O gênesis do meu apocalipse escrita por E J Wild


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era uma família bastante peculiar até mesmo para o mundo bruxo. Os pais e os dois filhos viviam refugiados numa mansão subterrânea em um pequeno país denominado Holanda. Era uma casa escura, fria, úmida e repleta de infiltrações por todos os lados, quase sem dignidade... Todavia, para eles essa não era a pior parte, odiavam o fato de estarem rodeados por trouxas, fingindo ser um deles, mas não tinham alternativa, como todos os outros comensais, eles perderam todo o prestigio após a queda do Lord das trevas. Naquele ano havia completado exatos onze anos desde que aquele-que-não-deve-ser-nomeado fora derrotado pelo garotinho Potter, um frágil bebê derrotou o maior bruxo das trevas de todos os tempo, uma criança que estava por completar a idade do filho mais novo do casal Rowle, ou melhor dizendo, Van Hamilsten, sobrenome que aderiram após se esconderem no subsolo holandês para despistar o Ministério da Magia.

Leon parecia não pertencer aquele lugar, àquela família, havia bondade em seu coração, mesmo que sufocada pela maldade aqueles que o cercavam. Ele passava horas e horas submerso em seus livros, praticava magia escondido, da sua forma, pois ainda não tinha idade para ter sua varinha. Ele era um sabe tudo, queria mudar o mundo, o que irritava um pouco sua família. Mas a bondade em seu coração era o que mais tirava seu pai do sério, ele nunca entendera porque o filho era assim e não conseguia aceitar isso.

Foi a mesa do jantar, um dia antes do começo das aulas, que o pequeno Leon reuniu toda sua coragem e abandonou toda sua timidez para fazer um pedido ao senhor seu pai:

— Pai, pensei que talvez... não sei... se o senhor permitisse, é claro... eu pudesse estudar em Hogwarts! – o garfo que o garoto segurava quase saltara da mão devido a sua tremedeira, sabia como era importante para os seus pais que ele fosse estudar no Instituto Durmstrang, era uma tradição da família, todas as gerações estudaram em tal escola, todos se tornaram grandes mestres da arte das trevas, mas ser um bruxo das trevas não era o futuro que o pequeno e amedrontado Leo desejava, ele queria fugir a regra, queria ser algo que seus parentes, sangue do seu sangue, tanto repudiavam, um auror.

— Não é hora para brincadeiras, Leon!– retrucou o homem ríspido desacreditando no pedido do filho. O pai era sempre carrancudo, do tipo que não sai distribuindo sorrisos e agrados, motivo pelo qual Helena, sua esposa, se apaixonara por ele, vai entender... Cada qual com seus gostos, por mais estranhos que eles sejam. O fato é que seu jeito sério combinava perfeitamente com seus traços fortes e seus olhos azuis ofensivos. Ele vestia um sobretudo preto, o mesmo estava completamente desabotoado revelando seu colete vermelho sangue e uma camisa tão branca que parecia ser feita de neve.

— Não é brincadeira, pai, eu quero mesmo ir para Hogwarts, penso que talvez lá seria melhor para mim, a grade curricular deles é mais extensa, lá eu me tornaria um bruxo completo, não que vocês não sejam, eu só teria mais oportunidades de crescer... – todos soltaram seus talheres ao tempo que o pequeno Leon reforçava o seu pedido, então um minuto de silencio preencheu toda a sala de jantar, todos foram pegos de surpresa, e até mesmo Magnus, um garoto aparentemente atlético, cujo o apetite era insaciável, abandou a coxa de frango que mordiscava no seu prato, não acreditara que o irmão mais novo tivera a coragem de realizar tal pedido ao pai, era uma espécie de insulto as reivindicações que Leon realizava.

— Você só pode estar me confundindo com o seu padrinho, mas não, Leo, nós não somos fracos como os Malfoy, nenhum filho meu vai para Hogwarts enquanto existir magia no meu sangue. Aposto mil galeões que foi aquele garoto petulante, Draco, que colocou essa idéia na sua cabeça. Hogwarts... só pode ser piada! Uma escola que acolhe sangues-ruins e leciona defesa contra as artes das trevas não merece respeito no mundo bruxo. E se não bastasse tudo isso, ainda é dirigida por aquele velho caquético do Dumbledore – o homem loiro esmurrou a mesa com força no instante em que pronunciou o nome Dumbledore, odiava o diretor da escola, tinha absoluta repulsa do senso de justiça de Alvo – Você vai estudar em Durmstrang, como seu avô, como eu, como seu irmão, e irá se preparar para o retorno do Lorde das trevas. Agora se me dão licença, vou me retirar, perdi o apetite. – completou ele ao tempo de se levantar e deixar o ambiente.

