Passado Obscuro escrita por LeitoraApaixonada


Capítulo 17
Capítulo 16 - Graxa, a Minha BFF


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeyy Cupcakes!!! Como vão???

Dei mais uma escapadinha da minha viajem (eu volto semana que vem, dia 25) e estou postando mais um cap pra vocês!! Eu queria poder garantir mais um cap amanha, mas não posso pois vou fazer um passeio durante o dia inteiro. Mas, juro juradinho que se der eu posto, seja a hora que for!!

Musica do CAP: Luan Santana - Te Vivo (acho muito bonita essa musica)
Beijooocas!!



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Quando chego em casa insisto para que meu pai me deixe sair para correr. Não consigo ficar aqui, fechada, sabendo que o meu próprio pai está me escondendo alguma coisa, alguma coisa muito grave.

Ele deixa, no final das contas. Dobro varias ruas seguidas e resolvo que vou seguir um padrão, virando sempre a direita. Corro sem ouvir musica, só com o barulho dos carros a minha volta.

Isso me faz pensar. Julian deveria ter sido importante para o meu pai. Importante o suficiente para ele pelo menos ir visita-lo no cemitério uma vez. Então, se estou certa, vou encontrar algo naquele lugar.

Corro por horas. Na verdade, não sei por quanto tempo fico na rua. Só sei que quando chego em casa já está escuro e todos estão dormindo, inclusive meu pai, o que me faz estranhar. Normalmente ele não dorme enquanto eu não chego.

Tomo uma ducha e não ligo para o meu cabelo molhado quando me jogo na cama. Acabo adormecendo de cansaço.

***

Como eu pude deixar isso sair da minha cabeça, hein? Como eu pude esquecer-me de uma coisa tão importante como essa, uma coisa que eu sai de casa escondida para fazer?!

– Não acredito nisso! – a Sra.Moore grita com o rosto vermelho, como se estivesse em chamas. Penso até que ela vai ter um ataque e ignoro o impulso de sair da sala e ir pegar uma mangueira para apagar o seu fogo. – Vocês não tem responsabilidade ou o que?

– Professora nós não... – Andrew começa a falar do meu lado. Ele está horrível, se me permitem dizer. Olheiras em volta dos olhos, pele branca, voz inebriada e uma possível dor de cabeça. Acho que com tanta coisa para pensar esqueci completamente desse trabalho.

– Não quero saber! – a nossa professora de Convivência Social grita novamente interrompendo Andrew bruscamente. Só sobramos nós na sala depois da aula e isso a torna ainda mais horripilante. – Acham que eu tenho cara de palhaça? Eu quero esse trabalho pronto para amanha, estão me entendendo?!

– Mas... – tento protestar, mas sou cortada por um olhar mortal da professora. Mesmo assim continuo. – Por favor professora. Amanha nós temos uma prova de Inglês importante e...

– Pensasse nisso antes de não fazer o trabalho. – ela começa a arrumar alguns papeis em cima da mesa. – Ahm, e nem pensem em não o trazerem amanha! Se fizerem isso arrumo um jeito de deixar os dois de Recuperação!

– O que?! – Andrew explode ao meu lado. – Isso é possível?

– Pague para ver, meu querido. – a professora pega a sua bolsa na cadeira e a coloca em cima do ombro. – Boa tarde. – E sai da sala, dando a conversa como encerrada.

***

Eu vou dirigindo, no Fusca. O caminho até a minha casa é tranquilo, sem transito ou qualquer coisa que dificulte a minha direção, mas, mesmo assim, demoro um tempo para frear e acelerar em certas horas.

Andrew está no banco ao meu lado em silencio total desde que saímos da escola. Depois daquela bronca da Sra.Moore decidimos ir fazer o trabalho na minha casa, deixando o nosso combinado de não se meter um com o outro de lado por enquanto.

Liguei para Ginna antes de ir para a casa e pedi para que ela enrole Sara fora de casa pelas próximas quatro horas. Depois de insistir muito e prometer lavar a louça do jantar pelos próximos dez anos ela aceita o meu pedido. Bom, é melhor do que ter que ir à casa de Andrew.

Eu estaciono e saio do carro sem falar nada. Andrew me segue e eu abro a porta de entrada da casa para ele.

– Sinta-se em casa. – declaro abrindo os braços com um sorriso irônico no rosto. Caminho pela sala e deixo a minha bolsa em cima do sofá, me sentando nele logo depois.

– Eu já vim aqui antes, sabe. – declara Andrew se sentando no outro sofá. Ele abre a sua mala e pega um caderno. – Ginna fez uma festa de aniversario da Barbie quando éramos pequenos.

