Stay With Me escrita por Lady Liv


Capítulo 21
Capítulo 21 - Quente e frio




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Peter Parker

 

Tia May já estava dormindo quando cheguei aquela noite, me esperando na poltrona. Suspirei, puxando um lençol e a cobrindo. Espero que ela não sinta dor nas costas na manhã seguinte.

E pela primeira vez (Ok, nem tão primeira assim!), o Homem Aranha fracassa.

Em minha defesa, como eu ia saber que ela tinha um truque na manga? Literalmente falando!

Depois dela se apresentar, vi um tipo de spray preso em suas luvas que espirraram algo em meu rosto, me fazendo desmaiar instantaneamente. Só aquilo já provava que ela não era uma ladra comum. Também o modo como lutou, citando outros... me fez lembrar tanto de Rino como Abutre, aqueles dois também citaram outros. Céus, o que esses super vilões estavam aprontando dessa vez? Eu não seria ignorante. Ficaria de olho.

Uau, minha primeira super vilã! Parecia ter saído direto de algum quadrinho do Batman.

Olhei novamente para o cartão que havia encontrado depois de acordar.

Nos vemos por aí, Dona Aranha.

— GN.

E uma marca de batom do lado.

— Essa vai ser problema. — murmurei pra mim mesmo.

O celular vibrou em meu bolso. Mensagem de Maria Hill. Ela pedia relatórios sobre os super vilões que eu já encontrei.

Entregar em uma semana?! Onde eu estava, afinal! Numa escola ou nos heróis mais poderosos da Terra?!

— Ninguém me avisou dessa parte.

 

Felicia Hardy

 

Com agilidade, eu escalei pelas beiradas do prédio, tomando cuidado com as luzes da cidade. Abri a janela e entrei como um gato, rolando pelo chão em silêncio.

Harry já me aguardava no sofá, na mesma posição que estava quando o deixei noite passada.

— Eu nunca gostei de cachorros mesmo. – ele me olhou de cima à baixo.

— Não dormiu aí não, né?

— A roupa caiu muito bem em você, se sente desconfortável nela? — ele retruca, me fazendo rolar os olhos. Ele sempre mudava de assunto. Sempre.

Mas era a primeira vez que ele comentava algo que não fosse relacionado as missões que haviam me passado. Me permiti aproveitar aquele momento calmo, relaxando.

— Pra falar a verdade, a roupa é mais confortável do que parece.

— Sempre podemos fazer alguns ajustes se quiser.

— Eu estou bem, Harry. – me aproximei, agachando-me ao seu lado. — É até sexy. Eu gosto.

— Nisso temos que concordar.

Ele se inclinou e eu sorri, deixando que ele capturasse meus lábios. Na minha ridícula adolescência, eu sonhava com alguém quente. Não quente, quente. Apenas quente. Alguém para me abraçar em noites frias, para dançar no meio de jantares à luz de velas, para me derreter com palavras bonitas... para amar...

Houveram alguns pretendentes, e todos saíram decepcionados, e agora, havia Harry Osborn. Ele era capaz de me fazer sentir tudo aquilo.

Mas Harry Osborn era frio.

Bom... acredito que nem tudo era perfeito, afinal.

Mas o que tínhamos, era nosso.

— Você conseguiu? — ele perguntou quando nos separamos.

— E eu já falhei com você?

Entreguei a maleta com o novo amplificador que Wilson Fisk precisava para seus negócios. Ele poderia fazer um terremoto com aquilo, e por mais que no fundo aquilo me incomodasse, não poderia fazer nada... negócios eram negócios aparentemente.

— E o resto? — Harry perguntou, sem se importar com a maleta. Ergui a sobrancelha, levando a mão até meu decote e mostrando os diamantes roubados. Ele bufou uma risada, erguendo a mão para pegar um. — Escondeu as joias nos seios?

O estapeei, fazendo drama.

— Ei, eu sou uma moça de família.

Me levantei, indo em direção ao espelho. Tirei a máscara e enquanto tirava a peruca, pensava se devia ou não contar sobre o Homem Aranha tentando me impedir. Era muito fácil para Harry perder a cabeça, ainda mais quando o assunto era o Aranha... talvez...

Lembrei-me dos golpes que trocamos, seus socos bem direcionados, seus braços ao redor do meu corpo... Hummm. Ele não parecia saber que eu era mulher, então ele não se segurava. Não era como os treinadores que Harry havia contratado para me ensinar a lutar, eles me tratavam com cuidado e tinham medo da reação de Harry se eu me machucasse pra valer.

Não o Homem Aranha, com toda sua fama de bom moço, ele havia me dado ontem uma luta de verdade e divertida.

Uma garota. A lembrança de seu tom chocado me fez sorrir. 

— Teve algum problema? — como se pudesse ler meus pensamentos, ele perguntou.

Pensei por um instante.

— Não. — a mentira saiu doce em meus lábios. — Aqui estão os diamantes.

