Primeiro ele me leva até zoológico, o que eu achei a coisa mais inusitada depois do cinema ao ar livre, que eu descobri não ser tão inusitado assim, mas tudo bem.

Nós compramos os ingressos e, assim que o zoológico abre, entramos. Seguimos o percurso que o mapa sugere e o primeiro bicho que vimos é o macaco.

Alguns estão dormindo, mas há um que me chama mais a atenção entre os acordados. Ele come uma banana e me olha diretamente, coçando a cabeça. Eu aponto e falo:

– Ele está me encarando, sei que está! – Andrew ri, mas confirma que o bicho está de fato olhando justamente para mim. Eu mando um beijinho para ele e o macaco sorri. – Viu!

– Hey! Ela é minha idiota! Quer apanhar? – Andrew finge estar bravo, o que faz com que eu ria muito. Ele até ergue os pulsos e começa a “dançar” como os lutadores fazem.

– Você está com ciúmes de um macaco?

– Nunca se sabe. – diz dando os ombros. Eu rio mais uma vez e sou surpreendida por um selinho demorado vindo de sua parte. – Vamos tirar uma foto?

Ele assente e se posiciona ao meu lado. Acabamos tirando varias fotos no final, algumas nos beijando e outras apenas um ao lado do outro, sorrindo. Vejo que uma senhora nos encara, como se estivesse relembrando como é ser jovem.

As fotos mais engraçadas ficam por conta das nossas caretas. Algumas com a língua pra fora, outras com os olhos vesgos e outras piores ainda com a boca totalmente aberta e os olhos fechados.

– Acho que nesse momento os macacos estão pensando: Quem são os macacos, nós ou eles? – Andrew diz rindo. Eu o acompanho e assim passamos para os próximos animais.

A seguir está o elefante e sua mulher, uma elefanta e parece mil quilos mais gorda que ele. Eu e Andrew deduzimos que ela está grávida, pois apenas fica deitada.

– Imagina uma elefanta parindo. – fala Andrew olhando para o além. Eu rio e bato no seu ombro.

– Pare de ser safado!

– O que? Só por imaginar uma elefanta parindo eu sou safado? – pergunta com um sorriso duvidoso nos lábios. Eu rio e nego com a cabeça.

– Sabia que todos os mamíferos parem? Ou também vou ter que te dar uma aula de Biologia? – pergunto levantando a mão para o céu, como se implorasse para Deus que a resposta fosse não.

– Falando nisso, você mandou muito bem com a Samantha. Ela ficou uma fera e eu não estou falando do nosso amigo leão aqui. – ele aponta para a próxima jaula, que é a do leão.

– Ela merecia. – afirmo dando os ombros.

– Concordo. – ele confirma com um sorriso no rosto. – Mas acho que você pegou pesado com ela por outro motivo, e não só pela Gin.

– Ahm é? E o que te faz chegar a essa conclusão? – pergunto chegando mais perto dele.

– Apenas um passarinho verde me contou. E, além disso, está escrito nos seus olhos que tem ciúmes de mim. – responde com um sorriso no rosto. Ele chega ainda mais perto e me dá um beijo demorado. Quando o ar nos falta, paramos. – Vamos para o próximo.

Passam-se vários animais. Leão, Girafa, Hipopótamo e até mesmo uma Baleia, a qual acabou jogando um pouco de água em Andrew. O passeio acaba rápido demais e quando me dou conta já estamos no estacionamento indo em direção ao Ford Marevick de Andrew.

– Aquela baleia obesa me paga! – ele reclama torcendo a barra de sua camiseta úmida. – Dá próxima vez que viermos vou trazer uma minhoca no meu bolso e esfregar na cara dela como é gorda!

– Claro, porque a baleia vai ver a minhoca e ainda vai entender você falando a ponto de responder: “Você é quem é magro demais, seu humano de merda!”. – eu tento imitar a voz de uma baleia e isso faz Andrew rir. Ele passa os braços em volta dos meus ombros. – E agora? Vamos fazer o que?

– Que tal um almoço? – ele olha no relógio em seu pulso. – Já são quase 13:00 horas.

– Por mim tudo bem.

***

Nós paramos em um Mc Donalds e pegamos os lanches pelo carro mesmo. Depois Andrew guia o carro pelas ruas para um lugar o qual não me lembro de ter ido nunca.

– Que lugar vamos?

– Lembra quando te disse no dia do cinema ao ar livre que queria te levar em um lugar especial? – eu assinto enquanto roubo uma batata do nosso lanche. – Então, vamos comer lá hoje, tudo bem?

– Beleza.

Então nos aproximamos de um morro e Andrew estaciona o carro em sua entrada. Nós o subimos andando devagar enquanto conversamos e rimos. Lá em cima há uma mesa de piqueniques, a qual sentamos e comemos.

– Você bem que poderia ter aceitado e vindo comigo aqui naquela noite. – ele declara depois de dar uma mordida em seu lanche. – A cidade de noite fica linda daqui de cima.

Eu acabei o meu lanche, então dou a volta pela mesa e sento em seu colo, o olhando intensamente.

– Nós teremos outras chances, certo? – eu acaricio o seu cabelo e seu rosto sorrindo acolhedor. Ele sorri sem mostrar os dentes e olha para baixo.

– Isso é um pedido de namoro ou algo assim? – pergunta com o seu sorriso de lado voltando ao rosto.

– Não prometemos esquecer os problemas por hoje? – pergunto com o olhar desesperado. Isso não era um pedido de namoro, pelo menos não era intencional de ser.

– Ahm, está me renegando agora senhorita Morgan? – ele me acusa cutucando a minha barriga.

– Pare! Eu tenho cócegas! – grito, pois tenho muitas cócegas. Vendo o meu desespero, Andrew continua a fazer. Eu rio, até penso que vou fazer xixi nas calças. – Pare já!

– Pede direito! – não aguento e caio no chão por fraqueza. Andrew sobe por cima de mim, colocando suas pernas em volta do meu tronco. – Como é que se fala?

– P-Por favor. – eu peço e ele para. Assim que me recupero inverto as posições e fico por cima dele, com as minhas pernas em volta do seu tronco. – Agora você vai ter a vingança.

– Ahm é? Pois pode tirar o cavalinho da chuva, eu não tenho cócegas nenhuma! – afirma com um sorriso vitorioso no rosto.

– E quem disse que eu vou te fazer cócegas? – para a sua surpresa eu me aproximo e deixo meus lábios a centímetros dos seus, quase roçando um no outro. – Minha vingança vai ser não te beijar.

Logo depois de falar isso saio correndo, não dando tempo nem de Andrew pensar direito. Quando sai de seus braços ele até já estava de olhos fechados, pronto para o beijo que viria.

Mas agora retomou a consciência e corre atrás de mim com todo o fôlego que tem. É como aquela vez, quando o Fusca quebrou. Nós parecemos duas crianças e logo ele consegue me alcançar e sem aviso me beija com paixão.

– Sabe de uma coisa? – pergunto ainda com a testa colada na dele.

– O que? – ele agarra a minha mão e entrelaça seus dedos nos meus.

– Lembra quando você me perguntou qual seria o melhor dia da minha vida?

– Aham. – responde mais concentrado em meus lábios do que na conversa.

– Acho que é hoje.

Só assim consigo a sua atenção e seus olhos se prendem nos meus. Ele chega mais perto de mim, se isso é possível, e, para a minha surpresa, apenas me olha. Depois de muitos segundos continuamos o passeio, mas esse olhar não sai da minha cabeça durante a tarde inteira.