Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 26
Capítulo 26 - Quando não se sabe o que se passa na cabeça dele...




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Gwen Stacy

 

E eu estava com a pulga atrás da orelha! Peter nunca seria tão... rude comigo. Ele nunca nem mesmo foi do tipo ciumento. Por que ele agiria assim?

Não foi difícil ligar os fatos e eu tinha quase certeza que o comportamento dele tinha a ver com o novo uniforme; o organismo alienígena que ele ainda mantinha (!!!) mesmo depois de dizer ia devolver. Ugh, Peter! O que você está fazendo?, mentalmente, eu perguntei. Precisava ajuda-lo.

— Gwen, estou saindo. — quando cheguei em casa à noite, minha mãe avisou.

— Aonde você vai?

— Sair com umas amigas. Pode fazer a lista das compras?

— Achei que Josh fosse fazer isso.

— Ele está trancado no quarto à horas, se conseguir falar com ele... eu já vou.

Franzi o cenho, mas assenti. Ok Peter, vai ter que esperar um pouco. Cheguei no quarto de meu irmão e bati, sem falar nada. Ele logo abriu.

— Como é que-

— Conheço a sua batida.

Pela primeira vez naquela semana, eu ri de verdade.

Meu irmão jogou-se na cama bagunçada, encarando o teto, sendo o mais agitado dos garotos, percebi que ele não estava legal. 

— De todo mundo, acho que você é a única que ia entender.

— O que 'tá acontecendo, hein maninho?

Ele respirou fundo. — Eu acho... que a mamãe tá se interessando... por um homem.

— Você acha?

— Eu vi os dois quando voltava da escola... é um cara lá da STARK... Reparou que ela 'tá sempre no telefone agora? E saindo bastante-

— Ela foi sair com umas amigas-

— Mentira. — seu tom acusador me deu flashbacks que eu ignorei prontamente.

— Bom... eu já sabia. 

— Já?!

— É, ela não iria ficar pra sempre sozinha, Josh.

Ele se levantou, sentando-se na cama e olhando pra mim.

— É que... é estranho não vê-la com o papai, sabe? Ver ela com outro homem...

— Você está com raiva?

— Eu... eu não sei. No começo, pareceu que eu ia explodir, até tratei ela mal quando ela chegou do trabalho. Mas agora, de sangue frio, parece até que eu era outra pessoa... eu nunca teria agido assim se... sei lá...

Assenti, passando a mão por seus cabelos.

— Nós dois sabemos como o papai foi importante, não vamos esquece-lo nunca tá. Só que eu acho que, todos nós precisamos seguir em frente em algum momento, se não... vamos acabar perdendo o futuro. A vida não espera, ela só... acontece. Não queremos ficar para trás. 

— Obrigado, Gwen Stacy. — ele me abraçou de lado e eu sorri.

— De nada, Philip Joshua Stacy.

Nós dois rimos e então-

 

"—...de sangue frio, parece até que eu era outra pessoa.."

 

As palavras de meu irmão ecoaram em minha mente, me fazendo arregalar os olhos.

É claro! Como eu não havia pensado nisso antes?!

— Hey! Pode fazer a lista de compras pra mim?

— Faz você, preguiçosa.

— Por favor. — pedi piscando os olhos. — É importante, preciso estudar uma coisa.

— Você é tão nerd. — ele resmungou. — Faço sim.

— Valeu, maninho. — o soquei de brincadeira, me levantando e praticamente correndo para meu quarto.

Fui direto para o computador, abrindo o jornal online e procurando.

A viagem para a lua foi patrocinada pela Oscorp, avá. Rolei os olhos. Por que sempre a Oscorp?! Estava começando a pegar ranço do meu local de trabalho. Bom... eu não seria a primeira, com certeza.

Não havia muitas informações sobre o que foi encontrado durante a missão, então fui obrigada a pesquisar o nome que eu temia.

Simbiose.

Nome dado à interação entre duas espécies que vivem juntas. Eu lembrava de estudar isso em biologia na época escolar.

Se o organismo que está com Peter é um simbionte... céus, por favor, não. Eu precisava alerta-lo.

Separei uma muda de roupas, me preparando para ir à casa de tia May. Peguei a toalha, indo tomar um banho rápido. Embaixo d'água, senti meus ombros ficarem menos tensos e comecei a planejar como contaria isso à Peter. Ele não me deu muita atenção da última vez e-

Pensei ter ouvido uma movimentação fora do banheiro e desliguei o chuveiro, atenta.

— Josh? — chamei.

Nada.

Ótimo, como se eu já não tivesse problemas o suficiente!

Passei shampoo em meus cabelos e liguei o chuveiro novamente, suspirando. Franzi o cenho ao perceber uma sombra dentro do banheiro e afastei a cortina em adrenalina-

Quase gritei de susto.

— Peter! — sussurrei como se quisesse gritar.

ALERTA VERMELHO.

Me escondi na cortina, meu. Deus. Peter quase me viu nua.

E o idiota simplesmente me encarava com um sorriso divertido, encostado na pia, enquanto girava um de meus cremes no ar.