— Quanto mais diamantes desses, melhor o soro vai ficar.

— O soro da Gata Negra. — assenti.

— Apenas o soro. — ele corrigiu. — Gata Negra é você. Não deixe ninguém te tirar esse título. Ele é seu, com ou sem soro.

O encarei, surpresa.

E lá estava novamente, o sentimento esquecido se aquecendo em meu peito novamente. Como alguém tão frio conseguia me derreter daquela forma? Harry era suave como uma fumaça gelada.

— Eu... eu te vejo mais tarde. – ele tossiu desconfortável, se afastando subitamente e saindo do quarto quase desesperado.

E como uma fumaça gelada, ele te queimava feio se você chegasse muito perto-

Infelizmente, eu já tinha o tocado.

Fechei os olhos fortemente, suspirando.

— Droga. — murmurei pra mim mesma, vergonha e decepção preenchendo meu peito. — Isso não vai acabar bem.

 

Gwen Stacy

 

Abri os olhos vagarosamente, enquanto minha mão ia pro despertador. Respirei fundo, bocejando de sono. Minha cama estava tão quentinha... tão fofinha! Que sono!

Enchi a banheira e relaxei nela, água quentinha e o sono tentando me abraçar outra vez. Balancei a cabeça, molhando meu rosto. Infelizmente, a faculdade não espera e ainda mais em semana de prova! Preciso estudar!

Saí de meu quarto já com meu caderno em mãos e fui em direção a cozinha. Encontrei minha mãe ainda de pijama falando ao telefone.

— ...vai dar tempo, vai sim! Vou chegar aí depois e só tenho que agendar algumas reuniões- Hey! Quer deixar eu terminar de falar?! — ela riu. — Só você mesmo, Happy.

— Mãe?

Ela pulou assustada.

— Ah, eu tenho que desligar agora, Gwen acordou. Depois nos falamos. Ah querida, acordou agora? Nem te vi...

— Quem era?

— Happy Finnigan— falou rápido. Rápido demais. — Ela mora no andar de baixo.

— Não, não mora. — eu disse, apertando os olhos. Podia não conhecer bem nossos vizinhos, mas sabia o suficiente para saber que nenhum ligava diretamente para a nossa casa. — Quem era? — perguntei novamente.

 Ela suspirou, já quebrando a expressão.

— Happy... Hogan. — ela revelou, mesmo que eu não conhecesse. — Ele é legal, me faz rir bastante, sabe... mas... mas não estou pronta ainda.

— Tudo bem, mãe. — assenti, apesar de não ser uma situação 100% confortável pra mim, eu queria vê-la feliz. — Vai ficar tudo bem.

Minha amiga Allison chegou em casa logo em seguida me distraindo com seu romance com John Jameson e dando pulinhos de alegria pela sala.

— Eu ia esperar até mais tarde, mas não consegui! Vai ter uma festa super chique lá no Planetário da NASA, homenagear o John pelo trabalho dele no espaço coisa e tal-

Eu ri, a interrompendo. Minha mãe e amiga rolaram os olhos.

— Como namorada dele, vou estar lá é claro. Mas ele me entregou um convite extra pra eu levar quem quiser! E como Jennie vai estar em um jantar de família no dia...

— Eu?! — exclamei surpresa.

— E a sua mãe, se você puder ir.

— Oh, eu acho que não vou poder. — minha mãe respondeu. — Mas Gwen pode! Não vai perder essa diversão!

Eu sorri.

— Ah, então tá, eu acho! — aceitei, pensativa. Por que não? — John Jameson... aposto que o Clarim vai cobrir tudo né.

— Tudinho!

Hummm... Talvez então haja fotógrafos lá... Peter.

Seria perfeito.

Logo deu minha hora, e Allison me acompanhou até a faculdade sem parar de falar sobre o namorado. Era até engraçado, já que Peter e eu éramos bem reservados em nossa vida amorosa. Me perguntei se, se não existisse Homem Aranha, nossa relação fosse diferente. Mais aberta. Sem mistérios.

Não... balancei a cabeça, negando. Não seria diferente.

Eu amava Peter Parker, não o Homem Aranha. Ser herói era apenas um bônus. Continuaríamos sendo os mesmos.

Depois de uma intensa manhã estudando e quebrando a cabeça com engenharia molecular, voltei pra casa para o almoço. Minha mãe e irmãos não estavam em casa como sempre, e eu suspirei solitária quando-

Subitamente ouvi uma batida no meu quarto.

Arregalei os olhos, intrigada. Eu já estava envolvida nesse mundo tempo demais para me manter relaxada na ignorância.

Busquei algo para me defender e quando dobrei o corredor-

— PETER! — gritei frustrada. — Quer me matar do coração?!

— E o que você pretendia fazer com uma colher?! — ele riu.

— Não é uma colher, é uma espátula!

— Me sinto bem mais ameaçado agora.

Rolei os olhos e abaixei o utensílio.

