Violetta:

Depois que o León saiu, voltei para onde o Federico estava. Não pude prestar atenção em nada do que ele dizia, apenas pensava se o que o León faz questão de me esconder pode ou não estragar o que temos.

– Violetta! Planeta Terra chamando Violetta! – Me chamou brincando.

– Que é Ludmila? – Falei sem dar a mínima importância.

– Ludmila? Você tá brincando né? – Reclamou.

– Ah, desculpa Federico! – Pedi.

Passei as minhas duas mãos em meu rosto na tentativa de mudar a minha expressão.

– Está tudo bem? – Perguntou.

– Sim, Federico! Mas no que você quer ajuda mesmo? – Desviei o assunto.

– Com a Ludmila!

Ele está gostando dela?

– Como assim? – Perguntei.

– Preciso conhecer ela. Saber como ela é de verdade, do que ela gosta, do que ela faz quando está sozinha. Preciso saber como ela é. – Respondeu dando ênfase à última frase.

Assustei-me um pouco. Ok. Ele não é o primeiro a me perguntar isso, mas essa não é a questão. A questão é que ele está perguntando.

– Você quer conquistar a Ludmila? Creio que é meio impossível.

– Nada é impossível! – Retrucou.

– Quase impossível seria a resposta perfeita da definição de conquistar a Ludmila.

– Do que ela gosta de fazer quando não faz nada? – Indagou.

Do que a Ludmila gosta de fazer quando não faz nada? Pergunta fácil! Coisas como me perturbar, roubar meus livros, brigar comigo...

– Quer mesmo saber?

– Por favor!

Está bem! Eu precisava de uma resposta mais culta. Eu não diria tudo o que a Ludmila faz comigo em casa. O Federico não a incentivaria a mexer comigo. Mas o que? O que será que ela faz quando não estou por perto? Ler revistas, talvez. Livros pra ela são como um vocabulário de palavras difíceis. Mas ela lê livros! Ela tem um telescópio.

Livros + Telescópio = Estudos Astrônomos.

– Eu acho que ela estuda astronomia! – Fingi-me de hesitada.

Ele me olhou surpreso.

– O que foi? – Perguntei.

– Astronomia? A Ludmila estuda astronomia?

Não sabia ao certo se ele estava incomodado com a minha resposta ou se estava aliviado. Não sei. Se ele também gosta de Astronomia e de suas áreas, será o primeiro e um grande passo para conquistar o coração da Ludmila, por mais que seja difícil. Ela não vai resistir. Penso que tudo que a Ludmila mais quer, é alguém que ela possa trocar as mesmas informações. Mas não. Não é assim. Nunca foi assim! Então, ela se apaixonando pelo Federico ia mudar isso.

– Sim Federico! – Afirmei.

– Perfeito! – Festejou sorridente.

Sorri.

– Mas de que área ela gosta? – Perguntou.

– Dizer a área específica, eu não sei. Mas ela gosta muito de falar em estrelas, e principalmente, na tal de Supernova.

Ele me olhou com uma expressão de que já havia entendido. Então, a palavra-chave seria estrelas.

– Mas se eu fosse você não festejava agora! – Palpitei.

– Por quê?

– Por que é a hora de você começar a se preparar para conquistar ela, não? – Conclui.

Então, ele saiu sorridente.

Não consigo imaginar a Ludmila amando. Será que alguma vez ela já amou alguém na vida? Nunca achei que o “amor” que ela dizia sentir pelo León fosse verdadeiro. Bem, agora todos sabem que não era verdadeiro. Nunca foi. Foi apenas um meio de ter que dizer que ganhou de mim mais uma vez ou pelo menos um meio de ela achar que ganhou. Só queria pôr um fim nessa história. Queria que ela seguisse em frente. Queria que ela deixasse de lado o que ela teve com o León e vivesse a sua vida, por mais que ainda existisse maldade e egoísmo nela. Não duvido nada que agora, neste exato momento, ela esteja planejando algo contra eu e ele.

“Espero que dê tudo certo!” Pensei.

Federico:

Então a Ludmila gosta de estudar os astros? Basicamente as estrelas. Porque as estrelas? Porque elas devem ser os astros mais pesquisados pelos astrônomos. Porque elas possuem brilho próprio. Porque elas nascem numa Nebulosa, e morrem explodindo numa Supernova. Preciso de um bom motivo, uma boa razão. Já sei do que preciso! Preciso comparar o amor com as estrelas. Mas que estrelas? Preciso pesquisar um pouco sobre as estrelas maciças, já que elas que formam as Supernovas mais brilhantes, segundo meus estudos.

Pensando na estrela... Digo, pensando na Ludmila, ela apareceu.

– Federico, precisamos conversar! – Clamou Ludmila.

– Oi Ludmila! – Cumprimentei, sorrindo.

Ela deu de ombros.

– O que quer conversar? – Perguntei.

– Não pode ser aqui. – Falou com um sorriso malicioso.

Não sabia as suas intenções e nem liguei quando ela me levou para a sala de gravação. O que ela queria?

– Quero que faça um favor para mim! – Ordenou.

– Que tipo de favor? – Indaguei.

– Vai me ajudar a separar a Violetta do León! – Falou, ainda sorrindo.

– Não! – Neguei rapidamente.

– Você não pode me negar!

– Por que eu não posso? – Perguntei confuso.

– Porque se você me negar, não vai ter o que você quer!

– O que sabe?

– Sei que você está caidinho por mim, Federico! Não se faça de tonto!

– E você está me obrigando a fazer isso? Porque eu, Ludmila? – Estrilei.

– Porque desde que você chegou causou um desequilíbrio naquele casalzinho meloso! – Falou com cara de nojo. – Isso importa, e muito! Então, você tem duas opções: Esquecer-me e ir embora ou separar eles. Seria uma ótima prova de amor! – Sorriu sínica.

Não sabia o que fazer. Não posso simplesmente ir embora se mal cheguei aqui. Não posso aceitar isso. Tanto faz uma das opções, vai dá na mesma. Tenho certeza de que ela vai me fazer de bobo, mas eu não quero perde-la. Eu queria muito poder me declarar a ela, mas ela vai ignorar. Depois do plano terminado, daria um jeito de voltar para o León. É tudo o que ela quer. Deveria aceitar? Deveria ir embora e esquecê-la?

Assenti.

(...)