Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 17
Honra. Luta. Amor.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas é que semana passada estreou o último filme de uma saga, uma vida inteira de histórias, e eu sofri tanto que não conseguia me recuperar. Aqui está mais um capítulo.
PS: alguém assistiu hobbit: battle of the five armies? Eu chorei o filme todo. Vale a pena. Final digno.



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Valentina surge em Cérebro, surpreendendo Katerina, que ainda está se comunicando com Joffrey. O silêncio se instaura na sala por alguns segundos, até que Valentina se dirige até o monitor.

– Bom dia, Joffrey.

– Pra você é Czar.

– Acho que já está sabendo que Katerina está viva.

– Não graças a você - há ferocidade em suas palavras. - Ela irá embora daí.

– Ela é livre para escolher.

– Eu quero ir - Katerina se coloca no meio da conversa. - Essa aqui não é a minha luta.

– Você prometeu que nos ajudaria.

– E eu vou - Katerina faz Valentina olhá-la e segura suas mãos. - Retomarei o poder, tirarei Vincent de Meurer e você poderá ser a próxima Senhora do Norte.

– Eu não posso simplesmente deixá-la ir.

Katerina não entende o que a mulher quer dizer, até que ela a acerta na cabeça e tudo fica escuro.

– Sinto muito - são as palavras de Valentina que ela escuta antes de não ouvir mais nada também.

– Katerina! - Joffrey berra do outro lado do monitor. - Você irá se arrepender disso, Valentina. Eu matarei cada um desses seus rebeldes idiotas se for preciso para trazer Katerina de volta.

– Katerina fez uma promessa e ela irá cumpri-la, assim que o fizer poderá deixar o norte.

– Eu vou te matar, Valentina! - ele urra. - Vou matá-la como fiz com tantos outros antes de você.

Valentina corta a ligação antes que Joffrey possa bombardeá-la mais de xingamentos.

Ela finalmente o faria sofrer o que ela sofreu durante tanto tempo.

+++

Katerina acorda com uma dor de cabeça terrível. Olha ao redor. Há paredes e chão de pedras frias, escuras e úmidas. Ela podia ouvir as goteiras e o pulsar das suas veias. Seu sangue corria rápido demais dentro do seu corpo quando ela viu as grades de ferro onde deveria haver uma porta. As lembranças vieram como uma martelada e ela teve que se apoiar na parede para não cair.

Valentina havia a prendido.

Ela passou os dedos pelos cabelos e quando foi olhar suas mãos, viu que elas estavam negras. Então olhou para as pontas do seu cabelo. Ele havia sido pintado temporariamente. Isso significava que Valentina não queria que ninguém soubesse que ela estava viva.

Katerina se aproximou da grade e chamou um dos guardas.

– Eu posso receber visitas?

– Somente se Valentina permitir.

– Então diga a ela que eu preciso falar com Francis.

+++

Joffrey anda de um lado para o outro do escritório até que Hugh chega.

– Reúna o máximo de soldados que conseguir. Iremos atacar o esconderijo dos rebeldes nortistas.

– Czar, eu não recomendaria...

– Hugh, eu não estou pedindo um conselho, eu estou afirmando que iremos para o norte essa noite e mataremos o máximo de rebeldes que conseguirmos. Como chefe do Exército Russo, você deve separar os melhores homens. Partiremos ainda hoje.

Ele olha para o relógio digital na parede.

– Há quinze minutos liguei para o Polo Científico. Lançaremos uma das bombas de lá e outra daqui. Quero confundi-los, quero que achem que iremos atacar apenas assim. Então os surpreenderemos como fizemos poucos anos atrás.

– Czar, há três anos nós atacamos o esconderijo dos rebeldes com o objetivo de tomar a sede para nós. Fizemos para ajudar o Senhor Vincent. Qual é o objetivo agora?

Joffrey pensa, pensa e pensa. Pensa se pode confiar em Hugh. Sim, ele pode. Seu mais fiel soldado, sempre ao seu lado, em cada um dos assassinatos, em cada batalha, em cada apogeu, em cada ascensão e em cada declínio. Hugh era seu braço direito e esquerdo, sua sombra. Onde ele estava, Hugh também estava. Hugh foi o irmão que ele nunca teve, porque Kurt não podia ser considerado seu irmão. O adotado o odiava.

Se não confiasse em Hugh, em quem confiaria?

