Kate e Melissa haviam passado o dia seguinte inteiro falando com seus contatos no submundo de Gotham, porém só conseguiram garantir sua entrada no clube Iceberg naquela noite. Seria um evento muito exclusivo para pessoas muito importantes ou muito ricas, então ambas precisaram pagar muito bem pela informação e por ingressos. Como os contrabandistas ainda não haviam cobrado nada pelo soro, as heroínas chegaram a conclusão de que aquele dinheiro iria para o Pinguim, como um aluguel do clube.

— Rocket e Elusion entrando, fiquem preparados — Canário sussurrou. Seu cabelo loiro agora estava coberto por uma peruca ruiva longa, haviam algumas tatuagens falsas em seus braços e no lugar de seus olhos castanhos, haviam lentes verdes.

— Superboy, se ouvir coisas sendo quebradas e alguns gritos, podem entrar, do contrário deixem tudo com a gente — Batgirl pôs a mão na cabeça para garantir que sua peruca loira estava bem presa e sentiu uma vontade enorme de passar a mão no rosto para tirar toda aquela maquiagem, mas não podia se parecer como Melissa Wayne.

— Se eu ouvir o barulho de uma mesa sendo arrastada, vamos entrar — Kevin deixou claro, e elas sabiam que não era brincadeira.

— Boa sorte, meninas! — Scott disse.

— Vamos precisar… — Kate murmurou assim que viu quantas pessoas perigosas estavam ali dentro. A maioria eram vilões novos, sem poderes que geralmente roubavam bancos ou coisas do tipo, se conseguissem o soro, seriam extremamente perigosos.

— Tô vendo muita gente que achei ter colocado na cadeia, depois vamos ter uma conversinha com os policiais dessa cidade — Batgirl viu Canário dar uma leve risada antes de ir na direção oposta da dela para o outro lado do salão.

Kate sentou-se em uma mesa vazia nos fundos, não querendo chamar atenção. Olhou em volta e conseguiu ver Melissa sentada do outro lado do clube, perto de um enorme palco feito de um material semelhante a gelo. Continuou a correr os olhos lentamente pelo local até parar em um rosto familiar, quase dando um pulo da cadeira quando percebeu a garota de cabelos loiros platinados, magra e alta sentada com alguns criminosos em uma mesa perto da dela.

Sem hesitar, a heroína se levantou e andou de forma rápida, porém discreta até aquela mesa e parou ao lado da jovem.

— Ariel, que bom te encontrar aqui! — Canário falou, fingindo estar feliz para não estrangular a outra.

— Ai, caramba! O que você está fazendo aqui?! — Ariel não escondeu a surpresa em sua voz, obrigando Kate a puxá-la pelo braço para que não revelasse seu disfarce. — Ei, ei, ei, não precisa me agredir!

— O que você está pensando, Ariel? Esse lugar é perigoso! E o que você veio fazer aqui afinal? — a heroína empurrou a jovem contra uma parede afastada, torcendo para ninguém ouvir aquela conversa por acidente.

— Eu ouvi falar que esse soro é muito maneiro, então vim experimentar — deu de ombros, sorrindo logo em seguida.

— Você é uma ciborgue! Quantas vezes preciso te lembrar?

— Urgh, você não cansa de me falar isso?! Eu sei que sou metade robô, mas isso não me impede de ter poderes legais — Ariel cruzou os braços.

— Impede sim! Não tem o organismo de uma pessoa normal... E tem mais, minha tia sabe que você está aqui? — Kate a viu arregalar os olhos e morder o lábio inferior.

Sara havia se tornado mentora de Ariel depois de salvá-la de um acidente de carro que quase custou sua vida. Canário Branco escolheu treiná-la mesmo que ela fosse filha do Exterminador, pois viu um grande potencial na jovem. Kate adorava Ariel, havia crescido com ela como se fossem irmãs, mas as vezes ela a tirava do sério com suas ideias malucas.

