Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 33
Capítulo 33 - Reflexo


Notas iniciais do capítulo

YEEEEAH! TERMINEI! TEM ALGO MAIS LEGAL DO QUE VOCÊ ACABAR O CAPÍTULO DE SUA FANFIC?!
Sorry gente, é que eu estou tããão cansada, vocês não tem ideia! E Wow! Ficou maior do que eu pretendia fazer O_O
Se tudo der certo, eu ainda posto outro antes do mês acabar. Mas não prometo nada.
Dedico esse capítulo a 'Captain Vivs' por ter recomendado a fanfic ♥
Alguém aqui já foi ver Star Wars? GENTE, EU FUI *-* QUE FILME !! Superou todos de 2015, 3bjs pra quem acha o contrário u_u
Quem puder me ajudar com gifs Gwenter, me mandem pelo amor de Deus! Eu nem tenho tempo pra procurar T_T
Espero que gostem do capítulo e não achem sem graça ;_;
Beijos e até o próximo guys!



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 Narrador

 

Seus olhos acompanharam cada movimento de Harry Osborn com cautela, andando devagar e atrás, os músculos tensos debaixo do terno emprestado, a possibilidade de ser pego mantendo seu coração acelerado por um bom tempo, mas assim como seu amigo Lewis havia dito, ninguém notou quando ele resolveu manter a guarda do lado de fora da sala de reuniões.

— Você tem meia hora, no máximo. — Lewis avisou, juntando-se a ele e mais outro segurança do lado de fora enquanto os outros entravam com Osborn. — Vê se não me mete em problema, esse é o último favor que eu faço pra você.

— Relaxa, cara. Vai ser tranquilo.

— Vê se não se mete em problema.

Eddie Brock o olhou entediado, fazendo Lewis dar de ombros.

— Só tentando ajudar.

— Vai ajudar bastante ficando quieto.

Respirando fundo, se afastou, andando pelo corredor como se fosse o dono do lugar. Dois cientistas passaram por ele sem suspeitar de nada, lhe dando mais coragem para o que ia fazer. É, ele estava tranquilo.

Eddie Brock abriu a porta de emergência, subindo as escadas até o andar de cima. Sabia bem que o Homem Aranha havia roubado a pesquisa da Oscorp em alguma sala do andar de cima. Só restava descobrir qual. Depois, acessar a sala de segurança e copiar tudo para o pen drive que carregava. As pessoas precisavam saber o que quer que eles estivessem mantendo em sigilo. (e Eddie precisava do dinheiro!) O que eles estavam insistindo em esconder, afinal? Eddie descobriria, ele era um jornalista. Quão difícil poderia ser? 

Adentrou o andar e logo sentiu a severa mudança no ar.

— Hey!

Ele virou, dando de cara com o único segurança do lugar.

— O que faz aqui? É área restrita.

— Relaxa, amigo. — Eddie mostrou o crachá em seu peito. — Estou com a Oscorp.

— O que faz aqui?

— Onde está o responsável por essa ala? — Eddie interrompeu, atuando e deixando o nervosismo de lado. Precisava despachar esse cara.

— Eu sou o responsável.

— Me refiro ao cientista que cuida dessa área. O Sr. Osborn gostaria de ter uma palavra com ele na sala de reuniões. Soube que estaria por aqui.

Por um momento, pensou que sua estratégia havia furado. Era isso. Ele chegou até aqui para nada.

E então, o segurança assentiu.

— Dra. Skirth. Dobrando o corredor a esquerda. — ele se aproximou, mas Eddie ergueu a mão.

— Deixe, eu sei o caminho.

Não, ele não sabia. Mas precisava que o segurança não insistisse. Certo... segunda parte do plano concluída.

Quando dobrou o corredor, observou com confusão uma grande porta metálica já aberta, a fumaça gelada escapando para fora. O laboratório de resfriamento! Aberto! Era melhor do que ele podia imaginar!

Dois cientistas estavam discutindo dentro da sala. Eddie se atentou ao que eles diziam por um momento.

— Isso não faz sentido, não deveria criar esse tipo de tecido!

— O que você acha que aconteceu?

— Ele fez alguma coisa com ele, com certeza! Olha o modo que está se movendo, parece até que está sofrendo!

— Sofrendo?! Skirth, por favor! É um organismo vivo, ele deveria se mexer mesmo!

— Mas não assim, droga!

Se agachando, Eddie usou da fumaça gelada ao seu favor, entrando na sala e se escondendo abaixo de uma mesa. O casal estava distraído demais para notá-lo.