– Estamos indo resgatar a minha filha Katerina.

+++

Minutos depois, o soldado volta com notícias.

– Sinto muito, Srta. Clarkson, mas Valentina negou seu pedido.

Ela bufa. Srta. Clarkson então? Bom, a Srta. Clarkson pode ser uma prisioneira, mas Katerina é uma rainha e uma rainha jamais se rende. Valentina aprenderia isso na marra.

A ruiva se lembra de ter ouvido o Dr. Carrick falar algo sobre sintomas que ela teria depois que fosse ressuscitada. Poderia fingir que estava passando mal.

Ela imaginou o que Erik faria se estivesse ali. No tempo de casados, ele a ajudava muito quando o assunto era estratégia, a forma como organizar o Exército e tudo o mais. A hora de atacar e a hora de se defender. Ela aprendeu tanto com ele...

Pensar em Erik faz seu peito doer e respirar se torna difícil. Ela precisa focar em Francis agora, ele está vivo e é o único que pode ajudá-la a ir embora dali.

– Será que eu tenho direito pelo menos a um copo de água?

Assim que o guarda lhe traz a água, Katerina segura o copo e o faz encará-la. Ela está com uma pedra afiada nas mãos, a pedra que ela havia arrancado da parede. Seus dedos ainda doíam.

– Diga a Valentina que se ela não me deixar falar com Francis, eu irei me matar.

É claro que ela não faria uma besteira daquelas. Porém a loucura poderia ser um dos sintomas do qual o Dr. Carrick havia falado e se ela tivesse algum problema, Valentina com certeza saberia. E também, Valentina precisa dela. Não a deixaria correr riscos.

O soldado passa por um radinho o recado a Valentina.

Tão medieval, Katerina rola os olhos.

– Ela está blefando - ela ouve a voz de Valentina.

A ruiva respira fundo. Precisava agir.

Ela pegou a pedra e a cravou no seu pulso direito, o puxando na vertical quase até o cotovelo. A dor lancinante a atingiu e ela sentiu vontade de gritar, mas mordeu os lábios até sentir o gosto do sangue.

Não deixe seu inimigo ver que você sangra, Joffrey havia lhe dito uma vez.

– Ela está se cortando! - o soldado berra.

– Não importa - Valentina diz. - Ela não é ninguém.

Katerina olha para o copo de água ali do lado. O pega e o joga em seu cabelo, o ruivo começando a aparecer.

– Não sou ninguém, é mesmo? Eu sou a rainha Katerina Archiberz do Reino de Frömming e eu ordeno a minha entrada no hospital.

Valentina continuava negando. Katerina então se jogou no chão e fingiu uma convulsão.

– Ela está tremendo! - o soldado berra. - Ela está convulsionando, senhora!

– Tudo bem, leve-a para o hospital.

A cela é aberta e Katerina continua a se debater até depois que o homem a pega no colo. Ela olha de relance para o coldre dele e puxa sua arma enquanto ele corre com ela pelos corredores frios de pedra. Katerina pula do colo dele no exato momento em que o atinge com a arma na cabeça. Ele apenas desmaia, afinal ela não atirou, apenas lhe deu uma pancada.

Ela vê a saída e foge até o alojamento de Francis. Ela bate na porta desesperadamente e ele abre, surpreso.

– Kat, o que está acontecendo?

Ela fecha a porta atrás de si e a tranca. Corre até o guarda-roupas e joga a mala em cima da cama, jogando as roupas sem dobrar mesmo dentro da mala.

– Eu não posso mais ficar aqui.

– E eu posso saber para onde você vai? Se aparecer na capital Rebekah irá mandar executá-la.

– Meu pai vem me buscar.

Ela para por um momento e se vira para encará-lo. Ela caminha até ele e toca seu rosto.

– Venha comigo.

– Kat...

– Joffrey irá aceitá-lo se eu pedir. Eu sei que vai.

– Não é essa a questão.

– Por favor, não me deixe sozinha nessa.

A mão dele toca seu pescoço.

– Eu nunca vou deixá-la sozinha.

Ele a beija e quando fica sem fôlego, se afasta. Ela sorri para ele e aponta para as malas. Francis balança a cabeça.

– Não preciso levar nada daqui.

Katerina olha para seus vestidos feitos sob medida para ela. Eu preciso, ela sussurra.