— Não conta para a Sara, por favor! — a ciborgue agarrou os ombros da maior e a sacudiu levemente. — Por favor, Kate, por favor!

— Shhh! Não me chama assim aqui — ela se desvencilhou da outra e olhou m volta, aliviada por não terem sido ouvidas ainda. — Não vou contar nada se for embora agora. As coisas podem ficar feias em alguns minutos.

— Ahhh, mas eu quero ficar.

— Então vou ligar para a Sara agora.

— Não! Tudo bem, tudo bem, eu saio — Ariel bufou e andou na direção da saída, olhando por cima do ombro e vendo que Kate a acompanhava para ter certeza de que ela iria mesmo embora.

Porém quando chegaram a porta, as mesmas se fecharam e as luzes diminuíram. Kate deu um suspiro de frustração ao perceber que Ariel precisaria ficar ali até o fim da missão, mas apenas puxou a loira para a mesa nos fundos e a colocou sentada ao seu lado.

— Quando as portas se abrirem, você vai sair, entendeu?

— Sim, mamãe — Ariel deu uma risada e voltou sua atenção para o palco.

As duas observaram enquanto uma figura familiar de cabelos longos e azuis se colocava na frente de um holofote.

— Senhoras e senhores… — Duela forçava uma voz grossa para parecer uma locutora de rádio, mal conseguindo contar a própria risada enquanto o fazia. — É com grande honra que serei sua apresentadora hoje a noite! E preciso dizer que não conheço metade dos rostos que estou vendo aqui hoje… Isso, meus amigos, pode mudar essa noite.

Ela correu os olhos por todo o local, um sorriso de orelha a orelha nunca deixando seu rosto.

— Vocês vieram aqui porque estão cansados de serem humanos normais, roubar bancos e serem pegos pela polícia, isso é ridículo! Os super-fantasiados-heróis nem prestam atenção em vocês! E então eu pergunto, qual é a graça?! — Duela gritou, mesmo estando com um microfone. — Se tivesse poderes, poderiam causar muito mais estrago. Roubariam o Fort Knox, e não o banco nacional de Gotham, poderiam destruir seus inimigos... — ela forçou uma tosse enquanto dizia “Batman”, “Caçadora” e “Canário Negro”. — E melhor, depois disso poderão se tornar membros do nosso clubinho mega legal. Mas essa parte quem explica não sou eu.

A vilã apontou na direção de várias portas que se abriram nas paredes, portas que levavam a salas particulares.

— Saibam mais sobre nossos serviços nas salas posicionadas nas paredes da esquerda e da direita — agora ela soava como uma aeromoça explicando os procedimentos de segurança. — Por favor, não entrem com objetos como facas, armas, espadas, bastões e nem pés de cabra, pois se nossos atendentes se sentirem ameaçados, irão matá-los. Obrigada e voltem sempre!

Quando terminou, Duela largou o microfone no chão e saiu do palco com uma risada terrivelmente contagiante. Kate olhou para Ariel, que contia uma risadinha e rapidamente ficou séria.

— Hum… É melhor entrarmos em uma das salas, sabe… — a ciborgue comentou, vendo que a maioria fazia isso.

Kate olhou na direção de Melissa, vendo-a fazer um sinal discreto para a loira entrar em uma sala enquanto ela mesma já entrava em outra ao lado do palco. Apesar de não ter gostado muito da ideia, Canário puxou Ariel da cadeira e a levou consigo até uma das salas, recebendo alguns olhares de criminosos que entraram lá também. As duas se sentaram ao redor de uma mesa circular e ficaram encarando os outros do lado oposto, ninguém dizia uma palavra ou saia do lugar.

Logo as portas se fecharam e um homem loiro trajando roupas pretas surgiu do nada, como se estivesse escondido esperando para se revelar.

