Ignored escrita por The Corsarian


Capítulo 18
A Tributo do Distrito 4


Notas iniciais do capítulo

AAAAARGH!!!
Que ódio da vida, q bosta, eu tento postar rápido e o mundo entra em conspiração contra mim!!
Mas aqui está outro capítulo!!
Enjoy ;)



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Eu caçaria os Carreiristas e os mataria um por um.

Apertei mais um pouco a espada, para logo em seguida prendê-la em meu cinto e caminhar pelo labirinto, louca para punir qualquer pessoa que entrasse na minha frente.

Após eu ter matado Mallon eu tinha entrado em um estado de torpor ridiculamente amedrontador, até mesmo para mim e meus níveis. Minha mente não era influenciada por sentimentos, nem razões ou motivos. Só pelo objetivo.

Vencer agora parecia fácil. Um prêmio que não era difícil de ser alcançado. O céu não parecia mais tão alto.

Agora eu podia me visualizar como uma vencedora, eu podia me ver de volta para meu Distrito, para minha casa. Mas parecia que eu nunca mais iria voltar a ser a mesma, que eu não sentiria novamente, que eu seria oca, vazia, cheia de nada para sempre. E por algum motivo isso não me incomodou.

Foquei apenas em encontrar os Carreiristas.

Eu podia quase farejá-los. Parecia que eu sabia exatamente onde eles se escondiam, que eu sabia suas técnicas e que eu estava pronta para assassiná-los a sangue frio.

Mas a realidade era que a única coisa que eu tinha a meu favor era meu ódio e minha vontade de matar. A única coisa que me guiava naquele labirinto infernal era meu desejo por sangue, minha ambição de voltar a calmaria de minha antiga vida.

De algum modo eu estava mudada. Aquela garota fraca que chorou ao finalmente se tocar que ia participar dos Jogos não existia mais. Só restou aquela garota com raiva de tudo e de todos, aquela que teve a coragem de se voluntariar, aquela que teve a ousadia de matar alguém, aquela que conseguiu manchar sua alma com o sangue de pessoas inocentes.

A Annelise Banks que vivia se escondendo debaixo dos cabelos, tinha ido embora. Morrido junto com Mallon.

Só restou eu. A Annelise Banks com sede de justiça, com um ódio maior que tudo.

Preparei o chicote, colocando o encaixe em minha mão esquerda, e com a direita apertei a espada com força, firmando-a entre meus dedos. Eu estava ouvindo vozes. Vozes baixas, mas mesmo assim audíveis. Parei para escutar.

– Acho que finalmente o 4 matou a garota. Agora é questão de tempo para ele nos encontrar, e ele vai querer lutar - Uma voz baixa e cautelosa de homem disse.

– Claro que sim, ele queria lutar comigo desde o começo. Agora só vou precisar matá-lo e o caminho está livre para nós - Ouvi a voz dura de uma mulher.

– E então eu vou vencer e vou viver na Capital como uma princesa - Outra voz debochada de mulher se fez ouvir.

– Cale a boca, Deline. Lembre-se, antes de vencer, sempre é cedo demais comemorar - Disse a voz dura de mulher.

Quase ri. Seria tanta a surpresa quando eles me vissem ao invés de Mallon... Eu quase podia prever.

Mas me contive, eu precisava ser cautelosa, não escandalosa. Eu ainda não tinha vencido. Ainda era cedo demais para ser descuidada.

Então parei um pouco para pensar em meus inimigos.

O cara do 2 atirava facas. Minha panturrilha ainda se lembrava muito bem do ferimento causado por ele. Ele tinha boa mira, e provavelmente me mataria rapidamente. Já a garota do 1 era enorme, um soco bem dado dela seria o suficiente para me apagar. A outra pelo que eu tinha visto nos Jogos só falava.

Mas tinha visto ela em seu treinamento. Ela tinha cara de princesa, falava como uma, e agia assim também. Mas virava um demônio com uma faca. Vários dos bonecos rasgados do Centro de Treinamento estavam irrecuperáveis graças a ela. Era óbvio que me mataria com facilidade.

Eu nunca teria chance com os três juntos.

Eu precisava de um plano. Um plano muito bom.

