P.O.V Lisa

– Cat! – Chamava enquanto dava voltas pelo condomínio. – Catherine Houli, me responda!

Estamos Abbie e eu rodando pelo enorme espaço do condomínio procurando pela nossa amiga. Minutos depois que a razão veio até mim, saímos de casa com minha moto e começamos a rodar buscando algum sinal da loira.

– Ela não deve ter ido muito longe, se passaram menos que vinte minutos que ela saiu. – Abbie falou agarrando minha cintura para não cair da moto. – Ainda deve estar pelo bairro.

– Cat! – Gritei mais uma vez. – Ela sumiu criatura! Se eu não encontrá-la em menos de três horas ligarei para a polícia e iremos colocá-la como procurada!

– Deixa de drama, aquela ameba não iria tão longe assim.

Passava meus olhos rapidamente por toda a extensão, eu precisava encontrar minha amiga e pedir desculpas por tê-la tratado daquele jeito. Saí com tanta pressa de minha casa que estou andando de moto sem o meu capacete! Se eu der uma freada e capotar, quebrarei meu pescoço na melhor das hipóteses.

– Vamos perguntar para os vigias se eles viram pelas câmeras a Cat. – A castanha sugeriu. – Será mais rápido do que ficar gritando o nome dela pelas ruas.

– Tudo bem, mas se eles não a encontrarem voltarei a gritar. – Concordei e acelerei até onde os vigias ficam.

Enquanto ia até a parte da segurança comecei a refletir no que falaria. Eu não posso simplesmente chegar e pedir desculpas, preciso dizer mais coisas e mostrar que estou realmente arrependida pelo que fiz e falei para ela. / Você pisou feio na bola / Eu sei, não precisa jogar na cara Celeste! / Estou apenas dizendo, precisará fazer muita coisa se quiser que ela te perdoe / Mas nós já discutimos antes, nunca ficamos muito tempo de rancor / Lisa, você duvidou da amizade dela. A Cat abandonou a família e o lugar onde ela sempre viveu para poder ficar ao seu lado, ela sacrificou muitas coisas para ficar com você / Leste, mas ela foi tão dura com o... / Não importa se ele é seu namorado, marido ou o caralho a quatro! Desde que vocês se conheceram ela te apoiou, pode não ser uma amizade de longa data, mas o tempo não mede os sentimentos! / Hã? / A Cat te conhece há menos de dois anos, mas te tratou melhor do que pessoas que te conheceram durante sua vida inteira! Acha mesmo que ela iria querer o seu mal? Que te colocaria contra o Jake? Ela se irritou com o próprio irmão pois ele te tratou de forma grosseira! / Você está certa, preciso pensar muito no que falarei para ela e como pedirei minhas sinceras desculpas.

– Chegamos! – Abbie me alertou. – Lisa, eu já te falei mil vezes: Não converse com a Celeste enquanto dirige.

Mostrei a língua para ela e estacionei a moto. Entramos no estabelecimento e lá estavam quatro homens com uniformes de segurança vigiando várias telas de computador, provavelmente seriam as câmeras.

– Boa tarde. – Falei chamando a atenção deles.

– Boa tarde, precisam de algo senhoritas? – Perguntou um deles sem tirar os olhos das câmeras.

– Por acaso viram uma garota de estatura mediana, cabelos longos loiros, olhos castanhos usando uma calça jeans e uma regata verde clara andando pelas ruas? – Fui o mais especifica possível. – Ela saiu de nossa casa faz mais ou menos uns quinze minutos.

– Deixe-me ver se a encontramos. – Disse outro com um sorriso amigável.

Abbie fez um sinal positivo para mim enquanto sorria, fiquei olhando pelas câmeras também, para ver se a encontrava.

– Por acaso é essa aqui? – Questionou um dos guardas.

Pulei em cima do cara para poder ver a tela em que ele apontava. Era ela, estava com as mesmas roupas e a expressão irritantemente irritada. É, minha amiga continuava puta comigo e provavelmente vai jogar pedras em mim quando me aproximar.

– A mesma. – Falei. – Poderia me informar como chegar nesse lugar, por favor?