— Boa noite, cavaleiros e senhoritas, meu nome é Jake. Estou aqui para discutir mais sobre nossos planos com vocês. Minha chefe, Leviathan, está mais do feliz em oferecer esse soro especial para todos vocês gratuitamente, mas também gostaria que, depois de usá-lo, se juntassem a nossa causa.

— E qual seria essa causa? — um dos criminosos perguntou, impedindo Kate de fazer isso antes.

— Uma vez que todos os nossos clientes estiverem prontos e com os novos poderes sob controle, Leviathan planeja juntá-los como um exército e dominar o país — Jake explicou, tranquilamente. — Sei que deve parecer estranho, dominar os Estados Unidos com apenas algumas centenas de pessoas, mas planejamos expandir nosso exército ao longo do tempo, primeiro dominaremos Gotham, depois Metrópolis e por aí vai… Somos muito pacientes.

Ele esperou por mais perguntas, porém todos ficaram calados, parecendo analisar as palavras do loiro.

— E pessoas ricas como vocês, é claro, seriam recompensadas quando alcançássemos nossos objetivos. Depois de dominar esse país, poderíamos expandir nossos horizontes e dominar o continente, talvez dois. As possibilidades são infinitas e não há como saírem perdendo com tudo isso.

Kate sabia que ele omitia o fato de as mentes dos usuários do soro começarem a serem controladas depois de um tempo, aquele cara só precisaria convencê-los a usá-lo e depois não seria mais necessário dar-lhes nada. De certa forma eles estavam pegando criminosos perigosos e os colocando sob controle mental, tirando-os do mundo do crime, mas ao mesmo tempo criando um exército de meta-humanos tão grande que poderiam derrotar até mesmo a Liga da Justiça.

— E acham mesmo que os heróis os deixarão dominar tudo tão facilmente? — dessa vez Ariel perguntou e Kate quase a segurou pelo pescoço para estrangulá-la.

— Não precisarão se preocupar com a Liga e aquela outra equipe de projetos de heróis, já temos tudo planejado para que eles não interfiram em nossos planos — ele deu um sorriso confiante, fazendo Kate engolir seco. Ela nem imaginava o que fariam para manter o DS ocupado, porém sabia que se fosse algo parecido com o Coração Negro, que eles usariam contra a Liga, eles estariam ferrados.

— Sinceramente, espero sua colaboração. Não precisam decidir agora, vão para a casa, pensem um pouco e reflitam sobre tudo o que foi dito aqui. Voltem quando acharem melhor — Jake pegou uma maleta e a colocou sobre a mesa, abrindo-a e entregando um frasco com o soro para cada um deles. — Qualquer dúvida é só me procurar, estarei a sua disposição.

Assim que viu as portas se abrirem, Kate puxou Ariel para fora da sala e a empurrou para trás de uma pilastra.

— Maneiro, consegui um! — Ariel sorriu.

Kate tomou o frasco das mãos dela e o jogou no chão, quebrando-o e fazendo o líquido se espalhar.

— Você não é divertida! — a ciborgue revirou os olhos.

— Ok, estão todos saindo, você vai seguir o fluxo e sumir daqui o mais rápido possível — Kate abriu a pequena bolsa de lado que usava e pegou sua máscara preta. Também tratou de tirar a peruca e as lentes que usava antes de colocá-la.

— O que você está tramando? Vai mesmo se meter com essa gente?! Minha Nossa, quero ajudar!

— Nem pensar.

— Por favor, Kate! — Ariel choramingou.

— Não — ela retirou sua blusa, revelando que usava seu uniforme de Canário por debaixo de roupas normais. — Sério, não gosto de ver você envolvida em tudo isso, a Sara me mataria se soubesse. Por favor, me espera lá fora.

— Mas eu…

— Ariel! — ela quase gritou, vendo a ciborgue se virar e correr para a saída.

— Quem era ela? — Kate se virou para o lado, vendo Batgirl sair de trás de outra pilastra. Ela trajava seu uniforme, porém sem a capa e com uma máscara semelhante a da loira.