– Ahm, claro. – digo fazendo o mesmo que ele. Olho para a folha em branco e franzo o cenho. – O que a gente precisa fazer mesmo?

– Acho que é um tipo de pesquisa entre a gente. – ele fala. – Precisamos nos conhecer melhor, tipo cor favorita, filme, o que não gostamos e etc.

– E o que isso tem a ver com Convivência Social? – pergunto dando os ombros. Eu escrevo no alto da pagina “Perguntas” em letras de forma.

– Acho que é alguma coisa sobre conhecer melhor as pessoas antes de julga-las. – Andrew dá os ombros e bufa. – Como se isso fosse fazer as pessoas pararem de falar mal umas das outras.

– Pois é. – assinto com a cabeça, pois concordo com ele. – Posso começar?

– Claro. – ele declara evitando olhar em meus olhos. Andrew escreve algo em seu caderno.

– Você tem irmãos?

– Tenho uma irmã mais nova. – responde sorrindo de lado. Por um milésimo de segundo vi passar pelo rosto de Andrew a expressão de um daqueles irmãos que cuidam das irmãs mais novas como se fossem as próprias filhas. De orgulho e felicidade. Porém isso passa rápido. – Qual foi o melhor dia da sua vida?

– Gosto de pensar que o melhor dia da minha vida ainda não aconteceu. Que talvez ele venha a acontecer mais pra frente ou, sei lá, não aconteça. – dou os ombros quando falo, olhando diretamente para o meu caderno. Levanto os olhos, pois sinto olhos azuis me encarando pela primeira vez hoje. – O que foi? Perdeu alguma coisa na minha cara?

– Não. – ele ri, negando com a cabeça. – Não é nada.

– Não é nada! – eu o imito rolando os olhos. – Qual é! Fala!

– Só gostei do jeito que disse isso. Como se não precisasse ter o melhor dia da sua vida para ser feliz. – ele sorri e volta o olhar para o caderno.

– Minha vez. – declaro. – Qual o melhor dia da sua vida?

– Talvez tenha sido quando minha irmã fez seis anos. – ele parece pensativo. – Fizemos uma festa de aniversario na nossa casa de campo e depois que todos os convidados foram embora eu e ela fizemos um piquenique no seleiro. Eu adorei.

– Sua irmã deve ser legal. – digo anotando isso em meu caderno.

– Olhe de quem ela é irmã, Jane! – ele aponta para si mesmo como se dissesse “Eu sou o cara e ninguém no mundo inteirinho é melhor ou mais bonito”.

– Que convencido! – eu rio fazendo uma cara de brava. – Sua vez.

– Uhmmm... Gosta de basquete?

– É... Gosto de ver basquete, mas não de jogar. Sou péssima em esportes! – eu penso um pouco e completo. – Menos em corrida. Amo correr.

Ele escreve algo no caderno e isso faz com que a luz do Sol que entra pela janela fique bem em seu rosto, iluminando-o bem. Retiro o que disse, Andrew nunca está horrível. Ele percebe que eu o olho me fazendo desviar o olhar rapidamente.

– Cor favorita? – mudo de assunto.

– Amarelo. – responde depois de pensar bem. – E você?

– Azul. – declaro mexendo no meu pingente de anjo. Penso um pouco antes de fazer a próxima pergunta. – Qual o seu chocolate favorito?

– Nossa, essa é difícil. – ele franze o cenho e olha para o nada. – Acho que gosto de chocolate branco. É doce demais, mas mesmo assim é bom.

– Eu odeio chocolate branco! – falo negando com a cabeça.

– C-O-M-O? – ele pergunta lentamente me olhando com os olhos arregalados. – É muito bom! Mas tudo bem, não vamos discutir sobre chocolate! Gosta de cinema?

– Sim. – falo depois de um tempo. Não sei por que isso vem na minha cabeça, mas vejo a oportunidade e faço a pergunta. – Quais são as suas tatuagens?

Ele fica tenso no outro sofá. De repente ignora o meu olhar e fecha os punhos com força. Espero um tempo e, quando vou perguntar o porquê dessa sua reação o celular de Andrew toca. Ele atende imediatamente.

– Alô? – uma grande pausa. – Não posso falar agora... Sim, estou... Tá, tchau.

– Então... – quero que ele responda.

– Um dragão. – fala dando os ombros com uma certa naturalidade. Antes mesmo de eu conseguir questionar a sua resposta sou surpreendida. – Já teve um namorado?

– Não!

– Qual é! Você tem 16 anos e nunca teve um namorado?!

– Não! – respondo meio deslocada e já sentindo minhas bochechas ficando vermelhas.

