I Cried Like a Silly Boy escrita por Mardybum


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olááá genteee :)) Finalmente, mais um capítulo pra vocês.
Obrigada por acompanharem a fic.
Beijoos.



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–Gina, a gente tá indo pro lado errado ara! Ieu tenho certeza de que a gente num passo por cá! - Disse Ferdinando, se preocupando. Agora apenas conseguia sentir arrependimento. "Como pode me distrair tanto e esquecer de que não posso ficar aqui?", pensava, ao mesmo tempo que lembranças do tempo passado com a ruiva vinham a tona. Mas não poderia seguir adiante.

Mas a confusão que passava na cabeça de Ferdinando não chegava perto da que passava na cabeça de Gina. Poderia seguir seu objetivo inicial e conseguir voltar para salvar todos a tempo? E se não conseguisse? Olhou para o engenheiro de relance e viu todo o nervosismo que estava passando em seus olhos. Nunca aceitaria continuar com ela e acompanhá-la até a cidade. Mas porque pensava nisso agora? O que abominava desde que chegara lá estava ocorrendo: Estava se apegando demais a eles. Principalmente ao rapaz que estava a sua frente.

–Ferdinando... Eu preciso ir.. não posso continuar com vocês... me desculpa. - Foi a única coisa que Gina conseguiu dizer. Ela mesma não tinha certeza disso. Mas seu orgulho e medo sempre falavam na frente.

–I depois de tudo que a gente converso ocê vai nos abandoná? Ocê vai me abandoná Gina? - Disse, com um claro tom de decepção.

–Não! Não Ferdinando, não. Eu não vou me esquecer de vocês, de jeito nenhum! - Respondeu Gina, imediatamente.– Mas é que... ah Ferdinando... se a gente continuar nessa floresta, como vamos poder achar um jeito de vocês voltarem pra casa? Eu quero fazer alguma coisa pra ajudar!

–Mai ieu quero vorta a encontrá minha família Gina! Ieu to com saudades! Ocê falo que tava me ajudando a procura eles mas na verdade tava só esperando a hora de achar a cidade e nos deixar aqui!

O que Gina sentiu após aquela acusação de Ferdinando foi apenas vergonha. Queria encontrar todas aquelas pessoas que tinha conhecido a pouco tempo mas o que o engenheiro disse tinha um pouco de verdade. O que estava em primeiro plano para ela era sua vingança. Sentia vergonha de estar sendo egoísta daquela forma. Mas isso não deixaria ninguém saber.

–E você acha que eu vou conseguir fazer alguma coisa presa aqui nessa floresta? Eu to indo, espero poder te ajudar de alguma forma... Adeus Ferdinando. - Disse, se virando e indo em direção ao muro. Mas não pode ir muito longe sem ouvir a voz de um certo engenheiro.

–Espera Gina! Se for pra gente ficá sozinho, é mior eu ir co cê... Nem ieu nem ocê vamo consegui ir muito longe separado. - Não pode deixar de se sentir aliviada por ter a companhia dele. Pensou no que dizer mas acabou resolvendo ficar calada. Não queria gerar outra discussão.

Passado algum tempo, chegaram no destino. O muro parecia abandonado a anos: estava sujo, destruído em algumas partes e tomado de musgos. Gina e Nando se entreolharam e o engenheiro se aproximou para analisar.

–Aqui tem uma porta Gina... mai tá trancada. - Disse olhando pra ela, que percebeu que toda mágoa de sua voz tinha ido embora.

–Deixa eu ver... - Respondeu, olhando para a porta escondida por todos aqueles musgos. Não tinha nenhum tipo de fechadura mas tinha uma espécie de aparelho ao lado, com uma pequena tela e números. Pra abrir, precisavam da senha.

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–Zelão... - Disse Juliana conforme abria os olhos devagar.

–Ela acordo! Ieu num acredito roda! Minha frô acordo! - Disse Zelão, esbanjando felicidade. - Tá tudo bem ca s'nhora dona Juliana? - Perguntou, pegando em sua mão.

–Já te disse pra não me chamar de dona, Zelão. - Respondeu. Estava normal.

–Juliana! Você está se sentindo bem? - Correu doutor Renato ao saber que a professora tinha acordado, incomodando Zelão.

–Eu estou apenas com uma dor incomoda na cabeça, mas está passando, obrigada doutor Renato. - Respondeu, se sentando com a mão na cabeça.