– Valentina está me caçando. Joffrey virá pela noite, mas nós precisamos ficar escondidos até lá. Ela virá nos procurar aqui assim que se der conta que eu não estou no hospital.

– Então quer dizer que de rainha você virou fugitiva?

Katerina dá de ombros e não consegue deixar de sorrir.

– Olha o que conviver com você me tornou.

Francis ri e a abraça por trás e deposita um beijo no seu pescoço.

Exatamente como Erik fazia.

– Não me importo de ser um fugitivo desde que você esteja comigo, minha rainha.

Ela raciocina e então se vira. Os pensamentos um turbilhão.

– É isso!

– Quê?

– Eles precisam saber...

Ela para de falar.

– Está com seu celular aí?

– Sim.

Ela sorri.

– Valentina terá uma surpresa tão grande...

+++

Joffrey recebe a notícia de que a primeira bomba foi lançada quando está já voando. Está no meio do oceano, indo de encontro com a sua filha. Faria de tudo para recuperá-la.

Hugh havia conseguido reunir mais de mil homens. Joffrey teve que mandar pegar vários aviões militares para todos aqueles homens. Não tinham tempo sobrando para ir por terra.

Ele conta a Hugh sobre Katerina. Sentia que precisava compartilhar isso com alguém.

– Eu nunca lutei por ela. Pelo contrário, só fiz burrada na vida. No aniversário de vinte anos dela, os rebeldes vieram para me matar, mas acabaram a atingindo, eu tirei dela o direito de conviver com a mãe durante doze anos e por minha causa Rebekah causou toda aquela merda que matou Erik. Se eu tivesse me preocupado mais com a minha caçula, tudo poderia ser diferente. Eu fiz tantas coisas erradas e Katerina foi a que mais sofreu com as minhas escolhas.

– Você sempre fez o melhor para ela, Czar. A criou. Poderia simplesmente tê-la deixado para outra pessoa, tê-la mandado para outro lugar e falado que a herdeira havia morrido. Poderia ter feito o mesmo com Hana. O trono ficaria para o senhor e para seus herdeiros, seria mais vantajoso, sim, mas não. O senhor foi um homem bom. O senhor as acolheu.

– As acolhi porque matei o pai delas. As acolhi porque tranquei Hattie por doze anos em uma cabana no meio da mata.

Ele passa os dedos pelos cabelos.

– Eu me arrependo tanto dos meus atos.

– Se arrepende de ter matado Kurt?

– Não - ele nega de imediato. - Isso não. Não me arrependo das mortes que causei, mas do que Katerina sofreu por causa disso. É difícil entender, sabe? Não sou bom, mas quero ser bom por ela, pra ela. Quero que Hattie me entenda e me aceite.

– Sinto muito, senhor, mas ela deve gostar do senhor pelo que o senhor é.

Joffrey o encara.

– Você tem razão, Hugh.

O seu fiel soldado lhe dá um tapinha fraco no ombro.

– Iremos resgatar sua menina. Ela voltará para o senhor.

+++

A segunda bomba veio pela noite. Joffrey sentiu o impacto dessa, porque estava quase chegando. Os aviões pousaram no campo deserto e ele logo encontrou a entrada para o esconderijo rebelde, exatamente o mesmo da última vez.

Ele já dominou essa área uma vez.

No esconderijo, Katerina e Francis estavam no andar mais próximo do solo. Com a ajuda de um hacker amigo de Francis, eles conseguiram conectar as imagens gravadas hoje com a televisão no refeitório. Ele também hackeou as câmeras, o que significava que os dois poderiam espionar a reação de todos quando vissem o vídeo.

Um último favor: o hacker datou as imagens como de dois dias atrás, quando ela ainda estava viva. Katerina precisava que o mundo todo acreditasse que ela estava morta.

As televisões normalmente exibem notícias, mas nessa noite foi diferente. A programação foi interrompida quando uma tela azul surgiu. Todos murmuravam sobre o que poderia ter acontecido quando a imagem de Katerina surge na tela. Todos ficam em silêncio para escutá-la.

– Se esse vídeo foi divulgado é porque eu estou morta.

Seu olhar é fixo e determinado.

– Quero dizer aos meus soldados que quem quiser ficar no abrigo rebelde está liberado, mas quem quiser voltar para Frömming, para sua família, está livre para ir. Aqui ninguém é prisioneiro.