— Minha prima, ou meia-prima… Vamos focar na missão — ela suspirou e Melissa assentiu, ainda sentindo que a amiga estava tensa.

— Vi Duela entrar em uma sala no segundo andar, vamos logo — Batgirl tomou a dianteira, escondendo-se nas sombras para não ser vista por nenhum dos criminosos que deixavam o clube ou pelos seguranças.

As duas chegaram ao segundo andar sem problemas, indo direto para a porta da sala onde Duela estaria.

— O que planejamos fazer mesmo? — Canário sussurrou.

— Preciso colocar uma escuta ali dentro, vou tentar passar por debaixo da porta. Vigia para ver se não vem ninguém — a morena ficou de joelhos, pegando alguns pequenos dispositivos em seu bolso, já que não havia conseguido colocar seu cinto de utilidades em uma bolsa tão pequena.

Alguns segundos se passaram e quando Melissa ia colocar as escutas debaixo da porta, a mesma se abriu, o que fez Kate se virar rapidamente. Mal teve tempo de ver o que aconteceu e as duas já haviam sido jogadas para o lado de dentro, dando de cara com Duela, sentada em uma cadeira enquanto comia pipoca.

— Finalmente! Pensei que nunca chegariam — a palhaça deu uma risada. — Obrigada por trazer as convidadas para dentro, Zeusy-buh.

As duas viram Zeus sentar-se em uma cadeira mais ao fundo, logo percebendo o motivo para não terem conseguido ver nada as trazendo para dentro, ele era rápido demais.

— Entãooo, eu tenho um amigo que quer saber se vale a pena lutar contra vocês — Duela colocou uma grande quantidade de pipoca na boca, comendo tudo a uma velocidade impressionante. — Vamos fazer um pequeno aquecimento antes de terem seus traseiros chutados, ok?

As duas heroínas viram Duela dar um impulso com os pés e se afastar delas, parando bem ao lado de Zeus. Kate viu que Jake, o homem que estava na sala com ela, também se encontrava sentado junto aos vilões. No segundo seguinte, várias pessoas, tanto homens quanto mulheres, trajando roupas pretas e máscaras iguais formaram uma roda grande ao redor das duas. Batgirl contou um pouco mais de trinta e cinco, chegando a conclusão de que aquele era o motivo para a sala ser tão grande.

“Precisamos chamar os outros…” - Kate pensou, se preparando para dizer isso à sua parceira quando ouviu o tal de Jake gritar:

— Iniciar o modo “Sala segura”! — ouvindo isso, Duela apertou um botão um controle remoto e, do teto, paredes de um metal pesado e grosso desceram, cobrindo todas as paredes. — O Pinguim tem vários meios de se proteger aqui dentro, resolvemos usar a sala segura dele, pois assim não serão interrompidas.

Ele sorriu, deixando-as ainda mais irritadas. Kate se perguntou como ele conseguiu prever o que ela diria, mais uma vez vendo-o respondê-la, ainda que não tivesse falado nada.

— Sou um telepata. Você pensa muito alto — Jake cruzou os braços e se recostou na cadeira. — Estou entediado. Comecem!

Batgirl e Canário nem conseguiram saber como desviaram dos golpes que vinham em suas direções, pois mal conseguiam ver alguma coisa no meio de todas aquelas pessoas. As duas, porém, devolviam os golpes com ainda mais força e intensidade, derrubando a maioria por nocaute.

— Isso é diversão! — Duela riu, ainda comendo pipoca como se assistisse a um filme de ação.

— Quantos já derrubou? — Melissa perguntou, levemente ofegante quando Kate e ela encostaram suas costas uma na outra.

— Uns doze… E você? — ela também tentava desacelerar sua respiração, observando enquanto os oponentes ainda de pé as rondavam.

— Acho que treze… — mentiu, tinha derrubado onze, mas não queria admitir.

