Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 11
Delirium


Notas iniciais do capítulo

Dica: deixem All I Want do Kodaline prontinha.



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Katerina desliga o monitor quando sente uma tontura atingi-la com força.

– O que está acontecendo? - Francis a segura pelos braços.

A ruiva se apoia em uma bancada prateada de Cérebro.

– Recuar - ela sussurra para seus soldados. - Recuar...

Eles não a ouvem em meio ao tiroteio que se inicia assim que a fumaça começa a se dissipar. Ela olha suplicante para Francis.

– RECUAR! - ele berra com uma voz tremenda. Um senso de comando que ela nunca viu antes. - Soldados, recuar!

Katerina toca o ombro dele.

– Eu não... eu... - ela não consegue respirar. Falar era um esforço grande demais. Katerina apenas tocou sua garganta e ele entendeu.

– Eu vou levá-la para o quarto - ele avisa a Valentina. - Diga para um dos seus enfermeiros levar algum remédio para ela. Qualquer coisa.

– Estamos tentando encontrar uma cura.

– Carrick é lento.

– Nós precisamos de tempo.

– Não há tempo!

+++

Desirée não sabia como reagir. Sim, ela havia feito várias coisas das quais não se orgulhava, mas incesto...

– Vocês são desprezíveis.

– Dess... - Alison segura seu braço, mas a loira se afasta.

– Eu pensei que você estava confusa porque gostava da mulher do seu irmão, mas na verdade você gosta do seu próprio irmão...

A loira de cabelos cacheados franze a testa e começa a se questionar.

– De quem você realmente gosta, Alis? - ela pergunta. - Digo, além de você mesma, é claro. Você ama alguém ou faz tudo isso para aumentar o seu ego diminuindo a alma das pessoas?

– Des...

– Eu devo ir. Jean-Pierre me encarregou de organizar o evento e eu odiaria que vocês estragassem tudo. Pode ter certeza que se eu voltar a ser uma puta do bordel do seu pai, o seu pequeno segredinho vai se espalhar pelo continente Manske tão rápido quanto uma doença contagiosa.

Depois ela olha para Hector.

– Ela vai te enganar como enganou Valerie, a mim e outras antes.

– Alison precisa de um homem.

Desirée ri.

– Ela precisa de várias pessoas ao seu redor, a idolatrando o tempo todo. Igual o seu pai. Nada é suficiente.

– Eu ainda estou aqui.

– Se vocês me dão licença - Desirée fala -, eu tenho que recepcionar nobres que vieram para Las Mees especialmente para o casamento.

Depois que ela saiu, os dois ficaram desconfortáveis. Hector se aproximou de Alison e a beijou com calma, algo bem improvável da parte dele.

– Você deve ir.

– Mas... nós não íamos fugir?

– Eu sou rei e você será rainha, Ali. Não podemos fazer isso.

– Hec... eu não acredito que você vai fazer isso comigo.

A loira não sabia o quanto doía nele manipulá-la daquela forma. Seu pai avisou que estaria em todos os lugares, observando-os. O recado de Desirée fora bem específico: Jean-Pierre está no comando. Pensar que teria tempo de fugir com Alison foi perda de tempo.

– Sinto muito - ele a beija na testa. - Você tem que se casar.

A loira acerta um tapa no rosto do irmão enquanto seus olhos se enchem de lágrimas.

– Eu odeio você.

Hector não entendia como seu pai havia descoberto. A única coisa que ele conseguia pensar era nas palavras de Alison. Aquilo o estraçalhou.

– Maldito o dia em que eu me entreguei para um merda como você.

+++

Alek entrou em uma das salas de reuniões. Rebekah falava no telefone. Ela estava sozinha.

– Sim - ela diz. - Entendo. Sim... mas eu sou a rainha, vocês me devem prioridade.

Alek se aproxima e deposita um beijo na testa da morena e se serve de uísque.

– Só as oito horas... tudo bem. Meu palácio estará pronto para recepcioná-los.