— Vamos pra minha sala! Dar uma olhada nos registros que temos, tenho certeza que vamos encontrar algo lá. Tem que haver uma explicação.

— Lá vem você com essa história de novo...

— Hey! Somos cientistas ou não somos? É nosso trabalho provar teorias e a minha teoria é: o Homem Aranha tem algo a ver com isso!

— Ainda não acredito...

Assim que eles se afastaram, entrando na sala em frente, Eddie se levantou olhando ao redor. Procurou por câmeras de segurança e só encontrou uma.

— Pra NASA, a segurança daqui é bem fraca. — murmurou, chocado com a facilidade... ou talvez ele apenas seja muito bom. — É, a segunda opção é melhor. — ele riu baixinho, se aproximando da câmera em um ângulo que não fosse alertar quem quer que estivesse por atrás dela.

Subiu em cima de uma cadeira e se esticou, travando a câmera para o outro lado e abrindo o aparelho. O filme só faltou brilhar e Eddie sorriu, o arrancando e o guardando dentro do bolso. Pronto, agora era só cair o fora daqui e-

Espere.

Ele virou, se aproximando de onde o casal estava posicionado antes. A mulher havia dito algo sobre o Homem Aranha e-

Opa. O que era aquilo?!

Uma gosma preta se esfregando contra o vidro que lhe prendia.

Eddie o observou quase hipnotizado, tirando o celular do bolso e batendo algumas fotos. Talvez um vídeo fosse bom também, sim...

Com cuidado, abriu o vidro só um pouquinho, filmando tudo.

— Meu nome é Eddie Brock, eu sou um jornalista que preza a verdade. E a verdade é que eu estou em um laboratório da NASA. Sim, o mesmo que o Homem Aranha atacou há algumas semanas... como eu tenho tanta certeza? Bom, não foi o primeiro ataque que ele- Ai meu Deus! — arregalando os olhos, ele subitamente ergueu a mão para fechar o vidro, a gosma se aproximando demais da beirada e escorregar pelo chão. — Espera, fica aí! Eu vou te colocar de volta! Não se mexe!

Olhou ao redor, procurando algo para ajudá-lo a apanhar a gosma, quando ela subitamente circulou sua perna, grudando em sua roupa.

Tentando não fazer barulho, mas desesperado, debateu as mãos em sua perna, logo sentindo a gosma se espalhar pelos seus braços e... corpo todo. Eddie arfou, a respiração acelerando acelerada. O que era aquilo?! O que estava fazendo?! E por que ele não estava gritando ainda?! Seus instintos humanos o avisaram que era tarde demais quando sentiu a primeira pontada forte em sua cabeça.

E de repente, tudo lhe pareceu distante.

Como um sonho que ele nunca deveria ter tido.

 

[X]---------------

 

Mary Jane Watson era a última pessoa no mundo para dar conselhos amorosos. Todos os relacionamentos em que já esteve deram errado. Ela não sabia o porquê mas nenhum homem nunca conseguia acompanhá-la, se divertindo com sua loucura só até certo ponto. Oh sim, ela entendia homens, não de amor.

Mas a imagem de Peter Parker, sozinho no meio da pista de dança, era pesada demais para ela ficar parada. É, ele precisava de alguma motivação.

— Eles complicam tudo. — ela murmurou pra si mesma, terminando seu drink e o deixando no balcão enquanto se aproximava. — E aí, Pete.

— MJ.

— Olha, eu vi tudo tá. — ela foi direto ao ponto, encarando firme aqueles olhos de chocolate derretido. — E não sei o que aconteceu... Mas se não for atrás dela agora, vai perdê-la.

— Eu... eu acho que já a perdi.

— Tá brincando né? — ela tentou sorrir, socando seu braço em brincadeira. — Só se acreditar mesmo nisso porque... o jeito que ela te olhou... eu não acredito que acabou.

Peter a olhou por um momento.

— E você não vai se importa se eu...?

— Ir atrás da Gwen? — ela completou, sentindo algo em seu íntimo amargar. — Não, não, o que a gente tinha não era sério, eu não-

— Não, eu quis dizer, você não vai se importar se eu te deixar sozinha? 'Tá com dinheiro pro táxi né?

Ah.

— Ah claro! Sim, sim, eu estou... — ela riu, desviando o olhar. É claro que ele não estava se referindo a... o que quer que tivesse rolado entre os dois. Porque não tinha rolado nada. Nada mesmo. Foram só... alguns beijos que aceleram seu coração mais do que deveria. — Vai atrás dela, tigrão.

