Violetta:

Manter um segredo escondido não é a coisa mais fácil do mundo e se torna mais difícil quando você tem que guardar um segredo em que a Ludmila não saiba. Enquanto León me abraçava, eu comecei a pensar em tudo o que ele havia me dito naquele momento. Talvez eu esteja sendo enganada pela Ludmila, e talvez não. Eu sei que o León não mentiria pra mim, já a Ludmila o faria porque ela sempre me fez isso.

Senhor, quando é que eu vou me livrar dessas mentiras?

Soltamo-nos e nos encaramos.

– Eu acho melhor nós voltarmos pro Studio. - Falei com a cabeça baixa.

– É, mas não temos mais aulas hoje, então, eu vou te levar pra casa, o que acha? - Ele falou segurando minha mão.

– Hm... Pode ser. - Falei sorrindo.

O León me acompanhou até em casa, dei um selinho rápido nele e ele saiu.

– Violetta! - Ludmila me barrou na porta do meu quarto.

– Ludmila? O que você está fazendo aqui?- Perguntei assustada.

– Você tem passado muito tempo com o León esses dias. - Ela falou fitando suas unhas.

Ai meu Deus! Será que ela está desconfiando?

– E daí? Nós somos amigos, Ludmila!

–Sabe com quem ele está namorando?

– Namorando? Não, eu não sei! - Menti

– Você não sabia que ele está namorando? - Ela perguntou.

– Não, eu não sabia! - Menti outra vez.

– Então é tudo mentira. Ele inventou essa história de namorada só para não voltar comigo. - Ela falou irada.

– Ludmila, calma! Talvez seja verdade, ele ainda não deve ter me dito.

– Como eu vou ficar calma Violetta? O meu ex-namorado tá namorando e você quer que eu fique calma? - Ela falou entrando no quarto.

– Ludmila! Ele é o seu ex, não tem que se preocupar com ele. - Entrei no quarto e sentei na cama.

– Meu ex por enquanto. - Ela riu maliciosa.

– Ludmila, o que você vai aprontar? - Perguntei com medo de seu sorriso.

– Um plano infalível. O León logo vai terminar com a namoradinha boba e vai voltar pra mim.

E agora? Os planos da Ludmila são realmente infalíveis. Se ela insistir em continuar esse plano, já era.

– Ludmila, você tá se precipitando!

– Como? Você vai defender aquele casalzinho de quinta? - Ela arqueou as sobrancelhas.

Quando abri a boca para falar alguma coisa, ela não permitiu.

– Violetta, eles dois não combinam! Pensa bem, você prefere ver o León com uma garota que você não conhece ou vê-lo comigo? - Ludmila perguntou.

– Você não a conhece para falar que ela não combina com o León. E pensando bem, ela deve combinar mais com ele do que você. - Falei.

Levantei-me e sai do quarto.

(...)

Até quando vou ter que aguentar isso? Se as coisas fossem mais fáceis eu tornaria o meu namoro oficial agora mesmo. Mas é tudo ao contrário. Sai dos meus pensamentos e fui dormir.

No dia seguinte:

Acordei, fiz a minha higiene matinal, vesti a minha roupa e desci para tomar café.

– Bom dia, pai! - Cumprimentei ele e dei um beijo em sua bochecha.

– Bom dia filha! - Ele me cumprimentou.

– Como o senhor está? - Perguntei ao sentar-se à mesa.

– Estou bem filha, e você? - Ele perguntou.

– Se a Ludmila não existisse tudo estaria bem. - Falei irônica.

–O que está querendo dizer com isso? - Ele perguntou confuso.

– Nada, pai esquece!

Tomei café e fui para o Studio. Lá procurei o León por todos os lugares, mas não achei. Só parei de procurá-lo porque o sinal tocou. Quando a aula acabou, liguei pra ele. Ele não atendeu.

– Ai León, porque você não atende? - Pensei alto.

– Escutei meu nome. - Uma voz masculina falou se aproximando.

– Até que enfim! - Abracei ele.

Ele retribuiu.

– Hey, boneca! O que aconteceu? - Ele perguntou ainda abraçado comigo.

– Não quero falar sobre isso aqui. Pode ser num lugar mais reservado? - Sugeri me desencostando dele.

– Sim, é claro! Ele sorriu.

Caminhamos até uma praça que havia ali perto. Espero que ninguém tenha nos seguido.

– Não vai me contar? - Ele perguntou segurando minha mão.

– Até quando León?

– Até quando o quê?

– Até quando vamos esconder de todos o que acontece entre a gente? Até quando eu vou ter que mentir pra Ludmila? - Perguntei desesperada.

– Mentir? - Ele perguntou sem entender.

– Sim, mentir. A Ludmila me perguntou ontem se você estava mesmo namorando. - Falei.

– Mas por quê?

– Por que ela me achou muito próxima de você esses dias e pensou que eu soubesse.

– E o que você disse?

– Disse que não sabia de nada. Menti. - Abracei ele.

– Calma boneca! Vai ficar tudo bem! - Ele retribuiu o abraço.

– Queria que as coisas fossem mais fáceis. Porque não contamos logo a ela que estamos juntos León? - Falei ainda abraçada com ele.

– Você que pediu um tempo, lembra? - Ele lembrou.

Quando eu fiz isso? Ah sim! Agora lembrei.

– E quando vamos tornar o nosso namoro oficial? Ele perguntou com um sorriso de orelha a orelha.

– Em breve, preciso de um tempo.

– Tempo? Ele perguntou confuso.

– Sim, pela Ludmila!

– Sim León, eu lembro! Mas eu não consigo segurar, eu tenho que contar logo a verdade pra Ludmila. - Falei.

– O dia de falar a verdade pra ela está chegando, não se preocupa. - Ele me soltou.

– Espero, não aguento ter que mentir pra ela. - Falei de cabeça baixa.

Ele segurou em meu queixo e levantou minha cabeça. Nos encaramos por segundos e ele foi se aproximando. Sorrimos quando percebemos o pouco espaço que separava nossos lábios. Quando menos esperei, eu já estava beijando ele. Começou simples, apenas com um selinho. Agora, ele estava mais intenso. Sua língua pediu passagem e eu cedi. Pus uma de minhas mãos na sua bochecha e a outra na sua nuca. Suas mãos me puxavam mais pra ele. Era um beijo calmo e doce.

Ludmila:

Eu caminhava calmamente pelas ruas de Buenos Aires, até escutar uma voz, que parecia ser da Violetta falar o meu nome. Se estavam falando de mim, eu tinha que escutar. Era a Violetta, ela estava com o León e falavam que tinham que contar algo para mim. Mas o que eles estavam escondendo? Quando menos esperei, eles dois se beijaram. Eles foram parando o beijo com selinhos, e óbvio não perceberam a minha presença.

– Te amo! - Violetta falou completamente agarrada ao León.

– Te amo mais! - León falou segurando Violetta pela cintura.

– O que é que está acontecendo aqui? - Perguntei furiosa.

– Ludmila?!- Eles desviaram o olhar um do outro e olharam surpresos para mim.

Ver aquilo pra mim foi como sentir o céu desabando em minha cabeça. Posso ser má, mas tenho os meus motivos. E ser má, também não significa que eu não possa amar alguém.