— Você não deveria ter dado esse desgosto ao seu pai, Leo, sabe como isso é importante para ele, para nós... – repreendeu a mãe entre sussurros para que seu marido não a ouvisse, a decepção era nítida em seus olhos cor de esmeralda, o que partiu de certa forma o coração do frágil Leon. Para ele, pior do que ir para Durmstrang era decepcionar aqueles que tanto amava. – Não precisa ter medo, querido, você vai gostar de Durmstrang, seu irmão estará lá para te ajudar no que precisar – ela tentou tranquilizar o filho ao tempo que acariciava sua bochechas rosadas com a ponta dos dedos, mas ter Magnus por perto não era um consolo, não trazia paz, pelo contrário, era capaz do irmão mais velho se juntar aos colegas para perseguir o irmão caçula dando prosseguimento a guerra milenar entre irmãos.

— Não quero ser visto com esse idiota – retrucou Magnus com a boca cheia. Ele era um tanto alto demais para sua idade e também burro como uma porta, a única atividade que executava com precisão era a do seu posto de batedor nos jogos de quadribol.

— Eu que não quero ser visto com esse trasgo!– murmurou Leon tão baixo que nem mesmo a sua mãe escutara.

— Isso não foi uma pergunta, Magnus, você vai ajudar o seu irmão no que ele precisar, está decidido. E se continuar resmungando não comprarei aquela vassoura que você tanto quer, como é mesmo o nome dela? Nimbus 2000?– ordenou Helena um tanto exaltada – Acredito que esse jantar rendeu mais que o necessário, Dilly, pode retirar a mesa !– disse a senhora distinta ao pequeno elfo domestico.

— Eu não terminei – resmungou o filho mais velho.

— Já comeu o suficiente – ela fez um gesto com sua varinha antes de se juntar ao marido e instantaneamente a cadeira do filho mais velho percorreu toda extensão da sala de jantar chocando-se com a parede.– É melhor irem dormir, amanhã temos um longo dia de compras no beco diagonal...

Foi uma noite longa para o caçula, o garoto passou horas e horas virando de um lado para o outro na cama. Ás vezes, para espantar o tédio ele acendia e apagava as velas que iluminavam seu quarto usando o seu dom da magia. Leon era uma mistura equilibrada de sua mãe e seu pai. Herdara os olhos azuis do homem e o cabelo liso e negro da mulher. Sua pele era branca como a do pai e seu sorriso radiante como o da mãe. Sempre chamou atenção de todos a sua volta por sua inteligência, ofuscando de certa forma o brilho do primogênito, ao menos era nisso que Magnus acreditava, sendo esse o motivo de tanto desamor dele para com irmão mais novo.

Tudo que Leon pensava era em sua primeira varinha, a qual estava prestes a adquirir. Era o item que mais desejava desde que Magnus fora para Durmstrang três anos atrás e adquirira a dele, era uma bela varinha de carvalho com corda de coração de dragão. Outro fato que muito o estimulava o pequenino era que o pai o levaria junto ao irmão pela primeira vez a Borgin and Burkes para que ele escolhesse o que quisesse. Não que a loja possuísse algo do seu agrado, pelo contrário, mas era outra das tradições familiares e significava que ele estava se tornando um homem. Leon focou a noite toda nas coisas boas que lhe iriam acontecer e esqueceu por um momento do seu desejo não realizável de ir para Hogwarts.

No dia seguinte, instantes após deixarem a Borgin em Burkes. Ficou decidido que Helena acompanharia o mais jovem dos dois garotos a lojinha do senhor Olivaras, e o marido acompanharia o filho mais velho na compra de artigos de quadribol, incluindo a nimbus 2.000 que o rapaz tanto queria.

