6 P.O.V Lisa

Minhas preciosas férias! Preciosas e lindas férias. Por que Senhor?! E no frio que estava eu nem consegui aproveitar minha piscina particular direito! Ela bem que podia ser aquecida, né? Aí todo dia eu estaria mergulhando lá, fazendo minhas cambalhotas ou apenas boiando mesmo, fazendo cosplay de aula de Matemática. / Nossa, essa foi podre / Não estrague mais o meu dia Celeste, já não basta eu ter que ir até a escola?! / Ok, vou te dar uma folga / OBRIGADA!

– Vocês vão se atrasar se continuarem assim. – Avisou Michele do outro lado da porta.

– CALADA! – Gritei de volta.

Cat e eu estamos nos arrumando para o primeiro dia no Inferno, tudo bem que tem um uniforme, mas não é por isso que temos que ser menos divas do que somos. Precisamos fazer alguma coisa para mostrar que somos mais do que estudantes, que temos escolhas próprias e que o sistema não manda na gente! Uhu!

– Ficou legal essa trança? – A loira perguntou.

Minha amiga resolveu usar um All Star de cano longo, uma trança lateral meio solta e um cinto de correntes caindo. Ficou maneiro nela, mostrando que é comportada, mas ao mesmo tempo rockeira. Fodástica.

– Tá gata, eu pegava. – Mandei um beijo no ar e rimos. – Meu cabelo ficou bizarro assim? Talvez eu faça um rabo de cavalo alto.

– O usa solto, hoje está entre o ondulado e liso, ficou sexy. – Piscou e sorriu para mim.

Estou com os cabelos soltos, o cortei nas férias, está na altura do busto. Uso uma bota preta bonita, luvas (Sabe aquelas com furinhos? Desse jeito, e elas são curtas) vermelho sangue, junto de meu anel de safira e na blusa de frio e bolsa onde guardo meu material coloquei botons de meus animes, livros e maridos imaginários.

– Admita, estamos divas. – Posamos na frente do espelho de zoeira e depois rimos. – Ok, vamos Laranjinha.

Descemos as escadas e encontramos papai e Michele nos esperando.

– Por que estão tão arrumadas? – Meu pai arqueou a sobrancelha.

– Nunca entenderá, coisa de garotas. – A loira mais velha disse rindo.

Beijei a bochecha de meu pai e nós três saímos de casa para ir à escola. Cat e eu iremos de moto (Ela chegou galera!) e seguiremos o carro de minha irmã.

– Não se esqueçam do capacete. – Lembrou antes de entrar em seu porsche.

Ambos os capacetes são pretos, os amo tanto cara! Sim, sou materialista em relação a algumas coisas! Hunf!

...

Essa faculdade é tão fodástica cara, ganha de dez a zero com minha antiga escola em N.Y! O campus, as salas, a estrutura... E nessa escola tem aulas extracurriculares, tipo nos filmes! Acho que vou fazer natação só para observar os garotos de minha escola. Será que eles são gostosos? / Lisa, você tem namorado. Lembra? / Como esquecer? Eu amo o Jake, mas é difícil não notar... PUTA QUE PARIU! Aquela camisa caiu super bem naquele garoto ruivo. / Ok, você está certa. / Jake e eu já conversamos sobre isso, é normal achar outras pessoas bonitas, mas apenas ache, é PROIBIDO tocar ou coisas do tipo / Ele deve ter amado essa regra / Nosso namoro é bem relax cara, Jake sabe que o amo e eu sei que ele me ama.

Graças ao barulho de minha moto (Fofa!), as pessoas a nossa volta olharam para nós. Não quero aparecer nem nada, mas tia Belle sabe muito bem escolher modelos de motos, pois a minha era simplesmente perfeita! Os garotos se aproximaram para ver melhor meu bebê e os de longe se perguntavam qual cara tinha essa beleza. Quando nós duas tiramos o capacete foi engraçado ver as expressões.

– Lis, devo dizer: Fico feliz em não ter um namorado agora. – Sorriu para mim enquanto colocava a mochila nas costas. – E essa moto nos trouxe grandes possibilidades.

Ri para ela e coloquei minha bolsa no ombro, saímos normalmente do estacionamento ignorando legal o povo. Não quero novos amigos nessa budega, estou de boa tendo a Cat comigo.

– Quando a aula vai começar mesmo? – Perguntei e o sinal tocou. Procurei o alto falante e mostrei meu dedo do meio para ele, gritando: – Maldito tempo!

Algumas pessoas olharam para mim confusas e outras riram. Fiz minha cara de paisagem para eles e depois voltei ao normal, encarei Cat.

– Bem, nos vemos no primeiro intervalo. – Falou sorrindo de canto/ Temos dois intervalos aqui uhu! – Eu sei que estudávamos em salas diferentes em Nova Iorque, mas elas eram perto.

Nossos BLOCOS são bem distantes.

– Nem tem jeito de cabularmos aulas para nos vermos né? – Arqueei a sobrancelha e ela fingiu estar irritada. – Te vejo depois Laranjinha!