–Mas o que aconteceu pra senhora ficar assim?– Perguntou Mãe Benta, se aproximando.

–Eu bebi dessa água - Disse, apontando para o pequeno lago ao lado. Juliana explicou como veio parar naquela caverna e questionou o paradeiro dos amigos, não recebendo uma resposta animadora por parte dos outros.

–O doutô Nando i aquela tar de Gina sumiro perfessora. Inguar ao Lepe que saiu faz um tempinho daqui i num vorto inté agora.

–Meu Deus, o Serelepe sumiu? - Respondeu a professora, com desespero. - Não podemos saber o que pode acontecer com uma criança num lugar desses!

–Carma dona Juliana. O Lepe é esperto i vai sabê vortá pra cá. - Zelão tentou tranquilizá-la.

–Espero que sim Zelão, espero que sim. - Concluiu a professora.

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–Abre! Abre! Abre! - Disse Gina, batendo na porta após inúmeras tentativas de descobrir a senha.

–Carma, carma, carma Gina! - Respondeu Ferdinando, brincando.– Acalme-se, a gente vai conseguir passá.

–Pois tente você, porque eu to quase desistindo. É melhor a gente voltar mesmo. - Respondeu, cruzando os braços.

–De jeito manera. Nois já chegamo inté aqui pra desisti agora? Deixa ieu tentá... - Agora para Ferdinando aquilo estava sendo uma questão de honra. Passado mais um tempo e várias combinações de números pra Gina perder a paciência.

–Pois eu to voltando. - Disse, subindo.

–Ara! Vorta aqui Gina! Num era ocê que queria í pra cidade?

–E num era você que queria voltar? - Respondeu se virando e dando conta que já tinha se afastado bastante do engenheiro. E agora podia ter uma visão melhor do muro. Começou a prestar melhor atenção e percebeu que o musgo formava figuras. Não, palavras. Ou não seria números? Eram números. Os guardou na memória e correu de volta.

–Ferdinando, Ferdinando! Eu já sei, já sei a combinação! - Digitou aqueles números e viu a porta sendo aberta. - Consegui!

–Conseguimos. - Respondeu, dando enfase ao fato de que ele também tinha colaborado.

–Você num fez nada.

–Ara! Mai ieu num tentei? - Continuaria com a conversa se não tivesse sido interrompido pelo som de um tiroteio que vinha muito forte.

–Se esconde, se esconde. -Disse Gina, se abaixando. Passou um tempo atrás de um muro e achou seguro sair.

Pela primeira vez, Ferdinando podia olhar atentamente para aquela cidade. Era completamente diferente da Vila de Santa Fé e um pouco parecida com a capital em que estudara. Por todo lugar que olhava só conseguia ver prédios e mais prédios. Os carros que conseguia enxergar eram completamente diferentes daquele modelo simples que seu pai tinha. Tudo brilhava com anúncios nas faixadas e nas ruas. Anúncios de coisas industrializadas que nunca vira e outros com coisas que eram pra ele um pouco familiar. Tudo fazia muito barulho e o céu estava de um tom cinza-escuro que não tinha percebido na floresta. Talvez fosse consequência da poluição que tomava aquele lugar.

– O centro da cidade eles não destruíram... - Gina quebrou o silêncio, enquanto eles percorriam a grande subida que tinha naquela avenida. Na rua tinham muitas outras pessoas, todas apressadas e com a cara fechada. Ferdinando apenas olhava para os lados, assustado com tudo aquilo. De repente, ouviram um trovão no céu.

–Vai chove Gina. - Avisou Nando.

–Duvido. Aqui chove de vez em nunca.

–Mai vai chove sim! Ieu conheço. - Comentou Ferdinando, sendo interrompido por uma tosse devido a fumaça de um caminhão que passou ao lado deles. - Ara Gina, como ocê num tosse com toda essa fumacera?

–Eu to acostumada... Nando eu acho melhor a gente voltar. - A sede apertava e Gina já sentia sua cabeça latejar. - Eu não tenho um plano nem nada, não sei porque estou aqui. Acho que era mais curiosidade de saber como tudo estava. Mas está normal...

–Se ocê acha melhor, vamo... - Deram meia -volta e desceram para voltar a floresta. Mas aquela caminhada não durou muito pois perceberam que Ferdinando estava certo: começou a chover.