– Verdade?

– Andrew, os meninos não me olham desse jeito. – pelo menos não me olhavam.

– Estou em choque! Eles com certeza te olham desse jeito. – eu falava junto com ele um “Não, não, não...” repetitivo, tentando colocar isso em sua cabeça. Andrew me olha nos olhos quando fala a próxima coisa. – Jane, você é absolutamente linda!

– Ah meu Deus, não! – falo já com as maças do rosto completamente vermelhas. Passo para a próxima pergunta evitando olhar em seus olhos. – Ahmm... Seu carro! Conseguiu seu carro de volta?

– Sim. Meu amigo o pegou para mim no dia da corrida. – ele sorri quando fala isso notando o quanto estou constrangida. – Acho que está bom de perguntas, não?

– É. Agora fazemos um texto sobre as características o outro né? – ele responde balançando a cabeça afirmamente.

Demoro um tempo para acabar. Não sei o que colocar sobre Andrew, se faço um texto “sentimental” ou racional. Acabo optando pela segunda opção.

– Acabou? – ele pergunta quando paro de escrever. Assinto e vejo que acabamos. Tipo, acabamos mesmo. Depois que ele sair por aquela porta vamos voltar a ser como éramos antes. Nada um do outro, com aquela “proposta” voltando a acontecer.

– Então amanha vamos ter que apresentar isso, não é? – eu pergunto e ele assente. Já que não entregamos no dia exato que o trabalho deveria ser entregue vamos ter que falar na frente de todo mundo da classe, o que é um saco.

– Sim. Já que acabamos... – ele se levanta, pega a mala e caminha até a porta. Eu o sigo. – Você pode me dar uma carona até a escola para eu pagar o meu carro?

– Claro. – respondo por educação. Pelas minhas contas ainda tenho um tempo até Sara e meu pai chegarem. Pego minha bolsa e saio com Andrew pela porta.

O caminho é silencioso, novamente. Acho que ele está perdido em pensamentos, como eu. Meu Deus, o que eu vou fazer? Como eu vou descobrir tudo o que eu tenho de misterioso em meu passado e ainda conciliar essa... Coisa que tenho com Andrew?

Estamos passando em uma rua não muito movimentada quando alguma coisa começa a dar errado. O Fusca dá uns trancos e eu fico sem controle do carro.

– O que está havendo? – pergunta Andrew quando vê que não consigo mais controlar o carro com a mesma facilidade.

– Não sei... – quando acabo de dizer isso o freio para de funcionar. – Ahm, merda! Merda, merda, merda!

Vou de encontro a uma lixeira que estava na rua próxima à calçada. Meu corpo vai para frente, assim como o de Andrew, e eu acabo batendo a cabeça com força no votante. Depois de alguns segundos meio tonta só consigo ouvir a voz de Andrew.

– Jane! – ele grita e tira o seu próprio cinto. – Jane, você está bem? – Nessa hora ele já está sobre mim, me olhando nos olhos e com a mão em meu rosto. – Jane fala comigo!

– Oi! É... Acho que eu estou bem. – mexo na cabeça e vejo que a minha batida só deixou um pequeno galo. – Só estou um pouco tonta.

– Vamos sair do carro. Espera ai. – ele sai pelo seu lado e dá a volta, abrindo a porta para mim. Agora me lembro da primeira vez que peguei carona com Andrew, quando eu não gostei do fato de ele não abrir a porta para mim.

– Obrigada. – eu me apoio nele, mas não aconteceu nada de grave. Olho para o Fusca e fico boquiaberta. – Meu Deus! Meu carro!

– Ahm, não aconteceu quase nada Jane! – Andrew reclama indo até a parte da frente do Fusca, onde se localiza o motor.

A frente está um pouquinho amassada, mas nada que não dê para aguentar. Na verdade, o amassado só é percebido quando o olhado bem de perto.

– Ok, mas e o motor? O freio? Não sei o que aconteceu! Ele simplesmente parou de funcionar! – falo batendo as mãos na coxa em sinal de protesto.

– Calminha ai. Eu sei o que fazer, você está falando com o melhor mecânico da cidade, ok? – ele sorri de lado e abre o motor, que solta um pouco de fumaça. – Sabe se tem alguma ferramenta ai?

– Nossa, eu amo o meu pai. – falo indo em direção ao porta malas. Assim como os documentos do carro, meu pai me fez carregar um pneu reserva e uma caixa de ferramentas no porta malas.

– Eu também amo ele. – depois que pego a caixa olho desconfiada para Andrew. – Ele fez você! Como não ama-lo?