– Até depois Elizabeth. – Acenou enquanto se distanciava para o Bloco Cinco.

Fui andando em direção oposta a ela, meu bloco é o número dois. Algumas pessoas iam para a mesma direção que a minha, tentei ignorar os olhares de garotos e segui em frente. Detesto usar essas saias, minha bela bundinha é meio arrebitada então os caras insistem em observá-la. Já chutei uma pessoa que assobiou para mim! Troféu joinha.

– Ér, com licença. – Bati nas costas de uma garota morena e ela se virou para mim. – Pode-me dizer onde é a sala trinta?

– Ah, também estou nessa sala. Siga-me. – Sorriu amigável. – Prazer, sou Anabela.

– Lisa. – Sorri de volta, mas nem tanto.

Fomos de forma silenciosa até a sala, a maioria do povinho já estava lá.

– Ana! – Gritaram alguns garotos e uma menina continuou. – Seja bem vinda coisa!

– Se quiser pode ficar conosco. – Ofereceu, mas não parecia muito confortável com a idéia.

– Obrigada, mas prefiro ficar sozinha.

Enquanto ela foi para a parte de trás conversar com o povo, sentei na quarta carteira no canto esquerda da sala, fiquei escorada na parede e coloquei meus fones de ouvido. Nessas férias viciei em uma banda coreana chamada “Girls Genaration”, elas são tipo, perfeitas! Coloquei “Mr. Mr” e fechei meus olhos.

Esse professor não chega não? Bem no primeiro dia de aula a criatura chegará atrasado? A primeira aula será ‘História do Teatro’, o bom de estudar meu curso é que grande parte das aulas serão práticas e com pouca parte literária. Gosto de ler e tal, mas escola é uma merda nesse quesito.

– Bom dia, aspirantes a Dramaturgos! – Exclamou o professor abrindo a porta com força. – Se arrumem logo ou fora de sala!

Todos foram rapidamente para seus lugares, eu apenas tirei os fones e olhei para o professor com um sorriso de canto. Ele estava com um sorriso no rosto, depois virou-se rapidamente para o quadro e começou a escrever com uma rapidez espetacular.

– Vocês têm vinte segundos para fazer isso, vamos lá. – Avisou.

No quadro estava escrito em letras enormes “Círculo agora!” e uma carinha sorridente. Esse professor está me dando medo, é sério. Está mais animado que a Cat quando faço pipoca para ela.

Fizemos o círculo e ele foi para o meio do círculo de carteiras.

– Sou o professor de ‘História do Teatro’ de vocês, – Explicou. – podem me chamar de Elric.

Oh céus, ele tem o nome de um de meus personagens favoritos de um anime! Pirando aqui ok?

– Já que é a primeira aula, que tal nos apresentar? – Sorriu. – Que sala pequena, como sempre, poucas pessoas aceita fazer o curso de Artes Cênicas.

É verdade, tinham umas vinte pessoas na turma. É uma turma pequena se comparar com os outros cursos que a faculdade oferece.

– Quem se oferece a começar? – Silêncio. – Obrigada senhorita dos olhos verdes e luvas vermelhas por se oferecer.

Todos os olhares foram para mim, nossa a sorte não está ao meu favor! É sempre assim com pessoas bonitas. / Como você sabe que é assim com pessoas bonitas? Você não é uma / Blé!

– Olás pessoas! – Cumprimentei sorrindo abertamente. – Eu...

– Ah, já que nem questionou minha opinião venha aqui para frente Luvinhas. – Chamou-me com o braço, amei o apelido...

Suspirei e levantei de meu lugar precioso. Olhei para todos e comecei a falar, mas não estava emburrada dessa vez, até tinha um sorriso.

– Meu nome é Elizabeth, mas já que isso é nome de gente mais velha mudei para Lisa. – Ouvi risadas. – Ah, e essa “língua-presa” é sotaque francês ok?

– Você veio da parte francesa do Canadá? – Elric perguntou.

– Nop, vim de Paris mesmo. – Dei de ombros. – Ér... Escolhi fazer Dramaturgia pois amo escrever e seria bom soltar a imaginação em peças.

Uma garota levantou a mão, não entendi direito isso, mas o professor a deixou falar.

– Seu rosto não me é estranho, por acaso já fez algo na televisão? – Questionou e outras pessoas murmuraram.

Ótimo, o ano mal começou e eu vou ter que falar que sou filha de peoples famosas. Pensei que poderia ocultar isso até o final do ano ou até nunca! Mas a vida é complicada para mim, já falei que o Universo me odeia?

– Minha mãe se chama Nicole Marie e meu pai é Caleb Anice. – Falei. – Mas isso é irrelevante. Posso voltar para o meu lugar, por favor?

– Claro, quem será o próximo? – Questionou o professor.

Sentei em meu lugar e ignorei os olhares que eram lançados para mim. Nem prestei atenção direito na apresentação das outras pessoas, elas apenas explicavam sobre suas vidas. Sabem o que estava em minha cabeça? Exatamente, em quando a aula ia ter fim. É melhor que as aulas de escola, mas ainda assim são aulas e eu nunca irei gostar de aulas!