Olá, diário. Acredito que toda garota normal tenha um livrinho no qual ela pode escrever suas loucuras por toda a vida, para depois mostrar aos netos, bisnetos, tataranetos e etc, mas este é o meu primeiro diário e eu meio que não sei como fazer.

Achei meio bobinha a ideia de ter um diário, mas foi um presente, e por mais que seja bobo, é um pouco curioso escrever todos os meus melhores e piores momentos num livro. Quem sabe até seja publicado, né? rsrs

Não posso dizer que você seja um bicho de sete cabeças, mas a ideia de expor meus sentimentos em folhas de papel me parece abominável. Okay, vamos tentar...

Meu nome é Carena Malfoy, tenho 15 anos, estou no quinto ano em Hogwarts, sou uma sonserina, meu irmão se chama Scorpius e eu tenho uma cunhada linda chamada Rose. (Que ela não saiba que eu escrevi isso aqui, ela já se acha, ainda mais depois do que eu escrevi...)

Moro na mansão Malfoy, junto com meus pais, meu irmão e minha elfa doméstica Linker. Você precisa entender que a minha vida não é das mais normais, porém eu não a trocaria por nada.

Minha vida já começou errada: nasci uma Malfoy. Não que eu não me orgulhe, mas minha família arma barracos como ninguém! Eu realmente já fiquei constrangida com certas coisas que meus parentes falaram em barracos. Sabe aquele barraco que um vai falando os segredos do outros? Imagine mil vezes mais favelado.

Scorpius tem sérios problemas de memória, e acha que nós temos que saber em que local os pertences estão, o que, obviamente, nós não sabemos.

– Ei, pirralha! Você viu o colar que a Rose me deu? – Perguntou, adentrando meu quarto. Sem bater.
– Pirralha é o escambau. Não vi! – Falei e rolei os olhos. Garoto escroto! Ele só pode ter sido adotado!
– EITA PORRA! – Saiu correndo do meu quarto. Bem, já foi tarde.

Mas eu estou com um pouco de pena dele. Perder algo que a Rose deu a ele pode ser muito preocupante. Conhecendo a Rose como eu conheço, é capaz de ela desmembrá-lo sem dó. Coitado.

Amo meu pai, sério, mas de vez em quando ele fala algumas coisas sem lógica. Não sei, talvez o fato de ele ser loiro tenha afetado um pouco.

– Eu já disse que vocês podem fazer o caralho a quatro. MAS NÃO CHAMEM PALAVRÃO DENTRO DESSA CASA! – Gritou da cozinha.
Eu não disse?

Minha mãe é a mulher mais maravilhosa que existe só que ela é um pouco louquinha, confesso, mas louca do tipo que toda mãe é.

– FALARAM DA ROSE? A ROSE ESTÁ AQUI? – Gritou minha mãe da cozinha também. Já que eu não tinha o que fazer, fui até a cozinha para saber o ‘por que’ de esses loucos estarem gritando tanto mesmo estando tão perto um do outro.

– NÃO, MÃE A ROSE NÃO ESTÁ AQUI! – Gritou Scorpius como se estivesse explicando algo a uma criança.
– ENTÃO POR QUE VOCÊ ESTAVA GRITANDO TANTO? – Gritou minha mãe de volta. Esse povo só sabe gritar, pelo amor de Mérlin!
–Porque ele perdeu o colar que a Rose deu pra ele. – Respondi simplesmente e ele me fuzilou com o olhar.

– SCORPIUS MALFOY! - Não preciso nem dizer que quem gritou foi a minha mãe, como sempre... – NÃO SE PERDE UM COLAR COM ESSE VALOR SENTIMENTAL!

– Conjunctivitus – Scorpius apontou a varinha para mim, e foi tudo muito rápido, só tive tempo de me defender.

– IMPEDIMENTA – Gritei, levantando minha varinha para fazer o feitiço. No final, isso só o retardou por alguns segundos, mas esse imbecil queria me deixar com os olhos inchados!

Nossa elfa doméstica é um amor, porém é muito complexada por limpeza! Muito mesmo!

– SANTO MERLIM! ESSAS CRIANÇAS VÃO ACABAR COM A CASA! – Sim, a Linker tinha que colocar mais fogo na fogueira!

Agora que eu me apresentei e apresentei minha família, eu realmente não tenho o que escrever neste diário, pelo menos não dos dias atuais, então acho que eu vou escrever algumas memórias que eu não quero esquecer de jeito nenhum.

Mas vou logo avisando, há certo risco de você ficar seriamente intediado com tudo isso.

Bem, esta será a primeira.

Lembro-me de estar de férias, e mais do que isso, de estar mofando em casa, esperando que um raio caísse do céu, nem que fosse para me tirar do tédio.

Lá estava eu, sentada no sofá da minha casa, quando Scorpius, que estava mais entediado do que eu, desce as escadas em direção à cozinha. Isso é no mínimo... Suspeito.

Ao chegar à cozinha, encontro Scorpius conversando animadamente com os meus pais sobre a possibilidade de uma viagem para a casa de praia dos Potters. Como assim ele não citou meu nome? Não era óbvio que eu também iria nessa viagem?

– Eu vou. – Falei de prontidão, sentando próxima a meus pais, encarando Scorpius, esperando ele dizer o contrário.

– Não, você não vai. Eles me chamaram. – Falou raivoso.

– Vou sim! Desafio a me dizer o contrário! – Falei entredentes e vi ele ficar vermelho de raiva. Achei que ele fosse me lançar um Avada Kedrava naquele momento. Meus pais apenas observavam a cena entretidos! ÓTIMO! Que belos pais eu tenho!

– Por favor, Carena! Eu faço o que você quiser! – Falou Scorpius meio desesperado.

– Tudo o que eu quiser? – Perguntei com um sorriso bastante endiabrado.

Scorpius engoliu em seco. – É.

...

– QUEM, EM NOME DE MERLIM COLOCOU NO MEU SHAMPOO URINA DE PUFOSO? CARA***! BATEU NO MEU OLHO, ISSO ARDE PRA CARAMBA! – Não preciso dizer que este é o meu pai, morto de ódio, gritando do banheiro.

A verdade é que eu desafiei o Scorpius a fazer isso porque eu estava entediada, e não posso negar que foi bastante divertido também. Eu sei, eu sei. Vocês devem me achar uma louca! Uma louca e que eu deveria ser internada no St. Mungus. A verdade é que eu sou tudo isso e mais um pouco. Se eu puder dizer alguma coisa em minha defesa, só tenho que dizer que é a isso que leva o tédio. Eu e minha família poderíamos estar indo pra qualquer lugar do mundo, mas estávamos mofando em casa. Olhe que coisa linda!

– FOI O SCORPIUS, PAI! – Gritei e corri desesperada até o meu quarto, o trancando e rindo loucamente como uma hiena com problemas estomacais. Eu queria poder dizer que eu fiquei no meu quarto, rindo, enquanto Scorpius levava a bronca, mas a verdade é que eu e Scorpius ficamos de castigo, o que o impediu de ir para a casa dos Potters, e nossos pais, só para nos fazerem raiva, resolveram passar o resto das férias viajando, enquanto nós ficamos em casa. Quase virando mofo.

Aquelas foram, sem dúvidas, as férias em que eu mais tive medo de morrer, diário. Não se passou um dia que Scorpius não me ameaçasse de morte.

Porém, não me arrependo de nada que fiz.