Pensei por alguns segundos, e logo meus pensamentos vagaram para Andrea. Ela tinha se aliado aos Carreiristas, mas quase no fim dos Jogos, ela os matou enquanto dormiam e assim venceu os Jogos.

Sorri.

Eu esperaria anoitecer para meu plano se concretizar.

...

Segui-os durante o dia todo, para todos os cantos do labirinto, sempre mantendo uma distância segura, é claro. Minha audição foi essencial para isso. O som dos passos dos Carreiristas era a única coisa que me guiava. Também foi crucial o meu silêncio. Esgueirei-me pelos corredores como uma gata com patas felpudas e macias, sem fazer som algum.

Finalmente a noite caiu, e finalmente pude começar meu plano.

É claro que um deles estava vigiando, e era a garota do 2, a garota que nunca calava a boca, a assassina das facas. Ela estava sentada em uma pequena caixa de suprimentos, ajeitando as unhas com uma pedra pequena e bem áspera, ela estava utilizando-a como uma lixa e parecia bem concentrada em seu trabalho de deixar as unhas bem alinhadas.

Com cautela me aproximei, escondendo-me atrás da parede. Eu sabia que quando a matasse, os outros iriam acordar com o som do canhão. Portanto eu tinha que ser rápida, evitar conflitos. Eu provavelmente conseguiria matar duas pessoas sem um conflito direto.

É óbvio que eu mataria as duas garotas. A do 2 eu teria que matar mesmo, já a outra, Deus que me livre lutar contra ela, aquela brutamontes me venceria mais rápido do que um cão come um pássaro. E além do mais, lutar contra aquele cara devia ser moleza.

Aproximei-me mais, ainda cautelosa. Depois que saí detrás da parede tive que ser rápida. Sem hesitar, enrolei o chicote no pescoço da garota do 2, e a matei enforcada. Depois que o canhão soou, enterrei rapidamente a espada no peito da garota do 1, antes que ela pudesse reagir a qualquer coisa. O canhão soou mais uma vez. Agora só tinha restado eu e o cara do 2.

Ele já estava de pé, pronto para lutar.

Eu estava esperando uma luta longa e dura, mas vencê-lo foi a coisa mais fácil que fiz naquela Arena.

Ele ainda estava ligeiramente tonto por causa da rapidez com que as coisas aconteceram, e se atrapalhou na hora de pegar as facas. Ele jogou uma, provavelmente mirando em minha cabeça, mas a faca passou longe de mim. Com facilidade enrolei o chicote em suas pernas e o fiz cair. Apenas enterrei a espada em sei peito.

Fazer aquilo foi simples, fácil e rápido.

O céu, que estava escuro, esclareceu rapidamente e ouviu-se a voz de Claudius Templesmith:

– Senhoras e senhores, tenho o prazer de anunciar os vitoriosos da septuagésima edição dos Jogos Vorazes, Annelise Banks, tributo do Distrito 4!

Ouvi os gritos da multidão desesperada, alegre, em êxtase. Gritos ensurdecedores, animadores, de encorajamento.

De repente eu acordei.

Aquela sensação estranha, um frio na barriga, um gosto amargo na boca, um nó na garganta...

Era como se eu tivesse sonhado que estava caindo, e acordasse de repente.

De repente eu me senti triste, como se nunca mais fosse me sentir feliz de novo, como se de repente alguém puxasse o tapete de debaixo de meus pés. Senti uma vontade de chorar enorme.

O que eu fiz?

Eu tinha matado pessoas, tinha tirado vidas de pessoas inocentes, de gente que também era vítima dos acontecimentos daquela Arena.

Mas era tarde demais para se sentir mal, portanto ergui a cabeça como uma vencedora, esperando que meu pai estivesse me vendo, esperando que todas as pessoas que um dia pisaram em mim vissem meu rosto naquele momento, queria que elas vissem minha glória, queria que elas vissem como eu tinha me saído.

Quando a escada do Aerodeslizador apareceu na minha frente, eu apenas me agarrei a ela, e quando cheguei dentro do aerodeslizador, eu desabei na maca, querendo mais do que tudo chorar, mas antes de isso acontecer, injetaram algo em minha veia e apaguei quase que imediatamente.


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