Assim que adentraram a loja do velho Olivaras, ambos perceberam que havia algo de diferente, tudo estava mais bagunçado que o usual, e o senhor estava um tanto aéreo(mais do que o normal).

— Esse lugar continua uma pocilga do jeitinho que eu me lembrava, espero que essa seja a última vez que coloco os pés nessa imundice – murmurou Helena com uma expressão de desdém – Com licença, nós viemos para comprar a primeira varinha do meu filho, será que o senhor poderia recuperar o que resta da sua sanidade e nos atender de uma forma decente? – disse Helena um tanto ríspida e com um ar de superioridade tirando o velho de seu transe e trazendo-o para a realidade.

— Har-ry Potter... – sussurrou ele alto o suficiente para que a mulher conseguisse ouvir. O nome, assim como em todos os outros bruxos, despertara uma expressão incrédula na mulher, não era possível, há 11 anos o mundo bruxo não possuía notícias quanto ao paradeiro do neném que supostamente derrotara o Lorde das Trevas.

— Desculpe, senhor, mas quem é Harry Potter? – perguntou Leon ingenuamente, nada sabia sobre o garoto de sua idade, um dos bruxos mais famosos do momento, famoso Harry Potter, acontece que naquela casa tal nome era proibido. Desde pequeno Leon ouvira diversas histórias sobre o menino que sobreviveu, nunca da boca de seus pais, nunca soube seu nome... Não aceitavam o fato do Lorde das trevas ter sido derrotado pelo filho de Tiago e Lilian Potter.

— Ele acabou de deixar a loja, meu caro rapaz, veio comprar a sua primeira varinha assim como você, então deixe-me ver se encontro aquela de corda de dragão... – Olivaras deu as cotas aos seus clientes, um tanto perdido na bagunça que Potter fizera, e entre suas prateleiras retirou cinco caixas estreitas, porém compridas. Deixou-as em seu balcão e sugeriu em um tom amigável:

— Experimente-as!

Nenhuma das cinco varinhas atingiu o potencial esperando. Sendo as três primeiras de corda de coração de dragão e as duas últimas de pelo de unicórnio.

— É, senhor Rowle, parece que me enganei – relatou o atendente, intrigado, o velho pegou uma de suas últimas varinhas de pena de fênix, a mais rara de todas, feita de bristlecone (madeira de árvore raramente utilizada na confecção de varinhas), aproximadamente trinta centímetros, semi-flexivel, seu cabo todo esculpido em desenho de runas. Era uma de suas obras primas, mas ela nunca havia funcionado com bruxo nenhum, era completamente temperamental, dava apenas alguns resquícios de magia.

— Como ousa... – repreendeu Helena ao ouvir seu sobrenome sair da boca do velho bruxo.

— Me lembro de cada varinha que vendi, Helena, bem como para quem as vendi, você precisaria muito mais do que um novo sobrenome para enganar esse velho... A propósito; Azevinho, 26 centrímetros, maleável e pelo de calda de unicórnio macho. Vejo que continua com a mesma, é uma excelente varinha! Vamos, rapaz, experimente essa, rapaz, experimente... – Assim que Leon a segurou ficou claro que ela o pertencia, um inexplicável vendaval se iniciou dentro da pequena loja fechada, mais parecia um furacão, e terminou de desarrumá-lá por completo. Uma luminosidade diferente se instaurou em volta do rapaz, era como se a cor de sua áurea tivesse sido intensificada mil vezes, foi difícil até para o dono da lojinha e a mãe do garoto permanecerem de olhos apertos, e após alguns segundos tudo cessou.

— É sua, caro rapaz! Como eu disse mais cedo ao senhor Potter, a varinha escolhe o bruxo e ela diz muito sobre seu dono, essa que está segurando é uma das minhas obras primas, a minha predileta. Leon, você é diferente de todos os outros bruxos, você é diferente de todos da sua família, suas escolhas farão de você um dos bruxos mais poderosos e conhecidos de toda história da magia. Para isso você precisará de coragem, coragem para ser você mesmo, coragem para fazer as escolhas certas nos momentos certos... Deixe marca boas nesse mundo. E nunca se esqueça de que o maior poder vem daqui, e o seu coração é tão grande que é capaz de abrigar o mundo, não deixe as trevas domina-lo – disse o homem tocando o lado esquerdo do peito do garoto com o dedo indicador – Essa varinha não dedicaria sua fidelidade a você se não acreditasse no seu potencial– completou Olivaras com um sorriso no rosto e a sensação de missão cumprida.