— Jurei que tinha contado dez — Canário deu uma risada.

— Aprenda a contar — Mel sorriu antes de avançar contra outro mascarado.

Kate ainda não havia usado seu grito, nem tinha força para isso, pois seu cansaço começava a aumentar cada vez mais. Enfrentar seis pessoas era moleza, agora mais de doze seguidas era loucura. Ela se esquivou de um soco, porém levou um chute nas costas e acabou caindo no chão, levando um chute no rosto logo depois. Sentiu gosto de sangue, uma gota escorreu pelo canto de seus lábios e ela a limpou com as costas da mão. Quando se levantou, viu que Batgirl havia pego o homem que a derrubara e, sem piedade, quebrou o braço dele para depois jogá-lo de cara na parede de metal.

Ignorando os poucos oponentes ainda de pé e uma Duela gritando “Use a cadeira! Quebra a cadeira nele!” enquanto ria sem parar, Melissa se aproximou da amiga.

— Tudo bem? — perguntou, preocupada.

— Sim, estou bem. E ainda derrubei mais do que você — brincou, dando um sorriso fraco.

— Vai sonhando, aquele último foi meu décimo nono.

— Acredito… — a loira colocou a mão no lugar onde recebera o chute, sentindo uma dor absurda atingir sua barriga depois que a adrenalina começou a baixar.

— Os outros já estão vindo, aguenta — Batgirl a segurou, já podendo ouvir as batidas incessantes do lado de fora há um tempo. Seus amigos tentavam penetrar a sala segura e uma hora conseguiriam, disso tinha certeza.

— Que decepção, — as duas ouviram uma voz grave masculina vinda de uma parte escura da sala. — Se vocês ficam cansadas depois de enfrentar um número tão pequeno de oponentes, não sei o que estou fazendo aqui.

— E a Leviathan ainda os mandou pegar leve com elas — Jake comentou.

— A Canário Negro e o Batman deveriam ter treinado essas duas melhor, agora vou ter que acabar com elas — Melissa prendeu a respiração por um segundo quando viu Bane se aproximar e parar a poucos passos das duas. — Me pediram para eu ensinar vocês a não se meterem no que não é da sua conta, nem vou precisar do meu veneno para isso.

A morena viu sua amiga respirar fundo, juntando energia para ajudá-la a lutar contra o vilão, mas Batgirl sabia que ela não conseguiria agora.

— Bane… Já ouvi falar de você. Não é nada sem esses tubos presos na sua cabeça e ainda teve o traseiro chutado pelo Batman centenas de vezes — ela tentou ganhar tempo, esperando que os outros heróis conseguissem quebrar logo a parede de metal, que parecia ser extremamente grossa.

— Mas quebrei a coluna dele, e estou pensando em fazer o mesmo com você — Bane avançou um passo, isso fez Batgirl empurrar Canário para o lado com força e correr na direção dele.

Tentou acertar um soco na barriga do vilão. Nada aconteceu. Uma cotovelada nas costas. Sem efeito. O corpo dele era tão musculoso que ela sentia como se acertasse uma pedra. Ouviu o maior dar uma risada e ficou com mais raiva ainda, tentando um soco no rosto dele, mas tendo sua mão segurada.

— Minha vez — ele a ergueu pelo braço e lhe deu um soco na barriga, com tanta força e a fez ser jogada na direção da parede mais próxima.

Kate estava ajoelhada no chão, tentando recuperar energia suficiente para usar o grito do canário antes que Bane matasse Melissa. Colocou a mão no ouvido para usar seu comunicador, mas não conseguiu sinal de rádio, provavelmente por causa da blindagem da sala.

Batgirl abriu os olhos, ainda um pouco tonta, e o viu parado bem na sua frente. Ele segurou a sua cabeça pela parte de cima e a ergueu, deixando-a de pé.