Os senhores me explicaram a localização de minha loira e assim que agradeci puxei Abbie e corri até minha moto. Iria resolver essa budega agora!

...

Chegamos ao local em cinco minutos, e lá estava Cat, jogada de cara no chão. A grama abafava um pouco os gritos que dava em fúria. Batia as pernas e gritava ao mesmo tempo, provavelmente descontando toda sua raiva em vez de bater em algo.

– E-eu vou ficar aqui. – A castanha falou assustada. – Boa sorte, e pense antes de falar.

– Ok, ok... – Falei descendo da moto.

Me aproximei da loira, essa não tinha percebido minha presença e continuava a gritar com a cara no chão. As formigas devem ficar surdas depois desse berreiro.

Sentei-me ao seu lado e esperei um tempo até que a cutucasse, assim que o fiz minha amiga ergueu a cabeça e lançou-me um olhar fulminante.

– O que. Você. Quer? – Disse pausadamente e com raiva.

– Eu... Eu... – Procurava as palavras. – Calma que já vai sair!

– Ainda não quero falar com você. – Voltou com a cabeça na grama e depois disse de forma abafada. – Vai embora.

– Você sabe que estamos em um lugar onde várias pessoas passam não é? – Falei ignorando a ordem. – Aposto que está assustando os outros com seus gritos.

– Cala boca, Lisa. – Ai, essa doeu.

Bufei e olhei para o céu, procurando palavras para dizer. Como pedir desculpas depois de questioná-la sobre nossa amizade.

– É... A culpa é da Michele. – Soltei sem querer. – Quer dizer! A culpa é minha, desculpa Cat.

– Não. – Foi direta. – Vai embora.

– Não, eu não vou embora. – Apoiei meu queixo em minha mão. – Você sabe que sou péssima com desculpas, mas estou tentando ao máximo fazer isso funcionar. Nem sei direito como começar, é tanta coisa que fiz de errado... Bem! – Bati minhas mãos involuntariamente. – Percebi que fui uma tremenda filha da puta ao tratar você mal, principalmente porquê estava apenas tentando me ajudar, mas como sempre eu agi por impulso e incorporei aquelas pessoas idiotas que trocam a melhor amiga por um garoto. – Levantou a cabeça. – Desculpe também por ficar te empurrando, por te acusar de não querer minha felicidade e também me desculpe por ser a pessoa mais tonta e burra do mundo ao te atacar daquela forma.

Respirei fundo e olhei nos olhos castanhos de minha melhor amiga. Levantei da grama e ofereci minha mão.

– Por favor, Cat, eu não consigo imaginar minha vida sem você ao meu lado me ajudando a me reerguer das minhas mancadas. – Sorri de forma verdadeira.

A mais velha olhou para minha mão e depois para mim, ficou um bom tempo pensando se a seguraria ou não. Quando esticou seu braço e agarrou minha mão direita, a puxei para que levantasse.

– Só para você saber: Tonta e burra são sinônimos. – Sorriu para mim. – Sua frase ficou redundante.

– Eu te amo, sua idiota! – A abracei com força, ela retribuiu.

– Claro... – Riu.

Ficamos abraçadas durante um longo tempo.

– Ei, só perguntando. – Falei sem soltá-la. – O que você ia falar antes de ir?

– Hã? – Continuou me apertando.

– “O Jake está...” Lembra?

Riu de leve.

– Eu ia dizer “O Jake está sendo um tremendo debilóide”, mas aí eu lembrei que você acha essa palavra engraçada.

Dei um sorriso meio de drogada.

– ‘Debilóide’. – Ri. – Tão engraçado... Eu pensei que ia dizer que ele estava me traindo.

Cat se soltou de mim e me olhou com raiva.

– Acha mesmo que eu mentiria só para te atingir? – Arqueou a sobrancelha. – Calma Lis, ele estava sendo um babaca temporário. Conheço meu irmão, logo irá te pedir desculpas e ficará tudo bem.

Voltamos ao nosso abraço e ficamos assim até Abbie pular em nós duas e ficarmos as três rindo iguais a uma morsa. Bem, assim que funciona uma amizade não é?