei.

–Quer a verdade? –Ele perguntou e eu assenti sorrindo. –Não faço a mínima ideia. –Ele disse e pareceu que seus músculos relaxaram. –Você e as outras garotas não deveriam estar com a Esmeralda?

–Estávamos.

–Pode assumir que a aula dela é chata. –Leon disse rindo e foi inevitável não rir também. –Mas a Esmeralda é legal, quando eu era menor meu pai me colocava para ficar com ela, talvez tentando colocar juízo na minha cabeça.

–Você deveria ser uma peste quando criança. –Eu disse e ele fez uma careta.

–Esmeralda falava que eu era. –Ele disse e eu dei risada. –Tenho uma ideia, vem comigo. –Leon disse e me estendeu a mão, foi um pedido que eu não pude e nem consegui recusar.

Andamos com pressa por corredores do palácio que eu só para variar não conhecia, cruzamos com umas das selecionadas, ela “fuzilou com o olhar” nossas mãos dadas, mas Leon sequer a percebeu e passamos reto por ela.

–Chegamos. –Ele sussurrou assim que adentramos um cômodo gigantesco, a biblioteca do palácio, prateleiras enormes todas repletas de livros, com uma lareira acesa ao fundo e poltronas vermelhas com almofadas para se realizar uma leitura confortável.

–O que viemos fazer aqui? –Perguntei em quanto via Leon pegar quatro livros de porte médio de uma prateleira próxima. –Vou te ajudar, te ajudar com a Esmeralda.

–Isso é sério? –Perguntei pasma.

–Uhum. –Ele respondeu.

–Uhum é sim? –Perguntei.

–Uhum. –Ele respondeu novamente. Leon veio até mim e me entregou um dos livros. –Coloque-o sobre a cabeça.

–Está de brincadeira comigo? –Indaguei. –Fala sério, esse negócio de equilibrar os livros na cabeça eu achei que só existisse em histórias de princesas.

–Tecnicamente isso é uma história de princesa. –Leon disse rindo. –Vai, vamos tentar. Eu coloquei o livro sobre a cabeça e como era apenas um foi fácil, Leon colocou o segundo sobre a minha cabeça, dei uma voltinha e os dois livros ficaram intactos, tudo bem que foi um pouco vergonhoso já que eu tropecei e quase caí diversas vezes.

–O terceiro. –Leon disse e empilhou o livro, eu nem consegui me manter por um segundo e acabei derrubando os livros sobre o Leon. –Você gosta de me machucar, não gosta?

–Me desculpe, me desculpe mesmo. –Eu disse o ajudando.

–Eu que peço desculpas. –Ele disse rindo.

–Por quê?

–Porque empilhar os livros na cabeça não era necessário. –Ele disse e eu fechei a cara. –Só achei que seria divertido ver você toda desastrada com..livros..na..na cabeça. –Leon fez uma expressão de preocupado ao ver que minha cara estava completamente séria. –Me desculpe, achei que seria engraçado, me desculpe mesmo, foi infantilidade minha...

–Leon...-O interrompi prendendo o riso.

–Hm...-Ele murmurou meio envergonhado, com a mão na nuca e a cabeça abaixada.

–Não tem problema, e foi engraçado derrubar os livros em você. –Eu disse e ele abriu um sorrisinho. –Tá, e talvez tenha sido engraçado.

–Violetta, você quase derrubou um dos livros mais importantes da literatura antiga na lareira. –Leon disse meio baixinho.

–E você foi o louco que me deu o livro, não coloque a culpa em mim. –Eu disse rindo.

–Convenhamos que uma parcela de culpa também é minha, somente uma parcela. –Ele disse e eu assenti dando risada, acabamos nos sentando na poltrona, enquanto Leon folheava um livro eu o fitava, tentando decifrar o que se passava em sua cabeça, ele transmitia uma tranquilidade em sua face, mas era possível ver sua angustia.

–Violetta Castillo. –Ele sussurrou e eu saí do transe. –Por quê não me conta sua história?