— Você tem sorte por ela não deixar que eu te mate, — ele deu uma risada seca, vendo-a tentar lhe dar um chute lateral e segurando sua perna rapidamente. — Mas ela disse que eu posso te quebrar, só um pouco.

Quando ele soltou a perna da morena com um empurrão, deu um chute no joelho dela. O golpe fora tão forte que Melissa conseguiu ouvir o barulho do osso se quebrando, fazendo-a dar um grito de dor e cair no chão.

Ao ver aquilo, Kate se levantou e deu o grito mais forte que conseguiu, vendo Bane cobrir os ouvidos. A força foi tão grande que até Duela a sentiu, caindo da cadeira enquanto Zeus e Jake também tampavam os ouvidos e caiam no chão. Ela logo começou a sentir o ar lhe faltar e foi obrigada a diminuir o grito até ele desaparecer por completo. Quando caiu de joelhos novamente e percebeu que a atenção de Bane se voltara para ela, Canário viu algo atravessar o chão a uma velocidade absurda, voar na direção do vilão e acertar um soco em cheio no rosto dele.

Só percebeu que se tratava de Superboy quando ele usou sua velocidade para ficar ao seu lado.

— Por que não tivemos essa ideia antes, sinceramente? — Speedy disse conforme ela, Apolo e Scott passavam pelo buraco feito por Kevin, seguidos por Ariel. — Ótima ideia, garota nova!

— Foi bom ajudar — a ciborgue se assustou ao ver Kate no chão e correu até ela. — Você não tava brincando quando disse que a coisa podia ficar feia.

— Isso está ficando interessante — eles ouviram Bane dizer e girar um botão em sua luva, fazendo um líquido vermelho atravessar seus tubos. Seus músculos começaram a aumentar e ele ficou ainda mais alto, suas veias quase saltavam para fora de seus braços e suas mãos também aumentaram de tamanho.

— Ariel, leva ela lá para baixo e a mantenha em segurança — Superboy disse, referindo-se a Kate.

— Ok, pode ficar tranquilo — a jovem robô segurou Kate no colo com sua super força e correu até o buraco no chão, entrando no mesmo e chegando ao andar de baixo sem problemas.

— Speedy, leva a Batgirl também.

— Deixa comigo, Super! — a velocista correu até onde a morena estava caída. Por sorte Bane já se aproximava de Apolo, Kevin e Scott, então ela tinha o caminho livre. — Uau, não queria dizer nada, mas sua perna parece mal…

— Me ajuda a me levantar! — Melissa vociferou, não tendo paciência para brincadeiras naquele momento.

Depois que conseguiu levantar a amiga e estava pronta para levá-la até o buraco, Speedy foi obrigada a soltá-la quando algo passou rapidamente ao seu lado e a empurrou na parede do outro lado da sala.

— Finalmente te conheci, pirralha — Zeus deu uma risada.

— Aii! Cara, achei que era alguém importante, mas é só você — Speedy se desvencilhou dele e os dois começaram a correr por todo o local, passando pelo teto e pelas paredes também. Tudo o que os outros conseguiam ver eram raios vermelhos e azuis passando por eles, enquanto os dois velocistas lutavam em super velocidade.

Bane avançou contra Kevin, Apolo e Scott. Os heróis conseguiram desviar do ataque, começando a desferir socos no maior com extrema força e em vários pontos diferentes de seu corpo. Superboy o sentiu segurar sua cabeça e a de Apolo para depois jogá-los com força no chão, pisando em cima dos dois sem se segurar. Scott conseguiu pular nas costas dele e tentou arrancar os tubos ligados a cabeça do vilão, porém mal conseguiu tocá-los, já que Bane jogou todo o seu corpo contra a parede de metal e praticamente esmagou o atlante contra a mesma.

