Gwen Stacy

Era tudo muito confuso.

Muito confuso.

Policias me trouxeram para o hospital, e de repente uma mulher se aproxima correndo dizendo que é minha mãe. A reconheci após um tempo, mesmo não tendo nenhuma memória dela em mente. Estranho. Por que eu não me lembrava de nada?

— Bom, Srta. Stacy, parece que bateu sua cabeça com força. — o médico me informou enquanto eu tentava olhar por trás dele, conseguia ver a silhueta de meu irmão... como eu sabia que ele era meu irmão ainda era um mistério. Instinto, talvez. — Boa notícia: fizemos um exame em seu cérebro e está tudo bem, suas memórias também vão voltar, essas concussões são muito comuns entre atletas. 

Hum... eu não era nenhuma atleta, disso eu tinha certeza. Não sabia como, mas tinha.

— E a má notícia?

O médico sorriu. — Pode levar um tempo pra se lembrar. Sua mãe me disse que estava indo para a universidade de Oxford?

Oxford era uma universidade? Oh, agora fazia sentido. Pensei ter ouvido minha mãe e irmão comentando algo sobre "Pensei que já estivesse no seu voo". Devia ser pra onde eu estava indo.

— Sim, dr., isso mesmo. — me vendo calada, minha mãe respondeu.

— Bom, isso pode causar muita tensão e estresse. Traumas geralmente impendem boa recuperação, podem causar paralisia e inexplicável medo. Minhas ordens são descanso e tempo com a família.

Eles continuaram a discutir minha condição quando o dr. voltou-se para mim novamente:

— Já consegue se lembrar de alguma coisa? Como bateu a cabeça? Talvez tropeçou... — ele sugeriu, mas eu apenas pisquei lentamente.

Se eu lembrava? Bom... eu lembrava de um garoto. Eu havia me acordado nos braços dele totalmente perdida. Mas parecia mais um sonho do que real. Eu não me lembrava bem do que ele estava usando ou de onde eu estava, só lembrava da dor em minha cabeça e de tudo rodar cada vez mais.

Mas quando acordei... Ele não estava mais aqui.

— Não.

É, definitivamente um sonho.

— Gwen... Querida? Está com fome? — Mamãe se aproximou.

— Não.

Eu já estava em casa. A TV estava ligada e passava alguma coisa sobre um cara de eletricidade que estava destruindo Nova York, e de hipóteses sobre algum cara de azul e vermelho.

— Desculpa, mas... Eu não estou me sentindo muito bem.

— Imagino. Você perdeu a memória, querida.

Ela era bonita, minha mãe.

— Eu não estou entendendo nada. — Eu tentei esclarecer. — Eu estou agindo feito um robô, eu não me lembro de nada, eu estou desesperada! Eu... Acho que preciso... Não! Eu preciso mesmo de ajuda!

Quem era eu? O que eu estava fazendo ali? Aqueles seriam mesmo minha família?

— Calma, o médico disse que você poderia ter stress. — A mulher sorriu. — Sorte que foi uma amnésia parcial. Logo, tudo estará mais claro.

Assim espero.

— Desculpa, eu só preciso de explicações, colocar a cabeça no lugar. Isso é estranho. Quem sou eu, afinal?

A mulher sorriu maternalmente.

— Gwendolyn Stacy. Gwen. A garota mais inteligente da escola. — Ela disse. — Seu pai morreu faz dois anos, no ataque contra o Lagarto. — Meu pai morreu. Mesmo não me lembrando dele, eu estava triste por saber disso. — O Dr. Curtis foi preso e o Homem Aranha... Virou o herói da cidade.

A menção do Homem Aranha me fez ter uma sensação esquisita, mas a ignorei.

— Você trabalha na Oscorp. Ah! Você namorava também. Um bom rapaz, ele, mas... Não deu certo. E ontem você iria para a Oxford, ganhou uma bolsa. Você iria esse mês porque queria ir organizar tudo, se despediu e foi.

— E ai eu perdi a minha memória. — Eu disse concluindo. — Mas... Como foi isso?