– Cala a boca! – eu dou tapa forte em seu ombro e lhe dou a caixa de ferramentas. Depois me sento no lugar do motorista e espero. Espero muito tempo, pra falar a verdade.

– Acho que acabei. – Andrew grita lá da frente. – Pode tentar ligar o carro?

Faço o que ele pede e funciona! Funciona!

– Deu certo! – saio do carro a tempo de ver Andrew arrumando a blusa. Ele sorri orgulhoso e quando chego perto sorri ainda mais, como se estivesse planejando alguma coisa. – O que foi?

– Preciso de um premio! – conclui. Parece até que surgiu uma lâmpada acesa em cima de sua cabeça como nos desenhos animados. – Afinal, acabei de concertar o seu carro...

– Vai sonhando, querido! – falo já me virando de costas para voltar à direção do carro. Mas antes que isso pudesse acontecer sinto uma mão forte pegando em meu braço e o puxando.

– Então vamos fingir que isso é um sonho. – declara segurando meu braço e fazendo com que ficássemos frente a frente. Eu e ele estamos a menos de um palmo de distancia e, antes que seu cheiro me faça perder a consciência, tento me desvencilhar de seus braços. De primeira não dá certo, mas depois eu acho minha saída.

Paah! Passo a graxa que peguei dentro do capo em seu rosto deixando meu dedo marcado no lado direito da sua bochecha. Ele me solta e eu caio na gargalhada.

– Você não fez isso! – ele grita sorrindo diabolicamente. Antes de eu conseguir responder ele passa a mão pela graxa e começa a correr atrás de mim.

– Pare! Pare! – grito, rindo e me engasgando com a própria saliva. Corro em volta do Fusca, mas ele me alcança. Passa a sua mão por todo o meu rosto. Resultado: eu fico completamente suja. – Idiota!

Eu corro até o capo e passo o dedo pela graxa mais uma vez. Corro até Andrew, que continua parado no mesmo lugar, sorrindo.

– Não vai fugir? – pergunto com a sobrancelha levantada.

– Não tenho medo de você. – declara sorrindo de lado. Que saudade desse sorriso!

– Pois deveria. – e corro até ele. De primeira, Andrew desvia. Mas eu sou rápida, corro desde que eu tinha sete anos de idade. Então o alcanço e pulo em suas costas.

Andrew acaba por me segurar, como se estivéssemos brincando de cavalinho. Eu rio e ele também. Só que eu escorrego para o lado e, no desespero de tentar me segurar, acabamos os dois indo para o chão.

Rimos e rimos e rimos. Estou com lagrimas nos olhos e os fecho para tentar conter o acesso de riso. Andrew tem a risada rouca e, como está por baixo de mim, posso sentir sua barriga se movimentando.

– Jane. – eu finalmente abro os olhos ainda com um sorriso no rosto. Estamos próximos, um olhando um nos olhos do outro. Em pouco tempo me perco em seu mar azul, vacilando o olhar em seus olhos e sua boca. Parece idiotice, mas nessa hora a única coisa que eu queria era que nossos lábios se encostassem. Mais do que qualquer coisa. Nesse momento, eu ignorei todos os porquês que faziam eu não poder fazer isso.

Ficar por cima dele, o que antes era um gesto inocente, agora se tornou outra coisa. É como se estivéssemos interligados, pelo nosso corpo junto, pelo nosso olhar e futuramente pelas nossas bocas.

“Você vai ser fraca a ponto de dar o que ele quer?” O anjinho fala em meu ombro esquerdo. Ele tem razão, sei que tem. Mas eu... Não... Consigo.

Não me aproximo e me sinto burra por isso. Mas é como se eu estivesse paralisada. Bom, depois de um tempo, isso fica ridículo e eu começo a rir outra vez. Como assim você pode rir em uma situação dessa?! Meu inconsciente reclama.

– Desculpe. – me levanto rapidamente e fico séria de repente. Ajeito a minha roupa evitando o olhar de Andrew.

– Não foi nada. – sua voz está diferente, mas não me atrevo a levantar o olhar para ver sua expressão. – Acho melhor eu ir indo, então.

– É. – estávamos perto da escola, então não ofereço para leva-lo até lá. Quando vê que não vou mais falar nada pega a sua mala no banco do passageiro do Fusca e para em minha frente de novo.

– Tchau. – Andrew se inclina para mim e, quando penso que ele vai finalmente me beijar, para e me olha. Fica um tempo assim, só me encarando. Depois? Depois ele só se vira de costas e vai embora.


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Notas finais do capítulo

Owwwww!!! É ou não é o casal vinte??? Hahaha brinks!!
Obrigada pelos comentários e as favoritamentos!!

Beijoooocas!!



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