Na verdade tudo estava normal. Passaram-se vinte e quatro horas e o Casarão Creepypasta já parecia estar, aos poucos, se tornando como de costume. O café da manhã não fora tão caprichado como os dias anteriores, provavelmente mais um dos castigos de Slender man. Para se tiver idéia, a gelatina de limão que Randal havia pegado estava mais dura que o próprio prato.

– Que coisa chata – Murmurou empurrando o solido gelatinoso para longe dele – Odeio coisas chatas!

Alexandre continuava desaparecido, tempo suficiente para o grupo da flor de lótus começar a se sentirem preocupados. Outros da qual começaram a sentir a falta era os Slender, pai e filho que não haviam descido para o dejejum.

– Hey. Fui só eu que ouvi uma música ontem anoite? – Indagou Angelique enquanto cutucava com o garfo um bolo de chocolate que mais parecia vómito de Chupa-Cabra.

– Tipo... Solo de guitarra? – Quis saber Liu.

– É. Tipo isso.

– Eu também ouvi – Interveio Kather – Isso porque eu sou distraída nesses detalhes pequenos.

– YOOOOO! Do que vocês estão falando? – Kyara surgiu do nada, assustando Jasmine e BEN ao mesmo tempo, sendo que estes estavam de costas para ela. Já fazia um tempo desde que as ações de um se tornavam a do outro.

– De ontem anoite – Respondeu Jane – Ouvimos uma... Melodia. Se é que posso chamar assim.

– Hmmm... De guitarra? – Um sorriso surgiu nos lábios da garota. Já sabia do que se tratava.

– Yep. – BEN desistiu de tentar entender o prato de fronte a ele. Que merda era aquela em sua frente?

Kyra se sentou no meio do grupo.

– Cadê o Eyeless, K? – Ela perguntou, deixando seu sorriso se tornar malicioso.

– C- como é que vou saber? – Respondeu deixando-se corar um pouco. A outra riu.

– Como que você não sabe se ele tá bem ali falando de boas com o Offender... Péra? Por que estão conversando?

– Você é sempre curiosa assim? – Jeff olhou-a com desdém.

– Como se você não soubesse... – Os cantos de sua boca não deixavam de ser repuxados.

– Olha o Slender lá! – Apontou Liu.

Era como se o casarão inteiro tivesse ouvido. As cabeças se viraram para o ser esguio que entrava no refeitório. A gravata estava sem dar nó e o terno aberto. Indicando alguém em desleixo total. Antes de se voltar aos moradores, trocou algumas palavras com Zalgo. Limpou a garganta (N/A: Se é que isso é possível):

– Hoje, moradores de Creepypasta, receberemos duas visitas importantíssimas. Mr. Creepypasta chegará às uma da tarde. Espero que não me decepcionem. E, bem... Ah! A nossa segunda visita só chegará à meia-noite. Não quero bagunça. Perguntas?

Quase metade dos moradores levantaram as mãos.

– Ér... Você aí da segunda mesa – Apontou o homem.

– Por que o senhor está todo abatido desse jeito? – Perguntou uma Creepy pouco conhecida, Sam.

– Não tive uma noite boa. Alguma outra? – O número de mãos levantadas havia abaixado, mas mesmo assim havia muitas pessoas com dúvidas – Episódios Perdidos?

– Por que a comida tá ruim assim? – O garoto gordinho quis saber.

– Castigo. Alguma outra, mas que seja sobre as vis... – Foi interrompido pela voz de Jane, que se levantou.

– Perdoou o Dicky? – Ela estava com os braços cruzados sobre o peito.

– É da sua conta? – Slender pôs as mãos na cintura.

Nessa hora, o garoto citado acabava de entrar no refeitório com algumas olheiras escuras do tipo de quem passara a noite em prantos. Ninguém havia percebido sua presença, e Jane continuou:

– Acho que é da conta da namorada dele sim!

Espera... O quê? Foi o que passou na cabeça de todos.