Peter sorriu, não parecendo notar sua vergonha. Ela era uma atriz, afinal.

— O que ainda 'tá fazendo parado, garoto?! — ela ergueu o braço, apontando. — Vai atrás dela, vai! — ele riu, a puxando pelo braço e lhe beijando a testa como irmãos faziam. O gesto tanto aqueceu como esfriou seu coração. — Ok, vai! Vai!

— Obrigado, MJ! Obrigado! — Peter repetiu, um grande sorriso ao sair correndo.

Ela riu, a vontade de chorar sumindo assim como ele.

Peter deveria ser o primeiro e único homem que ela não entendia. Era um sentimento tanto bom como assustador quando estava perto dele.

— Se começar a tocar um All By Myself eu vou começar a ter pena de você. — uma voz estranha soou atrás dela e Mary Jane virou, surpresa com o rapaz que havia presenciado a cena. Ele era incrivelmente atraente, sem camisa e com pinturas de chamas pelo braço. — Ele te trocou pela loira?

Ela ergueu a sobrancelha. Trocada? Há! Jamais.

— Não querido. Eu que chutei ele. — respondeu, olhando ao redor. — E você? Sozinho?

— Por opção, baby. — rle disse, estendendo a mão. — Sou Johnny.

Mary Jane apertou os olhos, desconfiada. O sorriso dele era quase infantil, mas havia... alguma coisa...

Apertou sua mão, respondendo o próprio nome. Johnny assentiu. 

— Vi quando você chegou, Mary Jane, de longe é a moça mais linda da festa.

— Não precisa dizer que sou linda, eu sei que eu sou. Não é assim que vai me ganhar.

— E quem falou em ganhar? Eu só quero conversar.

— E o fato de eu ser a garota com os maiores seios da festa não te atraiu nenhum pouco?

Johnny ergueu as sobrancelhas, surpreso, e riu.

— Talvez seja o fato de você ser extremamente humilde.

Ela sorriu.

Houve um momento.

— Sabe, você me é familiar. — ela apertou os olhos novamente. Os cabelos dele lhe lembrava dos de Eddie Brock, um tom loiro de dar inveja. — A gente já se viu em alguma festa ou...?

— Pode descobrir isso dançando comigo. — ele piscou pra ela.

— Estamos no meio da pista de dança.

— E ainda não estamos dançando, dá pra acreditar?

E assim, falando com um tom malicioso, ela finalmente se lembrou. Inúmeras revistas que tinha guardadas embaixo da cama e com o rosto dele estampado nelas.

— Ai meu Deus! — Mary Jane arregalou os olhos. — Como não percebi isso antes? Você é Johnny Storm!

 

Gwen Stacy

 

Abracei meu próprio corpo, o frio da madrugada não colaborando com meus passos rápidos. O céu estava cinza, ainda longe do amanhecer e sem estrelas, sinais claros de uma chuva se aproximando. Droga, eu devia ter trazido um casaco. E lenços.

Limpei a beira dos olhos, me recusando a chorar. Já havia chorado demais, e também-

— GWEN!

Aaaah não.

Olhei para trás rapidamente, só para saber o quão distante ele estava e voltei a apressar os passos. Por favor, vá embora, por favor, vá embora, por favor, vá embora...

— Gwen, espera!

— Vai embora, Peter! — exclamei. Onde estava a irritação que eu havia sentido mais cedo? Provavelmente enterrada com a minha dor de cotovelo. Droga, ela ia ser de bom uso agora. — Volta pra festa!

— Gwen, nós precisamos conversar! Por favor! — ele disse, seus passos insistentes atrás de mim. Balancei a cabeça. — Gwen!

— Não temos nada pra conversar.

— Temos sim, ainda temos!

Ainda? Parei, me voltando para ele farta.

— O QUE É?! — Gritei. Peter arregalou os olhos, à cinco passos de distância de mim. — O que você quer?!

— Você.

— Eu?!

Fiquei segundos esperando que ele continuasse, mas não. Ele parecia tão perdido quanto eu.

— Não diz isso. — pedi, balançando a cabeça de novo. — Não mente pra mim.

— Não estou mentindo-

— Não?!

— Não!

— Você estava com ela! — acusei, apontando.

— Sim, porque ela é minha amiga, você sabe!

