Era mais uma manhã de quarta-feira quando Grissom observava a tranquilidade que estavam as ruas ao redor do edifício. Algumas pessoas caminhavam outras corriam e os mesmos idosos sentavam-se no banco da praça para mais uma partida de xadrez.

Ele inspirou o ar sentindo-se relaxado. Sua noite de sono fora serena e ele pôde descansar o que precisava. Sonhara com uma certa morena que o fazia perder o juízo e, durante a madrugada, sentiu novamente o perfume dela. Saudade era pouco para descrever o que sentia por ela. Era uma mistura de desejo, amor e paixão que palpitavam dentro de seu coração. E quando a vira no dia anterior, ele teve a certeza de estava rendido àquele sentimento. Não podia mais negá-la. Ele tomou uma decisão, iria conquistá-la.

Grissom tomou banho e colocou uma roupa confortável, se sentia muito bem. Penteou seus cabelos levemente encaracolados, pegou suas chaves e saiu. Iria tomar café na sua padaria favorita.

Enquanto isso, no apartamento da frente, Sara saia do chuveiro enrolada em uma toalha seguindo em direção ao armário. Procurou por uma de suas blusas favoritas e uma calça jeans azul escuro. Vestiu-se e calçou uma sandália baixa. Rapidamente secou seus cabelos na toalha e os amarrou em rabo-de-cavalo.

Poucos minutos depois e ela seguiu o mesmo caminho que um supervisor fizera há instantes atrás.

No momento em que entrou na padaria uma das garçonetes o cumprimentou conduzindo-o a umas das cadeiras que estava disponível no balcão. Agradeceu a gentileza e ela perguntou se ele gostaria do de sempre. Recebendo a confirmação, ela encaminhou-se para a cozinha.

O celular de Sara tocou em seu bolso assim que ela atravessou a porta de entrada. Ela atendeu e se sentou próximo ao balcão, pois, as mesas já estavam ocupadas. A garçonete se aproximou e ela pediu um café e um cardápio. Segundos depois Sara desligava o aparelho.

Grissom e Sara estavam separados por um homem que se sentara no meio deles. Quando o homem deixou o lugar, Grissom sentiu o perfume dela e se virou para o lado oposto a procurando.

–Aqui está o café!

A garçonete colocou a xícara no espaço vazio que havia entre eles e ambos agradeceram pegando a quente porcelana. O contato que ocorreu entre suas mãos foi como uma corrente elétrica que desceu pela extensão de seus corpos.

–Desculpe!-ambos disseram e se soltaram

Sara manteve o olhar sob o cardápio e Grissom a encarou de forma possessiva. Ela estava ali. Ao seu lado. Mais linda e encantadora que na primeira vez que a conheceu.

–Sara...-ele a chamou

–Sim?-ela respondeu e lentamente o olhou-Gil?

Gil. Como sempre amei ouvir meu nome ser pronunciado por essa voz tão doce.

Um sorriso enorme tomou ambas as faces e eles levantaram para se abraçarem. Eles finalmente se reencontraram.

Ela estava em seus braços depois de um ano.Ele podia sentir o cheiro dela mais de perto que o fez sentir-se embriagado. Ele a envolvia de maneira carinhosa e saudosa.

Era um abraço tão bom que a fazia não querer se soltar jamais. Queria ela ser recebida assim todas as vezes que se encontrarem. Alguns segundos, que mais pareceram anos, e eles se afastaram.

–Sara, como você está?-ele perguntou e a fez caminhar para uma das mesas que fora desocupada

–Estou muito bem, Gil. E você?

–Bem.-ele a admirava-Quando você voltou?

–Há três dias! Fui ao laboratório ontem e Catherine disse que você estava de folga.

–Brass me obrigou mas vou trabalhar hoje. Como foi em São Francisco?

–Maravilhoso! Reencontrei os amigos, a família...

Grissom prestava atenção em tudo que ela dizia porém, alguns pensamentos o distraíram.

Como senti falta de você, Sara. Não ideia do quanto foi difícil não ver esse lindo rosto por um ano. A sua boca que um dia voltarei a beijar, seus brilhantes olhos cor de chocolate que me faz lembrar que a vida é maravilhosa, sua pele branquinha e suave e o seu corpo cheiroso que foi desenhado por anjos e se encaixaria perfeitamente no meu... Me diz como não te amar, Sara...

–E você, Gil, tem feito muitas experiências?

Ele foi tirado de seu transe quando ela o questionou e suavemente tocou seu braço.