— Não sei ao certo, ainda não consegui falar com ele mas Peter ligou pro seu irmão dizendo que você tinha caído e batido a cabeça... — Ela disse. Peter? — Ele contou que você tinha procurado ele, e vocês não viram a hora passar. A polícia já conversou com ele, e eu confio nesse garoto.

— Quem é Peter? — perguntei a interrompendo. O nome Peter martelava a minha cabeça, seria esse o garoto dos meus sonhos?

— É o seu ex-namorado.

Quase ri. O garoto dos meus sonhos. Meu ex.

Certo, eu havia ganhado uma bolsa para a Oxford, e havia ido falar com Peter, mas cai e bati a cabeça. Ótimo.

— E... eu era amiga do Peter mesmo depois de...?

— Sim, quer dizer... você sempre dizia que era complicado. E devia ser mesmo, já que hora estavam separados e hora não desgrudavam um do outro.

Assenti novamente, pensativa.

— Err... Eu preciso descansar um pouco... Se importa? — Apontei discretamente para a porta.

Fiquei um tempo quieta em cima da cama, tentando me lembrar de algo... Mas nada.

Assim, se passaram dois dias desde minha falta de memória... Eu havia me lembrado de algumas coisas, umas amigas minhas vieram e me ajudaram com isso, me lembrei também da Oscorp. Como o médico disse, aos poucos minhas memórias voltavam.

É manhã agora e a insônia me abate mais uma vez.

Tinha essa sensação horrível de que eu estava esquecendo algo... Irônico né?! Pois eu esqueci realmente tudo. Me levantei cansada e fui em direção ao banheiro. Me olhei no espelho vendo direito o meu reflexo, ainda usava pijamas. Respirei fundo enquanto ia em direção a janela do meu quarto... O vento bateu em meu rosto e eu fechei um pouco os olhos aproveitando a brisa.

Quando os abri, me inclinei um pouco pra frente, e subi na escada de incêndio me apoiando e olhando pra baixo.

Corra, Gwen. Havia uma estranha adrenalina em mim.

Droga, o que estava acontecendo comigo?

Me senti observada. Olhei para a direita e meu coração quase saiu pela boca.

Era... ele.

O vigilante mascarado. O Homem Aranha. Ele estava no topo de um prédio, bem longe. Mas seu rosto estava virado em minha direção, e mesmo não parecendo, eu sentia seu olhar sobre mim. Dei um passo pra frente e apoiei minhas mãos na grade e franzi as sobrancelhas.

Eu estava sem reação. Porque ele estava a olhar pra mim? Senti minha respiração começar a ficar pesada.

Mas ao mesmo tempo me sentia estranhamente protegida sabendo que ele estava ali.

Devia ser normal. Afinal, ele era um protetor da cidade não é?

— Gwen?! - Uma voz ecoou no quarto me tirando de meus devaneios. Virei o rosto e aproximei-me da janela. Vi meu irmão Simon me procurando no quarto.

— Estou aqui. - Avisei, ele me olhou um pouco assustado e eu sorri entrando pela janela e me esquecendo totalmente do Homem-Aranha lá fora.

— O que estava fazendo lá?

— Nada.. Só observando o tempo. - Eu cocei a nuca sem graça.

— Só vim perguntar se não quer ver umas fotos com a gente lá na sala... — Ele deixou a pergunta no ar. Eu não respondi, apenas pisquei. — Sabe, você pode se lembrar de algo.

— Ah... Tudo bem, baixinho. — Eu ri um pouco. — Vai na frente, eu só vou fechar a janela.

— Tá bom. - Ele sorriu e saiu.

Ele era muito fofinho.

Mas então eu suspirei e virei o rosto em direção a janela. Apertei os olhos e fui em direção a ela, colocando minha cabeça para fora... Mas ele não estava mais lá.

Talvez não fosse pra mim. Talvez ele só estava olhando a cidade, protegendo-a e se distraiu comigo.

É. Talvez seja isso.

Talvez.