Melissa se apoiou em uma mesa ao seu lado quando Grace foi levada para longe por Zeus, tentando ficar de pé em uma perna só. Ia seguir para o buraco no chão quando ouviu Duela gritar:

— A Batsy ainda tá muito inteira! Vocês três, os que sobraram da outra luta, podem ir bater mais nela — a palhaça jogou seu pote de pipoca vazio para longe, gargalhando sem parar.

Batgirl pegou algo em seu bolso e jogou na direção de dois dos homens que se aproximavam, os dispositivos grudaram em suas roupas e ondas de choque percorreram seus corpos, tão intensas que ambos desmaiaram em alguns segundos, deixando apenas uma mulher de pé.

Ela se aproximou da heroína e começou a desferir uma série de chutes altos, todos sendo bloqueados pela morena com rapidez, os impedindo de acertar seu rosto. A adversário, porém, deu um chute ao mesmo tempo que um soco, acertando em cheio o queixo de Melissa com seu punho fechado. Batgirl caiu com as costas no chão e rolou para o lado quando o pé da outra veio de cima para baixo e quase acertou seu peito. Ela logo usou sua perna boa para derrubar sua oponente e levá-la para o chão também.

Speedy estava até se divertindo com a luta que tinha com Zeus, pois ele era extremamente rápido, mas ela era mais. Todos os golpes do maior eram desviados e ela ria toda vez que isso acontecia, deixando-o furioso. Quando sentiu garras afiadas passarem de raspão por seu rosto, porém, pensou que aquilo poderia não ser tão engraçado. Se desconcentrou por um momento e acabou tropeçando e rolando até bater com as costas em uma parede.

— Não é tão boa agora, não é, pirralha?! — Zeus a segurou pelo pescoço.

— Sou melhor do que você, idiota! — retrucou, tentando chutar ele, mas errando miseravelmente.

— Vamos ver se é melhor morta — ele deixou suas garras saírem conforme apertava o pescoço dela, só que parou ao ouvir uma voz em seu comunicador.

— Quero todos vocês fora dessa sala agora — uma voz feminina disse.

— Disse que poderíamos acabar com eles! — o velocista indagou, furioso.

— Disse para deixá-los incapacitados. Se matá-los agora, vamos atrair atenção indesejada da Liga da Justiça, então faça o que eu mandei e largue a heroína — a mulher disse firmemente.

Zeus deu um rugido, soltando Speedy e olhando para trás. Duela e Jake já estavam saindo pela porta escondida nos fundos da sala e Bane jogava Apolo uma última vez de cabeça contra a parede.

— Ouviu as ordens, saia — Bane disse, andando até a porta e Zeus fez o mesmo.

Melissa estava em uma luta dura contra aquela mulher no chão, hora recebendo socos, hora desferindo cotoveladas no rosto dela, até que conseguiu prendê-la em um mata-leão. A heroína apertava o pescoço da adversária com força, tentando deixá-la sem ar para fazê-la desmaiar, mas a sentiu começar a dar socos em sua perna quebrada e a dor ficou insuportável.

— Para com isso! — Batgirl gritou, trincando o maxilar e fechando os olhos com força, ainda mantendo-a presa em seu golpe.

Isso só fez a mulher bater ainda com mais força. A dor chegava a um nível tão alto que Melissa até tinha dificuldade de respirar, mas ao invés de afrouxar o braço ao redor da garganta da outra, ela só o apertou. Não percebeu o que havia feito até levar um soco tão forte na perna, sentiu sua mão mover o rosto da oponente para o lado e só abriu os olhos quando ouviu um barulho alto.

"CRACK!"

Sem mais luta, nem movimentos.

Ela rapidamente se afastou para ver o corpo sem vida da mulher com quem lutava cair ao seu lado, o pescoço torcido de uma forma macabra. Quando Batgirl desviou o olhar dela, viu que Kevin olhava em sua direção com uma expressão assustada e surpresa.

O pior de tudo era que ela não sentia-se mal pelo que havia feito, aquilo, na verdade, havia feito ela sentir-se mais calma.