— 'Tá fazendo o que aqui? — ele se aproximou e seus longos braços deram a volta por minha cintura. — Hey!

Ele me ignorou, fincando o rosto em meu pescoço e beijando-me ali várias vezes. 

— Eu sabia que você chegava a essa hora então eu vim, porque...

— Eu 'tô com fome.

Ele me encarou intensamente, o olhar que dava borboletas em meu estômago. — É, estou faminto.

Pisquei, sem entender.

— Então vamos almoçar.

— Ah. Claro. 

O puxei pela mão, levando-o para a cozinha. Coloquei a comida que minha mãe preparou para esquentar e me virei. 

— Então-

— Ontem eu fui atacado. — ele soltou sem mais nem menos.

— Que?!

— Era uma mulher, se auto intitulava Gata Negra. Roubou umas joias e eu a perdi.

— A perdeu?

— Sim, wow, ela era muito boa. — Peter passou as mãos pelos cabelos, pensativo. — Ela foi treinada, Gwen. E ela mencionou outros.

— Outros?! Como assim outros?!

— Eu não sei.

— Tipo uma gangue?

— Eu não sei.

— Peter!

— Gwen, eu realmente não sei. Foi a primeira vez que eu a vi, não acho que tenha ouvido falar dela antes... – ele me respondeu, pensando o bastante para me fazer erguer uma sobrancelha. — É, eu com certeza me lembraria se tivesse ouvido algum rumor.

Apertei os olhos.

Certo.

— Engraçado que, eu me lembro que tanto o Rino como o Abutre mencionaram outros também, e se eles estão trabalhando juntos... ugh, não faz sentido! O estilo dela é totalmente diferente, mais cuidadoso até.

— Como um gato.

— É, é sim. — Peter riu com a ironia. — Entrando e saindo de uma loja sem acionar alarme nenhum... eu quase não a percebi!

Sorri cinicamente, o encarando por um momento. 

— O que?

— Incrível?

— É.

— Incrível como?

— Como assim?

— Não sei, – cruzei os braços, incomodada. — Me diga você já que está tão impressionado por ela.

Peter franziu o cenho, claramente confuso.

Oh. Ele não sabe mesmo do que eu estou falando não é?

Sentindo minhas bochechas queimarem, descruzei os braços. — Tá, desculpa. Foi besteira minha.

Tentei me afastar, mas ele segurou minha mão, dizendo meu nome da maneira que só ele sabia.

— Gwen, espera. Ela é a minha primeira super vilã, é claro que eu estou impressionado... é isso.

— Eu sei, — Agora eu sei. — Foi mal, uma super vilã e eu com ciúmes de você que nem uma namorada irritante. Foi mal. Ela te machucou?

— Não. — Peter sorriu. — Só o meu ego.

Eu sorri, balançando a cabeça.

Eu não tinha mesmo com o que me preocupar.

 

Peter Parker

 

— Então, já que estamos falando do meu trabalho... A S.H.I.E.L.D me pediu para fazer meu primeiro relatório.

— Oh! E é sobre o que?

— Meus inimigos.

— Hummm.

— Só que, eu não tenho ideia de onde começar e estava pensando, quem além de mim conhece bem meus inimigos?

— Quem?

Rolei os olhos. 

— Você, minha linda!

— Aaaaah! – ela assentiu, sorrindo. — Claro! Eu te ajudo sim! Eu sempre faço relatórios na Oscorp. Além disso... foi graças a mim que você derrotou os mais perigosos.

— Isso, joga na minha cara.

Ela riu e eu lhe roubei um beijo, segurando seu rosto em minhas mãos.

Depois de Gwen terminar o almoço, ela trouxe algumas folhas e lápis para começarmos. Depois era só passar a limpo no computador. Sentando-se ao meu lado na mesa, ela me instruiu a escrever um rascunho com as coisas mais importantes primeiro.

— Hey. — ela chamou após um momento. — Lembra da Allison né? A minha amiga? Então, Ally me chamou pra ir na festa da NASA que-

— NASA? — sem me aguentar, a interrompi.

— É, o namorado dela, John, vai ser homenageado lá e ela queria que eu fosse.

— Espera, John Jameson?

— É, porque?

— É que... — rolei os olhos. — JJ me pediu para ir nessa festa e tirar umas fotos do filho dele.

— Ótimo! — exclamou sorrindo abertamente.

— Como assim ótimo? É ruim.

— Ruim?

— É sim! Jameson vai usar e abusar de mim nessa festa!

— Awn, coitadinho!

Ela ficou rindo, e por segundos, eu quase esqueci do que estava falando, admirando o modo que suas marcas de expressão surgiam em volta do nariz e as covinhas aparecendo nas bochechas. Era uma visão de tirar o fôlego.

Ela era como o primeiro raio de sol depois de um longo inverno.

— O que? — ela notou meu olhar e eu tossi, envergonhado.

— Nada.

Ela não pareceu convencida, mas se aquietou mesmo assim.

Céus, eu a amava.


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