Rebekah olha para o marido.

– O que está acontecendo? - ele pergunta.

– Vou fazer um anúncio hoje à noite.

– É mesmo? - ele se interessa.

– Sim. Eu vou renunciar meu direito ao trono.

Alek cospe o uísque antes que engasgue.

– Você o quê?!

– Eu vou renunciar.

– Não... - ele balança a cabeça. - Você só pode estar maluca...

– Por que você se importa tanto? - ela pergunta. - Você não me ama?

Ele respira fundo e toca o ombro nu dela.

– É claro que amo, Bekah. Se não fosse por mim, nem trono você teria para renunciar. Eu te entreguei os papéis, lembra?

– Papéis que te beneficiaram muito.

– Eu fiz isso por você. Não quero nada além do seu amor.

Rebekah respira fundo de exaustidão.

– Me cansa ser rainha. Eu não nasci para isso.

– Juntos nós podemos conseguir.

– Mas eu não quero.

– E quem assumirá?

– Meu avô Caine tinha um irmão mais novo que desapareceu durante a Grande Guerra.

– Mas já fazem vinte anos!

– Nós o encontramos.

– Nós? Você e mais alguém planejaram tudo isso? Há quanto tempo você pensava nessas baboseiras, Bekah?

– Eu não tinha certeza do que eu queria.

– Pensei que confiasse no seu marido.

– É claro que eu confio - ela força um sorriso e o puxa para um beijo. - Eu amo você. Posso dizer ao meu tio para te conceder um título de lorde ou alguma coisa, podemos vive em uma mansão no centro da cidade ou em um castelo no meio do nada - ela ajeita os botões da camisa social dele, colocando uma pequena escuta perto de um dos botões. - Podemos ter filhos e um animal de estimação.

Alek sorri. Rebekah percebe, pela primeira vez, o quão forçado ele está a aceitar isso. Ele está tão relutante...

– É claro, meu amor - ele a puxa pela cintura. - Podemos fazer tudo o que você quiser.

Depois de beijá-la, Alek se retira da sala. Ele dá vários passos, abre duas portas e as fecha atrás de si. Tranca a porta. Rebekah ouve tudo pela escuta. As teclas do celular fazem barulhos alegres.

– Avise-o - ele diz ao telefone. - Avise que o trono está vago. A cadela vai renunciar.

Aquilo a choca de uma maneira inexplicável. Rebekah se apoia no batente da porta e tampa a boca com a mão. Ela sente uma vontade imensa de gritar de dor.

– Eu falhei, sinto muito. Mas essa pode ser uma nova chance.

Ele rosna algo que ela não consegue escutar, porque as batidas do seu coração são altas demais.

– Eu to cagando para o seu dinheiro. Eu quero vingança. É por isso que eu aceitei me casar com aquela babaca.

Rebekah não aguenta mais. Seus olhos se enchem de lágrimas. Quando sua mãe disse a ela para fazer um teste com Alek e ela aceitou, pensou que ele estava com ela por sede de poder, dinheiro ou outra coisa do tipo, mas vingança... vingança por quem? Ela nunca fez nada a ninguém que Alek conhecesse...

– Se vira. Inventa alguma desculpa pra ele. Farei minhas malas e estou partindo agora mesmo.

Ele dá risada.

– Claro que não estarei aqui para ver meu nome ser jogado pelo ralo. Posso não ser o verdadeiro Alek Richmanoff, mas é sempre bom zelar por uma identidade. Nunca se sabe quando ela será necessária.

Então é isso. Nome falso. Rebekah deveria ter percebido quando ele simplesmente se aproximou dela durante uma viagem a Frömming. Sua estadia no Palácio Archiberz foi mais longa que o esperado.

– Nos vemos mais tarde... estou com saudades.

Rebekah pega o telefone que não desligou. Respira fundo e engole as lágrimas.

– Você ouviu algo? - ela nega. - Ele mordeu a isca, mãe. Alek acha que renunciarei.