–Não, Sara... Ecklie tem me dado muito trabalho burocrático e quase não tenho ido a campo.

–Aquele careca não tem nada de interessante pra fazer além de perturbar os outros!

Ele a olhou um tanto chocado e arqueou uma das sobrancelhas lhe arrancando uma risada.

–Você não vai contar isso pra ele, certo?

–Não preciso, acho que alguém já disse isso a ele.

–Quem?

–Catherine!

Ela deu uma nova gargalhada. Por incrível que parecesse ele estava completamente confortável. Talvez fosse por causa de sua nova atitude em conquistá-la que o fez esquecer de todos os seus medos.

Novamente o celular dela tocou.

–Sidle!-ela atendeu-Bom dia, Jason!

Ele a viu cumprimentar sorridente.

Jason? Quem diabos era Jason?

–Eu estou naquela padaria que você me trouxe!

O que? Eles já vieram aqui? Por que? Estão namorando?

–Mais tarde vou ao shopping, John e Rose me pediram para levar alguns presentes...

Levar presentes? Levar pra onde? Ela vai a algum lugar?

–Eu adoraria ter sua companhia!

–Depois do almoço será ótimo! OK, tchau!

Grissom deu um grande gole em seu café observando-a guardar o celular.

–Nossa, o tempo passou tão rápido...-ela suspirou

–O que é bom dura pouco.-ele murmurou

–Tem razão! Eu preciso ir.-ela se levantou e ele fez o mesmo

–Eu te acompanho.

–Não precisa, moro aqui perto. -Eu também. Por favor, Sara...

Ele fez um biquinho maroto que ela pensara ter sido imunizada mas suas pernas ficaram bambas contrariando sua mente e ela não resistiu.

–Tudo bem, vamos.

Em um absorto silêncio eles percorreram dois quarteirões lado a lado. Algumas vezes Grissom fazia questão de segurar em seu braço para que juntos pudessem atravessar as ruas.

Sara sorria de maneira disfarçada e Grissom juntava mais seus corpos. Na portaria do prédio, Sara pensou em se despedir de Grissom porém o porteiro Eddie os interrompeu.

–Vejo que conheceu a nova moradora do 314, senhor Grissom!

Sara o encarou confusa franzindo a testa.

–Também moro aqui.-ele respondeu sua muda questão segurando em seu braço para irem pegar o elevador-No 316, seu vizinho da frente.

Ela permanecia calada e muito surpresa mas conseguiu balbuciar uma nova pergunta.

–Você... sabia?

–Não, eu não sabia. Eddie disse que havia uma nova moradora no prédio que, possivelmente, seria a namorada do senhor Jason Parker. E ressaltou que ela é muito bonita.

Ele disse com certo desdém para ser novamente encarado com descrença. Notou que ela não conseguia dizer nada e resolveu expor seu pensamento.

–Concordo com Eddie.-pausou aproximando-se de seu ouvido para sussurrar-A nova moradora é linda!

A porta do elevador se abriu no andar que solicitaram e Grissom saiu primeiro pois Sara tentava digerir suas últimas palavras.

–Você vem?

–Sim!-respondeu saindo do elevador apressadamente

Ele a acompanhou até seu apartamento.

–Nos vemos mais tarde!

Foi tudo que ela disse antes de fechar a porta. E Grissom, sorridente, entrou em seu apartamento.

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–Grissom, estou muito atarefado!-Greg suspirou-Um único servo para muitos senhores.

–Greg, este é o seu laboratório. Nós é que te servimos!

Greg o encarou um tanto desconfiado e pegou as evidências que estavam na mão do supervisor.

–E suas provas passaram para o topo da lista.

–Obrigado!

–Chefe, viu a Sara?-Nick o questionou assim que o viu andando pelo corredor

–Ela deve estar chegando.-Grissom olhou em seu relógio

–Estou precisando de ajuda no caso! Quando ela chegar, peça que me procure, por favor.

–Ela quem?-Sara os interrompeu -Ah, Sara, graças a Deus! Preciso que colete evidências na casa da vítima enquanto interrogo o ex-marido.-ele a arrastou até o estacionamento Sara não pretendia trabalhar naquela noite só aparecera no laboratório para assinar sua transferência.

Sem que percebesse estava fazendo seu segundo turno, porém, só precisava finalizar seu relatório e iria para casa. Assinou o documento, colocou na pasta de arquivos e encaminhou-se para sala de Grissom. Ele já não estava lá, certamente fora para casa. Ela colocou a pasta sobre a mesa e também foi embora.