Ela pede para Francis achar Valentina no meio do refeitório e quando a acha, ela foca a câmera bem no rosto dela. Katerina sorriu ao ver o espanto e a raiva no olhar dela.

– Ainda há muitas batalhas, meus amigos. Sim, vocês não são apenas servos do país, são meus companheiro. Quero agradecer a determinação e a força de cada um, mas a minha luta chegou ao fim. Isso não significa que a de vocês acabou. Os nortistas precisam de força para sua causa, mas também há os motins na capital para tirar minha prima Rebekah do poder. Eu quero que vocês lutem pelos seus direitos, mas acima de tudo, que escolham muito bem em que causa irão se juntar porque uma vez prometido, não poderão voltar atrás.

Ela sorri tristemente.

– Sinto muito que não estaremos juntos no campo de batalha. Eu adoraria presenciar a nossa vitória. Saboreiem a conquista de uma nova Frömming por mim.

Os soldados olham uns para os outros, desolados. Sua rainha está morta. Por quem eles lutariam?

Pela liberdade. Por suas famílias.

Mas quem os lideraria? Não importava agora. Eles precisavam se ver livres dos tiranos primeiro.

Newn Mallarkat, o filho do Primeiro Conselheiro, um capitão que se juntou a causa de Katerina assim que ela a anunciou, se levantou.

Não deixem mais corpos serem açoitados

Que o respeito seja aqui depositado

Que nós, irmãos, nos reencontremos no prado

Depois desse anseio muito tempo sonhado

Quando o fim chegar

Nesses tempos difíceis

Os soldados se levantam e o acompanham. Katerina sente seus olhos encherem de lágrimas conforme todos os seus soldados, seus vinte mil soldados, cantam em coro o hino de Frömming.

Nesse tempo de guerra

Cada irmão deve se abraçar

O amor compartilhar

Nesses tempos difíceis

A vida predominar

Ela não sabe o que dizer. Não imaginava o quanto o amavam. Não conseguia... não conseguia respirar. Só conseguia chorar.

Que justiça seja feita pelos nossos

Que a bandeira da pátria amada não sirva de mortalha

Que nossa luta não seja em vão

Venceremos no final, sim, irmão

Francis a abraça.

– Eu disse para deixar o leão dentro de você te guiar, não é mesmo?

Mas se tivermos que partir

Se a vida se dissipar

Deveremos ir com honra

Sem deixar nossos amados cair

Partir sem chorar

Katerina encara a tela do celular que ela sempre achou grande. Parecia tão pequena diante da grandiosidade daquele ato.

O leão de juba avermelhada irá cuidar

De todos que dele precisar

Todas as feridas irá sarar

Reconstruirá o mundo depois da guerra ganhar

Honra. Luta. Amor. Tudo irá conquistar

Se o leão de juba avermelhada amar

Katerina cantarola o final do hino quando seus soldados repetem:

Honra. Luta. Amor. Tudo irá conquistar se o leão de juba avermelhada amar...

Ela sente vontade aparecer e dizer que está viva, que eles não precisam sofrer por uma morte que não aconteceu, que ela está ali, viva, pronta para lutar. Reunindo forçar para eles, por eles. Sente vontade abraçar cada um que se juntou a ela por amor e vontade própria, por cada um que agarrou a causa dela com esperança.

Queria tanto ajudá-los.

Newn Mallarkat brande sua espada prateada e reluzente no ar.

– Pela rainha Katerina!

Seus homens urram Katerina! e também brandem suas espadas. Ela está tão emocionada, tão feliz, se sente tão amada, tão querida que...

A segunda bomba atinge o esconderijo. Da primeira vez, Katerina e Francis estavam no subterrâneo, mas dessa vez eles estavam ali. Pedaços de concreto lhe atingem a testa e ela cai em cima do braço enfaixado, o sangue voltando a se espalhar. Os pontos que Francis deu estouraram.

Mas então em meio a fumaça ele surge. Imponente, preocupado, procurando por ela.

– Katerina! Katerina!

Ela reconheceria essa voz em qualquer lugar do mundo.

– Aqui! - ela grita, levantando as mãos, mesmo com dor. - Eu estou aqui!

Porque Joffrey cumpriu a sua palavra.

Seu pai veio buscá-la.


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Notas finais do capítulo

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