– E o que mais você descobriu?

– Seu nome não é Alek, ele está atrás de vingança e estava falando com uma mulher, provavelmente comprometida. Acho que são amantes. E... ele vai fugir antes do anúncio.

– Impeça-o - Ivna fala. Esteve hospedada em um hotel durante uma semana para que a farsa fosse mais eficiente. Para todos, ela já havia voltado para a Rússia. - Estou indo aí.

– Vou mandar prendê-lo - Rebekah afirma. - Quero vê-lo apodrecer atrás das grades de Hülle.

– É pouco. Ele mexeu com uma Archiberz. Os leões sempre revidam.

Ivna sorri do outro lado da linha.

– Mande executá-lo.

+++

Katerina está caminhando pelos corredores aquecidos do Palácio Archiberz. De repente, o cenário ao seu redor começa a mudar. Não há mais janelas trazendo feixes de luz para dentro do palácio e os corredores além de serem de pedra, são frios e fazem um eco terrível.

A enorme porta de aço é destrancada depois que todos os procedimentos são feitos. Mais uma vez.

Ela chega na prisão subterrânea dentro do palácio. É ilegal e poucas pessoas sabem da existência dela.

A ruiva empurra a porta com força e a fecha logo em seguida. Quando vira para trás, vê ele.

[N/A: coloquem All I Want pra tocar]

– Erik - ela corre para os braços dele, que se juntam ao redor dela com vontade. Ela fecha os olhos para aproveitar aquele momento tão reconfortante em meio a crise. - Eu senti tanto a sua falta.

All I want is nothing more

To hear you knocking at my door

Ela olha para ele com seus olhos azuis cheios de lágrimas. Ela não quer chorar, não quer que sua vista fique embaçada. Ela quer tanto vê-lo que controla as lágrimas.

Ele toca a bochecha dela com o polegar e faz de carinhos até seus lábios, que é quando ele se aproxima e a beija. Seus lábios se encaixam perfeitamente. Katerina sente tanta falta dessa sintonia...

– Por que você se foi? - ela pergunta, não conseguindo deixar de pensar na parte mais triste dentro de si.

When you said your last goodbye

I died a little bit inside

I lay in tears in bed all night

Alone without you by my side

– Eu não pude fazer nada.

– Uma parte de mim morreu naquela noite - a ruiva sussurra. - Eu queria tanto que você tivesse aqui...

O polegar de Erik limpa a lágrima tão solitária quanto ela que escorre pelo seu rosto.

– Por que você me deixou?

But if you loved me

Why did you leave me

Take my body, take my body

All I want is and all I need is

To find somebody

I'll find somebody like you

– Francis não está cuidando direito de você?

Katerina abaixa o olhar.

– Ele não é como você.

Ela o abraça com força e mais lágrimas escorrem. A ruiva sente tanta tristeza invadi-la que imagina que poderia chorar até formar um rio de lágrimas. Todas as lembranças, toda a dor e sofrimento voltam à tona. Toda a culpa e a vontade que ela sentiu de ter morrido junto com Erik naquela noite a invadem como uma onda empurrando-a para fora do mar.

Katerina olha para o loiro.

– Você é real ou isso está acontecendo na minha mente?

– É claro que está acontecendo na sua mente - ele sorri -, mas por que isso significaria que não é real?

– Se eu pedisse, você poderia permanecer para sempre?

O sorriso de Erik some.

– Kate...

– Por favor - ela segura suas mãos e enlaça os dedos nos dele. Ela toca o rosto de Erik e toma a liberdade de depositar um beijo nos seus lábios. - Fique.

'Cause you brought out the best of me

A part of me I'd never seen

You took my soul wiped it clean

Our love was made for movie screens

– Kate, eu sinto muito, mas não posso.

O fio de esperança que havia dentro dela se rompeu como uma corda gasta cansada de ser puxada.

