SantaRossa, 1738

–Daniele, é um prazer vê-la novamente. - minha mãe disse suave enquanto conduzia os Valentini para o chá que estava servido na varanda.

Mal havia se passado o tempo obrigatório do luto e mamãe já estava sorrindo sem parar, no fundo ela estava aliviada por ter se livrado de um marido problemático.

Mamãe era jovem, talvez ela se casasse com alguém rico e me deixasse ser livre.

–Por que a tristeza minha Rosa? - Miguel questionou ao meu lado no jardim.

–Acabei de perder meu pai, é natural. - disse e continuei a andar.

–Eu sei, mas se sua mãe se recuperou por que você ainda não tirou o luto? - ele questionou olhando meu vestido preto.

–Não me sinto pronta para isso.

–Pensei que já tínhamos passado desse estágio de frieza Rosa. - ele sussurrou suave e parei para vê-lo.

–Acho melhor o senhor parar de tentar me cortejar, não sou uma donzela disponível. - disse seria enquanto o olhava nos olhos.

–A Srta. já está comprometida com alguém?!- ele questionou com dor, uma dor que me fez perder o ar.

–Com Deus, vou ser freira. - disse e ele sorriu aliviado. - Por que estás rindo?

–Por que pensei que tivesse que lhe sequestrar no altar para que sejas minha. - ele disse aliviado.

–Não serei sua ou de outro homem, já disse que vou ser freira, noiva do senhor Jesus Cristo. - disse furiosa e ele olhou para os lados antes de me puxar de encontro a uma arvore e pressionar seu corpo ao meu me impedindo de fugir.

–Seu abusado. - disse furiosa enquanto esperneava para me soltar.

–Rosa, eu amo você. - ele disse e rugi furiosa enquanto me debatia furiosa sem ouvir o que ele dizia.

–Amor, me escute. - ele pediu me segurando mais forte. - Amo você Rosa e não vou lhe deixar casar com Deus ou outro homem.

–Me deixe ir, por favor. - pedi nervosa por seu comentário inesperado e ele me soltou.

–Não quis te assustar minha Rosa. - ele se desculpou e tentou acariciar meu rosto e me afastei.

–Me deixe em paz. - pedi nervosa enquanto me afastava mais dele.

–Não me peça isso amor. - Miguel pediu entre lágrimas.

–Não me chame de amor, meu nome é Águida. E para o senhor é Srta. Defilippo. - disse furiosa e corri para dentro de casa.

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–E isso foi tudo que aconteceu frei. - sussurrei nervosa para Luigi.

–E você gosta dele Águida? - ele questionou enquanto arrumávamos o altar da igreja.

Frei Luigi e eu nos tornamos muito amigos, ele era meu confidente e conselheiro espiritual.

A maioria das tardes eu passava na igreja cuidado das obras de caridade e ajudando na arrumação.

–Não sei Luigi, ele pode não estar sendo sincero e apenas está querendo só uma conquista para ele. - disse suave.

–Vou fazer uma visita aos Valentini. A Sra. Valentini me convidou para um chá. - ele disse e sorri.

–Obrigada Luigi. - disse suave e ele sorriu enquanto continuávamos a arrumar a igreja para o festejo de nossa senhora do perpetuo socorro padroeira de SantaRossa.

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Todos de SantaRossa estavam na procissão das luzes que era tradicional aqui, de longe pode ver Miguel me olhando com saudades e amor.

Luigi havia ido para casa dos Valentini e questionado a Miguel quais eram suas intensões para com sua protegida e ele respondeu que eram as amis sinceras e verdadeiras possíveis e Luigi acreditou nele, assim como eu.

–Vocês podem conversar aqui por alguns minutos enquanto começo o terço, mas comportem-se. - Luigi disse para nós dois antes de sair da sacristia.

–Me desculpe se lhe assustei naquele dia, juro que não fiz por mau. - Miguel pediu nervoso.

–Você me ama de verdade? - questionei suave e ele sorriu.

–Amo. Amo de verdade. Juro por nossa senhora do perpetuo socorro. - ele sussurrou me olhando nos olhos. - E você? Senti algo por mim?

–Não. - sussurrei virando ás costas e ouvi ele parar de respirar.

–Isso não era o que queria ouvir, mas vou respeitar. Não quero você ao meu lado obrigada. - ele sussurrou com dor e virei para vê-lo.

Miguel estava em lágrimas e aquilo me partiu o coração, por que no final eu o amava profundamente.

–Miguel, não gosto de ver você sofrendo. - sussurrei e enxuguei suas lágrimas com a ponta dos meus dedos. - Isso me parte o coração.

–Não precisa se preocupar comigo, você merece ser feliz. - ele disse suave e beijou minhas mãos antes de ir em direção a porta.

–Miguel, espere. - pedi e ele segurou a maçaneta.

–Sim.

–Eu amo você. Amo mais que tudo nesse mundo e não quero ficar sem você. Você é minha felicidade. - admiti entre lágrimas e sorrisos bobos.

–Eu amo você minha Rosa. - ele sussurrou e veio para a minha frente enquanto segurava meu rosto em suas mãos como se fosse pétalas de rosas. - Vou te amar pra sempre Rosalinda.

–Eu também Miguel. - sussurrei e prendi a respiração enquanto ele se aproximava de mim.

Sem pensar me afastei temerosa, nunca havia ficado sozinha com um rapaz e ás únicas vezes que fiquei foram com Miguel, mesmo sabendo que ele jamais faria algo para me desonrar eu temia, afinal ele era homem.

–Não vou te machucar, prometo. Só quero te dá um beijo. - ele sussurrou enquanto contornava meu lábios com seu dedo indicador levemente. - Se você não quiser, vou entender. Jamais vou fazer algo que você não queira. Você confia em mim?

–Confio, e eu quero. - sussurrei corada e ele sorriu antes de se aproximar de mim lentamente de uma forma que eu não me assustasse.

Quando dei por mim seus lábios quentes estavam colados aos meus em um ritmo lento e romântico, ensinando-me com paciência e amor como era bom amar e ser amada.