— Oi.

— Meu irmão, ele-

— Jogando vídeo game no quarto. Eu vim pedir desculpas por hoje cedo.

— Oh?

Ele se aproximou, ficando bastante perto.

— Nervosa?

Neguei com a cabeça rapidamente.

— Não. — eu ri. — Por que estaria? Você só está no meu banheiro... onde eu estou... levemente... nua.

Nossos olhos se encontram e eu prendi a respiração. Ele queria me beijar, talvez... talvez até mais que isso...

Quase sorri.

Por um momento, foi como se nada estivesse errado.

Peter e Gwen.

Não podia ser sempre assim?

— Pode... pode me esperar lá fora?

Só que ainda havia algo errado. Eu podia confiar em Peter mais do que tudo... só que Peter não estava sendo muito Peter aquela semana.

Ele assentiu, sem esboçar reação.

Quando eu finalmente fiquei sozinha, respirei aliviada.

Wow. Isso foi intenso.

E preocupante!

Tratei de me concentrar no meu banho, terminando-o mais rápido que o normal. Coloquei minha roupa e sai do banheiro ainda secando os cabelos com uma toalha.

— Por que você 'tá pesquisando sobre simbiontes? — Peter perguntou, sentando em frente ao meu computador e me encarando com confusão. A expressão dele fazendo reflexo com a minha. Estranho, eu tinha certeza que tinha fechado a pesquisa antes de ir tomar banho, então o que-

Oh.

— Tá olhando meu histórico?

— Por que? Tem algo a esconder?

Peter.

— Certo, desculpa. Eu vim pedir desculpas, que irônico. Não quero discutir, foi só uma pergunta boba. — Peter riu sem humor, se levantando e vindo em minha direção.

— Não, foi bom você ter falado porque... eu queria mesmo conversar com você sobre a sua roupa e-

— Consegui um emprego. — ele me interrompeu.

Arqueei as sobrancelhas, gaguejando: — O que, a-a-aonde?

— No Clarim.

— No Clarim? Mas achei que J.J. não quisesse mais fotógrafos.

— Pois é, mas depois que eu te deixei lá na Oscorp, achei que estava na hora de pressiona-lo um pouco. Eu sou o melhor fotógrafo que ele tem, afinal.

Assenti, ainda um pouco confusa.

— Mas o que você foi fazer na Oscorp, afinal?

Peter rolou os olhos, colocando as mãos em minha cintura.

— Temos mesmo que falar disso?

Peter.

— Foi só o Harry que me ligou-

— Harry?

— Tão tedioso! Ele foi sempre assim ou eu só estou notando agora?

— O que ele queria, Peter?!

— Eu sei lá, era o mesmo drama de sempre, nem dei atenção.

— Drama? Peter, você esqueceu o que o Harry fez? — indaguei indignada. — Prometeu ficar de olho nele, caso ele agisse estranho, ou-

— Oh, sim. Estranho. Ele é bem estranho. — Peter debochou. — Mas relaxa, meu amor. Você se preocupa demais. Esqueceu quem eu sou? Homem Aranha, o herói de Nova York. Você está segura comigo.

Me afastei dele, agoniada. Aquele tom passivo-agressivo estava deixando até mesmo o ar pesado e-

Oh, eu não estava gostando nada disso.

— Espera, tá. Deixa eu pensar. Como assim você pressionou o J.J. por um emprego?

— Ah, eu só falei a verdade; que um salário fixo ia ser bem mais em conta do que 300 dólares por semana; que outros jornais já estavam de olho em mim; que eu era um fotógrafo muito melhor que o panaca do Brock...

— Envolveu o Eddie nisso?

— Defendendo o Brock de novo Gwen?

— Peter, não diminua a gravidade disso, por favor. Você sabia que o Eddie estava passando por dificuldades financeiras. Eu... eu falei isso pra você e... e você foi direto pro Clarim. Pra tirar o emprego dele.

— Eu não tirei nada! Foi o Jameson.

— Você fez de propósito!

Peter respirou pesadamente diante de minha acusação.

— Eu não quero mais falar sobre o Brock... e acho bom você-

— Mas isso não é certo.

— QUE DROGA, GWEN! TODOS PRECISAM DE DINHEIRO! — Peter explodiu subitamente, seu rosto ficando vermelho em segundos. — Um dia a gente ganha, no outro a gente perde, é simples assim! E é a nossa vez de ganhar, não deixarei ninguém atrapalhar isso!

Com os olhos arregalados, eu não dei pra trás, retrucando ferozmente:

— Você ao menos está se ouvindo?! Esse não é você, Peter.

— Esse sou eu sim! Acontece que eu cansei de todos pisando em cima de mim! Flash, Harry, Eddie, até mesmo você! É todo mundo por si nesse mundo e nós queremos nos manter longe das dificuldades, mas é claro, você nunca poderia entender isso, princesa!

Parei, piscando.

— O que?!