— Eu sei?! Eu não sei! Eu nem sei mais quem você é! Eu achei que soubesse, mas-

— Você sabe, claro que sabe, sabe tudo de mim! Você me conhece melhor do que ninguém!

— Não pode me dizer isso! Não agora! Não depois de tudo aquilo!

— Mas eu-

— Eu descobri pelo jornal que o Homem Aranha largou a roupa preta! E isso porquê você não teve a decência de ao menos me ligar!

— Gwen, por favor-

— Você nem me procurou, Peter! Depois de tudo que passamos, ficou uma semana sem falar comigo e olha onde eu te encontro-

— PORQUE ACHEI QUE ME ODIASSE! — Peter revelou, os olhos brilhando em lágrimas. Me calei, o observando se aproximar agoniado. — Você precisa saber, por mais que eu não queira contar, você precisa saber! Porque você sempre soube tudo de mim, Gwen... E eu me lembro de tudo o que eu fiz, tá? Cada palavra. Cada ação. Eu me lembro o que ele me fez fazer. Eu machuquei você. Não te ouvi quando pediu, não ouvi a ninguém... e te traí com a Mary Jane! Você nunca vai me perdoar por isso, eu sei. Nenhuma de vocês deveria. Eu... eu usei vocês. Eu usei o Jameson, eu usei todo mundo. Eu... fui egoísta.

Tremi, em silêncio.

— E além de tudo, naquele dia, no beco, com a arma, foi... Foi uma sensação horrível, Gwen! O simbionte mexeu com minha cabeça como um pesadelo, não sabia o que era real e o que não era! E por um momento... por um momento... eu não vi você. E eu ia atirar, eu ia... ia sim! Sinto muito! Eu nunca- eu nunca-

Deveria estar assustada com sua confissão, ou irritada com suas palavras. Peter teve consciência de tudo que estava fazendo.

Mas ele também estava com um alienígena parasita em seu corpo influenciando seus pensamentos mais escuros. Ele não era culpado, não realmente. Em meu coração, eu tinha esperança, ele nunca faria aquilo!

Meu Peter nunca faria.

E era sabendo disso, que eu me deixei doer junto dele. Suas lágrimas arrependidas me afetando mais do que tudo. A pena e o perdão tomando conta de mim enquanto o observava chorar.

— Você me ama?

Uma batida de coração.

Seus olhos se encontram nos meus.

Duas batidas.

Castanho no verde, as rochas e o mar, a grama e a areia, a folha e o tronco.

Três batidas.

Real.

Quatro batidas.

Ainda era real.

— Peter, você me ama? — perguntei, minha voz pequena e mais frágil do que eu gostaria. Lembranças de tudo que passámos, tudo que passámos, tudo que lutamos, tudo aquilo... até esse momento. Por favor, não me deixe sozinha agora. — Porque estou cansada, é sério. Eu não sei se-

— Se eu amo? Gwen... — Peter suspirou, quase sorrindo. — É claro que eu te amo. Eu sempre vou-

— Então por que não me procurou?

Senti algo pingar em meu rosto. Ah fala sério! 

Até mesmo o clima estava contra nós. A ameaça da chuva finalmente chegou, forte e súbita, caindo sobre nós e nos deixando encharcados, levando toda a tensão que carregávamos embora.

Seus olhos fixos nos meus, fazendo meu estômago pular como em queda livre. Outra batida de coração. Castanho no verde. Peter e Gwen. Complicado, mas de algum modo, a gente conseguia deixar simples. Não deveria ser sempre assim?

— Eu tive medo, Gwen. Eu não queria me encontrar você e ver... e ver o seu medo refletido no meu. Doía demais só de imaginar, e eu imaginei. Oh, várias vezes.

— Eu sei.

— Parece que eu sempre tenho medo quando se trata de você.

— Eu sei.

— Porque eu te amo.

— Eu sei.

A chuva continuava a cair sobre nós sem perdão, talvez para compensar o fato de que lá estava eu, Gwen Stacy, disposta a tentar de novo.

— Star Wars. — Peter piscou, surpreso. Ele havia tentado me fazer assistir à aqueles filmes desde o ensino médio e nunca conseguiu.

— Han e Leia. — concordei. — Terminei essa semana. Sozinha.

— Meu Deus.

— Pois é.

Ele piscou novamente, e ao mesmo tempo, nós dois abrimos um sorriso.

— Não estou dizendo que vai ser fácil... Mas nós podemos consertar isso, juntos.