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–Pituca, Pituca! - Gritou Serelepe quando viu a amiga.

–Lepe! - Sorriu a menina. - Onde ocê tava?

–Ieu tava mais o Zelão procurando a professora Juliana. Mas eles já acharam ela. Intão ieu vim pra cá.

–E o Nando? Acharam ele também? - Correu perguntar Pituca. Sentia muita falta do irmão e não via a hora de reencontrá-lo.

–Ainda não Pituca. - Respondeu Serelepe, se sentindo mal pela cara de tristeza que ela fez após sua resposta. - Ocê sente falta dele, num é?

–Muita...– Respondeu, cabisbaixa. - Tudo que ieu mai queria era achá ele...

–I porque a gente num procura Pituca?

–Ieu num sei Lepe, ieu num quero dexa minha mãe mais meu pai sozinho aqui... Imagina como que a minha mãe vai fica se ela descobri que ieu sumi também? – Pituca lembrou de como Catarina sempre fazia drama com tudo e também sentiria se ficasse distante dela.

–Tá, ocê pensa i dispois me fala.– Concluiu Serelepe, meio chateado pela amiga não concordar com o seu plano. Foi quando sentiu pingos de chuva caindo. - Tá chovendo Pituca! Corre pra avisá todo mundo, o Zelão tá mais a professora numa caverna, vamos pra lá.

Serelepe correu com a amiga e o resto dos habitantes da Vila de Santa Fé para a caverna que estava protegida de toda aquela chuva que só aumentava.

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–Nando a gente não vai consegui chegar lá em tempo! - Disse Gina, que já corria.

–Ieu também acho minha cara. I agora? - Disse, parando e olhando para ela. Gina viu que eles pararam bem em frente a um dos diversos Shoppings da cidade.

–Vamos entrar no Shopping e esperar a chuva passar.

–Shopping? Ara mai o que é isso? - Perguntou Ferdinando, confuso.

–É isso aqui. - Disse Gina, entrando com Nando, que pode ver o que era.

Achava que já tinha visto todas as luzes do mundo, mas nada era comparado aquilo. Tudo era branco e iluminado, tinha propaganda e nomes em inglês em toda parte. Diversas lojas compunham o local e no centro havia uma escada que, incrivelmente, se mexia.

–Ara... - Ferdinando olhava para o lugar, surpreso.

–Acho que temos tempo pra passear um pouco, não? - Gina não podia deixar de se divertir com a expressão de Ferdinando ao ver aquilo tudo. E principalmente, ao chegarem na escada rolante. –Vai ter coragem Ferdinando? Ou vai amarelá?

–Ara, ocê já sabe que ieu num sô nenhum covarde Gina. - Ferdinando colocou os pés no degrau como ela e se sentiu sendo levado pela escada. Um pouco antes de chegarem, ela avisou para tirarem o pé antes de terminar. O segundo andar era igual ao primeiro. - Ocê tem certeza de que a gente subiu mesmo?

–Craro que a gente subiu Ferdinando, vamos subir outro.

–Ara, de novo Gina? - Subiram e o outro andar era parecido, mas a diferença eram as mesas e cadeiras e as diversas lanchonetes que compunham o local.

–Infelizmente, eu não tenho dinheiro pra comprar nada Ferdinando... Mas tenha certeza de que as frutas que comemos na floresta são melhores do que tudo que vendem aqui.– Disse Gina.

–Ieu sinto uma farta da comida da Amância... Que só de lembrá já me dá água na boca. - Depois desse comentário de Ferdinando, eles se sentaram e descansaram. Olhava do lado e várias figuras armadas os amedrontavam. Pareciam observar atentamente os dois, mas Gina torcia ser somente impressão.

Desceram e olharam se a chuva havia cessado, mas a noite já havia surgido e nada da chuva passar. Ferdinando olhou para Gina que tinha a mesma pergunta em mente: Onde passariam a noite?


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo será mais romântico, prometo.
Uma observação: O lugar em que a Gina mora não é o planeta Terra no futuro, eu tava com dúvida sobre isso, mas resolvi que é apenas outro planeta mais evoluído e mais cruel também.
Escrevi o capítulo ao som da chuvinha boa que está caindo aqui e que me inspirou a passar isso pra cá também hahaha
Bom, espero que tenham gostado, comentários são sempre bem vindos :DD
Beijooooos e até o próximo.



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