Não havia muito o que comprar naquela região do beco diagonal, afinal Durmstrang é dedicada a artes das treva. Sendo assim, aquele não era o local indicado para comprar todos os itens listados nas cartas dos garotos. Após finalizarem suas compras em algum lugar da Bulgária, direcionaram-se para o porto de Roterdã, local onde o navio de Durmstrang estava atracado a espera dos seus alunos.

— Thor, Olivaras não poupou elogios ao nosso garoto, estou tão orgulhosa, ele disse que Leon será um grande bruxo – comentou Helena enquanto caminhavam apressados pelo porto, era claro que ela esconderia do marido a parte sobre Leon ser diferente, o marido já menosprezava o filho mais novo o suficiente para ficar sabendo de tais detalhes.

— Leon? Dúvido muito, ele é fraco, Helena. Magnus sim tem potencial para se tornar o bruxo da década, é forte, decidido... Age como um trasgo as vezes, mas isso é irrelevante... Já Leon age como uma garotinha o tempo todo, é sentimental, se abala por qualquer coisa. Espero Durmstrang o conserte. Veja o Lorde das trevas, ele era impiedoso, nosso filho não tem pulso para chegar tão longe – Thor voltou a citar seu mestre e exemplo. Idolatrava Voldemort mais do que tudo nesse mundo. Vivia para adora-lo. Era um dos seus seguidores mais fieis. 

— Você-sabe-quem está morto, Thor, chega desse assunto! – gritou a mulher repreendendo o marido por sua atitude.

— Ele só está fraco demais, mas ele voltará antes do que você imagina, e não tolerará traições. É melhor tomar cuidado com o que fala, Helena – Thor parecia nervoso, mas no fundo era um sonhador. Para muitos ele era um iludido,  ninguém mais acreditava que o Lorde das Trevas voltaria, nem mesmo sua esposa... E essa obsessão do marido por Voldemort já estava irritando-a. Todavia, Thor tinha certeza, o Lorde o havia confiado segredos que não dissera a nenhum outro dos seus aliados.

— Olivaras comentou algo sobre o retorno do garoto Potter, ele havia acabado de deixar a loja quando Leon e eu chegamos – ela tentou desviar o foco da conversa, não queria falar sobre o retorno de você-sabe-quem na frente dos garotos. Mas mal sabia ela que o retorno de Potter era um sinal para Rowle.

— Era hora do famoso Harry Potter voltar ao nosso mundo, estava começando a pensar que ele era apenas um mito. Logo, veremos se ele é realmente tudo o que dizem, deixe que ele aproveite seus quinze minutos de fama, pois o retorno do Lorde das trevas está cada vez mais próximo... Mas depois conversamos sobre isso, não vamos deixar o Potter estragar a despedida dos nossos garotos – disse o pai ajoelhando-se para ficar a altura do mais novo, ele fez de tudo para ocultar o medo em sua voz. De certa forma, Potter o amedrontava. Então era verdade o que ele ouvira na loja de quadribol, Harry Potter havia retornado e iria para Hogwarts. Ele tinha que se preparar para o retorno do seu mestre.

Diversos estudantes despediam-se de seus pais e parentes antes de embarcar no navio que mais parecia uma caravela com todos aqueles mastros e velas. Também era claro que os trouxas não conseguiam vê-lo, logo que passavam por ele com extrema naturalidade.

— Pra você, filho! – o homem entregou-o uma gaiola com uma pequenina coruja parda para seu filho caçula. Leon em agradecimento deu-lhe um abraço apertado. – Ela ainda é um filhote e por tal motivo ainda não está apta para fazer viagens longas, mas assim que estiver quero ser o primeiro receber uma, promete? – pediu o pai ao filho sendo bondoso com ele pela primeira vez em muitos anos. – Quero saber como estará em Durmstrang 

— Eu prometo! – disse o filho antes de entrar no navio com seu novo animal de estimação.


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Notas finais do capítulo

Eai, gostaram?



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