Minhas palavras refletiam todo o nosso relacionamento naquele momento. Tudo que passamos... vencemos porque estávamos juntos. Somos fortes juntos. E agora, mais do que nunca, Peter sabia disso.

Ele assentiu, cortando a distância entre nós. Senti meu coração palpitar quando suas mãos tocaram minhas bochechas, afastando os fios molhados de meu rosto. Fixei os olhos em seus lábios, ansiando por aquele momento, aquele momento mágico, tão perto, perto como antes, como sempre foi, mas agora tudo seria diferente, agora seria melhor e-

— AAAAH! ALGUÉM ME AJUDA!

Ou talvez nem tão diferente assim.

Pulamos, virando a cabeça subitamente, do outro lado da rua, uma sombra masculina arrastava uma mulher para dentro de um beco. Arregalei os olhos, chocada tanto com a cena como com a situação em que estávamos.

— Fica aqui. — Peter mandou com aquele tom de herói, e eu poderia revirar os olhos se não estivesse impressionada com a rapidez que ele tirava os sapatos e a camisa jeans de botões e-

— Você 'tá com a roupa!?

Ele veio mesmo com o uniforme do Homem Aranha por baixo das roupas para uma boate?

— Eu 'tô sempre com a roupa! Segura esse beijo que eu já volto!

Meus olhos o seguiram ao atravessar a rua, subindo pela parede do prédio e tirando a máscara do bolso da calça. DO BOLSO! Peter...

— O que você tem na cabeça, garoto?

Apanhei seus sapatos e roupas civis que ele deixou e as escondi embaixo de um carro. Elas estavam encharcadas de qualquer forma, então... pois é. Esperei alguns segundos antes de me aproximar do beco com cuidado, ouvindo o familiar som das teias do Homem Aranha que até o momento eu não tinha percebido que sentia falta. Oh, eu sentia falta demais!

Uma mulher saiu do beco, desesperada o bastante para não me notar e correndo em direção a festa de Liz. Bom, pensei, ela encontraria seguranças lá.

Não aguentei a espera e dobrei a parede, entrando no beco de onde ela tinha saído. O lugar sujo e escuro (e também o frio em si graças à chuva) me fizeram tremer um pouquinho. Ainda bem que Peter e eu estávamos por perto, e por falar em Peter... o criminoso estava caído no chão desacordado, coberto por teias, mas Peter não estava em nenhum lugar.

— Ué.

Olhei para cima, chamando por seu nome de herói.

Nada.

— Caramba, você nunca me ouve mesmo não é? Não sei porque ainda me surpreendo.

Me virei, o vendo descer de cabeça para baixo, agarrado em uma teia, realmente como uma aranha. Resisti a vontade de rolar os olhos. Que diva.

— Isso aí deveria me impressionar?

— Funciona com o público. — ele acenou, um gesto quase infantil e, por estar de cabeça para baixo, engraçado. Sorri, me aproximando. — O que uma garota como você faz num lugar como esse? — ele brincou, me fazendo sorrir.

— Tem esse cara... — entrei na brincadeira, dizendo. — E eu tenho esse estranho costume de segui-lo, entende? Só pra saber se ele está bem.

— Oh?

— Só uma vez por dia. As vezes mais.

— Que sortudo.

Eu sorri, mordendo os lábios. Não me aguentei e levei as mãos até seu rosto, abaixando sua máscara devagar. Mais uma vez, senti meu coração acelerar em expectativa. E agora, no escuro, escondidos, juntos, finalmente.

Ninguém iria nos interromper. (Tinha um criminoso desacordado coberto de teias no fim do corredor que não me deixava mentir!)

O beijei.

O tempo podia ser frio, mas nosso sentimento era quente; vivo. Peter me retribuiu cuidadoso, como se estivesse testando o chão que pisava. Continuei mostrando que sim, estávamos bem. Tudo ia ficar bem. Era um beijo que dizia eu te perdoou, mas também que dizia mais tarde, e para sempre.

Não apenas nosso amor foi reestabelecido. Nossa confiança foi.

E então-

Ouvimos uma sirene.

— Sabe, podíamos ser um casal normal por só dois minutos. — murmurei, e ele riu contra meus lábios. Eu o acompanhei.

— Mas não somos.

— Podia fingir que somos.

— É? Qual é a graça disso?

E quando ele me tomou em seus braços, me levando as alturas, me vi concordando com ele. Qual era a graça, mesmo. 

 

 


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Notas finais do capítulo

ps: eu não entendo nada de câmeras de segurança, podem chamar isso tudo de lazy writing