– O quê? – Slender parecia perplexo.

– O... Quê? – Dick murmurou. Jane se virou bruscamente, assustada. Desde quando ele estaria ali?

– O QUÊEE?! – Jeff se levantou.

– Oxi... – Liu se encolheu.

Eyeless deixou cair à taça de sangue da mão, que se espatifou no chão. Porém agradeceu por esta estar quase vazia.

– Opa... – Jane deu um sorriso amarelo.

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– Pode começar a explicar! – Mandou Jeff.

O refeitório já estava vazio. Jeff, Liu, Kyara, Jasmine, Eyeless, K, Angel e Dick eram os únicos que se mantiveram no local, curiosos para receber uma resposta de Jane.

– Aff! Você até parece meu marido cornudo – Jane reclamou com o cenho franzido.

– Também quero saber, Jan – Dick não tinha expressão. A jovem suspirou.

– Foi da boca pra fora, caramba! O que mais vocês querem que eu fale?

Ficaram em silêncio por um momento. Todos encarando uns aos outros. Angelique quebrou o clima tenso com sua risada.

– Por que está rindo? – Perguntou Liu.

– Imagina que legal se fosse de verdade? – Ela olhou para ambos, sorrindo.

O garoto corou subitamente, desviando o olhar para o chão. Jane fez o mesmo:

– Não diga infantilidades aleatórias.

– AMOOOOOR I LOVE YOU! AMOOOOOOR I LOVE YOUUU! – As outras garotas começaram a cantar em coro.

– Suas idiotas... – Sussurrou Jane, vermelha como uma pimenta.

(BEN: Viu só como essa música é do capeta?! -_-‘).

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O almoço acabara de acabar (N/A: ‘-‘). Todos esperavam ansiosos pela chegada de Mr. Creepypasta, sem contar o medo também. Eram muitas as expectativas. Ele nunca havia aparecido por lá antes. Sempre trancado em seu castelo nessa mesma dimensão.

Slender conferiu se todos pareciam santos para a chegada do tão esperado. Parecia tudo em ordem... Tirando Jeff the Killer. Suspirou. Ele não tinha jeito mesmo.

Bateram na porta. Ficaram todos desesperados. Murmúrios vinham de todas as partes. Slender pediu silêncio para depois sim abrir as grandes portas, pronto para falar o discurso treinado. Não começara nem a primeira fala quando se deu conta de que não era Mr. Creepypasta e sim um garoto com, aparentemente, dezesseis anos de idade. Baixo, com presas do mesmo tipo dos felinos, sem contar que sua aparência era bem parecida com a espécie; cabelos pretos e roupas que cobriam todo o corpo.

– Ér... Você não era quem eu esperava – Comentou o homem sem-rosto – Quem és tu?

– Atendo por James Obscuriant. Encontrei por acaso isso aqui – Uma áurea negra rodava em torno do homem esguio.

– Ninguém acha esse lugar por acaso...

– Eu acho então, que sou diferente – Falou na maior calma.

– Entra logo então – Puxou-o para dentro, jogando-o em cima de Kyara – Ela te mostra como tudo funciona aqui.

– EUUUU?!

– É, você.

Sem opção obedeceu. Continuou com um sorriso enquanto levava James para todos os cantos do casarão, falando qualquer coisa que lhe aparecia na cabeça.

Slender ia fechar a porta enquanto observava os dois sumirem na multidão. Um barulho da madeira batendo em algo fez Slender virar a cabeça para a entrada.

– AI! – Alguém exclamou do outro lado.

Slendy abriu a porta e se desesperou. Havia batido a madeira na cara de Mr. Creepypasta.

– Zalgo meu! Perdão! – Pediu, sem saber o que fazer. A figura azulada e de um sobretudo bizarro olhou irritado para Slender. Entrou sem mais delongas dizendo com frieza; fazendo o homem de terno estremecer:

– Obrigado pela péssima recepção.