– Por quê? - ela questiona. - Eu quero que você permaneça.

– Eu tenho que voltar...

– Erik - ela o faz olhar para seus olhos azuis. - Eu estou aqui e ainda sou loucamente apaixonada por você. Por favor, fique.

O loiro abaixa o olhar.

– Eu estou morto, Kate.

But if you loved me

Why did you leave me

Take my body, take my body

All I want is and all I need is

To find somebody

I'll find somebody like you

No canto da sala, o punhal de prata com o nome do seu pai gravado nele. Kurt. Cravejado como a vida enterrada, os ossos que são ali deixados. Uma marca que nunca se apaga.

– Eu não quero viver em um mundo em que você não exista.

– Kate, por favor, não...

A ruiva aproxima o punhal da barriga.

– Eu não aguento mais, Erik. Eu não quero mais viver.

Com lágrimas nos olhos, ela sente a ponta do punhal entrar no seu corpo. A dor vem logo em seguida.

But if you loved me

Why did you leave me

Take my body, take my body

All I want is and all I need is

To find somebody

I'll find somebody like you

– Kat... - Erik se joga ao seu lado e a chacoalha. - Kat, pelo amor de Deus. Precisamos levá-la a enfermaria.

É algo estranho, porque Erik sempre a chamou de Kate, nunca de Kat. A única pessoa que a chama de Kat é Francis.

Francis.

A voz de Erik some. Ele se torna mudo e quando ela consegue ouvi-lo novamente, é com uma voz diferente. Bem diferente, porém conhecida.

Katerina fecha os olhos. Ela não quer abri-los, porque sabe que quando acordar, vai descobrir que nada daquilo foi real. Que não passou de uma ilusão.

– Os delírios começaram, Valentina! - Francis berra.

Quando cria coragem para abrir os olhos, Katerina vê Francis ajoelhado ao seu lado, com as mãos em sua barriga.

– O que está acontecendo?

Ela vê o sangue nas mãos dele e na sua barriga. O seu sangue.

– O que está acontecendo? - ela pergunta novamente.

Os delírios, ela suspira. Não foi nada além de um delírio.

– Consequência do delírio - Valentina diz no comunicador. - Muita perda de sangue. De acordo com as áreas afetadas, acho que ela pode perder os movimentos das pernas.

Aquilo a faz chorar e a dor volta. Ela queima.

– Preciso de socorro - Valentina diz. - Agora.

– O que está acontecendo? - ela pergunta pela terceira vez.

– Você dormiu e teve mais um delírio - Francis conta. - Porém dessa vez, você tentou se matar.

+++

Fleur chama por ele, que surge sem camisa do banheiro. A loira o puxa de volta para a cama, retirando a cueca dele recém colocada. O moreno se encaixa perfeitamente no meio das pernas dela, que sempre estão abertas para ele.

– Vamos ir para Frömming esta noite. O trono está vago.

O moreno de olhos azuis sorri enquanto faz força dentro dela. Ele tem um corpo tão lindo... Fleur crava suas unhas nas costas dele e geme no seu ouvido.

– Eu ainda não entendo porque você quer o trono para si. Você não tem direito algum sobre ele...

– Eu não, mas você tem.

A loira o faz olhar para ela.

– Acabamos de nos casar. Nós dois temos direito.

– Eu não entendo...

– Você já ouviu falar do irmão mais novo perdido do já falecido Caine Archiberz?

– Sim...

– Você é o Archiberz desaparecido, Andrew - ela conta. - Vincent o escondeu junto com os Duninghan para que ficasse em segurança em meio a Grande Guerra.

Ele parece chocado demais para ouvi-la e até para com os movimentos, o que a aborrece. Logo agora que ela estava super afim de sexo... mas a loira continua falando:

– E agora estamos indo para Frömming pegar o que é seu por direito.


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Notas finais do capítulo

Achei All I Want a cara de Erikate. Sorry, mas tive que fazer vocês sofrerem um pouquinho.



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