— Você sempre teve tudo, Gwendolyn! – meu lábio tremeu quando ele chamou meu nome. — Até mesmo depois da morte do seu pai, eu sei que vocês continuam recebendo uma boa quantia do governo! E você faz questão de se sentir superior aos demais, não é? Bonita, roupas caras, inteligente... você nunca erra, uhm? Tão superficial!

— Para de falar assim! – gritei enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. — Eu não sou superficial!

— A verdade dói, não é? – segurou-me pelos braços, seus olhos faiscavam. — Namorando o pobre Peter Parker, coitado do Peter, mas adivinha?! Ele não vai ser mais o seu capacho!

Peter.

— Você notou, não é? É por isso que está indo tanto atrás do Eddie? Quer fazer dele o seu tapete também?!

Peter!

— Só não entendo porque o defende tanto. Eu não sou o suficiente pra você? Fala pra mim! Responde!

— Peter, você está me machucando!

Ele me olhou franzindo o cenho, como se tivesse acabado de acordar.

— Gwen? — sussurrou soltando meus braços. Sua voz havia se acalmado, e ele parecia incrédulo consigo mesmo. — Gwen... eu...

Me afastei, controlando lágrimas que eu não sabia que segurava. Quem era aquele homem? Eu não o reconhecia. O que se passava na cabeça dele?

— Gwen, me desculpe. – ele falou, e pela primeira vez no dia, pareceu ser sincero, pareceu ser... Peter. — Eu... eu não sei o que... eu não sei o que deu em mim.

— Ah, eu sei. — murmurei, cansada. — Um simbionte, um organismo vivo... quando você me contou, disse que ele copiava o melhor em você. Acho que é uma via de mão dupla. Acho que você copia o melhor dele... nesse caso, o pior.

Ele me fitava, chocado.

— Não, está errada.

— Eu nunca erro, você mesmo disse.

O observei andar de um lado pro outro, as mãos na cabeça, os olhos desesperados. Oh, meu amor... me deixe ajudar você antes que seja tarde...

— Precisa se livrar dele.

— Não, eu não posso!

— Peter, me ouve 'tá bom? — me aproximei, segurando suas mãos e fixando meus olhos nos seus. — Você está mudado, meu amor. Precisa se livrar do simbionte antes que alcancem a simbiose... ou ele pode te deixar ainda pior.

— Mas...

— Por favor. — pedi, lhe dando um selinho e tocando-lhe o rosto. — Por favor.

Para o meu desespero, Peter balançou a cabeça, soltando-se de mim e se afastando. Pisquei atordoada, oh céus, eu estava o perdendo de novo.

— Que exagero. — o ouvi murmurar.

— Exagero? — retruquei, perdendo a paciência. — Você está desconfiando de mim, Peter! De mim!

— Está me dando motivos pra isso!

— Motivos?! Nós sempre confiamos um no outro, não percebe o quão difícil a situação se tornou agora?!

— Talvez eu não confie tanto em você quanto antes!

— Talvez devesse procurar outra pessoa para quem confiar então! – me arrependi de falar aquilo no mesmo segundo que falei. Peter nunca havia me olhado daquele modo, tão... frio.

Me virei de costas, sentindo lágrimas descerem por meu rosto. O silêncio era cortante, e quando finalmente consegui me acalmar, Peter atravessava a janela.

— Aonde você vai?!

— Vejo que estou perdendo meu tempo com você...

— Peter, espera!

Ele não me deu atenção, e em menos de alguns segundos, a sua roupa havia se transformado no uniforme negro que eu aprendi a odiar.

— Peter, não faça isso! Vamos conversar.

— Você tem razão Gwen, eu estou diferente. Você está me fazendo ficar assim. Você é quem está tentando nos separar, como não percebi isso antes?! Desculpe Miss Certinha, se eu não sou bom o suficiente pra você! Mas sabe de uma coisa? Você que não é boa o suficiente pra nós!

E pulou para fora, voando entre os prédios.

— LIVRE-SE DELA! – gritei implorando.

— EU PRECISO DELA!

Foi só quando o Homem Aranha havia sumido de minha vista, que a realidade me banhou.

Ele havia escolhido a roupa.

Ele... ele não acreditava em mim. Ele havia escolhido o simbionte.

Coloquei as mãos no rosto, tentando me acalmar.

Certo Gwen, pense com a cabeça agora. Não com o coração. Peter não estava bem, ele não sabia o que estava fazendo... não é?

Oh, eu tinha que ajuda-lo. Eu o amava, não podia deixar aquilo acontecer assim.

Grunhi em frustração.

O que que eu poderia fazer?!

— Gwen? – Josh chamou, entrando no quarto. — Eu pensei ter ouvido gritos.

— É, eu... — limpei as lágrimas que insistiam em cair. — Eu tive uma briga daquelas com o Peter... no celular.

— Ah, que chato.

— É...

— Hey. — meu irmão se aproximou. — Não é a primeira vez que vocês brigam. Se preocupa não, vocês vão dar um jeito.

Tentei sorrir e ele me abraçou.

— Vocês sempre dão um jeito.

— Valeu, maninho.

 

 


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